O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

O VAMPIRISMO EMOCIONAL E SEXUAL DAS MULHERES



A VAMIPIRIZAÇÃO DA MULHER
 
(Um texto  meu encontrado publicado em vários blogs....)

“O problema de vampirismo psicológico a que as mulheres estão frequentemente sujeitas”

Esse vampirismo a que as mulheres estão quase sempre sujeitas, deriva invariavelmente do seu vazio emocional e da sua falta de centro ou identidade própria.
A mulher ao ser criada e educada exclusivamente para servir o homem, como filha amante e mãe, e mesmo que estude e se forme, é para ainda melhor servir o homem ou a nação, e nesse caso ela perde completamente a sua identidade, a sua razão de ser individual.
E apesar de todas as aparentes transformações que hoje em dia lhes dão uma falsa cultura de liberdade, ela não passa afinal de uma manobra dos homens para fazê-las continuar presas ao sistema e passarem a ser agora, não só a esposa e amante ou a mãe, mas também a académica, profissional, trabalhadora, empregada, polícia, militar ou acompanhante de luxo para além de prostituta, continuando sempre a acarretar com as expensas da casa e dos filhos?
Sempre esvaziada de si, dividida em estereótipos, sempre explorada em casa ou no trabalho, sempre vampirizada emocionalmente.
Claro, para as feministas, no início, parecia que isso poderia mudar se as mulheres ganhassem dinheiro, tivessem um ordenado igual ao dos homens e os mesmos direitos, mas elas não viram direito o que eram os direitos dos homens e tudo ficou muito baralhado, mais sofisticado e as mulheres pouco ou nada ganharam com isso; aparentemente sim, mas a prisão é a mesma, apenas a pílula é dourada - e as doenças e as depressões e os cancros da mama e do útero provam que elas continuam sugadas pelos homens e pelos maus tratos, pelo cansaço, mesmo que só psicológico o que é transversal a toda sociedade.
Seja como for em momento algum a mulher passou a equacionar a sua vida que não fosse em função de um qualquer destes aspectos ela terá forçosamente de ser em função do homem=sociedade ela não tem nem nunca teve vida própria, vida em si, nem sabe ainda o que fazer consigo se ficar sozinha. Continua a viver só para o outro e a perseguir o sonho romântico do homem que a há-de salvar?
Dir-me-ão que o homem também que vive para a mulher, mas não é bem assim. O homem é auto-suficiente e não depende da mulher para ser o que ele quer. Ao homem é dada uma identidade fálica e de poder que lhe dá supremacia sobre tudo e quando isso não chega agarra em armas e dizima os povos ou viola as mulheres.
Não precisamos usar o modelo extremo de Kadaffi com as suas 400 mulheres virgens suas guarda-costas e que ele e filhos e os seus militares a quem o ditador fornecia Viagra, violavam quando queriam.


 
O Viagra, essa maravilha da ciência médica que serve para estimular os homens na cama em casa na guerra pau em riste, espada e canhão sendo o homem sempre um predador da mulher. Claro que a cultura falocrática convence a mulher de que essa é sua necessidade e que ela é insaciável e que sem coito ela não vive porque ela é (existe) só em função do falo sim, "o falo logo existe" e esse é o domínio do homem sobre a mulher e claro esta vende-se a qualquer preço pela mais valia que é o mundo do dinheiro em que tudo se vende e tudo se compra..
Não são só os escritores em geral como os filmes pornográficos, mas também os psicanalistas de renome e estudos feitos nas universidades que promovem e divulgam esta cultura e que todas as mulheres e homens do mundo consomem?
Estes exemplos podem parecer caricatos quase, não fossem trágicos, mas nós lemos isto com um “fait divers” como lemos e assistimos a tudo como um grande filme de ficção e como já não sabemos distinguir o real do fictício, nem sequer pensamos no que tudo isto significa na realidade e assim também vemos a mulher ser vítima das piores atrocidades no mundo e achamos que é irrelevante face à Crise e ao nosso problema económico?
 

Quando eu digo que a mulher não tem identidade que foi amestrada pela sociedade para servir e cumprir um papel, muita gente me acha radical mas quando eu olho a Mulher e vejo que ela não é mesmo nada em si a não ser como mulher objecto ao serviço da espécie eu não me sinto como tal o que eu sinto é que isto é uma atrocidade enorme e que as mulheres tinham de acordar deste sono milenar, desta anestesia geral que as torna sonâmbulas e obedientes e que quando se revoltam e se despem fazem-no ainda expostas aos predadores e continuam vítimas dos seus assédios e dos seus instrumentos de propaganda. Como é o caso das marchas das vadias ou das putas ou das Femen.
Não é expondo a sua nudez em nome de uma suposta liberdade, nem expondo o seu corpo que elas vão ser elas mesmas, mas saindo dessa escravidão interior a que estão sujeitas á milénios, sair desse plano de inferioridade que as leva a reagir ao mesmo nível que os homens seus algozes e com as mesmas armas e em que sempre perdem?
As mulheres só têm um caminho um caminho interior de consciência do seu feminino profundo e resgate do seu ser essencial, da sua alma.
Mais nenhum caminho dará à mulher auto-estima a não ser o reconhecimento do seu poder interior enquanto mulher, enquanto ser autónomo na integração das suas partes fragmentadas e divididas entre a mulher séria e a mulher malcomportada segundo os padrões da igreja judaico-cristã.
O caminho da mulher não é tão pouco o da auto-mentalização espiritual ou pensamento positivo, aderindo aos sistemas de crenças que as aprisionaram durante séculos e que em nada mudaram ao exigir dela tudo amor incondicional, bondade, paz, santidade, pureza e fragilidade e entrega etc.
O caminho da mulher é o redescobrir da sua força interior, da deusa em si, da mulher que emerge dentro de si mesma, a “Mulher Selvagem”, a mulher que se ergue e se distancia da mulher que foi narcotizada, drogada, vampirizada e negada como uma totalidade.
Trata-se do resgate da sua mulher selvagem, da sua Medusa, da mulher primeva, Lilith, a mais oculta das sombras da mulher .
Afinal, trata-se da sua verdadeira identidade, a sua Anima, a sua força criativa, e só Lilith poderá libertá-la da saturação do masculino e do seu domínio sexual e emocional que a vampiriza em todos os sentidos.
Sem que a mulher se redescubra e se reestruture a partir desse íntimo ser em si mesma - no mais recôndito dela mesma - ela vai continuar a dar-se sem limites ou a vender-se, vai continuar a ser absorvida pelos homens, pelo dito “amor dos homens”, pelo sexo, pelos filhos e pelo Sistema e continuará a escrava de um escravo?
 (republicando)
Rosa Leonor pedro

6 comentários:

ME disse...

Gosto muito deste seu texto, pelo que diz e pela reflexão que me inspirou. Obrigada!

Nerfetiti disse...

NOSSA... AMEIIIII.... MARAVILHOSO COMO SEMPRE.... PARABÉNS... UMA INSPIRAÇÕES PARA TODAS NÓS....

Soror E.T disse...

Compararia o feminismo com a medicina tradicional, ela "cura" os sintomas mas não as causas, que são mais profundas.

rosaleonor disse...

Obrigada a todas...fico muito contente que continuem a ler Mulheres e deusas e a estarem presentes...

se não fossem vocês muitas vezes não escreveria...preciso de saber que estão aí...
abraço grande

rl

Soror E.T disse...

E eu sempre venho me nutrir com suas palavras, sentir que não estou só, deixar novos pensamentos despertar-me e manter-me firme no caminho, pois a sociedade é opressora, queremos ou não. Porém, não cederei!

Obrigada, mestra.

Anónimo disse...

Olá, e como se faz isso ??? E o que acontece depois ?????