O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, agosto 12, 2013

Mulheres emancipadas, hoje...

 
..."No entanto, em termos de como nos sentimos do ponto de vista físico, podemos realmente estar em pior situação do que nossas avós não liberadas."
 
A BELEZA FEMININA?
 
"(...) As mulheres prósperas, instruídas e liberadas do Primeiro Mundo, que têm acesso a liberdades inatingíveis para qualquer outra mulher até agora, não se sentem tão livres quanto querem ser. E já não podem restringir ao subconsciente sua sensação de que essa falta de liberdade...tem algo a ver com questões que realmente não deveriam ser importantes. Muitas sentem vergonha de admitir
que essas preocupações triviais — que se relacionam à aparência física, ao corpo, ao rosto, ao cabelo, às roupa — têm tanta importância. No entanto, apesar da vergonha, da culpa e da negação, é cada vez maior o número de mulheres que questiona se não se trata de elas serem totalmente neuróticas e solitárias, mas que o que está em jogo é relacionado com a liberação da mulher e a beleza feminina.

Quanto mais numerosos foram os obstáculos legais e materiais vencidos pelas mulheres, mais rígidas, pesadas e cruéis foram as imagens da beleza feminina a nós impostas. (...)

(...) Após anos de muita luta e pouco reconhecimento, muitas mulheres mais velhas sentem que sua chama está extinta. Após anos em que essa luz foi tida como certa, poucas mulheres mais jovens demonstram interesse e reavivar essa chama. Durante a última década, as mulheres abriram uma brecha na estrutura do poder. Enquanto isso, cresceram em ritmo acelerado os distúrbios relacionados à alimentação, e a cirurgia plástica de natureza estética veio a se tornar uma das maior e especialidades médicas. Nos últimos cinco anos, as despesas com o consumo duplicaram, a pornografia se tornou o gênero de maior expressão, à frente dos discos e filmes convencionais somados, e trinta e três mil mulheres americanas afirmaram a pesquisadores que preferiam perder de cinco a sete quilos a alcançar qualquer outro objetivo. Um maior número de mulheres dispõe de mais dinheiro, poder, maior campo de ação e reconhecimento legal do que antes. No entanto, em termos de como nos sentimos do ponto de vista físico, podemos realmente estar em pior situação do que nossas avós não liberadas. Pesquisas recentes revelam com uniformidade que em meio à maioria da mulheres que trabalham, têm sucesso, são atraentes e controladas no mundo ocidental, existe uma subvida secreta que envenena nossa liberdade: imersa em conceitos de beleza, ela é um escuro filão de ódio a nós mesmas, obsessões com o físico, pânico de envelhecer e pavor de perder o controle. (...)"

 Em O Mito da Beleza - Noami Wolf


7 comentários:

Soror E.T disse...

A mulher moderna é escrava desta emancipação.

rosaleonor disse...

Else, uma verdade que ninguém pode negar...tanta esperança que deu em nada...só porque não se fez o tal trabalho da consciência do feminino integral...

(Já há dias que não aparecia - dou logo pela sua falta!!)
abraço
rl

Soror E.T disse...

Ultimamente só estou lendo e compartilhando as postagens, porém hoje não resisti e tive que comentar! rs

Abraço e obrigada.

Anónimo disse...

A mulher não é escrava da emancipação, o mito da beleza é que é uma reação da sociedade patriarcal capitalista à ascensão econômica e social das mulheres.
Os donos do poder, quando pressentem que os oprimidos se rebelam, criam novas formas de opressão e essa opressão tem que ser internalizada no oprimido para que a si próprio oprima, sem nem perceber.
E os donos do mundo, os homens capitalistas, através da mídia tem criado uma campanha feroz para erguer e reerguer no imaginário coletivo das mulheres o mito da beleza. E esse mito prega que a mulher pode ser intelectual, profissional ou o que seja, mas sua obrigação primordial é ser bela e jovem para o desfrute (objetificação sexual) dos homens.
Não é a emancipação e nem o feminismo o culpado pela situação do mito, e sim, a sociedade patriarcal capitalista que fabrica esses mitos para reforçar o backlash e impedir que as mulheres continuem evoluindo. O maior temor do capitalismo patriarcal (dos homens em si) é ver as mulheres conscientes de sua milenar opressão e se negando a aceitá-la.


Anónimo disse...

Sem a emancipação feminina estaríamos vivendo como vivem as mulheres de países do Oriente Médio, Ásia e Africa, que são impedidas de estudar e trabalhar, tem que aceitar casamento arranjados, não tem liberdade nem para pedir o divórcio, são estupradas e condenadas a ser apedrejadas por adultério, queimadas na India se o dote pago pela família não satisfaz ao noivo, aturam a poligamia pois não tem escolha e por aí vai...
Alguém em sã consciência quer que o tempo volte atrás e que as mulheres ocidentais abram mão do que conquistaram com muita luta feminista?! Se as vitorias conquistadas tem que continuar a serem batalhadas para que sejam permanentes só demonstra a crueldade misógina e sexista do patriarcado dos homens que reage para sempre encontrar formas de continuar oprimindo e explorando as mulheres.Eu não quero viver num mundo onde a emancipação da mulher retrocedeu ou deixou de existir. Nós feministas seguiremos juntas e lutando até que todas sejamos livres.

rosaleonor disse...

Ninguém negou o trabalho das feministas nem as feministas e menos ainda a sua regressão...mas sim o que falta ainda fazer e dentro de uma outra dimensão que é ontológica e tem a ver com o lado instintivo e psíquico da mulher profunda - coisa que as feministas normalmente comunistas ou materialistas, exceptuando as ecologistas talvez, não enxergam nem querem ver reduzindo a mulher também a um objecto de consumo livre e condenada a apenas a ter em vez de SER! O Sistema Patriarcal nunca dará liberdade nem dignidade ás mulheres. Essa é a vossa lamentável utopia...e só isso é contestado!

rosaleonor disse...

SEM UMA NOVA CONSCIÊNCIA DE SER MULHER EM SI
- não há luta contra o Sistema que nos valha...

Não é que seja feminista na acepção geral do termo, mas concordo com muitas partes do texto, e dos argumentos, mas o que eu não creio é que dentro deste Sistema - feito e construído na base da diferença entre homem e mulher, assente na supremacia sobre a mulher e na dominação de metade da humanidade sobre outra metade, algum dia mude...ou aceite a mulher livre sem que se mude primeiro o próprio sistema...e isso os homens nunca farão nem as mulheres prisioneiras - queiram ou não queiram - dentro dele. É preciso sair...Mas como?
Através de uma nova consciência do Ser Mulher em si...
E assim o que eu defendo, A FEMINITUDE, digamos, é um renascer da mulher a partir de uma essência feminina, da qual ela foi alienada pela história religião e cultura patrista ao logo dos séculos, que negou a natureza ctónica e telúrica da Mulher, que é inerente à Mulher, na qual reside a sua dimensão ontológica e a sua força, a força do Útero, começando por esse resgate do seu ser instintivo, emocional e psíquico e consequentemente implicando a concepção de um novo paradigma logo à partida, não a subsistência deste, começando uma revolução interior, sim, a partir de dentro, dos seus ovários, útero e coração, uma mudança de dentro da mulher e não apenas fora, pois considero que todas estas manifestações das Mulheres Vadias e das Femens, são reacções dos subprodutos que as mulheres são dentro do sistema, mulheres divididas, cindidas, fragmentadas em estereótipos e não fazem mais do que rebentar com a Cara (a exposição inútil do seu corpo degradado pelo olhar machista) contra as Paredes de Aço do Sistema e todos os seus defensores, polícias e políticas e políticos, padres, juízes e catedráticos etc. que as desprezam e culpam na mesma sempre.

Não é com marchas de vadias, nem mulheres nuas e agressivas, que se mudam mentalidades nem leis...as leis já foram mudadas em muitos lugares e a mente masculina e feminina também continuam a mesma...e é isso que ninguém quer ver...
Se as mulheres mais lúcidas e inteligentes... querem continuar cegas e ir contra os muros da sua prisão...e destruírem-se...é continuar por aí com toda a RAZAO, SIM, COM TODA A RAZÃO, MAS SEM NENHUMA CONSCIÊNCIA ontológica do seu SER MULHER!...

rlp