O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, agosto 30, 2013

O OLHAR DAS MULHERES...


Meiga é a mulher que é como quem diz mágica.


[…]
Muita gente ignora que a palavra “meiga” se formou por evolução popular da palavra “mágica”. Como se explica em etimologia, o “g” intervocálico caiu e o “c” sonorizou-se em “g”. Deu-se ao mesmo tempo uma leve alteração do ditongo. Tudo por este teor: “magicam - maica - maiga - meiga”.
Meiga é a mulher que é como quem diz mágica. É ela quem seduz o homem que escolheu entre outros homens, mas finge que foi ela a seduzida, jogando admiravelmente com a nossa vaidade. Nós, quando apaixonados, julgamos sê-lo por deliberação própria; não nos apercebemos que fomos enfeitiçados. A mulher tem naturalmente o segredo das ciências ocultas. É mestra na arte de conhecer as naturezas e as intenções pela fisionomia.
[…]
Basta observar o grau de profundidade do olhar num e noutro sexo. O homem tem uns olhos sem mistério, a superficialidade mental está neles bem manifesta. Têm qualquer coisa de opaco. Os olhos das mulheres, cuja visão lateral tem mais amplitude, vêem num relance o que se passa à sua volta, mas há neles um brilho nocturno semelhante ao das estrelas. Exprimem a misteriosidade da alma, como as estrelas a profundidade de onde emergem.
[…]
— ANTÓNIO TELMO, “Congeminações de um Neopitagórico”. Sintra: Zéfiro Edições, 2009; págs. 127-128.


Na Foto:

JAI MA

Sri Ma Anandamayi é mais uma das grandes personalidades religiosas manifestadas na Índia do século XX. Seu nome de família era Nirmala Sundari Devi, nasceu na Índia em 30 de Abril de 1896 em uma vila onde hoje é Bangladesh.

ONDE ESTÁ A MULHER...


ESSA É A MULHER INTEGRAL...

"Onde está a mulher com a inabalável quietude, A mulher que possui uma autenticidade que faz tremer as mentiras da alma. Sem palavras os seus olhos falam e dizem: bem-vinda a casa. Ela vê-te, entende-te e não te julga, Ela não te reconforta ou acalma. Ela senta-se e espera em silêncio com um sorriso que te torna completo-una."

(tradução do inglês de Joana Saahira Lotado)

terça-feira, agosto 27, 2013

O FUTURO DE DEUS...É A MULHER

 
 
A MULHER É O FUTURO DE DEUS
*

“Se Deus existe, é óbvio que não tem sexo. Podemos portanto perguntar por que é que a maioria das grandes religiões fizeram dele uma representação exclusivamente masculina. Não foi, contudo, sempre assim.
O culto da Grande Deusa precedeu o de “Yahvé, senhor dos exércitos” e as deusas ocupavam um lugar de eleição no panteão das primeiras civilizações. A masculinização do clero é sem dúvida uma das principais razões para esta mudança a qual se operou através dos três milenios que precedem a nossa era: como poderia uma cidade e uma religião governadas por homens venerar uma divindade suprema do sexo oposto? Com o desenvolvimento das sociedades patriarcais, percebe-se a causa: o deus supremo, ou o deus único, não pode mais ser concebido como feminino. Não somente ...na sua representação, mas também no carácter e na função: os seus atributos de fortaleza, domínio, poder são valorizados. No céu como na Terra, o mundo é governado por um macho dominador.
Ainda que o carácter feminino do divino continue a subsistir no seio das religiões através de diversas correntes místicas ou esotéricas é só e finalmente na era moderna que esta híper masculinização de Deus vem a ser posta em causa. Não que se passe de uma representação masculina a uma representação feminina do divino. Assistimos sobretudo a um reequilíbrio. Deus deixou de ser percepcionado como um juiz temido, mas sobretudo como bom e misericordioso: há cada vez mais crentes a acreditarem na Sua providência benevolente. Poder-se-ia dizer que a figura tipicamente “paternal” de Deus tende a esbater-se em benefício de uma representação mais tipicamente “maternal”.
Da mesma forma, a sensibilidade, a emoção, a fragilidade, são valorizadas na experiência spiritual. Esta evolução não deixa evidentemente de estar também ligada à revalorização da mulher nas nossas sociedades modernas, facto que toca cada vez mais as religiões, permitindo nomeadamente o acesso das mulheres a funções de ensino e de direcção do culto. Ela traduz igualmente o reconhecimento nestas sociedades das qualidades e valores identificados como mais “tipicamente” femininos, embora estes, evidentemente, tanto digam respeito a homens como a mulheres: compaixão, abertura, acolhimento, protecção da vida. Face ao inquietante sobressalto machista dos integrismos religiosos extremistas, estou convencido de que esta revalorização da mulher e esta feminização do divino constituem a chave principal de um verdadeiro renascimento espiritual no seio das religiões.
Sem sombra de dúvida, a mulher é o futuro de Deus.”

Frédéric Lenoir, Le Monde des Religions
(tradução do francês: MI)

O CAMINHO ESPIRITUAL DA MULHER


 
 
 
UMA GRANDE DIFERENÇA...

NO caminho de uma realização interior é sempre o ego e a personalidade, adquirida, substituta de um verdadeiro eu, que nos impede de descobrirmos quem verdadeiramente somos e de acedermos a uma consciência profunda, mais vasta...Quando se fala em individuação em vez de individualidade, intui-se de facto uma realização pela união dos opostos em nós, do ser de superfície, da mente sempre dual, para uma integração do todo que somos, na tríade corpo/alma/espirito, para nos unirmos finalmente ao uno...Existe porém uma diferença para a mulher que nunca foi referida nem pelos psicanalistas nem pelos espiritualistas em geral pois eles nunca se aperceberam da cisão da mulher em duas espécies de mulheres na sociedade patriarcal...Afinal a cisão da psique feminina é o que a impede dessa união de facto em si mesma, de um casamento consigo mesma...E enquanto a mulher não integrar os dois aspectos de si mesma, sombra e luz, mas mais do que isso, porque a sombra da mulher não é apenas a sombra (do seu lado oculto lua e do inconsciente, etc.) ...é também uma parte de si sufocada pela ordem patriarcal, anulada na sua essência, rejeitada como valores do instintivo, e que correspondem ao Princípio feminino da Humanidade. Todos os aspectos deste princípio foram, juntamente com a mulher, rechaçados para 2º plano...e é aí que incide um trabalho particular de resgate da mulher...e creio que só depois desse resgate do feminino ontológico, ctónico, a mulher poderá então começar o seu caminho espiritual, imbuída de novo do seu poder do útero, e então perder uma individualidade/máscara para se dar como um todo, centrada na sua essência, na sua verdadeira "individualidade", pois cada uma será a expressão de si mesma como um todo tal como as flores entre todas não perdem a sua essência e as suas características e cheiro...não esqueçamos, uma rosa é uma rosa...e um gladíolo é um gladíolo....ninguém perde a sua expressão de verdade interior e pessoal num caminho espiritual.
O que nos causa dano e resistências ...à partida, é o ego, é a perda da máscara, da couraça com que nos defendemos, e do simulacro...

rlp

sábado, agosto 24, 2013

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA...





 A AGRESSÃO A MULHER COMEÇA NOS ANÚNCIOS DOS JORNAIS DE SERVIÇOS DE PROSTITUTAS E MASSAGENS, NOS JORNAIS DA BOLA, NOS TÍTULOS DOS JORNAIS MAIS SÉRIOS, NOS FILMES E NAS SÉRIES, PRINCIPALMENTE  NAS TELENOVELAS, ETC.
 

Como é que se pode combater um problema ignorando as causas remotas e a sua difusão diária na forma como se aborda o corpo da mulher em todos os lugares públicos de consumo e desporto? Como não vemos que a violência doméstica começa nas bancadas dos jornais, nos grandes cartazes de anúncios de carros e de cervejas, sempre algo indecorosos e que induz a população masculina no geral e de fundo a uma visão abjecta da mulher como objecto sexual...

É como se todos os dias déssemos veneno a alguém e a noite uma espécie de antídoto...
 
Como é que uma Associação contra a Violência Doméstica  vai aceitar a colaboração dos promotores "indirectos" dessa mesma violência num Estádio de Futebol...
O agressor antes de ser o marido ou o namorado/amante, é como se diz  em cima a publicidade e os jornais e as séries televisivas que tratam a mulher de forma desprezível e abjecta: essa agressão é  bombardeada diariamente nas mentes das pessoas incultas e embrutecidas pela televisão para o povo - Portugal em directo e outros - cujos programas são o que mais contribuem para alienação  das populações e em que veiculam as mais degradantes imagens de vulgaridade e ordinarice de mulheres expostas e quase nuas a animar o publico...
 
QUE MODELO DE COMBATE?

 
"Benfica adere a campanha de beijos contra violência doméstica" -  no âmbito de uma campanha da Associação de Mulheres Contra a Violência.! in Público.pt ‎- há 16 horas

Sim, “É preciso integrar o modelo de combate e lutar contra o problema”, afirmou Margarida Medina Martins. A responsável exemplificou com a necessidade de a queixa-crime contra o agressor não poder estar desligada do processo familiar, da regulação do poder paternal e da proteção de menores." Mas o AGRESSOR é o próprio Sistema...é a mentalidade falocrática, machista...são afinal aqueles que depois vêm denunciar um crime para o qual todos colaboram...
 
E ninguém vê esta evidência???
 

Ninguém quer ver a verdade, nem que a Violência doméstica não acontece por acaso ou por causa da crise e porque "em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão", mas também, NEM SÓ QUANDO O BENFICA PERDE (a mulher é que paga lá em casa) ou o marido acumula frustrações no trabalho e se embebeda e bate na mulher. Não e nem é um mero problema passional...posse ciúmes ou traição...é uma Mentalidade católica secular impregnada  no inconsciente colectivo e que nunca se fez nada para corrigir ou alterar...porque todos os sistemas obedecem ao mesmo padrão...


Quer queiram quer não, depois da Igreja secular, hoje é a Imprensa e a publicidade os principais responsáveis por um ataque maciço e diário à integridade da mulher, em todo o lado.

A Mulher não respeitada nem dignificada em nenhum sector da sociedade nem da publicidade em geral nem sequer na arte ou mesmo na literatura de cordel que são as telenovelas,  medíocres exaustivas na miséria do enredo entre a mulher boa  e a má, a esposa e a puta ou a sedutora fatal como causa do mal da família,  a perdição do homem, e isso é  no fundo a causa de fundo dessa violência...
Este é um problema fulcral de educação e de formação, diria antes, de uma deformação mental secular,  de uma mentalidade típica e atrasada do macho oriunda  de uma religião que despreza e menospreza a mulher em tudo... Políticos e ministros e "grandes homens" públicos no fundo é sempre o que pensam das mulheres...não são só as massas...
A Mulher nesta sociedade patrista beata e hipócrita não é considerada em lugar algum, nem na política, caso da "Ministra que ia mostrar o buraco" da crise a Bruxelas...
Estes são os jornalistas dos jornais "sérios" que tratam assim a Ministra e não são os jornalistas da Bola...do Jogo ou do Record...
A Violência doméstica ou a violência sobre a mulher é um alicerce deste Sistema, porque a mulher serve de bode expiatório para todos...
E ela começa quando a Mulher e a mãe à partida não é respeitada pelo pai nem pelo marido nem pelo filho. E menos o será pelo o amante...

*

AFINAL Anda tudo a brincar ...não só aos pobrezinhos, mas aos ricos e aos defensores disto e daquilo, às associações, às solidariedades, mas é mesmo TUDO SÓ A BRINCAR.
rlp 


GUERRAS QUÍMICAS...E ECONÓMICAS...

 
 
 
A TRANSIÇÃO DOS MUNDOS?

Eu nunca imaginei que o Apocalipse ou a Kalyuga fosse uma guerra surda de poderes ocultos e perfeitamente consentâneos entre todos os Governos do mundo e em cumplicidade com todas as instituições mundiais sem ter em conta nenhum valor humano real, sem qualquer humanidade, unicamente por dinheiro e poder temporal…Politicas geradas meramente por interesses económicos, em que se deixam morrer crianças inocentes em guerras sangrentas...e químicas...
Nunca pensei que o mundo pudesse cair nas mãos dos mais loucos e poderosos do Planeta para quem as populações, homens mulheres e crianças, são números e que nada contam como indivíduos a não ser para produzir e consumir, para servir o Sistema que os manda para guerra ou os destrói segundo os seus interesses… sem dó nem piedade...
Eu nunca pensei que a loucura do mundo fosse tão funesta e a sua insanidade fosse tão calamitosa, tão generalizada. Nunca imaginaria uma guerra sem tréguas contra inocentes, mulheres e crianças de forma tão cobarde e tão maléfica…tão “moralista”, tão “benemérita”…em que as potências mundiais dividem entre si os espólios depois dos mortos...

Eu sei e sabia que os “grandes homens”, os mais ilustres cientistas, sábios, filósofos, escritores, artistas consagrados deste mundo, deixam morrer milhões de crianças à fome, que deixam violar milhares de mulheres, que enriquecem à custa da pobreza e da escravidão de milhões de pessoas em todo o mundo e que todos nós, aqueles que temos a ilusão de viver num mundo civilizado e moderno, que calçamos os sapatos sofisticados feitos na Índia por "escravos", que compramos os produtos chineses mais baratos feitos por crianças; todos nós compactuamos com a nossa indiferença, com a nossa alienação, os nossos créditos…talvez mesmo com a nossa “espiritualidade”…(...)
i

n mulheres e deusas - 2009
rleonorpedro
 
A POLÍTICA?

“Jamais alguém pôs em dúvida que verdade e política não se dão muito bem uma com a outra, e até hoje ninguém, que eu saiba, incluiu entre as virtudes políticas a sinceridade. Sempre se consideraram as mentiras como ferramentas necessárias e justificáveis ao ofício não só do político ou do demagogo, como também do estadista. Por que é assim?” - Hannah Arendt

sexta-feira, agosto 23, 2013

Sim, tenho saudades de um Mar que não é este mar...


« Tenho saudade do Mar. O meu. Da Casa sobre o mar. A minha. Da Casa levando o Mar. Como podemos ter tantas saudades nossas? Estamos todos os dias com nós mesmos. Estamos todos os dias dentro de nós mesmos. Eu sei. Eu sei!! Eu sei, Morro de saudade. Saudade de me beijar seriamente. Saudade de mim mesma. Não de um tempo, não!... » - in naosoueueaoutra


 

segunda-feira, agosto 19, 2013

A MULHER DIVIDIDA...

 
 
HÁ MUITOS ANOS QUE DIGO O MESMO E não sou psicóloga...

"Descrevi a mulher tal como ainda hoje a vejo: dividida" - Simone de Beauvoir

"Nossa História é pautada num modelo patriarcal, e este se encorpou de forma tão intrínseca que quase não nos sobra criatividade para entender um funcionamento social diferente. O machismo está por toda parte, escamoteado por de trás de algumas revoluções que duramente o público feminino conseguiu promover. Mas o pior dos machismos não está nas leis e nos direitos, pois estes já melhoraram bastante. O machismo sólido reside em nossas psiques, em nosso comportamento, em nossas dúvidas e expectativas. O nosso formato de mulher ainda é este, e nosso próprio julgamento moral nos concerne este papel. É aí que entra o orgasmo feminino. Aparentemente não há uma li...gação direta, e pode parecer discurso feminista levantando uma questão social. Mas este passeio pela história do machismo é apenas para nos remontar uma realidade que faz parte do nosso passado, e portanto que preenche nossos conteúdos coletivos."

"Há muitos anos a mulher foi divida em dois caminhos: o da esposa e o da promíscua. Desde então o sonho romântico feminino foi casar e ter filhos. Felizmente aberturas novas se deram de uns tempos para cá e as mulheres de hoje em dia mantém suas idealizações pautadas em mais do que isso. Contudo, o conceito de respeito à mulher ainda reside bem próximo a moralidade sexual. O passado patriarcal comprova que por muitos e muitos anos a função social da fêmea era oferecer herdeiros legítimos ao seu marido, e promover assim a manutenção e repasse do patrimônio daquele clã familiar. Se o sexo para a mulher por muito tempo fora por fins reprodutivos, e muitas das vezes, com parceiros não escolhidos, e sim decididos, o prazer em seu fim fora descartado, quando mais se considerarmos que a satisfação sexual estava vinculada às prostitutas da rua, que representam esta sombra do feminino, enquanto à dama se reservava o lugar intocável muito bem representado pela “Virgem Maria”."
(...)
Catherine de Almeida Plata

sábado, agosto 17, 2013

A CARÊNCIA AFECTIVA


 
 
Mulheres de hoje e de ontem…

“SE hoje se ouve falar duma mulher que deixa o tecto conjugal, isso não merece mais do que um encolher de ombros. Mesmo sem abandonar a constância do matrimónio, as mulheres deixam a casa e ...vivem mais na rua e no emprego do que entre as paredes designadas como um lar. Mas o estado psíquico da mulher de ontem e de hoje continua a ser o mesmo: a carência afectiva é responsável pelos inúmeros transtornos sociais que não podem ser produzidos pela acumulação de um azar – um casamento malparado.
Carência afectiva é, na sua servilidade, uma catástrofe social. O objecto do grande sonho da vida é o amor. O amor raia o assunto do absurdo e que não tem por fim ser explicado nem se destina a significar qualquer propriedade útil como ter filhos ou proporcionar prazer. Um considerável número de mulheres amorosas não merecem o nome de libidinosas.”

Agustina Bessa-Luís
 
in O mistério da légua da póvoa

MESMO SOZINHA


"Uma mulher - mesmo sozinha - é o mundo em movimento. Tudo nela é circular como o universo. Tudo nela é criação como o divino."

Alves Do Ó

quinta-feira, agosto 15, 2013

Oh Tu definitivivamente além...


A RAINHA DO CÉU E DA TERRA...

15 de AGOSTO

 "Desde o alto céu, até às profundezas ctónicas, desde o princípio mundial masculino activo, criador, Sol, até ao princípio feminino, passivo, Gaia, ou útero primordial, tudo se unirá e fecundará entre si e se revelará"

Dalila P.da Costa
 
           AH A GRANDE DEUSA MÃE

Os antigos cultos da Deusa Mãe e a importância da mulher, e o exercício do seu sacerdócio, quando ela ainda era una e integral na sua identidade, quando a mulher se expressava na sua totalidade e representava na carne e na alma a Deusa e a Natureza Mãe, permanecem nas nossa memória e no nosso inconsciente colectivo e como diz Dalila P. da C. - “Desde a época megalítica, passando pelo sec. VI a.C., até aos nossos dias, uma natureza ofídica, aquática, ctónica, estará aqui impressa neste território e a sua humanidade; e neles agindo sem cessar”…*
 
 
É essa acção subterrânea que actua nas nossas células e acorda as nossas memórias de deusas e sacerdotisas nos nossos dias pela activação das energias da Grande Deusa que descem agora de novo em toda a terra e que nos poderá fazer erguer de novo o Cálice de ouro e pedras preciosas e fazer com que o homem deixe de empunhar a Espada para matar o seu irmão e escravizar a mulher!
(…)
-“Esta partilha de um sacerdócio, que seria exclusivo, ou preponderantemente exercido por mulheres no culto da Grande -Deusa entre os povos pré-indo-europeus, depois partilhada com os homens e nos povos semitas ou indo-europeus, surge aqui expressado entre nós também, tanto na função sagrada da poesia, como na do culto. “*

Precisamos voltar a esse espaço sagrado nas nossas vidas e dar corpo à Deusa para que Ela possa manifestar mais uma vez a Sua vontade na Terra. Lembrar, como nos áureos tempos, que as mulheres evocavam a palavra sagrada e a proferiam sem medo, com orgulho e humildade…pelo amor da humanidade. Lembrar que: “Esta função sagrada feminina numa comunidade de povos atlânticos, europeus, através dos milénios e que através de todas as etnias e estimativas diferentes, continuaria a ser primacial.”* RLP
“Documentos antigos de origem eclesiástica, provam-nos que havia na Romania uma poesia popular detestada pela Igreja, carmina amatória, (…) cujo principal agente era a mulher. Tal poesia chegava a invadir a própria Igreja e escandalizar a seriedade do culto (…) essa arte feminina deveria ter florescido intensamente na Galiza (…) Temos notícia de que as mulheres desempenhavam papel importante nas grandes cerimónias religiosas de Santiago de Compostela.” (F.C.)*
 
(citações entre aspas) de * Dalila P. da Costa

segunda-feira, agosto 12, 2013

Mulheres emancipadas, hoje...

 
..."No entanto, em termos de como nos sentimos do ponto de vista físico, podemos realmente estar em pior situação do que nossas avós não liberadas."
 
A BELEZA FEMININA?
 
"(...) As mulheres prósperas, instruídas e liberadas do Primeiro Mundo, que têm acesso a liberdades inatingíveis para qualquer outra mulher até agora, não se sentem tão livres quanto querem ser. E já não podem restringir ao subconsciente sua sensação de que essa falta de liberdade...tem algo a ver com questões que realmente não deveriam ser importantes. Muitas sentem vergonha de admitir
que essas preocupações triviais — que se relacionam à aparência física, ao corpo, ao rosto, ao cabelo, às roupa — têm tanta importância. No entanto, apesar da vergonha, da culpa e da negação, é cada vez maior o número de mulheres que questiona se não se trata de elas serem totalmente neuróticas e solitárias, mas que o que está em jogo é relacionado com a liberação da mulher e a beleza feminina.

Quanto mais numerosos foram os obstáculos legais e materiais vencidos pelas mulheres, mais rígidas, pesadas e cruéis foram as imagens da beleza feminina a nós impostas. (...)

(...) Após anos de muita luta e pouco reconhecimento, muitas mulheres mais velhas sentem que sua chama está extinta. Após anos em que essa luz foi tida como certa, poucas mulheres mais jovens demonstram interesse e reavivar essa chama. Durante a última década, as mulheres abriram uma brecha na estrutura do poder. Enquanto isso, cresceram em ritmo acelerado os distúrbios relacionados à alimentação, e a cirurgia plástica de natureza estética veio a se tornar uma das maior e especialidades médicas. Nos últimos cinco anos, as despesas com o consumo duplicaram, a pornografia se tornou o gênero de maior expressão, à frente dos discos e filmes convencionais somados, e trinta e três mil mulheres americanas afirmaram a pesquisadores que preferiam perder de cinco a sete quilos a alcançar qualquer outro objetivo. Um maior número de mulheres dispõe de mais dinheiro, poder, maior campo de ação e reconhecimento legal do que antes. No entanto, em termos de como nos sentimos do ponto de vista físico, podemos realmente estar em pior situação do que nossas avós não liberadas. Pesquisas recentes revelam com uniformidade que em meio à maioria da mulheres que trabalham, têm sucesso, são atraentes e controladas no mundo ocidental, existe uma subvida secreta que envenena nossa liberdade: imersa em conceitos de beleza, ela é um escuro filão de ódio a nós mesmas, obsessões com o físico, pânico de envelhecer e pavor de perder o controle. (...)"

 Em O Mito da Beleza - Noami Wolf


sábado, agosto 10, 2013

A MULHER MASSACRADA...

"Percebo que está na moda... repudiar toda e qualquer ideia de uma conspiração masculina na opressão das mulheres... Concordo com as palavras de William Lloyd Garrison:

"Quanto a mim, não estou preparado para respeitar essa filosofia. Acredito no pecado, portanto num pecador; no roubo, portanto num ladrão; na escravidão, portanto num senhor de escravos; no mal, portanto num malfeitor."  — Ann Jones



"Era uma vez uma mulher. Essa mulher era amada. Por ser amada, era reconhecida como inteira em si mesma. Por ser reconhecida, era livre para existir. Essa mulher vivia com os pés na terra e a cabeça nas nuvens, possuía todos os atributos de uma deusa. Era Humana e ao mesmo tempo Divina e havia algo de selvagem em seus olhos que nenhuma civilização ou religião poderiam domar. Por isso mesmo, essa mulher foi temida e, por ser temida, foi reprimida e banida do convívio dos demais. Ela foi queimada nas fogueiras da ignorância, amordaçada nas malhas da censura, presa nas correntes da indiferença. Após tantos séculos de repressão, aqueles que a haviam represado acreditavam que sua luz havia finalmente se extinguido; que sua natureza selvagem e aterradora havia desaparecido por completo. Porém, essa mulher faz parte da própria natureza, ela é a própria natureza e não pode ser aniquilada. De sua completude temos apenas resquícios, mas ela sobrevive nas histórias e nos contos de fada e no fundo da alma de todos, homens e mulheres que sentem um profundo sentimento de vazio e solidão em suas vidas. Eles escutam o chamado que vem dos ossos, das profundezas da carne. O chamado da mulher selvagem há muito reprimida, há muito massacrada, mas de nenhuma forma esquecida..."


Mulheres que correm com os lobos - Clarissa Pinkola Estes

sexta-feira, agosto 09, 2013

DURANTE SÉCULOS...



AS MULHERES FORAM O QUE OS HOMENS
QUISESSEM QUE ELAS FOSSEM...
E ASSIM ELES
TRANSPORTARAM CADÁVERES DE MULHER,
FICÇÃO DE MULHER,
CULPAS DE MULHER...

HISTORIA DE MULHER,
EROTISMO DE MULHER...
SEXO DE MULHER,
SEIOS DE MULHER,
MULHERES...TANTAS...
PUTAS, SANTAS, AMANTES E MÃES...
LIVROS DE NOMES DE MULHER
 

MADAME BOVARY C' EST MOI
DIZEM ELES...

ELES INVENTARAM TUDO
TUDO SOBRE A MULHER...
E A MULHER FICOU CALADA A TENTAR SER
O QUE OS HOMENS QUERIAM QUE ELA FOSSE...
E ASSIM O POETA TAMBÉM...

TRANSPORTANDO O CADÁVER DE UMA MULHER

RLP
 

"Quis-te tanto que gostei de mim!
Tu eras a que não serás sem mim!
Vivias de eu viver em ti
e mataste a vida que te dei
por não seres como eu te queria.
Eu vivia em ti o que em ti eu via.
E aquela que não será sem mim
tu viste-a como eu
e talvez para ti também
a única mulher que eu vi! "*

* ALMADA NEGREIROS

TEMPESTADE SOLAR

 
COMO ME SINTO HOJE...
 
Estamos no meio de uma Tempestade solar, um buraco negro...mas não damos por nada...o solo sim, o magnetismo...da Terra Mãe...talvez por isso tenho uma enorme vontade de chorar toda esta nossa incúria e fanatismo, esta alienação do que é essencial...
Este caminhar para o abismo...cegos a conduzir vesgos...
 
Mas há qualquer coisa no ar...que se respira fundo e que ama...só para se respirar...silenciosamente...como uma morte anunciada...Todos partimos não sabemos quando...nem para onde vamos.
rlp
 

MÃE INDIA...



"Não há nada mais pecaminoso do que falsidade. Por a isso, Mãe Terra, disse uma ...vez: "Eu posso suportar qualquer coisa pesada, excepto uma pessoa que seja mentirosa."

Na superfície da Terra há montanhas muito altas e oceanos, que são muito pesados, e a Mãe Terra não tem dificuldade em carregá-los. Mas, sente-se muito sobrecarregada quando carrega uma pessoa que é mentirosa. Diz-se que em Kali-Yuga a mentira é um assunto comum: mAyaiva vyAvahArike. Mesmo nas relações mais triviais, as pessoas estão habituadas a dizer muitas mentiras. Ninguém está livre das reacções pecaminosas (vikarma) das mentiras que diz. Isto tem sobrecarregado a Terra, e até mesmo todo o Universo.


SBP (canto VIII,cap.20)

quarta-feira, agosto 07, 2013

AS FERIDAS EMOCIONAIS...

UN DOLOR CRÓNICO...

    
 
 
"La gran tragedia de los que hemos tenido heridas emocionales tempranas es que siempre queda un dolor, intermitente pero crónico, que reaparece en determinados momentos. A veces se debe a que por nuestra historia, somos capaces de soportar estar junto a personas que nos traicionan y no nos reconfortan (es lo que conocimos en la infancia) pero otras veces -y quizá sea mas dramático- cualquier fallo de empatía de la otra persona, o una muestra de autonomía que el otro tiene, es vivido como un abandono.
No sé si hay remedio para esto desde el momento en que en ocasiones nos dan amor y no lo podemos sentir...Quizá lo mejor sea aceptar que ese dolor siempre nos va a acompañar de forma intermitente, y que aprendamos a desarrollar la tolerancia a esos momentos, siendo muy, muy conscientes de cuando nos sentimos queridos, y fijemos con fuerza esos momentos en la memoria.
El remedio en el momento de dolor será no fijarnos en el ahora, sino en los recuerdos de nuestra felicidad pasada, porque el pensamiento se tiñe del sentimiento oscuro que tenemos, y la memoria sólo nos trae lo que está teñido de ese color. Debemos hacer un esfuerzo para rememorar los otros colores, ya que lo que nos sucede es lo mismo que olvidar en invierno que el verano existe.
Paradójicamente, con esos ejercicios de memoria podremos disfrutar mejor del ahora..."
 

...seguem-me, mas não me alcançam nunca.

 
MISTÉRIOS...

 (Desconheço o autor/a...)

A sombra da lua fui concebida rapaz e rapariga
mas quando nasci foi sacrificado Adão,
...
foi imolado aos vendedores da noite.
Minha mãe baptizou-me nas águas do mistério
para encher o vazio da minha outra essência,
colocou-me à beira de todos os abismos
e entregou-me ao estrondo das perguntas.
Dedicou-me à Eva das vertigens
e amassou-me em luz e trevas
para que me tornasse mulher centro e mulher lança
trespassada e gloriosa
anjo dos prazeres sem nome.

Estrangeira cresci e ninguém me colheu o trigo.
Desenhei a minha vida numa folha branca,
maçã que nenhuma árvore gerou,
mas depois rompi-a e saí dela
em parte vestida de vermelho, em parte branco.
Não habitei no tempo
nem estive fora dele
porque amadureci nas duas florestas.
Lembrei-me antes de nascer
que sou uma multidão de corpos
que dormi longamente
que longamente vivi
e quando me tornei fruto
conheci o que me esperava.

Pedi aos feiticeiros que cuidassem de mim
e levaram-me com eles.
Era
o meu riso
terno
a minha nudez
azul
e o meu pecado
tímido.
Voava numa pena de pássaro
e fazia-me travesseiro na hora do delírio.
Eles cobriram-me o corpo de amuletos
e untaram-me o coração com o mel da loucura.
Guardaram os meus tesouros e os ladrões dos meus tesouros
trouxeram-me silêncios e histórias
e prepararam-me para viver sem raízes.

E fui-me embora a partir daí.
Nas nuvens de cada noite reincarno
e viajo.
Só eu me despeço de mim
só eu me abro a porta.
O desejo é o meu caminho e a tempestade a bússola.
Em amor, em nenhum porto lanço ferro.
Abandono à noite a maior parte de mim mesma
e reencontro-me apaixonadamente.
Misturo fluxo e refluxo
vaga e areia da margem
abstinência da lua e os seus vícios
amor
e morte do amor.
De dia
o meu riso pertence aos outros
e é meu o meu jantar secreto.
Conhecem-me os que entendem o meu ritmo,
seguem-me
mas não me alcançam nunca.

(Tradução: Pedro Tamen- Laureano Silveira)

terça-feira, agosto 06, 2013

MOVIMENTOS FEMINISTAS, NÃO FEMININOS...


 
MULHERES LIVRES...e  "AS VADIAS"...?


Nada tenho contra a Marcha das Vadias, nem das Femen, nem das prostitutas, ou contra as mulheres que se julgam livres e praticam sexo pelo sexo, e que vem depois defender esta liberdade de andarem mais nuas do que já andavam nas publicidades cartazes e filmes pornográficas se essa é a sua opção...mas não me venham falar do Feminino Sagrado nem se comparem  erradamente às chamadas "prostitutas sagradas" como se a prostituição tivesse alguma coisa a ver com as antigas sacerdotisas da Deusa, a Deusa do Erotismo, pois a grande maioria desta mulheres que se afirmam pelo corpo e pelo sexo apenas nada têm a ver com o Sagrado e ao contrárias dessas sacerdotisas antigas, que eram mulheres consagradas e cultas, iniciadoras do amor ao serviço da Deusa Mãe, as mulheres comuns fazem sexo pelo sexo ou então as prostitutas vendem o corpo e continuam a ser usadas só pelo sexo e rebaixadas por essa condição e sem consciência nenhuma da sua verdadeira natureza, grandeza e dignidade humana de Mulheres e Deusas. Que aceitam esta degeneração e este rebaixamento do seu corpo expondo-se nuas nas ruas por vontade própria como o fazem os seus predadores, que se sujeitem  aos impropérios às agressões e à violência policial em nome dessa liberdade não me diz nada! Mas lamento...lamento o perpetuar dessa ignorância e dessa abjeção e que continuem a alimentar  essa imagem degradada de si próprias...que aceitem essa crucificação...
 
O corpo é um Templo sagrado e o sexo é uma iniciação, uma revelação, servindo de possível alavanca para a elevação do Ser Humano a um nível superior através da união sexual quando em sintonia perfeita do corpo alma e espírito. Enquanto o sexo não for vivido nessa dimensão superior não libertará a pessoa humana, bem pelo contrário, mantem-na escrava de vícios, bordéis e máfias ou dos conceitos e preconceitos seculares ou dos contra-conceitos actuais o que vem dar ao mesmo!
 
Não se pense que se chega à liberdade da Mulher nem à integração dos opostos apenas com "ideias livres", através de práticas e métodos desnaturados, sem um esforço de coerência, de dignidade, começando nessa integração do SER MULHER em si.
Não podemos continuar a confundir a "liberdade sexual "com o uso abjecto e promíscuo do corpo e sexo da mulher, nem defini-la com um termo degradante - seja de puta, de vadia, etc -  da sua verdadeira natureza, nem com a facilidade das relações sem amor.
 

Na verdade penso que as mulheres a quererem ser realmente livres e senhoras de si não têm nenhuma outra saída que não seja resgatar a sua verdadeira essência e  relembrar  o seu verdadeiro potencial feminino, o feminino intrínseco, que se liga à sua  natureza instintiva e não viver apenas uma sexualidade genital, fútil e mecânica de acordo com os padrões machistas e falocráticos, sem que respeite esse potencial inato que é a sua matriz divina, a mulher ancestral do início. Para isso acontecer será preciso a mulher ser ela mesma de novo e lembrar-se quem ela era e que poder é esse e como resgata-lo, para que o possa usar em beneficio de si mesma, integralmente e em beneficio da natureza global, do equilibro humano e planetário e do Universo. Tudo o mais é folclore e banalização do seu SER.
(...)
 (EXCERTO DE TEXTO JÁ PUBLIADO EM MULHERES E DEUSAS)

rlp

segunda-feira, agosto 05, 2013

As radicais dos anos 60...e as loucas dos anos 2000

 
 
SERÁ QUE VAMOS LÁ COM CANTIGUINHAS?

"Também se leva um ano fatídico para uma única mulher gerar mudança. Para continuar nesta jornada uma mulher precisa de um desejo que seja incontrolável, um profundo desejo que se alimente na mais profunda fonte da psique humana, nas cavernas das Moiras. Daí em diante ela deve desistir de tudo que não a conduz a sua meta. Ela deve ter uma mudança total das circunstâncias, deixando para trás família e casa. Ela deve encarnar esta alta meta, respirá-la, vivê-la, manifestá-la. E ao fazer isso, ela dá a luz a si mesma. Para mim, isso significou deixar meu casamento, a Costa Leste, e a Cidade de Nova York. "
Budapest

 
 
UM EXEMPLO VIVO DE MULHER ACTUAL
(...)
Vejo o mundo real, vejo as estatísticas, há uma epidemia de violência doméstica, ou sempre houve e agora é mais visível, as mulheres casadas são as maiores vítimas... Nas estatísticas de violência infantil os próprios pais são a maioria dos violadores, seguidos de padrasto...
 
O casamento em si foi instituído pelo patriarcado como documento de posse sobre a mulher. Não vejo sentido nenhum em se defender o modelo de casamento vigente, com tantas informações e estatísticas que temos que provam o quanto tem sido maléfico as mulheres, e até aos filhos... Concordo portanto com a autora, devemos deixar o patriarcado e as instituições patriarcais para trás, na medida do possível, na medida em que podemos fazer isto, o que requer muita coragem... Não é uma fuga nem uma covardia, mas sim, uma coragem e uma fé infinita para sair do que é tido como certo, como socialmente aceito, confortável pra se jogar na incerteza, no desconhecido, em situação de risco social, de desprotecão, de críticas e perigos reais, ameaças e violências diversas... Não significa fazer mudanças radicais nem irresponsáveis, não significa uma mudança de personalidade nem de loucura temporária, lavagem cerebral, desequilíbrio, nada disso... Vai acontecendo de forma gradual e é preciso ter a coragem de se entregar e confiar que se vai sendo guiado por uma força maior, que nos leva adiante e da força pra prosseguir o trabalho... Eu senti isso quando comecei o blog, e por onde através de mim, os textos eram repassados... Hj sei que fui instrumento, e isso é muito gratificante pra mim...
Não tenho patrimônio, emprego,.estabilidade, enhuma fonte de renda ou apoio do estado ou qqr tipo de instituição. Vivo pela fé, minha Mãe não me deixa passar falta de nada, embora as contas estejam atrasadas, sei que Ela me protege a mim e ao meu filho... É difícil viver de forma não patriarcal num mundo patriarcal, mas minha força vem da Mãe, e é infinita... Tudo que faço, como vivo, meu consumo, minha alimentação, minhas roupas, tudo procura ser de alguma forma consciente e coerente com uma nova 'logica' matrista, que não é compreendida pelas pessoas 'normais' sou considerada diferente, exótica, ou louca mesmo... Mas a cada dia vejo minhas amigas decepcionadas com seus casamentos, parceiros, trabalhos, e elas vem a mim, desabafar e de alguma forma compreendem minha posição, ainda que não tenham coragem ou sintam vontade de viver de outra forma... Mesmo em coisas simples, como assumir meu cabelo crespo como é, sem ter de passar a vida escrava do salão de beleza, dos alisamentos e escovas... Então elas vem e me dizem, gostaria de deixar meu cabelo natural, acho seu cabelo tão bonito, queria ter coragem... Na verdade não é o cabelo, mas a atitude, sem querer ou programar, sou altiva, sou independente, sou forte, e as mulheres sentem isso, algumas admiram, outras se sentem ameaçadas... Tudo isto vem da
Mãe..."
(falta texto)
Junana Odara

sábado, agosto 03, 2013

DA VERDADE E DA MENTIRA…


 
 
UMA REFLEXÃO SOBRE AS RELAÇÕES "PRÓXIMAS"

Nós não somos seres perfeitos…mas podemos ser verdadeiros…essa é a grande vantagens que temos…em relação a todas as incongruências da vida e a todos os reveses que enfrentamos. Contra uma cultura de medo e alienação. Pela verdade e pela sinceridade, custe o que custar.

As relações humanas tem muitas variantes e níveis...Não podemos equiparar uma relação de amizade com uma relação amorosa, nem uma amizade com uma relação formal de alguém que conhecemos mal...Nem podemos confundir as relações de trabalho com relações pessoais ou mesmo as relações entre um grupo de terapias, com o médico ou com o merceeiro. Pois há em todas essas relações circunstâncias que pedem, digamos, normas de relacionamento adequado e uma descrição ou reserva do indivíduo a nível pessoal de acordo com o que lhe é pedido ou exigido na circunstância. Com um psicanalista é totalmente ao contrário…se não dissermos tudo como os malucos…não há análise possível…Mas como em tudo e no geral é sempre uma questão de bom senso. Não podemos é meter tudo no mesmo saco e dizer que eu sou verdadeira com toda a gente porque isso é impossível e contraproducente. Não podemos dizer que pelo facto de não dizermos ao merceeiro que temos um amante estamos a mentir. E claro há aquela situação caricata ou anedótica de a mulher (a esposa) não poder dizer ou o homem claro que tem uma amante ao fim de uma vida matrimonial longa e…acabada…porque considero o casamento uma quase hipocrisia…e não estou a falar de instituições, mas relações de verdade! Portanto é sempre relativo e aí temos não a mentira mas a omissão da nossa intimidade ou da nossa vida privada – no caso da pessoa estranha - o que é perfeitamente normal e aceite. Portanto não podemos exigir uma transparência, nem uma verdade absoluta de cada pessoa em todas as situações da vida, e esta noção é elementar…depende do nosso discernimento e da nossa consciência.

 Assim, nas situações comuns da vivência em grupo e da vida em sociedade eu não sou obrigada a expor-me de forma alguma e é de bom-tom ser-se reservado e discreto…Portanto a mentira ai não conta nem entra. A não ser, claro, quando o indivíduo faz de conta que é rico ou nobre ou tem uma profissão que não tem etc. Mas não é isso que nos interessa aqui. O que nos interessa aqui é a verdade entre amigos/as e entre amantes…Aí é que a verdade a transparência, a honestidade, a confiança contam porque a relação de VERDADE depende inteiramente desses factores…e é ai que a mentira e a omissão estão e entram para minar a relação porque em qualquer uma dessas relações, embora com diferentes intensidades, depende da verdade de cada um na sua troca e evolução, para ser uma relação saudável e profunda.

É verdade que nas relações, em que os afectos são privilegiados, mais no amor do que na amizade, existe o risco da posse e do ciúme…e aí vem o controlo do outro e a obsessão por vezes na busca de saber tudo da vida do outro e se existe alguém ou alguma sombra de traição etc. Claro que todas nós sofremos em um grau maior ou menor de posse e ciúme…e para mim não depende da auto-estima da pessoa sentir ou não ciúmes, mas da confiança que o outro inspira…das bases de verdade e confiança que se geraram, porque os ciúmes e a posse (dentro dos seus limites) são até poderia dizer, saudável e naturais e diria mesmo até legítimos…numa relação a dois… senão passa a suposta aceitação da liberdade do outro o admitir de outros parceiros que para mim simplesmente passa a promiscuidade…

Não sou dada a relações abertas nem a aceitar 3ªs pessoas numa vida íntima…e nas amizades, embora não haja esse sentido de exclusividade,  nem sempre é fácil ser preterida ou trocada e mesmo traída, porque não sendo tanto como na paixão, em que há partilhas do mais intimo do ser, na amizade , sendo ainda uma  relação de duas pessoas, existe, embora em  muito menor grau, os mesmos ingredientes que no amor…porque afinal é afecto…e os afectos afectam-nos sempre…
É verdade que há pessoas que podem ser mais independentes que outras e não se importarem aparentemente com o que o outro faz ou se anda com outra pessoa etc., mas todas as relações intimas e próximas trazem estes sintomas e nem todos são patológicos a não ser se forem despropositados ou em excesso. Mas considero que é normal haver toda essa mescla de emoções um pouco conturbadas nas relações e não é a mentira nem é a omissão caridosa que ajuda o ciumento e o possessivo a libertar-se, mas sim a transparência e a verdade por mais dura que seja…

Numa relação íntima, se um dos dois se apaixonar por outra pessoa e omita esse facto ao parceiro e queira manter as duas relações isso não é só uma mentira fatal como uma traição enorme e geradora de patologias, porque o outro sente e de algum modo sabe que está a ser traído e se essa verdade lhe é negada em nome da privacidade ou da soberania do indivíduo, entre o intuir e o ter a percepção da mentira isso é uma coisa dolorosa e grave que confunde enormemente o ser quer a nível emocional quer a psicologicamente; o que “trai” mesmo que já não ame a pessoa e tenha pena dela e por isso não a quer enfrentar ou fazê-la sofrer, a meu ver, deve sempre dizer a verdade e deixar o outro fazer o luto e também, caso necessário afastar-se. Tantas vezes queremos fazer do ex-amante um amigo sem deixar fazer a transição, sem dar tempo ao luto! Não se pode transitar de uma relação íntima e profunda para uma simples amizade só porque uma das partes deixou de amar a outra ou encontrou outra paixão… e quer ser só “amigo”… Não. Tem que haver um luto ou um afastamento. Porque justamente a amizade vai depender dessa transparência e por mais dolorosa que seja a verdade, tarde ou cedo haverá entendimento e aceitação…dos factos.
Na amizade já é um bocadinho diferente, mas parecido…menos intenso menos conflituoso mas é parecido às vezes…Há grandes amizades que são amorosas quase…
Mas na amizade não havendo nem a posse nem o ciúme no mesmo grau não só não se justifica a mentira ou a omissão, como é absolutamente essencial a transparência e a verdade e qualquer mentira por mais insignificante que seja mina a relação…porque precisamente não se justifica que exista e não tem razão de ser pois já bastam por vezes as incompreensões provenientes das diferenças entre os seres e os equívocos, que se manifestam mesmo sem mentiras para toldar uma amizade se esta não for verdadeira. Essas amizades só singram por um enorme esforço de verdade e confiança mútua sem a qual não se pode consolidar esses laços de amizades duráveis entre as pessoas. As vezes e por esse esforço mesmo duram a vida toda.

Portanto Verdades e Mentiras…são fáceis de destrinçar…saber onde são necessárias e onde e como as apanhar…digo eu…porque só no campo muito íntimo das amizades profundas e das relações amorosas elas por vezes são paradoxalmente necessárias quando não se tem a honestidade nem a coragem de enfrentar as situações e as suas alterações que os afectos sofrem. E nada é fácil na verdade…nem na mentira…tanto uma como outra podem trazer sofrimento, mas a verdade cura e mentira mata… a verdade constrói sempre e a mentira destrói mais tarde ou mais cedo…

 rleonorpedro

quinta-feira, agosto 01, 2013

VIRGÍNIA WOOLF

 
 
"_ O que é uma mulher? Eu lhes asseguro, eu não sei. Não acredito que vocês saibam. Não acredito que alguém possa saber até que ela tenha se expressado em todas as artes e profissões abertas à habilidade humana.” - Virginia Woolf

- Não Virginia, com todo o respeito que você me merece, eu não acho que a mulher se saiba inteiramente depois de se ter expressado em todas as artes e profissões do mundo...Porque entretanto ela já fez isso...Sim, enquanto você partiu...e não sabemos se voltou e até estará entre nós com outro nome e outro corpo, quem sabe não é? - o que eu lhe digo pois é que nós que viemos depois, e já estamos noutro século, sabemos que a mulher depois de ter exercido todas as profissões e todas as artes, ela não só não sabe ainda QUEM É como está mais longe do que nunca da sua verdadei
ra essência...
Afinal...não era só uma questão nem de igualdade nem de direitos, sabe, nem sequer de liberdade ou de afirmação social e política - ela já é ministra veja bem e até Presidente de alguns países...- mas ela não só não sabe o que é Ser Mulher em si, como não sabe a diferença do verdadeiro feminino e por isso não se se distingue do masculino, porque ela se comporta como o homem pois o assimilou na sua arte e cultura na sua história e moral...e tornou-se ela também...egoísta, ambiciosa, opressora e prepotente,  incapaz de criar a Paz no mundo ou dar a dignidade que falta dar a Mulher e à Mãe para que as crianças tenham amor e saibam amar e respeitar a mulher...e elas mesmas sejam verdadeiramente livres e senhoras de si...
Lamento desapontá-la...
rlp