O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 30, 2012

A MULHER E A SUA ESSÊNCIA



SOMOS TODAS TÃO DIFERENTES...

Nem sempre é fácil reunir consensos...conviver com as diferenças...e percebo que mesmo neste campo de diálogo aberto entre mulheres - no caso de um Grupo - ainda não conseguimos aceitar as diferenças nem interagir os aspectos que nos parecem discordantes e isso corrobora o que eu penso e sinto e que é a necessidade das mulheres se elevarem acima das suas diferenças...
Embora como é óbvio tenhamos todas posições diferentes e estejamos cada uma de nós em fases da vida em que os nossos interesses também são forçosamente diferentes...é natural que os manifestemos, mas quando eu pretendo manter um FOCO e digo que não sei entrar em questões que já não me dizem respeito - tal como a menstruação, a libido, os casos e as apetências sexuais, as preferências, se for caso disso, e ainda os problemas com filhos e maridos ou namorados e mesmo questões de saúde - é porque tento fazer um trabalho que diga simultaneamente respeito a Todas nós para lá deSsas diferenças e diferentes situações de vida e isso só pode ser um trabalho de conhecimento teórico à partida...Um conhecimento mais vasto,  ontológico, mas começando por um conhecimento psicológico e de todos os aspectos da psique que permitam a uma mulher se tornar cada vez mais  consciente do que significa na verdade SER MULHER. TOTAL. É nesse sentido que procuro livros de escritoras/es e textos do maior interesse para todas nós e os divulgo aqui há já uns largos anos...
 
Quando eu escrevo sobre a urgência e a importância máxima da mulher ser uma "mulher integrada" e unir "as duas mulheres em si" - que no fundo acabam por ser muitas mais num leque extenso de diferenças entre os dois extremos de cada arquétipo...- eu NÃO ESTOU A NEGAR NEM A ATACAR AS DIFERENTES IDADES OU FASES DE VIDA E PORTANTO AS VIVÊNCIAS DAS OUTRAS MULHERES! 
Mas isso gera quase sempre controvérsia...
 
...Estou efectivamente cansada da ideia já tão banalizada da Deusa...que serve para todos os desvarios e práticas e oportunismos...Infelizmente é assim, e se me disserem que eu nada tenho com isso, para mim, a ideia da minha vida não é "viver e deixar viver"...E pelo facto de me empenhar em desmistificar lugares comuns e tanta banalização, não quer dizer com isso que DEIXO DE  RESPEITAR AS DIFERENTES OPÇÕES DAS MULHERES EM GERAL, mas sim e APENAS continuar a esforçar-me por uma Consciência Superior e mais abrangente do SER HUMANO e muito particularmente, neste caso, da MULHER, da sua Essência, a Essência  da Vida em si...e disso não me posso alienar.
Só não entendo sinceramente porque se sentem por vezes "atacadas" as mulheres que não pensam como eu pela posição que aqui tomo, defendendo esta prioridade do trabalho da mulher consigo mesma e colocar isso acima de tudo. Essa é a única diferença que eu noto...e claro...lamento, mas na verdade...na minha idade de quase anciã...e com muito orgulho em ser "A Velha" (às vezes a custo...)  já não me identifico com as questões sexuais tão sobrevalorizadas nem com os rituais de fertilidade etc...
A Deusa Mãe é um Princípio da manifestação...é a referência do princípio feminino abulido nas sociedade patriarcais há séculos e que queremos de novo honrar mas não só fora, no altar ou nos TEMPLOS e lugares onde a Deusa era cultuada...Para mim não se trata de recuperar rituais nem lugares sagrados. Para mim Ser Mulher em si é que é SAGRADO... e eu, como qualquer mulher, sou o meu Templo, cada Mulher é o seu Templo e o seu Altar...
Não precisaremos de rituais nem amar a Deusa fora de nós quando cada mulher se amar e se respeitar nessa dimensão que a eleva a DEUSA_MULHER em si, DENTRO DE SI. Quando a mulher se amar e amar o seu corpo como sagrado, cada partícula do seu corpo, cada célula, cada átomo...e assim TODA A HUMANIDADE
 
RLEONORPEDRO

sábado, janeiro 28, 2012

A MULHER VERDADEIRA


A MULHER TOTAL...

Mulheres &  Deusas

A MULHER QUE CONHECEMOS É APENAS UMA METADE DE SI...quando falo da mulher ser deusa ou de mulheres e deusas, refiro-me a uma totalidade consciente do SER MULHER EM SI.
...deixem-me pois tentar esclarecer uma coisa...para além de considerar que nenhuma mulher será essa deusa antes de SER INteira...ser Ela mesma, não quero dizer que a mulher se torne "deusa" de acordo com os nossos conceitos de deusas! Mas sim ser uma Mulher Iniciada da VIDA como acto sagrado, um ser em Pleno, uma Mulher completa em si... Consciente da sua Origem, sabedora do princípio feminino...integrado. E sem unir as duas mulheres em cisão psicológica profunda e  culturar - a sociedade e a religião divide a mulher em várias espécies de mulheres nomeadamente a "santa e a puta" - não é possível a mulher ser una em si...porque continua dividida dentro de si mesma e culturalmente... A mulher que hoje conhecemos é uma mulher doente...que sofre todo o tipo de doenças porque não se conhece nem sabe qual a sua verdadeira identidade...ela não se revê senão na mãe e na filha na amante ou na esposa, mas nunca como indivíduo. Ela só vive em função de outros. Não sabe nem consegue viver por si mesma...
A mulher que não consciencializa e não repara a sua grande ferida interior como mulher nesta sociedade falocrática que a aprisionou em conceitos redutores sobre si e a sua natureza intrinseca nunca poderá reunir as partes de si que a sociedade separou em muitos estereótipos.Também as faces da deusa que buscamos aqui e ali, ou as deusas dos muitos altares e mundos, a deusa de todos os tempos, representam a alteração e deformação da deidade feminina e do  seu princípio e que na nossa época acabam por corresponder apenas  à fragmentação da mulher e da deusa que foi feita ao longo de milhares de anos...
Assim como me parece um erro pensar que nos tornamos sacerdotisas da deusa e do amor através de rituais e práticas esporádicas, encontros de mulheres usando magias e feitiços, baseando-nos nesses fragmentos que restam da Grande Deusa e de ideias absurdas adoptadas aqui e ali de outras práticas antigas, sem se ser mulher inteira primeiro, sem SER a Mulher integral, a mulher consciente do seu ser global...Para mim isso é continuar a enganarmo-nos e a sermos apenas pedaços de nós mesmas, como é sermos brilhantes talvez aqui ou ali...fantásticas na cama, ou no palco, boas mães ou excelentes  amantes e claro  podemos ser especialistas em medicina e engenheiras e de grande capacidade no trabalho, como podemos continuar a ser boas cozinheiras ou boas dançarinas professoras ou enfermeiras...
Mas sempre fragmentadas. Sempre umas contra as outras...em competição ou em adulação...
Sim fala-se tanto  e escreve-se  hoje sobre as Deusas ...mas nenhuma mulher será Deusa sem SER Mulher primeiro

Meu Deus...nós não estamos a procura de uma Deusa em substituição de um Deus...
Não creio que possamos estar a colocar as qualidades de deus na deusa ...e a trocar uma coisa pela outra...à procura de uma religião ou de uma fé. Nem no sentido católico, estamos a querer ser deusas à sua imagem e semelhança como  uma "deusa" no céu...ou no altar ...Mas simplesmente e nisso eu creio a activar uma parte de nós que é transcendente e plena e nos pode dar a Chave do nosso Ser total...A parte de nós que une a Terra e o Céu...para que seja Assim na Terra como no Céu...
Outra coisa que eu vejo é como agora as mulheres se desviam delas mesmas, da sua realidade concreta, a nível emocional e psicológico e também de uma consciência ontológica, aprofundada, como fogem do seu conhecimento interior intuitivo, não querendo  ir ao fundo de si mesmas fazer esse trabalho psiquico de si para si, para em suma descortinar o fundo dos seus complexos e medos, fobias e rejeições, para aderir exteriormente a qualquer culto folclórico ou sexual aos ritos e aos transes...dizem,.da deusa...
Para mim isso não é a DEUSA...são meros rituais ...
 

A Deusa é ConSciênica de Si e da Totalidade na Mulher. É o Princípio Feminino activo...é a fusão do SER com a Matriz feminina... 
É contra essa alienação da mulher em si que eu persigo nesta trilha estreita, é contra esse engano ardiloso que volta a afastar a mulher dela mesma convencendo-a de que está tudo feito e que ela se encontra na plenitude dos seus direitos... que eu luto...e por isso vou ficando sozinha...como sempre estive. Mas grata, muito grata às poucas mulheres que por aqui passam e persistem como eu na busca da Verdadeira Mulher...dentro de si mesmas e não fora...
rlp

segunda-feira, janeiro 23, 2012

“A erótica é um gesto sagrado"


"Num mundo desnaturado que confunde genitalidade e sexualidade, depois sexualidade e e erotismo, o (verdadeiro) erotismo ou melhor a Erótica permanece reservada, hoje como ontem, hoje mais do que ontem, a uma elite. A Erótica não é este desespero que os humanos confundem com Amor quando eles lançam cegamente uma ponte sobre o seu próprio vazio, para não enfrentar a sua ausênica, em relação a uma imagem que eles próprios criaram sem disso terem consciência”
(…)

Eleger a mulher e fazer a sua elegia num cântico erótico-místico,  é facilmente razão para o sorrir escarninho de mal dizer ou de maldade gratuita tal como é vulgar acontecer da parte de quem entende estas questões apenas à superficie, quando mais  procurar a dimensão do feminino sagrado e ao mesmo tempo denunciar o aviltamento a que ela foi votada no aspecto social e sexual e sendo ainda a mulher como é “Vítima da selvajaria, da brutalidade, do Horror sem nome da nossa Época". ** Mas,  mais estranho ainda é ousar evocá-la na sua grandeza e beleza e ao mesmo tempo falar da sua realidade concreta,  o que significa estar  portanto sujeita da parte de quem me lê sem entendimento verdadeiro à mais banal das vulgaridades ou mesmo abjecta torpeza.

Sim, nestes dias de caos sem nenhum sentido estético nem ético, dias da mais completa alienação do ser profundo, em que só se vive e propaga uma sexualidade vazia e mecanicista, sei que não é nada comum, bem pelo contrário, evocar a essência do sagrado que a mulher em si transporta e mais a mais sendo eu própria mulher - e em vez de denegrir o meu próprio sexo na outra mulher, como fazem em geral as mulheres - faça a sua apologia e forma amorosa... Facto que leva quase sempre a  essa banalidade  do "senso comum" a fazer confusões generalistas e para que não se confundam as dimensões, esclareço mais uma vez que faço a apologia da mulher na sua dimensão ontológica, metafísica e do feminino sagrado e não exclusivamente do seu corpo  ou da sua sexualidade, seja ela qual for e por motivos de mera “preferência” sexual…
Porque para mim,  


“A erótica é um gesto sagrado fundamental, que não se ensina, que não se transmite, ele brota do mais profundo do SER, para além dos tempos, do Querer estendido em direcção ao Real”.**

Aqueles que não conhecem o Ser “Real”, o interior e o íntimo do seu ser, e portanto a dimensão da sua Alma (anima) não podem compreender o êxtase nem a contemplação nem a revelação do feminino sagrado. Assim como o não podem abranger aqueles/as que se resumem a ver o ser e mais propriamente a mulher com uma visão redutora de cariz social e económica, quer ainda pela análise psicológica. Nem a mente nem o intelecto podem abranger a dimensão ontológica e sagrada do Ser Mulher e muito menos ainda os seus Mistérios. Aliás a sociedade contemporânea vê e olha o indivíduo a partir das suas neuroses e doenças e não a partir do Si mesmo, porque na verdade o ser humano está muito longe desse Ser Real, seja ele homem ou mulher, mas é a mulher que sofre directamente uma cisão fundamental na sua psique desde há milénios. E se todos os dramas começam no pai e na mãe...é natural que negando à Mãe a sua dignidade, tenhamos uma sociedade iminentemente neurótica e descompensada, anormalmente violenta.
Perderam-se nos séculos muito dos mistérios e dos arquétipos fundamentais  que explicavam o inconsciente e a sociedade de hoje,  cartesiana, do penso logo sou, perdidos os mitos que explicavam as emoções e comportamento não esteriotipados,  inventou e vive das doenças... As pessoas explicam-se pelas suas neuroses...Por isso temos de retomar as origens e o sentido ancestral de Ser Mulher e não continuarmos a olhar para a Génese cristã...onde toda a cisão da mulher e a sua culpa começa...E ver que,
“A mulher é por essência a animadora e a inspiradora,
É ela que faz jorrar a iluminação no coração do homem
E o homem tendo-se tornado consciente exprime-se como poeta,
Comporta-se como cavaleiro e age como Mago.
Mago-sacerdote que celebra um culto de que a mulher se torna Deusa.
A Mulher tornando-se ela, a sacerdotisa de um Deus
Que só pede abandono, liberdade e mistério.”**

Normalmente a mulher quando é elevada de algum modo é-o apenas pela sua elevação "moral", católica, tendo sido considerada como Musa para os poetas românticos e a inspiradora para muitos escritores…e ainda a Virgem para os religiosos, a anima para os psicólogos, tal como refere o autor aqui citado. No entanto há sempre a outra mulher, aquela que não é eleita, a desgraçada a prostituta e que é sim negada e denegrida...tendo apesar disso havido cortesãs e concubinas famosas pelas sua influência junto de um "grande homem"ou memso um Rei...

Efetivamente assim foi durante séculos. Contudo, como mulher, pela minha própria experiência, relevo que hoje é a mulher, como antiga representante da Deusa  e sacerdotisa da  Grande-Mãe e não do Deus-Pai, não pede só abandono e mistério, mas é também a guerreira que aje e quer defender a sua vida dos dois lados do seu SER, e assumir o andrógino - porventura Lilith a primeira mulher -  que ela mesma é.  Ela esqueceu a Deusa Mãe e a Amante Consagrada pela Deusa que ela foi, obrigada a esquecer-se de si mesma em função do pai e do filho, e ao anular-se a si mesma perdeu a sua identidade para viver em função exclusiva do homem-deus-pai, quer como musa inspiradora, mãe de família ou dona de casa ou ainda a virgem no altar ou a prostituta na rua…

Sendo mulher eu própria, muito deve estranhar o “vulgo” que eleja a mulher para o meu canto quer na minha poesia, quer na consciência que aqui partilho com outros seres todos os dias...O meu único fito é elevar a alma (a começar pela minha!) e o feminino por excelência quer na mulher quer no homem ao seu expoente máximo, sabendo que sem isso não chegaremos a nenhum lado. Sei também, estou plenamente consciente disso,  que não será tarefa fácil nestes dias que correm, de tremento laxismo do corpo e do sexo, o extremo oposto do  antigo puritanismo, consegui-lo fazer pois tudo se confunde com genitalidade  numa tremenda e quase abjeta vulgarização do Eros em que já se  não  destinguem os sentimentos mais elevados dos sentimentos mais abjectos...
Contudo, mais do que nunca, a Nova Mulher Sacerdotisa de um Novo templo, ela mesma, a mulher emergente, “a mulher que vem do futuro”,*** não é já só o complemento do masculino, quer no plano prático quer o plano místico, mas essencialmente ela é chamada a realizar a sua própria complementaridade, aquela que une o yin e o yang em si mesma e pede um parceiro igual, não separando os dois lados de si para viver apenas uma sua metade, e a outra reflectida no “outro” eternamente. Do mesmo modo que a mulher, também o homem terá de assimilar o seu feminino interior e integrá-lo e não ser só activo e poderoso, ou “afemininado”, para que ambos os seres e o mundo ganhem com a dimensão do verdadeiro Eros filho legítimo da Deusa Artémis unidos pelo amor do Céu à Terra e à Natureza Mãe.

Para que assim faça sentido toda a criação e toda a criatura na sua unidade cósmica ou telúrica…Para que o de cima seja igual ao de baixo, para que a não se separe a espiritualidade da matéria, nem o homem da mulher…

ROSA LEONOR PEDRO

**Thesaurus Magia de Valentin Bresle
**Citado In O LOUCO DE SHAKTI – REMI BOYER
*** Poema de Mariana Inverno

sábado, janeiro 21, 2012

OS ESTADOS DA ALMA


Hoje acordei a meia da noite, como vem sendo meu hábito…e fiquei a pensar em como se confunde tão facilmente os estados de alma, os estados do SER com a sentimentalidade, com as emoções básicas e superficiais. Porque as há ou são essas e não as outras que predominam. A mesma coisa acontece com a dor…Não podemos confundir a dor com o sofrimento…A dor da alma ou a dor do Ser em si nada tem a ver com o sofrimento comum que tantas vezes é mero orgulho ou estupidez humana…sofre-se por apego e por vaidade, por perder algo ou alguém, na maioria dos casos. É óbvio que não falo aqui do sofrimento pungente vivido na pele das pessoas que tem  uma doença grave, que têm fome e vivem na miséria ou que vivem qualquer tipo de violência ou em guerra, para que isto fique bem claro.


É difícil para algumas pessoas neste mundo, que olham tudo de forma tão superficial e amalgamada, no sentido em que hoje confundimos tudo, valores e princípios, hormonas e nervos, desejo sexual e anseio da alma, de uma maneira atroz… pautando tudo por baixo, ao nível animalesco quase…COMPREENDER O QUE SEJAM ESTADOS DE ALMA.
Sim, julgar ou pautar as emoções profundas, sentimentos elevados, face a beleza que se manifesta, seja ela exterior ou interior, ou a emoção de um estado alterado, revelador de cambiantes insuspeitáveis da vida… com…tesão ou o apaixonamento…com a paixão ou a carência, sempre sintoma de falta de amor-próprio ou de consciência de Si…coisa muito comum nas mulheres, É QUASE ABERRANTE! Choca-me a leviandade e a superficialidade como lemos esses estados de alma nos outros e os confundimos com a sentimentalidade habitual das novelas e romances…na qual estamos normalmente aprisionadas. Não estou a rebaixar os sentimentos básicos. Estou simplesmente a diferenciar os estados de alma dos estados de carência e os apetites do corpo…


Digo isto a propósito de ontem ter escrito que me doía a alma ao acordar com uma enorme vontade de chorar...uma pungente nostalgia de amor ardente...de sentir o meu coração pleno...Sim isto são coisas que não se dizem normalmente porque as pessoas têm medo de revelar a sua intimidade como se fosse algo de escabroso, com medo de serem julgadas e porque se sentem inseguras de si.  Mas eu disse exactamente o que queria dizer “porque eu sei que a minha alma anela por voltar ao seio da Grande Mãe e tornar realidade a sua Vontade...que é de Paz e Amor interno e eterno...” e sempre que esses estados diria de Graça e de revelação me acontecem eles me conectam com a alma do espírito…com a Deusa em mim. São estados numinosos, estados que me aprazem e o choro e as lágrimas que rolam pela face são pérolas, dádivas do divino em nós…Sempre que isso me acontece é pronúncio de uma abertura de consciência maior para o meu coração e para a vida plena…Anelo por esses estados e tudo faço para que no silêncio ou na solidão eles me possam surpreender e responder ao apelo da minha alma e à sede do meu coração… E partilho-os porque estou segura de que há um eco e uma compreensão profunda da parte de algumas das irmãs (hesito em escrever irmãs ou amigas…) que nos acompanham aqui mesmo que essa não seja a interpretação da mente de quem não entende o coração inteligente nem a emoção pura, estética, suprema, e faz da dor uma coisa ora tragicamente leviana e superficial, ora dramática ou sado-masoquista…

Esses estados de alma que nos mergulham na essência do ser, nada têm a ver com o estar apaixonada por alguém, como alguém me sugeriu ontem para meu espanto…não que eu não compreenda a questão humana…Não. Eu sei que esse é o foco das mulheres todas…apaixonar-se é tudo o que sabem fazer para sentir vida e amor…mas da mesma maneira que caiem (fall in love) literalmente no amor…do outro, da mesma maneira se enterram no vazio cada vez maior ou no desespero de perda ou no sofrimento cego do apego, à medida que esse “amor “ se esvai…nos trai nos engana e violenta…E justamente eu escrevia, a meio da noite…que todos os acasos “amorosos” são mais ou menos  e ao fim de um certo tempo, enganos…consentidos e alimentados pela nossa mente e pela nossa cultura. E a maneira como as pessoas estão neste mundo, nomeadamente as mulheres, apegadas à ideia obsessiva do amor do outro…como complemento que colmate o seu vazio de mulheres divididas, leva-as a acreditar em décadas de ficção cor-de-rosa e romances de cordel, a acreditar que esse amor é real e existe…e que existe algo em comum entre homem e mulher que os torne felizes…quando afinal décadas de engano e ilusões não provam nada disso, bem pelo contrário; assistimos agora á grande derrocada de todas essas fantasias e ilusões ditas amorosas. A razão disso é que finalmente caminhamos para o encontro com o indivíduo, com o ser em si, com a alma…por isso nenhuma relação é viável e as pessoas continuam a forçá-las até à indignidade até à violência… E, à medida que envelheço, estou cada dia mais consciente de que as relações são quase sempre uma mentira senão mesmo uma espécie de promiscuidade…Sim, uma espécie de promiscuidade do ser consigo mesmo ao aceitar vivenciar a sua intimidade no seu corpo sem que a sua alma seja tocada e tocar o corpo do outro sem tocar a sua alma. Porque nunca ninguém nos toca a alma, a não ser no caso da “alma gémea” a existir uma alma gémea ou irmã…Mas nem nisso eu creio. A alma gémea é mais uma ilusão fantasmagórica projectada pelo indivíduo tal como o mito da felicidade, tal como a ideia do amor a dois…Claro, esta é apenas a minha visão pessoal…a minha experiência humana…

Deixo que pensem à vontade o que quiserem, e podem até discordar…e ficar chocadas com o que eu digo, mas creio que só as mulheres próximas da minha idade e da minha geração, diria, me compreenderão. Deixo às mulheres mais jovens a legitimidade de terem ilusões e desilusões e sofrerem como bem lhes aprouver…até se encontrarem a si mesmas e livre. Eu só falo por mim.



rleonorpedro

O CORAÇÃO PLENO - CANTICO

 
 
DO CORAÇÃO ARDENTE...
Hoje acordei com uma enorme vontade de chorar...uma pungente nostalgia de amor ardente...de sentir o meu coração pleno...Isto são coisas que não se dizem...? Mas eu digo porque eu sei que a minha alma anela por voltar ao seio da Grande Mãe e tornar realidade a sua Vontade...que é de Paz e Amor interno e eterno...Eu anelo por esse amor e antes que ele seja uma realidade na Terra eu preciso do consolo e da verdade das minhas irmãs neste Caminho solitário...porque ele é e sempre será solitário no que concerne os nossos passos...Embora cada uma de nós possa ser a irmã que se encontra na encruzilhada próxima e nos abraça ou nos ralha... e chama a atenção para um qualquer desvio de nós mesmas...e nos dá a mão...com afecto ou com firmeza...e nos diz: anda, vai por onde sentes!
...
Sim, eu digo estas coisas porque sei que é uma maneira de rezar a partir do meu ser mais profundo...e quando o faço eu estou a rezar pelo mundo...por todos os seres e animais e plantas e árvores e flores...todos os seres vivos sacrificados ao egoísmo e à vaidade dos homens, todos os seres que choram como eu neste momento em todo o planeta pelo anseio de uma vida plena e amorosa...de respeito e justiça, de verdade e totalidade. Este é o grito inaudível que ecoa no meu coração e as lágrimas caiem-me no rosto lavando e puriificando o meu ser de toda a arrogãncia e cobardia que ainda me reste...
rleonorpedro

quinta-feira, janeiro 19, 2012

A MULHER TOTAL...



Uma Mulher é muito mais do que o seu corpo, o seu sexo e o seu ventre ou a sua beleza...
Uma mulher não se define nem se encontra a si mesma por ser mãe apenas ou ser amante...e por ter orgasmos...ou não. Uma mulher é o Seu Coração Inteligente...Ela é o seu Todo e não as partes, nem as suas qualidades, aquelas que a sociedade patrista lhe deu como significado. O de mãe ou amante... o de santa ou de prostituta...Tirou-lhe todo o dom de cura e de sacerdócio, roubou-lhe vestes e paramentos...imito-a nos rituais sagrados mas tapou-lhe o rosto por ela ser pecaminosa e suja...
Esta é a cultura que herdamos dos monges guerreiros que destruiram o mundo pacífico e equalitário em que a Deusa Mãe reinava.
A mulher que precisamos INTEGRAR é a Mulher primordial, a mulher essência, a mulher que dá corpo e voz e alma ao Princípio Feminino. Metada da Humanidade é Mulher. O mundo tem vivido apenas da outra metade Homem que subjuga domina e perverte os valores do femininos que também são seus. O mundo encontra-se em desequilíbrio e em plena inverdade e injustiça, porque foi tirada a mulher a Voz do Útero.
rlp

PORQUE SÓ A MULHER QUE ENCARNA O PRINCÍPIO FEMININO NA SUA TOTALIDADE E SE EXPRIME NA SUA ESSÊNCIA E LHE É CONSTANTEMENTE FIEL É UMA MÃE E UMA PARTEIRA DA CONSCIÊNCIA DO FEMININO SAGRADO PELA SIMPLES IRRADIAÇÃO DA SUA MATERNIDADE INTERIOR, TAL COMO É A AMANTE E A MULHER EM EXCELÊNCIA...  

rleonorpedro

MULHERES NA TERRA

DE GRANDE VONTADE...
 
 
 
MATERNIDADE – Redefinição
“…dada a influência determinante da minha mãe em mim,... sou uma pessoa marcada pelo signo materno. Tenho um apreço muito especial pela maternidade. Só que à mulher não compete apenas uma maternidade de tipo fisiológico. Cabe-lhe ultrapassar este aspecto na medida em que pode conquistar uma sabedoria de tipo maternal para intervir no mundo e orientá-lo. Um mundo onde só o homem tem a palavra, palavra essa que é a origem de tantos desmandos, guerras, conflitos e soluções precárias de character económico e social.
Estruturalmente, a mulher é avessa, alérgica à ideia de guerra e de conflito. A sua própria experiência maternal a predispose contra a guerra. Dá vida mas não gosta de contribuir para a sua destruição. É por uma actuação pacífica.
Este é um dos pontos fulcrais. É necessário que a sua emancipação obedeça desde já a uma orientação intelectual no sentido da pacificação do mundo.”

NATÁLIA CORREIA, in “Entrevistas a Natália Correia, Parceria A.M.Pereira, 2004

quarta-feira, janeiro 18, 2012

MÃE DO CÉU E DA TERRA....


"Virgem Mãe, Filha de teu Filho, a mais humilde e ao mesmo tempo a mais alta de todas as criaturas, marco fixo da vontade eterna, tu és quem enobreceu de tal forma a natureza humana que teu Criador não desdenhou em se converter em sua própria obra. Em teu seio inflamou-se o amor, cujo calor fez
germinar esta flor na paz eterna. És aqui, para nós, um meridiano sol de caridade e em baixo, para os mortais, vivo manancial de esperança. És tão grande senhora e tanto vales que todo aquele que deseja alcançar uma graça e a ti não recorra, quer que seu desejo voe sem alma. Tua bondade não só socorre ao que te implora, como muitas vezes se antecipa espontaneamente à súplica. Em ti se reúnem a misericórdia, a piedade, a magnificência e tudo quanto de bom existe nas criaturas. Este, que da mais profunda laguna do universo até aqui viu uma a uma todas as existências espirituais, te suplica lhe concedas a graça de adquirir tal virtude, que possa elevar-se com os olhos até a saúde suprema. E eu, que nunca desejei ver mais do que desejo que ele veja, te dirijo todos os meus rogos, e te suplico para que não sejam vãos, a fim de que dissipes com os teus dedos todas as névoas procedentes de sua condição mortal, de sorte que possa contemplar o sumo prazer abertamente.
Ademais, rogo-te ó Rainha, tu que podes tanto quanto queres, que conserves puros os seus efeitos depois de tanto ver. Que a tua custódia triunfe dos impulsos da paixão humana: olha a Beatriz como junta suas mãos com todos os bem-aventurados para unir suas orações às minhas."


(DANTE ALIGHIERI)
(Publicado no FB por Fernando Augusto)

Orações a Mãe Divina...

Que também é Mulher, Filha e Transformadora de nosso ser

"Oh, Divina Mãe Kundalini,
Divina energia cósmica oculta nos homens.
Tu és Kali, Durga, Lakshimi, Saraswati e todas as formas da Mãe.

Tu és a criadora de todos os nomes e formas. Tu estás manifestada no prana, na eletricidade, na força, magnetismo, na atração e gravidade deste Universo. Este mundo todo descansa no teu sono. Coros de glória a Ti, Mãe do Mundo. Conduza-me através dos chakras, até o coronário.

Oh! Mãe Divina, permite que eu me una a Ti e a Teu companheiro o Senhor Shiva, a consciência suprema. Oh, Mãe Kundalini, cumpra a Sua tarefa!

Glória à mãe Kundalini, possa ela abençoar a todos.

Paz, paz, paz."

Swami Shivananda

OREMOS...



Ó Isis, Mãe do cosmos, raiz do amor, tronco, botão, folha, flor e semente de tudo quanto existe. A ti, força neutralizante, te conjuramos; chamamos a Rainha do espaço e da noite. Beijando teus olhos amorosos, bebendo o orvalho de teus lábios, respirando o doce aroma do teu corpo, exclamamos: Ó NUIT! Tu, ETERNA DEIDADE DO CÉU, que és a ALMA PRIMORDIAL, que és o que foi e o que será, a quem nenhum mortal levantou o véu, quando tu estejas sob as estrelas irradiantes do noturno e profundo céu do deserto, com pureza de coração e na flama da serpente te chamamos.
(RITUAL GNÓSTICO)
Glória, glória à Mãe Kundalini que, mediante a sua infinita graça e poder, conduz o Sadhaka de chacra em chacra e ilumina seu intelecto identificando-o com o supremo Brahman. Possam as suas bênçãos nos alcançar!


(SIVANANDA)
(Publicado por Fernando Augusto no FB)

terça-feira, janeiro 17, 2012

DIGNIFICAR A MULHER E A MÃE....


SOMOS FILHAS DA MÃE… 

Minhas amigas...aqui, estamos interessadas em SENTIMENTOS...sejam eles quais forem.

Estamos interessadas EM EMOÇÕES PROFUNDAS, em saber de dentro de nós, do fundo de nós...em consciencializar aspectos obscuros do nosso ser e da nossa psique e da nossa alma.
Estamos interessadas em perceber onde a nossa cisão interior nos afecta e como e onde ela se iniciou...
Estamos interessadas em defender e DESENVOLVER as nossas ideias próprias, o que pensamos e sentimos  por nós mesmas, mas não como reacção do que outras dizem ou escrevem...

O que cada uma escreve vale por si e  deve ser um contributo ao conjunto e não um mero rebater de ideias alheias, para defender apenas a sua à força e pela violência verbal. Por isso estamos interessadas em trabalhar com cada uma de nós, de dentro para fora, com a nossa divisão interna, compreende-la e ver a razão do nosso conflito existencial, dual, a nossa luta de sobrevivência de algo em nós que sempre nos foge…
Estamos interessadas em solver os nossos antagonismos com as outras mulheres, A BEM E NÃO A MAL.... Estamos interessadas no diálogo construtivo umas com as outras, em sinceridade total, com autenticidade, sem rivalidade, com respeito e sem preconceitos de tipo nenhum,  para podermos contribuir assim, para uma evolução real da nossa consciência do feminino sagrado e da nossa psique antes de tudo porque sem um entendimento psicológico de base do nosso próprio conflito individual, não vamos a nenhum lado.

Há muita teoria, muita informação, muitas TERAPIAS, muitos pareceres e ainda muita moral subjacente, religiosa, católica e burguesa ou mesmo marxista ou libertina ou libertária...há muito julgamento umas das outras...daquela e daqueloutras...
 

MAS NEM TODAS AS MULHERES...SÃO MULHERES...

E com essas eu não tenho contemplações...
Eu incluo todas as mulheres no meu universo, não estou contra nenhuma, nunca estive e há quem me confunda, mas tenho uma questão de Princípio – o Principio Feminino – a defender e ele não se compadece com as traições que as mulheres se fazem a si mesmas, por isso excluo sem qualquer escrúpulo as teóricas, as revanchistas, as utópicas e as comunistas…São mulheres que defendem sempre o "inimigo", o marido que lhes bate, o carcereiro que as guarda, o polícia que as maltrata, o raptor que as viola...elas sofrem do Sindroma de Estolcomo...
Essas mulheres são sempre mais “homens” e pelos HOMENS e partilham mais do que eles pensam e as suas ideias do que se importam consigo mesmas – são elas as filhas do pai ou do papá, filhas saídas da cabeça de Zeus, não são “filhas da mãe” ao contrário do que possam pensar no duplo sentido da expressão…
Imagine-se a acepção e o significado que tomou a expressão "FILHAS (ou filhos)  da MÃE"…
Vejam a carga pejorativa de que as Filhas (e filhos)  da Mãe sofreram no tempo…
Quando antes, muito antes do Pai e do filho, os Mistérios eram da Mãe e da filha (os Mistérios Eulesianos); era A GRANDE MÃE E  as mulheres que geriam as sociedades mais antigas em equilibrio e equidade…

Perguntem-se porquê.


Porquê é a Mãe se tornou tão mal conceituada na sociedade patrista, e machista, sobretudo se for mãe solteira…mas depois, se se vender o “produto” da sua barriga transforma-se em “barriga de aluguer”, útil a sociedade... Que sociedade é esta que trata assim as mulheres? Como mercadoria sexual e procriadora, só porque a “esposa” - as duas mulheres se misturaram sem quase se distinguirem - já não tem o mesmo valor nem a conseguem deter nas malhas da instituição casamento e a prostituta já não se confina ao bordel e a rua?
O que esperam ainda desta sociedade e deste mundo que as divide assim, as mulheres?  Vivem e agem como se não percebessem que dentro dela são sempre “o elo mais fraco”, a parte da espécie que sofre todos os perjúrios todas as ofensas violências e perseguições…sendo ela a MÃE?

Na verdade digo-vos, eu não creio nas mulheres que se converteram totalmente ao sistema e que foram nele educadas, que se entregaram nas mãos dos seus patronos e ao serviço dos seus interesses e os defendem, conscientes disso ou não, perpetuando os seus valores, sejam as escritoras, as catedráticas e as doutoras, juízas ou médicas…Podem haver as tais excepções (não sou burra!!) mas não creio que a partir de uma mente tão deturpada por valores religiosos milenares e filosofias misóginas se possa sequer tentar restaurar nelas o feminino sagrado ou ir ao mais fundo das suas entranhas, ou propor soluções femininas de essência, quando são as próprias estruturas desta sociedade que as nega, e onde elas nunca serão aceites como seres autonomos, nem pelos seus valores intrinsecos como mulher-mulher. Nesta sociedade por mais que julguem que sim elas nunca serão livres, nem respeitadas por elas mesmas, mas apenas deturpadas e usadas de qualquer maneira, mudando as regras do jogo sempre em benefício dos homens. Não, não creio especialmente nas comunistas que são materialistas e portanto produtos de uma ideologia sem interioridade, e para quem a consciência da sua mística e a recuperação do seu ser como mulheres autênticas, para o sagrado e o espiritual, é impossível à partida e mesmo que lhes dessemos uma hipótese … o tempo e o trabalho para as demover ou fazer ver fosse o que fosse do outro lado, era inútil, e perderíamos todo o tempo em discussões estéreis. Já aconteceu.
 

 Assim, minhas amigas…bem vindas todas aquelas que se sentem FILHAS DA MÃE… e queiram integrar os valores de um feminino perdido, denegrido e voltar a ser o que sempre foram…

Mulheres e Mães e Amantes, iniciadoras de si mesmas e do/a filho/a. Não só do Pai e do Filho…
Filhas da Mãe... e Mulheres já sem medo de ter de agradar ao Pai e ao filho homem…ao ponto de se mutilarem para agradar e serem belas segundo as suas medidas de seios e de “bunda”, e seguir os padrões de beleza da mulher produzidos pelo homem e a sua indústria farmaceutica e de cosmética, que vive a conta do sofrimento da mulher.

Porque não me venham dizer que essas mulheres fazem isso por amor...nem me digam que elas se amam ou amam alguém…Mulheres que se mutilam e se vendem ou vendem o corpo por uma imagem NÃO SE AMAM. Elas desprezam-se e odeiam-se como odeiam a outra mulher. E tudo fazem para “seduzir” e ter o homem sem o qual elas não se sentem nada…
Porque é a mulher um ser que se mutila a si própria e faz implantes mamários como se isso não fosse uma facada no seu corpo...ou várias. Tanto alarde por uma facada alheia...tanta dor e sangue etc. e depois é a própria mulher (e o homem) que se vai mutilar por vontade própria, permitindo que o "médico" corte o seu corpo, o seus seios (ou os seus orgãos) em nome de uma imagem e de uma ideia de beleza???
Que aberração se tornou esta sociedade que não vê nisso crime...e sim "liberdade"? 
E pergunto-vos, alguma mãe de verdade iria dilacerar - cortar - o corpo do filho ou da filha menina para a tornar mais bonita? Faria a Mulher Mãe uma operação “estética” á sua criança, cortar-lhe o peito…ou pôr silicone no rosto, nos lábios ou no rabinho para o bebé ser mais bonito? Mas deixam as suas filhas ainda adolescentes fazer implantes de seios para o mercado de trabalho…?
Ora se a Mulher não se ama a si mesma como ao seu bebé…e se não tem o mesmo respeito pelo seu corpo que pelo do seu bebé (sei que também há excepções, não sou burra!) ela iria mutilar-se a si ou operar-se para ficar com mais ou menos peito, mais ou menos barriga, mais ou menos carne – digo silicone?
Sou radical talvez, pensem o que pensarem, e nada me interesssam os argumentos muito "amorosos" e solidários com a aberração que é a profanação do corpo sagrado da mulher, em nome  seja do que for. E embora isto nada pareça ter a ver com o assunto inicial, quis apenas demonstrar-vos que a MULHER NÃO SE AMA. Apenas isso. E que é por aí que TODAS TEMOS DE COMEÇAR! A AMAR O NOSSO CORPO E A RESPEITÁ-LO ASSIM COMO À NOSSA ALMA.
rleonorpedro

domingo, janeiro 15, 2012

UM TEXTO ALQUÍMICO




A ANDROGINIA DAS ALMAS

É sobretudo na tradição hermética que se encontram referências à androginia das almas: "não há (nas almas) machos nem fêmeas; esta disposição só existe nos corpos", responde Ísis ao seu filho Hórus, que lhe pergunta como nascem as almas, se machos se fêmeas (Ménard, pp.203-204). Também entre os gnósticos encontramos alusões tanto à androginia de Deus, de quem as almas são emanação e reflexo. A androginia é ainda atestada nos Evangelhos apócrifos. O que demonstra que nos primeiros séculos da era cristã se respirava um misticismo sincrético bastante semelhante à tendencia hermética que volta a despertar no século dezasseis e se mantém daí em diante

No Evangelho de Tomé, Jesus diz, dirigindo-se aos discípulos:

"Quando fizerdes os dois (ser) um, e...o interior como o exterior e o exterior como o interior, e o superior como o inferior...(e) o macho e a fêmea já não seja macho nem fêmea, então entrareis no Reino".

Nota-se a influência do célebre Pimandro de Hermes, em que se proclama que o que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima; ou seja; que tudo é um.

in LITERATURA E ALQUIMIA
Y.K.Centeno

sábado, janeiro 14, 2012

A ALMA E O CORPO...



O LADO FEMININO DO HOMEM... 

 - O princípio Feminino, e o lado feminino do homem tem de ser activado, mas a questão é que se a mulher ela própria esta desactivada da sua essência feminina, como vai o homem integrar o seu feminino se não tem espelho na mãe nem na amante? A questão pois aqui, o nosso trabalho específico, é fazer acordar na mulher antes de mais, essa consciência do seu feminino sagrado, essa parte da natureza Mãe e da sua própria natureza intrínseca da qual foi secularmente alienada, a parte que lhe foi usurpada e negada desde menina, para poder então haver a integração dos opostos...sem isso não há integração nem complementaridade entre homem-mulher porque a mulher está desfocada diria ou amputada da sua natureza essencial, aquela parte que a torna a mediadora das forças cósmico telúricas que une céu e terra, o baixo e o cimo, homem e mulher...Da mesma maneira que ficou às expensas da mulher a gestação do ser humano no seu ventre...também é ela a iniciadora do homem e isso foi deturpado, tendo sido invertidos os termos do casamento alquímico...É evidente que o homem tem a sua componente feminina como a mulher tem a sua componente masculina que Jung definiu como anima no homem e animus na mulher e com o que eu não concordo. Eles são respectivamente anima a mulher e animus o homem, mas na ligação (casamento) alquímica (no interior) há a revelação ou o despertar dos seus opostos dentro e fora...isto grosso modo, é o que eu penso. Não nego nem nunca neguei o feminino nem a Deusa no homem...mas o processo inverteu-se e a mulher foi desligada da sua natureza essencial, a sua verdadeira natureza feminina. A mulher que conhecemos não é a mulher verdadeira. É uma mulher fragmentada, dividida e sem identidade...TEMOS ALGORA EM MÃOS O TRABALHO DESSE INTEGRAÇÃO NA MULHER. Em cada uma de nós...depois o homem e o seu feminino, é com ele...descobrí-lo e abrir-se à Mulher e a Deusa.


QUANTO AO SER HOMEM E MULHER...

MAIS DO QUE O CORPO, A ALMA E O ESPÍRITO NOS "DEFINEM"... 
 

Os corpos não são definidos nem rigorosamente machos ou femeas...nunca foram...convencionou-se isso por a maioria dos seres humanos serem mais ou menos machos e fêmeas à partida...mas são formatados pela educação e leis e regras e os valores sociais e religiosos da época, mas a Deusa (e deus) e o feminino essencial são uma realidade  a partir de uma essência comum aos dois sexos ou a 2º sexo ou aos três sexos...mas é somente a partir de dentro, AO NÍVEL DA ALMA e a partir do útero na mulher e ovários (a mulher yin é quem tem ovários e utero) que se define o feminino ontológico e não o aparententemente "feminino" de acordo com os padrões do patriarcado. A mesma coisa para o princípio masculino, o yang, encarnar as qualidade do masculino a que correspondem os testículos e o pénis.
Os Princípios Feminino e Masculino são a Ordem do Tao...
Mas há seres andróginos...e seres hermafroditas...e há a mais variada espécie de seres dentro da tipologia humana, a nível físico e psíquico...mas não caracterizados exteriormente onde só cabem o macho e a fêmea e agora as categorias classificadas pelo manuais modernos, e as imagens do documentário apresentado apenas contrariam a convencional e tradicional ideia de homem e mulher...
Naturalmente haverá muitos  tipos de seres, e cada um devia ser livre, de SER COMO SENTE e é no seu íntimo...sem recorrer a operações e transformações de acordo com padrões, porque apenas vão em busca da imagem e do esteriotipo do que se convenciona ser homem ou mulher...
Porque não há nada de novo debaixo do céu...nada de novo ao cimo da Terra. Os egipcios antigos conheciam 4 polaridades sexuais - macho fêmea, bissexual, e neutro, e 8 modos sexuais etc...e 64 sexualidades de acordo com o ADN...*
 
(*Ler L' Ancien secret de la Fleur de Vie - Drunvalo Melchizedeke)
 
RLP

sexta-feira, janeiro 13, 2012

A BELEZA ETERNA


HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES E DEUSAS E À MEMÓRIA DE TODAS AS "BRUXAS" MORTAS E PERSEGUIDAS PELA INQUISIÇÃO...
À MAGNIFICÊNCIA DO SER MULHER E O SEU SABER ANCESTRAL  A FONTE MÃE E  À PALAVRA, A VOZ DO ÚTERO, OS MEUS VOTOS DE UM DIA 13 SEXTA-FEIRA E LUA CHEIA...PLENAS!

COMO SE RIDICULARIZA A MULHER...

SOBRETUDO SE ELA OUSA TER PODER...

A imagem pode parecer nada ter a ver com o texto, mas ela ilustra bem  o que os homens e a sua mentalidade fazem de todas as mulheres que não correspondam aos seus padrões...taxá-las de p...Sejam elas presidentes ou ministras...

Quanto ao texto em si, como irão ver em baixo a APVE lançou uma campanha contra a violência entre os jovens e no namoro...

MAS EU PERGUNTO: 

Como é que se pode pedir aos jovens e aos homens que não usem a violência uns contra os outros e se respeitem e às mulheres no namoro, ou no casamento, se desde que nascem eles são "educados" e aprendem apenas o desrespeito pela mãe e pela mulher em geral...

Como é que se pede aos jovens para não serem violentos com as mulheres sem ver que os filmes que eles vêm são filmes ódio, competição, de terror e de violência e violação da mulher, abuso de poder do Homem sobre a mulher e dos outros na guerra?

Como se pode pedir aos jovens que façam aquilo que eles não vêm os pais nem os homens "sérios", por vezes os próprios professores, políticos e outros os "adultos" em geral fazerem em todo o lado? Vemos e eles vêm  na Emprensa, na publicidade, no cinema na cultura e na Arte...a mulher como um objecto de voyarismo pornográfico, onde a mulher é objecto de escárnio de ridículo seja ela a presidente ou a ministra de um País...onde quer que seja ela é denigrida, despida, violada ou abusada...

Sim, como é que se pode pedir aos jovens uma coisa que ninguém faz em sociedade, nem o Sistema em si é coerente como Estado, nem nunca foi exemplo, pois toda esta perseguição da mulher e a violência é propagada na Génese e na sua Biblia sagrada, nos seus manuais de sexualidade e tratados e em filosofias de carácter quase sempre misógino e de superioridade do macho?

Como podem as mulheres que defendem com tanto mérito estas causas, não ver e isso é o que mais me espanta, como elas foram ou são tratadas pelos Media, pelos superiores hierárquicos e pelas Instituições em geral? Elas não vêm como os ministros falam às suas deputadas...o risinho escárnio, sempre que alguma ousa falar mais alto? Está sempre a acontecer...
E então?
De que serve toda uma operação de fachada, uma operação de cosmética, quando a mulher nem a mãe é de início respeitada, em casa, na rua, no emprego e até mesmo na assembleia da republica se for esse o caso...porque mesmo aí, ou se calam ou falam baixinho e obedecem aos lideres ou então se ousam falar mais alto...são ridicularizadas...
De onde vem esta secular misoginia e até ódio à mulher senão do desrespeito da Mãe e da Mulher como SER HUMANO, desde o início desta cultura judaico ou cristã?

Não, não sou feminista...sou apenas pagã, sim e LUCIDA, "antrologicamente lúcida", para ver como tudo se passa e de onde remontam as causas verdadeiras de toda esta violência milenar do homem contra a mulher, - e se pensam que isto mudou, é ver bem  lá no fundo, porque estão muito enganadas - ela está ai em todo lado, "a culpa e  o pecado e o sexo "fraco"...desde a perseguição às bruxas...e muito antes claro, mas porque hoje é dia 13...sexta-feira, eu falo como uma bruxa que se preza...sem medo nem ódio...
Amen

rleonorpedro

"Se patriarcado e patronato andam de mãos dadas, se a origem é o “pater”, se o patronato priva meninos, meninas e adolescentes de direitos e o patriarcado priva as mulheres de direitos, se as sociedades patriarcais são aquelas que consideram o patronato como a forma de “proteger” os “menores” e a submissão como a forma de “silenciar” as mulheres, então as respostas institucionais à violência de gênero devem percorrer também os caminhos da infância. De nenhuma maneira, essas duas dimensões podem ficar separadas."

ver em: http://cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19366
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"Corta com a Violência": campanha contra Violência nas Crianças e Jovens

O Relatório Anual de 2010 do Sistema de Segurança Interna, elaborado a partir dos dados adquiridos no Programa Escola Segura, revela que no Ano lectivo 2009/2010 registaram-se 4713 ocorrências em contexto escolar: 33 em cada 100 ocorrências consistiram em ofensas à integridade física; 27 em furtos, 11 em injúrias e ameaças, sete em situações de roubo e aproximadamente três em ofensas sexuais.
A APAV lança agora a campanha “Corta com a Violência: quem não te respeita não te merece”. O objectivo desta campanha é sensibilizar, em particular os mais jovens, para algumas formas de violência que têm lugar no contexto escola, designadamente o bullying, a violência sexual e a violência no namoro, através de uma abordagem preventiva e simples que não se limita a evidenciar factos mas que é promotora de uma atitude: quem não me respeita não me merece.
Por outro lado, procurou-se chamar a atenção para formas de violência mais subtis e frequentemente menos valorizadas, não apenas pelos jovens mas também pela comunidade em geral: o gozo, a humilhação e intimidação, os comentários e toques de natureza sexual e as atitudes controladoras nos relacionamentos de namoro. Ainda que usualmente menos graves em termos de impacto físico, sabemos que a utilização e tolerância a estes comportamentos podem preceder a ocorrência de actos de violência mais graves.
A APAV, através da sua rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua rede de voluntariado, tem procurado dar visibilidade à violência exercida contra as crianças e os jovens através da sua acção junto dos alunos no seio da comunidade escolar, alertando para as diferentes formas de violência e para a importância de denunciar e pedir ajuda.
Esta nova campanha de sensibilização, desenvolvida mecenaticamente pela agência Cupido, será comunicada através de diversos formatos, em diferentes meios: spots televisivos (canais RTP, Youtube), rádio (grupos RTP e Renascença), imprensa, cartazes e folhetos (distribuição massiva pela comunidade escolar) e web/internet.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

O CAMINHO DA DEUSA...O QUE É?


Estou mum momento de reflexão interior em que me apetece repensar toda esta confusão sobre a deusa a mulher e o homem e os mestres e sacerdotisas e sacerdotes. Tenho que repensar em toda esta confusão de palavras que não querem dizer nada, de se ler superficialmente escritores e escritoras, histórias e anedotas, misturar tudo, fazer uma grande salada ou pior do que isso apenas decorar conceitos, copiar ideias e textos, e não se dizer nada com sentido, reflectido, interiorizado, ou mais grave ainda, debitar a lição sem compreender em essência, nem por experiência, sem saber do que se trata porque não se fez trabalho nenhum interiormente sério e em profundidade e por isso não se pode nem se deve falar do que se trata o Caminho da Deusa... O caminho da deusa é inteiro, integral total em mim...Por isso preciso ter essa consciência, do caminho percorrido, do que já fizemos ou não...por a mão na consciência, acordar para essa ConSciência...é preciso fazer essa integração da psique e na alma. É preciso ser Anima...é preciso saber o que é o feminino em si, em nós, dentro, e a partir de dentro. É preciso reconhecer e amar as três deusa em nós...nas três mulheres que ao longo da vida cada uma de nós é e saber respeitar essas diferenças em nós e nas outras mulheres e OUVIR quem sabe, pricipalmente a velha, aquela que sabe...

Chega de teorias e mezinhas, de rituais e de propostas académicas, de livros e de intenções e pareceres...

UMA MULHER É UMA MULHER É UMA MULHER... 

...como uma Rosa é uma Rosa é uma rosa...porque tem cheiro e espinhos, pétalas e raizes... Uma rosa não tem filhos nem tem marido ou amantes...nem estuda matemática e ciências, nem feminismos ou machismos, nem fala da Deusa ou de deuses...ela dá-se pelo que é em si e desfruta-se pela sua beleza, pelo seu aroma e pela sua magnificência...
Assim vejo a MULHER mulher...assim é uma mulher, todas as mulheres que reconheci como sábias e mais velhas e as mais novas e puras (o que para cada uma seja puro: sincero verdadeiro autêntico) e  as mães fantásticas, mulheres maduras, todas elas que no momento certo me emprestaram o seu colo...e me salvaram de uma qualquer dor...
Tanta confusão acerca da deusa como se a Deusa fosse agora uma coisa qualquer à mão de qualquer um/a...tão fácil como  apanhar uma flor e a por na jarra lá em casa a enfeitar a mesa...ou a estante...
Não há Deusa nenhuma algures...ou há e é sempre a mesma e está em todo lado onde a vida está. Eternamente ELA. Uma ESSENCIA, uma voz...ecoando dentro de nós...
Ela foi e é Lilith, ela foi e é Inana e Isis...ela é e foi Astarte, ela é e foi Sophia, ela é e foi Maria, ela é e foi cada uma de nós, cada mulher...que encarna o Princípio Feminino e é fiel a si mesma e a sua origem.
O problema da mulher actual é que ela pensa que é livre e não vê que foi dividida e não sabe há muito quem ela foi ou o que é...perdeu a sua indentidade...perdeu a ligação à sua natureza, para ser só filha do Pai, saida da cabeça de Zeus que engoliu sua mãe Métis para lhe tirar o poder; essa foi a mulher que herdamos, uma filha sem mãe...e agora ela projecta-se numa imagem ou numa ideia vaga religiosa ou pagã, da Deusa, mas a Deusa é a mulher que caminha dentro si, no seu coração...que é o imaculado coração de Maria e de Ísis...
Toda a mulher é à partida uma "nossa senhora" a nossa mãe primeira, e...cabe a cada uma de nós integrar o princípio feminino, essa Substância primeira e Matriz e fazer a fusão das duas mulheres separadas pelas religiões entre a santa e a pecadora e unir o seu corpo alma e espírito e ser integra e assim unir as mulheres e não fazer o jogo dos homens - padres, filósofos, escritores guias etc - que lhes ensinaram a ler e a catequese, que lhe impuseram o silêncio forçado e o dogma e os credos...

E não há curas nem terapias nem mezinhas senão for a própria Mulher a querer caminhar descalça (sem ideias) sobre a terra mãe... 
O Caminho da Deusa é o Caminho da Mulher dentro de si, é a voz do Útero, é o caminho da união das duas mulheres dentro de cada mulher, é o caminho de uma Consciência Maior, o caminho do Coração que bate e é inteligente e... não há outro Caminho...
De nada nos serve andar a discutir ideias velhas e novas nem belos textos sagrados ou profanos, nem as faces da deusa...
Nada serve de nada se cada mulher não andar pelo seu próprio pé...e a mulher que quiser encontrar-se consigo mesma tem de esquecer os outros caminhos - os caminhos do passado e o caminho dos homens e mestres - e tudo o que aprendeu ao inverso e contra ela para poder encher o copo, o vaso, o Graal da sua memória, do seu sangue vivificante, a sua voz interna e uterina ...e não vir com o copo cheio...de razões e de ideias em nome dos homens do Pai ou do Filho...porque Ela é O ESPÍRITO SANTO, a Pomba...a Paz...
Basta de ideias e confusões...
Vamos parar com estas querelas...ou pareceres e divergências. O caminho da MUlher não é do intelecto nem da razão...mas do SENTIR, do SER, da SÍNTESE...O Caminho irreversível do Amor...e é o Amor que tudo ama que tudo cura e sem ele...tudo é vão e estéril...
O caminho da Deusa é doce e implacável...e por isso impecável...ele não permite mistificações nem simulações...nem fraudes...Ele exige o total DOM de si...
rlp

quarta-feira, janeiro 11, 2012



PORTUGUÊS DE PORTUGAL, DO MUNDO

Ah, a língua! A língua, o poderoso fluxo que dá voz à minha alma, matéria-prima dos poetas, voz do amor e da saudade derramada no papel, espírito vivo de séculos de marcha e experiências de um povo banhado pelo mar salgado…

Querem-te à força uniformizar, dar-te contornos incoerentes, desligados, cortar-te as asas poéticas – por obsoletas, dizem – querem que eu seja “espetadora” do mais degradante espectáculo (passe o pleonasmo, que o não chega a ser pois falta o “c” no sujeito), querem-te igual aos que te escrevem sem te saberem originalmente, só porque são muitos, muitos mais que nós e se expressam lá tão longe do teu solo pátrio…

Querem-te simplificada, sem adornos de acentos, igual em todo o lado, ininteligível para quem te estudou e absorveu com o amor ao sangue próprio, querem-te feia e minimalista, os meses a perderem a sua maiúscula e eu sem saber se ato ou desato?!

Mas quem, quem avalizou este crime? Quem assinou aquilo que coage artificialmente a voz escrita de um povo a tornar-se de um momento para o outro aquilo que não é e que não quer ser, quem são os que me ignoram e a ti e ao outro, indiferentes aos nossos gritos de angústia e protesto? Quem lhes deu poder, encomendou o sermão, por que é que eles avançam apesar dos movimentos contrários, petições, luto na alma?

Não passarão, prometo-te, Língua-mãe, Pátria de Pessoa, Camões, Natália, Pátria minha, Shambala da nossa transcendência, colo dos meus sonhos, Voz inigualável de uma missão por cumprir!
Bela e ancestral, mulher e ventre, fértil seiva que as almas trabalham há tantos séculos, prometo-te respeito e obediência ao teu fluir natural que é feito de tantas coisas subestimadas pelos interesses políticos e comerciais…

Mar e terra, voz do vento, pássaros do dia e da noite, dor e poesia, o indizível que baila nos olhos do navegador e do camponês, cheiros, fome, sede e luar aceso sobre os montes do sul em noites de lua cheia, cantos desgarrados, vozes antigas, deslembradas, a memória e o sonho de quem quer ser…

Ninguém me arrancará de ti, escutarei atenta o bater do teu coração sobressaltado e nele hei-de verter sempre, com amor e devoção, as produções da minha alma.

mariana inverno

http://notasasombradostempos.blogspot.com/

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Deusa é uma palavra de ouro!


DA BANALIZAÇÃO DA DEUSA 
 Estou farta da Deusa! Desculpem-me pelo desabafo, Mulheres & Deusas, mas o meu compromisso com a minha escrita é o de um esforço de verdade e tenho de a expressar em conivência com a minha alma, como puder e o melhor que eu saiba. 
Estou farta de ouvir as mulheres se assumirem como deusas, embarcarem em folclóricas invocações, representarem a Mãe Primordial com longos cabelos, olhos azuis e vestes diáfanas, estou cansada de ver atribuir-lhe a responsabilidade de qualquer trivia com um arrogante “Foi a Deusa em mim, no meu coração!”
A este nível aconteceu à Deusa o que há muito se passou com a palavra Amor: de tão utilizada, a propósito de tudo e de nada, caiu na vala da banalização.

Creio que seria de alguma utilidade tentar definir a palavra “Deusa”, de modo a que possamos acercar-nos mais à sua verdadeira energia. Há um par de anos, uma amiga próxima contou-me que, num raro encontro com seres das Pleiades, havia sido informada de que ela, noutros universos, era/havia sido deusa. Contou-me a minha amiga que ficou perplexa e confundida com esta informação até que os Pleiadianos lhe explicaram que o ser deusa, nesses níveis vibratorios, se refere simplesmente a um nível de Consciência mais elevado, sem qualquer conotação com as mitologias e crenças da Terra e, sobretudo, sem conceito de hierarquia.
Tocou-me profundamente esta informação pois, no meu coração, eu sempre soube que devia andar por aí.

A deusa não é alguém exterior a nós, não está sentada num trono, não viaja pelos espaços siderais, não abençoa umas e condena outras. Sentir a Deusa em nós deverá corresponder a um estado vibratório cujo poder advenha de uma consciência mais expandida pelos infinitos mundos da Compaixão, Sabedoria, Intuição, Paz Interior e Auto-determinação. Estados que , infelizmente, ainda não são permanentes na maioria de todas nós. Mais a mais, muitas mulheres nem sequer iniciaram o inadiável trabalho com a sua consciência psicológica, base indispensável para a evolução pessoal.

Deusa é uma palavra de ouro! Há que preservá-la como tal e dar-lhe utilização com a cautela necessária para que não dê origem a mais simulacros dos que já empestam os ares da nossa manifestação na Terra.
Embora eu, enquanto ser encarnado no planeta, seja profundamente ritualística, aprecie sobremaneira a mitologia e o simbolismo, repugna-me contudo a confusão e falta de discernimento em que se cai. Vejo “deusas” que se degladiam e se traem umas às outras, “deusas” cuja mobilidade de afectos e de propósitos é no mínimo surpreendente, “deusas” que julgam com dureza a imperfeição alheia inconscientes da própria, “deusas” que esquecem rapidamente os seus votos de irmandade com as outras “deusas”, logo que um deus qualquer aparece no horizonte.
Vejo tantas coisas e tão tristes que, com frequência, me prefiro voltar para quem ainda não entrou conscientemente nestes domínios e concentrar-me nos actos despretensiosos do dia a dia. Como podar as roseiras, antecipando agradecida a beleza com que me hão-de presentear na Primavera ou embalar a minha Mãe velhinha nos meus braços feitos Amor e Desvelos.

Publicada por mariana inverno
http://notasasombradostempos.blogspot.com/2012/01/da-banalizacao-da-deusa.html?spref=fb

 

A ÚNICA FACE DA DEUSA


A Face verdadeira da Deusa é a face da Mulher integrada, da Mulher total. A mulher que une em si os fragmentos da sua persona ferida e dividida em estereótipos vários...
Óbviamente nunca defendemos uma Deusa num Altar nem mulheres consagradas, sacerdotisas, por um lado, e mulheres submissas e obedientes às mestras, por outro...Nunca aqui se defendeu tal coisa à imagem de deus pai no céu e os seus padres...Mas sabemos de antemão que há uma ConSciência da Deusa a integrar em cada mulher - unir a santa e a prostituta, cujos esterótipos dominam o nosso inconsciente,  assim como  Eva submissa e obediente ao macho e  Lilith que se negou a ficar por baixo de Adão e foi condenada aos infernos por Deus.

Eu sei que há algumas mulheres que já fazem consigo esse trabalho sério - um trabalho de cariz psicológico e ontológico - e outras que apenas seguem ideias, ou os rituais e crenças segundo o modelo tradicional católico ou o modelo ancestral matriarcal...ou ainda o modelo das deusas do Olimpo, já patriarcal, sempre em guerra com as outras mulheres por causa de Zeus... e aí temos as deusas no Olimpo que são as mulhertes já divididas pelo patriarcado em luta pelo homem, seja o pai, amante seja o filho, no caso de Afrodite e Psique, por causa de Eros...Nada de diferente do que as mulheres sofrem entre si neste sistema actual em que os mesmos arquétipos da cultura grega ou romana prevalecem e as divide: rivalidade, antagonismo, ciúme, competição, inveja, ódio da filha à mãe e vice-versa etc...
Daí deriva a ideia generalizada das muitas faces da deusa e que cada mulher encarna uma deusa em especial, mas essa face da deusa para além de, na sua característica ser mais Héstia ou Aquela, ou Afrodite e Demeter etc. não são mais do que os três aspectos da manifestação da Deusa na Mulher, ao longo da sua vida: a jovem, a donzela, a mãe e a anciã, que em cada fase ou é casta e virginal, depois sensual e aguerrida e por fim a velha que é sábia e matreira... 
Só há uma Deusa, a Deusa que encarna o Princípio Feminino, seja ela a Virgem Mãe, Sophia ou a Shekinad e portanto só uma Face da Deusa também. Essa Deusa é em nós  a nossa essência feminina integrada,  compreendida, não teórica nem especulativa, mas sim a consciência dessa totalidade em nós, vibrande de amor e compaixão, impecável, mas doce e implacável...que é o que a Deusa É.
rlp

sábado, janeiro 07, 2012

O ODIO DA FILHA À MÃE E VICE-VERSA...


"O grande motivo essencial dos Mistérios de Elêusis e, portanto de todos os mistérios matriarcais é a heuresis, a redescoberta de Core por Deméter, a reunião da mãe e da filha."


"Estou num momento particularmente crítico em relação à minha mãe...e não consigo aceitar determinadas coisas...não sei perdoar...às vezes isso me faz confusão porque eu acredito na Deusa, eu amo as mulheres, mas não todas e a primeira na lista é a minha mãe, cujo útero me gerou mas nem sequer por isso lhe sou grata...ela só precisava ficar grávida para obrigar um homem ao casamento... nunca me amou, nem me amamentou, sempre me tratou mal, sempre com violências físicas e psicológicas, tenho muitas lembranças ruins de maltratos e humilhações, mas não tenho uma única recordação de um abraço sincero ou de um gesto de apoio e carinho...Ela é má... perversa, manipuladora, mentirosa, ciumenta, invejosa... não vejo como resolver esse conflito...por isso é que insisto que determinadas questões não são apenas uma questão de gênero, afinal em várias reencarnações somos homens ou mulheres, ou animais, ou plantas ou minerais...então como ultrapassar isso...sei que ela é uma infeliz, não se ama,não se conhece, mas não quero ajudá-la" ***

Minha amiga:
Temos de óbviamente conversar sobre esse assunto pessoalmente! Mas antes disso queria dizer-lhe, pelo muito que o seu relato me tocou como exemplo claro da mulher típica comum, que é a sua mãe, vítima de uma sociedade que criou muitas mulheres assim; mulheres sobreviventes que não podem amar ninguém pois são crianças quase mutiladas emocionalmente. Essas mulheres tanto podem ser ricas como pobres, apesar das pobres sofrerem em acréscimo as dificuladades económicas, mas todas as mulheres sendo anuladas e desrespeitadas na sua essência, “que não se amam nem se conhecem”, acabam por se tornar “sobreviventes”. Elas aprendem as manhas e a frieza, o cálculo a perfídia, e como você diz:

“Ela é má... perversa, manipuladora, mentirosa, ciumenta, invejosa”…

Sim, a mulher comum, tirando algumas mulheres fantásticas, por assim dizer, ou digamos 80% das mulheres são assim e tudo isso e muito mais…É dessa mulher que também os homens se queixam sem saber que foram eles que a tornaram assim e que a mulher é o sub-produto de um sub-produto que os homens são de uma sociedade machista e misógina…
Um mundo onde se não ama nem respeita a Mulher e a Mãe...
Um dia porém há-de compreendê-la e querer ajudá-la. Só o não pode fazer agora porque é a sua criança ferida que pede ainda o carinho dela e a ajuda da mãe que não teve...
Mas justamente, você sabe o que ela sofreu com a mãe dela?

É esta a grande ironia na nossa vida, que as mulheres em vez de se unirem e amarem se começam por odiar e desprezar umas às outras...e começa tantas vezes com a filha e a mãe, ou vice-versa. Sem curar essa ferida voce vai sempre acusar e amar/odiar as outras mulheres.
Começam sempre por se disputarem entre si  por causa do pai ou do irmão, depois do amante...
Foi isso que o patriarcalismo fez muito bem feito ao longo dos séculos. Destruiu a união da Mãe e da Filha dos Antigos Mistérios (Eleusianos) para fazer valer e prevalecer só a autoridade do Pai...E foi desse domínio e abuso que a mulher aprendeu a defender-se como o prisioneiro no campo de concentração ou os reféns de uma qualquer guerra…
E assim acabam sempre por  atacar todas as outras mulheres como culpadas...mesmo as amigas...pois se sentem sempre traidas e inseguras e SE VOCÊ NÃO ENTENDER ISSO e parece que não entedeu, vai sempre acusar e vingar-se das outras mulheres que não correspondam aos seus anseios desejos ou ideias de menina mulher... *
rlp
* Excerto de texto publcado em 2006


DE ONDE NASCE O  ÓDIO À MÃE? QUE FERIDA É ESSA NA MULHER ?

Fala-se  com imensa frequência da "criança ferida", da nossa criança, ou de se ser como uma criança...Mas ninguém quer ver de onde nasce a criança ferida...de onde provém a ferida...

A Ferida fulcral, inicial, é a ferida da Mulher, da mulher cindida, da Mãe ferida, da mãe mal tratada, abusada e desrespeitada pela máquina social e pelo homem que faz da mulher mal nasce um ser destituído de identidade e educada para servir a comunidade, a família ...
Toda a mulher à partida nasce com o destino traçado...ou é procriadora ou objecto sexual- ou casa ou é uma vadia...e embora as estas  variantes são hoje bem mais civilizadas, em que se torna a mulher um objecto de prazer visual ou virtual, na moda, na publicidade, e mais concretamente no consumo/sexismo...e não me falem das mulheres "privilegiadas", educadas, bem nascidas, as filhas do papá, ou as bem casadas ou primeiras damas ou primeiras camas ou lá o que forem...porque esta é uma experiência transversal a todas as mulheres: ricas e pobres, negras e brancas.
A grande ferida da mulher é a grande ferida deste mundo, que começa no ódio a Mãe: uma mãe não amada e uma criança rejeitada cria todos os ódios e lutas...todos os excessos, fundamentalismos e crimes e  guerras. Esta é a realidade que ninguém quer ver...e que as mulheres infantilizadas também não querem encarar.
escrito em
rlp

***carta de uma jovem amiga


rlp
 

Ser Mulher...

 
POR MAAT
ESCRITO EM 2002/2012
(adequadamente ampliado)

UNI+VERS+ELLE...
Eu sou digamos uma feminista radical! Transcendental...(e não do fio dental...)
Sim, sou-o no sentido de ir à Matriz e á raiz, á origem do universo feminino - para além da Cultura da História e da Psicologia - na pesquisa e busca da sua essência primeira muito para além do seu corpo/objecto/sexual, tido como único atributo que o Homem  e a sociedade  concedeu à mulher, seja para procriar seja para dela desfrutar, como esposa concubina escrava ou hetaira.
... Eu não procuro nem preciso de me afirmar ou evidenciar sexualmente para ser mulher. Não preciso de modas, implantes, estéticas nem de silicone...Não sou amante, nem preciso de o ser para ser mulher, não sou mãe nem preciso de ser mãe para ser fêmea e saber dos meus seios nem das minhas entranhas e do meu útero intacto!
Não sou escrava dos meus instintos básicos. Nem me vergo aos meus apetites súbitos, as minhas pulsões sexuais e outras....como não as nego...mas não faço da mulher sensual ou da mulher sexual a minha bandeira. Nunca fiz...Sempre me vi um SER para além da aparência...do corpo e da mente...
Eu sou corpo e mente sim, mas mais do que  corpo e mente eu sou Alma em harmonia com a minha Psique e o meu Espírito e reivindico a minha totalidade como ser humano inteiro independentemente da minha não-função ou do valor que esta sociedade me atribuiu enquanto parideira, mulher casada ou mãe solteira, acompanhante de luxo, prostituta ou objecto sexual e não preciso de me medir pelo meu prazer, pela quantidade de orgasmos, nem pelas caricias que recebo ou do prazer que dou ou não dou. Não sou um objecto sexual nem procriadora nem mãe nem avó ou tia ou empregada doméstica, artista, rainha ou escritora ou dona de casa! Eu sou apenas MULHER-MULHER! 
Eu sou um ser inteiro e livre sem necessitar de outro complemento que não seja a minha consciência e o meu coração. Sou capaz de toda a plenitude em mim mesma sem nenhum outro atributo e não confundo as minhas carências nem os meus apetites e desejos com a minha essência primeira. Sou  senhora do meu ser sem o precisar submeter a  apetites, desejos, regras ou a ideias preconcebidas e a conceitos para ser eu mesma! Nem sequer preciso estar contra as regras ou estabelecer outras...
Não me vejo nem revejo nas outras mulheres, não sou mais nem sou menos nem igual, SOU DIFERENTE  e todas somos diferentes. Não estou a favor nem contra ninguém, mas tenho o direito a ser o que sou. Como sempre fui e fiel a mim mesma. A ninguém peço permissão para ser nem condeno ninguém por ser o que é...Não tenho que pertencer a nenhum consenso entre mulheres nem entre homens, nem estar contra ninguém, grupo ou sociedade! Essa é a minha liberdade de ser e amar, ambos os aspectos indissociáveis em si.
 
NINGUÉM PODE AMAR SEM SER...
 
Ninguém que não atinja um grau de consciência individual e maturidade ao nível do seu ser total, ao nível "transcendente" é verdadeiramente livre ou pode amar realmente quem ou o que quer que seja, para além dessa dicotomia permanente de bem e mal e antagonismo sexual, social, psicológico, histórico e político...
O meu amor à Mulher como ao SER Humano não é transversal...é Universal...
rlp