O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 24, 2013

O QUE É UMA MULHER?


 
 
DIÁLOGO IMAGINÁRIO ENTRE VIRGÍNIA WOOLF E CLARICE LISPECTOR.…



 - "O que é uma mulher? Eu lhes asseguro, eu não sei. Não acredito que vocês saibam. Não acredito que alguém possa saber até que ela tenha se expressado em... todas as artes e profissões abertas à habilidade humana.” - Virginia Woolf

- Você tem razão Virgínia, "É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo." *

- Sim eu lhe digo: “A mulher não está sabendo, mas ela está cumprindo uma coragem. A coragem da mulher é a de não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem”. *
Clarice Lispector
 


AS citações são obviamente das autoras: eu limitei-me a acrescentar uma frase e inventei o diálogo...
rlp

1 comentário:

Anónimo disse...

Em que momento, da história, ou, do tempo será possível esse resgate? Será isso possivel? Ou, tudo o que foi - passado, pois a memória está cá dentro e parece ser, assim, impossível de ir, também este sentimento da questão ser Mulher - deixá-lo ir e viver o que resultou desse passado, mulher vazia, desventrada... ou será que é preciso ir ao pântano e lá navegar à sua procura e sentir tudo outra vez e, então depois de beber o veneno todo esquecido e acordá-lo, poderá então começar lentamente a subida, o ressurgimento da sua identidade, porque a fera de 12 cabeças já foi vencida, ou pelo menos consciencializada... e reescrever a história, outra vez?!!!
ou não se vai ao fundo agonizante, e deixa-se, por assim dizer, a sombra fermentar? é um processo difícil, tenebroso... mas não será esse o preço do resgate...
senão, o que resultará daqui, é um ser mutante, uma mulher mutante e despersonalizada... um ser que será outra coisa totalmente nova, e nem a memória do passado lhe valerá!!

De La Filhota