O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, dezembro 12, 2012

O FERIMENTO MAIS PROFUNDO DA MULHER MÃE

 
 No Dia Internacional dos Direitos Humanos pensei nas mulheres:

“O ferimento mais profundo que é infligido a uma mãe na nossa sociedade não é só a sua opressão, mas a sua adaptação ao mito masculino da respetiva superioridade e a aceitação da própria insignificância. Nos casos em que o movimento feminino contemporâneo interpreta a igualdade de direitos como o direito de serem tão ruins como os piores dos homens, ele perpetua o domínio masculino sob novas formas. Pior ainda: estas mulheres, como negam a força dos aspetos criativos do seu amor, continuaram a educar mulheres e homens que, por seu lado, recusarão a sua própria força real e se decidirão por empregar o seu poder sem escrúpulos. É isto que Édipo representa: a ferida inicial que se transforma numa ânsia de dominar."
Arno Gruen A traição do eu Assírio e Alvim (1984)
in incalculável imperfeição - publicado por cristina simões 

Este texto de uma lucidez lazer fez-me pensar nas mulheres...que dizem como forma de desculpar os homens - é absolutamente banal e corrente esta afirmação por parte de mulheres comuns e até "instruídas" e escritoras etc....-  que  continuam a querer  justificar os homens (e filhos) que tratam mal as mulheres, dizendo que são as mulheres mães que os educam...que é  por causa das mães que eles são assim. Como se as mães, feridas de morte na sua essência, feridas na sua dignidade, pudessem educar... como se mães  à partida tivessem ou pudessem ter alguma  responsabilidade na sua inconsciência de si como ser humano de segunda classe...sim, como poderiam elas educar os filhos e filhas com este estigma, com este ferimento profundo no seu corpo físico e emocional... esta cisão da sua psique  e condenadas em família  e em sociedade à sua insignificância...como mulheres!
 
rlp

2 comentários:

Anónimo disse...

"que continuam a querer justificar os homens (e filhos) que tratam mal as mulheres, dizendo que são as mulheres mães que os educam...que é por causa das mães que eles são assim"

não aguento mais ouvir isto, como se isto explicasse tudo.

E voltamos a sutil manipulação, colocando uns contra os outros!

rosaleonor disse...

são as mulheres sempre umas contra as outras e a defender sempre os homens ...

rl