O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, novembro 30, 2013

LILITH a mulher que vem do futuro...




A ENERGIA DE LILITH, 
E AS DUAS MULHERES EM NÓS...
(Republicando...)

Sem dúvida que a energia de Lilth é desestabilizadora ou desencadeia emoções fortes e subversivas... A mulher que não estiver minimamente preparada para a olhar nos olhos e sentir a sua falsa segurança interior abalada, e porque Lilith mexe nas entranhas mais profundas da mulher e dos seus medos, é capaz de se sentir muito mal na sua pele e até possuída do "diabo" e a breve trecho vai até associá-la a um demónio e ao vampirismo...ao medo da sua sombra e fugir para a "LUz"...
 Se Lilith porém se revelar à própria mulher em sonhos ou de forma numinosa, ou de uma forma consciente, na busca de si mesma, é mais fácil integrá-la, mas se ela se manifestar através de outra mulher como uma força alheia a si, e isso pode acontecer nas relações comuns das mulheres de forma inesperada, e se neste caso se manifestar de forma intensa na relação com a "outra" mulher que é ainda a potencial rival ou inimiga, a que lhe espelha-revela esse poder, torna-se a seus olhos efectivamente uma força demoníaca... E então temos duas vítimas...a que espelha e a que se sente espelhada que passa a agredir a primeira...como culpada do mal que se sente, da desordem dos seus sentimentos e emoções profundas que vem a superfície de forma caótica, o que a leva a condenar a outra mulher - como toda a história o indica - a vampira e demónio...Isso ainda acontece no nosso tempo, nos nossos dias, apesar de tantos séculos e numa cultura que se pretende moderna e civilizada. A mulher comum continua a reflectir sobre “a outra” mulher as mais arcaicas impressões de inveja e ciúme, raiva e ódio, quando se sente ameaçada perante aquela que lhe sugere ou espelha o que ela não tem consciencializado, seja a nível da sua sexualidade seja a nível das suas ambições ou do seu ego…
Há realmente duas formas de Lilith se manifestar na sua natureza indómita e selvagem: enquanto mulher mais jovem que a vive e representa pela sua sensualidade e pelo  seu corpo ou pela  sua ousadia e mais ainda  se for  bela, e na mulher mais velha quando esta a encarna depois da  menopausa, como energia  irradiante e só por si demolidora de forças obscuras e neste caso Lilith  pode ao ser evocada,  pode manifestar-se já não através do corpo ou da sexualidade, mas da emoção e do Saber...na Mulher Mais Velha, Aquela que Sabe… (atrevo-me a dizer como eu...e malgré moi)…

Quando isso acontece, em ambos os casos, quer na mulher nova quer na mulher velha, estas mulheres Liliths são expostas a esse ódio antigo, registo celular, e vítimas de perseguição (como no caso famoso das “bruxas” condenadas às fogueiras da Inquisição e denunciadas pelas outras mulheres) e hoje a nível social quem sabe mediático causado por todo esse medo arcaico ancestral que divide e separa as mulheres no mundo...
Isso acontece sempre regra geral quando a mulher cuja Lilith está adormecida e Lilith constitui uma boa parte da sua Sombra que não é apenas o seu lado "negativo" e recalcado, mas muito mais do que isso, podendo até sentirem-se atraídas por elas de forma sensual emocional ou sexual, porque é essa   a sua sombra, de forma não consciente claro, que lhe é espelhada  nessa energia, nessa paixão, nesse fogo, sendo a sua própria Lilith que se manifesta  porque também obviamente está dentro delas, mas logo elas recuam e vêm na outra mulher o Mal, o mal protagonizado pela mulher na "Queda" e que foi tentada pela Serpente!.

Normalmente as mulheres Evas  têm um medo pavoroso dessa escondida a parte de si ignorada desde sempre, aliás como tem igual pavor das serpentes e estão tão tolhidas por ele, que  em vez de vencerem essa barreira da Sombra, da qual Lilith é a guardiã do Umbral, (tratando-se de uma primeira grande etapa a mais difícil do caminho da mulher para si mesma na descoberta do seu verdadeiro ser), e porque  isso implica verem muitas coisas de si negativas, quem sabe memórias ou experiências devastadoras de infância, abusos ou traumas, e como não querem encarar nem voltar a sentir coisas que nunca sentiram (até mesmo a atracção sexual ou emocional pela outra mulher) é então que esse trama antigo proveniente da cisão das mulheres, volta em forma de ódio e se transforma numa perseguição ou como dizia simplesmente numa fuga de si mesma...e num retrocesso na sua evolução.
Para mim, é como que uma prova de fogo na vida da mulher e ...se a mulher não o passar e passar pela outra mulher, aceitando-a ou mesmo amando-a, então temos mais uma inimiga para toda a vida...
Mulheres que iniciam a senda do feminino sagrado sem enfrentarem essa descida e que não tendo feito nenhum trabalho a nível da sua psique, sem uma consciência psicológica dos seus complexos e traumas, sem um qualquer trabalho interior, quando começam a entrar em contacto com a sua sombra sem nenhuma preparação, acabam por se sentir entrar como que no inferno...e a ver "cobras e lagartos"  nas mulheres que lhes espelham o seu próprio poder ou fogo interior, sobretudo  frente a outra mulher que a tenha já integrada...e então ou fazem o movimento de fuga inconsciente ou a perseguição caluniosa e predatória é iniciada porque essas mulheres se sentem acossadas pelos seus fantasmas...mas têm de ter um bode expiatório...e esse é um dos maiores dramas das relações entre mulheres, face à sua necessidade de  evolução!!!
(...)
Escrito em 2011
rosaleonorpedro

quarta-feira, novembro 27, 2013

A ANULAÇÃO DA MULHER NÃO É UM MITO!



A MULHER É ANULADA
E CONTINUA A ANULAR-SE A SI PRÓPRIA NA CULTURA PATRIARCAL

 A razão da anulação global da mulher  continua  porque as mulheres têm uma capacidade incrível para se esquecerem de si...de se dar...esvaziando-se, mas  para isso acontecer assim elas foram durantes séculos convencidas, persuadidas, alimentadas por essa ideia, precisamente para nem lhes passar pela cabeça que são ou podem ser uma pessoa livre e autónoma. Primeiro porque o não eram economicamente e agora porque estão formatadas psicologicamente. E ainda acontece de forma generalizada essa "educação" e podem já não ser os padres, mas são ainda as  mães e pais e família e amigas que lhes dizem...que é e era se "dando" a elas inteiras ao amor apaixonado de um homem e aos filhos, que elas encontrariam o sentido único da sua vida  e seriam ...as mais abnegadas e puras criaturas de Deus...


O que se pretende com isto, na verdade, não é uma mulher elevada e plena mas uma mulher sujeita e submissa e entregue aos seus senhores...aos seus donos... e o que é essencialmente visado é manter o esvaziamento sistemático da Mulher em si mesma, a sua falta de identidade, a falta de sentido na sua própria existência, é minar a confiança que possa desenvolver em si mesmo!.
Foram anos e anos, desde que a menina nasce e cresce a convencê-la e a formatá-la com esse propósito; foram anos e anos a programa-la para ela sentir que por si não valia nada...que a sua vida não tinha outro sentido senão amar o homem e o filho e o Pai e a Deus todo poderoso, caso contrário seria banida e corria o risco de vir a ser uma prostituta...e as suas variantes camufladas...Que a mulher sem um homem para protege-la perde-se porque é fraca e frágil, pode ser tentada e vir a ser uma puta...essa "outra" mulher que é a sua Sombra renegada...a sua sensualidade a sua sexualidade livre, mas não forçada a vender-se...como alternativa à mulher casada, com proprietário...
 

O que se disse e diz ainda é que a Mulher em si não vale nada...que não é ninguém...é assim que se fez e se faz  mesmo pensando que não é já assim...e que somos emancipadas...mas isso é só mais uma manobra vasta...A cultura, a arte, a publicidade e os livros e os filmes e as canções lhe dizem isso todos os dias..."tu sem ele não és nada..."
Sim, se durante séculos ela não foi senão a escrava, a amante e a concubina, a criada e a serva... a reprodutora dos filhos do homem...agora ela é ainda a executiva, a médica, a advogada e a ministra das suas causas...ela agora é formada, formatada em "cursos superiores"...mas ao serviço dos patriarcas e dos mestres, dos governantes e do Sistema que a oprime e reduziu a nada durantes séculos. Todos as revoluções a usaram, todos os regines o fizeram, todas as ideologias o fizeram.

Por isso vos digo, hoje em dia e cada vez mais me repugna e tenho muita dificuldade em aceitar estas mulheres patriarcais, as Atenas saídas da cabeça do Pai...sejam elas as vítimas ou as algozes, as prisioneiras ou as polícias... e não suporto ver mulheres sobretudo presas nos seus sentimentos obsessivos, carentes e cegas e obedientes ao macho...sedentes de carinho e de uma migalha de amor...e mesmo quando eles são violentes e as espancam ou as rebaixam e danificam psicologicamente elas continuam fiéis e a querer o seu amor...e rastejar aos seus pés...

Essa imagem comum das mulheres é gritante e revoltante, a mim dói-me no mais fundo do ser...é pior do que toda a violência no mundo, do que a tortura, porque é uma tortura autoinfligida...Não já não sou complacente nem tenho compaixão por elas...elas podem e devem elevar-se...lutar...sair das prisões, separar-se...Como é que a mulher pode chegar a este ponto de negação de si mesma, de degradação? Porque já não é só a mulher pobre e ignorante a que acontece essa anulação de si, essa desgraça...as mulheres ricas e as cultas também se submetem. E como pode a mulher "inteligente" e "culta" aceitar essa subserviência e esta violência sistemática?
Sim, como?
É claro que eu sei e todo o meu trabalho de anos tem sido denunciar esse abuso, essa extorsão, essa vampirização do homem sobre a mulher...mesmo que me achem extrema ou radical demais...
 

Querem melhor exemplo de como a medicina e os médicos em nome da sua ciência e da "cura" e como prevenção do cancro ou o que seja tiram e arrancam as entranhas da mulher, cortam os seios e os ovários e o útero às mulheres? Fariam eles isso aos homens com a mesma leviandade se fosse cortar os seus testículos ou coisa que o valha, como alguém perguntava? Mas o pior para mim é ver como  elas ficam descansadas quando  eles dizem que aquilo já não servia para nada...só estava a atrapalhar...e que é melhor assim? Elas confiam nos médicos como confiaram séculos nos padres e nas confissões...e elas fazem operações estéticas...elas acrescentam ou tiram seios e nádegas...ou cortam o corpo por "amor" dos homens e da moda...
 

E são  AS MULHERES NO MUNDO, que sustentam as indústrias milionárias das cosméticas para parecerem o que não são, só para agradar ao homem e por causa desse VAZIO de si mesmas...por causa dessa anulação do seu SER...desde há séculos!
Fizeram melhor as feministas, que me desculpem as crentes...mas igualdade e direitos iguais...trouxe mais do mesmo só que a um outro nível bem mais macabro se calhar, mas por enquanto as mulheres estão convencidas que evoluíram por irem a Guerra e matar como os homens fazem e mesmo aí são violadas e abusadas pelos camaradas de armas...e tudo é camuflado!
 

Mulheres, vejam portanto, vejam por favor  o que cada mulher podia e pode fazer para mudar no mundo que está contra si, se cada uma de nós tiver CONSCIÊNCIA desta alienação, desta ANULAÇÃO, desta loucura, desta insanidade e começar o trabalho da mulher integral?
Se ela começar a ter consciência do seu valor...da sua integridade e dignidade - e essa dignidade não esteve no salário igual nem na igualdade sexual...
 

Sim, este trabalho em si mesma, de tomar consciência de si, da sua cisão começa em cada uma de nós e em cada momento e em cada momento podemos passar a mensagem às outras  mulheres do lado...podemos e devemos fazer isso.
É preciso Chamar a Mulher à Consciência de si mesma.
Está na Hora....
Está na HORA...
Não sigam mais mestres e guias e gritem e sejam vocês mesmas inteiras!!!
LIBERTEM-SE DAS AMARRAS E DOS AÇAIMES!

rlp

segunda-feira, novembro 25, 2013

A HISTÓRIA DAS MULHERES...



"Será que também nós aqui poderíamos estar agora a desbravar e a mostrar ao mundo a luz vibrante e inspiradora duma sociedade ginocêntrica florescente do tipo da de Creta ou de Çatal Hüyük? A nossa querida Dalila Lello Pereira da Costa acha que sim. Para ela, nunca nós conhecemos verdadeiro progresso nem desenvolvimento como no Neolítico, em que a sociedade era… ia dizer “matriarcal”, mas não digo, era ginocêntrica.
Ginocêntrica, diz a Riane Eisler, é muito mais correcto.

UMA HISTÓRIA QUE NÃO É NOSSA
 
Qual séc. XVI, qual quê! Como é que nós mulheres podemos enaltecer um tempo em que os homens (não confundir, foram eles!) saíram daqui para impor a outros povos que estavam sossegadinhos no seu canto, a sua Lei da Espada, a escravatura, a conquista, a dominação?!

Essa não é a nossa história, queridas irmãs, e precisamos de nos distanciar dela se queremos chegar a algum lado. Não esquecer que primeiro, antes de agirem dessa maneira reprovável em todos os sentidos, tiveram eles de nos dominar e escravizar a nós!
Essa história que nos contam na escola é aquilo que em inglês se designa por “history” (a história dele), diferente de “herstory” (a história dela).

Enquanto mulheres, precisamos de nos dissociar dessa história oficial, da qual mais legítimo seria sentirmos vergonha do que orgulho e voltarmo-nos para a nossa história, aquela de quando éramos nós a dizer como se devia fazer.

E é aqui que a Simone de Beauvoir em “O Segundo Sexo”, não tem razão quando afirma que o domínio do homem sobre a mulher sempre foi uma constante na história humana. Não foi. Graças a arqueólogas feministas, como a Marija Gimbutas, e às descobertas de sociedades do passado altamente desenvolvidas e prósperas que cultuavam a Deusa  e em que as mulheres detiveram papéis muito importante, não dominando ninguém nem sendo dominadas, sabemos que nem sempre os homens dominaram as mulheres.

 AS NOSSAS ANTEPASSADAS DO NEOLÍTICO

Então, a Dalila Pereira da Costa, que é muito discreta em relação às reivindicações feministas, diga-se, mas supereficaz na defesa dos valores femininos, dá-nos esta ideia de irmos atrás da nossa glória de mulheres, descobrindo a força e o valor das nossas antepassadas, as mulheres do Neolítico. E onde estão elas? Pois, muito perto… é lerem a Dalila (parece difícil mas ultrapassado o medo de não percebermos nada, torna-se do mais fascinante que já li nesta vida…) é lerem a Dalila, repito, com este objectivo concreto: perceber aonde andam as nossas mulheres poderosas do Neolítico, aquelas que não foram trucidadas ou deformadas pelos patriarcas (romanos e cristãos e outros igualmente pouco recomendáveis), as nossas Irmãs das Hespérides, que bailam felizes, livres e formosas como na gruta de Cogul, nos vasos de Creta, nos templos de Çatal Hüyük… Aqui elas eram tão fortes que, ao mesmo tempo que fiavam, podiam transportar à cabeça as tais “pedras formosas”...
Guardam elas tesouros e riquezas que vale a pena descobrir, as nossas gloriosas antepassadas do Neolítico, a nossa Idade de Ouro…

UMA VISÃO QUE VALE A PENA

Algumas pessoas podem dizer que tudo isto é mentira, pura invenção. Seja como for, é uma visão que vale a pena seguir, e atenção, conheço famosas académicas que dizem que a verdade é dessa ordem…

Fontes: Dalila Pereira da Costa, "Da Serpente à Imaculada", Lello Editores
            Riane Eisler, "O Cálice e a Espada", Via Óptima
            Simone de Beauvoir, "O Segundo Sexo" 
Imagens: Google - Hespérides, Edward Burne-Jones e Pedra Formosa da Citânia de Briteiros

PUBLICADO POR LUIZA FRAZÃO
IN círculo de estudos sobre mulheres 

domingo, novembro 24, 2013

ÀS VEZES...



Às vezes a falta de dinâmica d Blog, a falta de feedback do leitores/as, a dúvida se os há.... pode levar-nos a um certo desanimo face ao Facebook, onde a interacção e o "diálogo" constante  entre as pessoas leva a  uma comunicação mais directa. Tem os seus inconvenientes e são muitos, sendo mais superficial e efémero o efeito; não fica nada de extraordinário enquanto que o Blog guarda tudo o que se escreve e é de mais fácil acesso e sem dúvida que nos permite uma maior profundidade...mas temo que seja por isso mesmo que os Blogs em geral percam o interesse do publico e dos leitores em  geral em função do Facebook.
Seja como for, persisto nesta Página sendo como é um dos Blogs mais velhos creio que em língua portuguesa segundo a estatística feita por um brasileiro...Resta-me honrar este facto e o meu trabalho. Mesmo que ninguém leia...

rlp

terça-feira, novembro 19, 2013

UMA HOMENAGEM QUE ME GRATIFICA

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTEMÍSIA EU SOU
 
Há muito tempo que sinto que o devo dizer: Há Alguns que vêm antes, para abrir Portas a outros que virão depois.
É isso:
Passaram décadas desde que defendes a dignidade da Mulher, desde que denuncias a violência física e psicológica a que muitas Mulheres são sujeitas.
Há décadas que proclamas o Sagrado Feminino e lutas contra a maioria da sociedade que considera a Mulher "inferior" ou pecadora...
ou diabólica, ultrajando-A.
Há décadas que sonhas com uma Mulher inteira que se assuma na sua face Lunar de Deusa tríplice.
à tua maneira: abriste Portas.
Mereces o meu respeito e a minha gratidão.

Saúdo-Te Rosa Leonor Pedro.

O HOMEM E A MULHER...


 


"A carruagem da masculinização, que trouxe numa mesma braçada o racionalismo religioso e o positivismo científico, provocou a dessacralização da sexualidade e a redução do eros a festim da corporal – se é que ainda é festim!  (…)
Reina tanto mais a confusão quanto uma clivagem se cava no coração da humanidade; está em ressonância quase completa com aquela que eu exprimia mais atrás, separando o homem da mulher: de um lado estão aqueles, homens e mulheres, que por enquanto só olham para fora (…), a seu ver normativa em si mesma; do outro estão os que se viram para o oriente. Os primeiros debatem-se num dilúvio de violência e não sabem mais do que sobreviver radicalizando ao extremo, no terror de uma perda de segurança, os velhos esquemas masculinizados das éticas religiosas, políticas, sociais, etc; os segundos, começam a aceitar morrer para esses valores passados, porque aceitam morrer para esses valores passados começam a viver."

 O feminino do ser - Annick de Souzenelle
***

ESCRITO POR UM HOMEM - Sobre a Alienação dos Homens...

Josep-Vicent Marqués - professor de sociologia, escritor, ecologista, divorciado, sentimental, despistado, moderadamente míope, orador muito apreciado - é doutor em Direito. É também um humorista espanhol muito estimado, tendo mantido durante anos uma coluna no diário El País.
“O homem nasce livre e vemo-lo por todo lado carregado de cadeias. É escravo das ideias que lhe inculcaram acerca daquilo que deve ser um homem. Os seus movimentos de aproximação relativamente aos outros homens e às mulheres vêem-se entorpecidos pelas cadeias do patriarcado. Mal o identificam como varão pelos seus órgãos genitais, doutrinam-no num conjunto de obrigações sem outro fundamento além do sexo que lhe tocou por acaso.

Prometem-lhe vir a ser um chefe, mas geralmente só consegue a chefia de uma mulher e de uns filhos cada vez mais lavandiscos. Em contrapartida, é perpetuamente chantageado por um modelo desmedido, paranóico, megalómano daquilo que deve ser um autêntico homem, um grande homem. Alguns privilegiados, apoiados por factores externos como a riqueza e o poder, exercem uma masculinidade prepotente aborrecendo a vizinhança. Para a maioria dos varões, no entanto, o resultado é hoje apenas a angústia do frustrado ou a vaidade do insensato.

Todo o homem traz dentro de si o cadáver da criança sensível e brincalhona que o obrigaram a estrangular em nome da gloriosa corporação dos varões. Todo o homem traz ainda dentro de si o gérmen de uma possível pessoa."

MULHERES & DEUSAS : OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS E A AUTOCONSCIÊNCIA DA MU...

MULHERES & DEUSAS : OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS
E A AUTOCONSCIÊNCIA DA MU...
: OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS E A AUTOCONSCIÊNCIA DA MULHER >"Somente em um momento posterior, nos Mistérios Eleusianos, de Ísis e out...

O grande motivo essencial dos Mistérios de Elêusis e, portanto de todos os mistérios matriarcais é a heuresis, a redescoberta de Core por Deméter, a reunião da mãe e da filha.

Esse reencontro significa, sob o ponto de vista psicológico, anular o assédio e o rapto masculinos e reconstruir a unidade matriarcal da filha e da mãe, depois do casamento. Isto significa que a hegemonia do grupo matriarcal _ legitimada pela relação da filha com a mãe -, que havia sido colocada em risco pela incursão do homem no mundo das mulheres e pela reacção destas àquele, é renovada e segurada nos Mistérios".
(...)

In “A GRANDE MÃE” de Erich Neuman

segunda-feira, novembro 18, 2013

A GRANDE ALIENAÇÃO DA MULHER...

Sobre o post  "Representações femininas no Facebook" do PDuarte no "L'obéissance est morte":
 
 ..." as jovens na tua publicação só são "putedo" a partir do momento em que tu lhes dás esse nome. Bem vistas as coisas, não há nada de errado em ser puta mas há algo de muito errado na forma como homens (e mulheres) se referem e tratam as putas.
Paternalismo é mau, paternalismo à esquerda é muito mau, o teu post é pior."
 
 
O QUE OS HOMENS PENSAM DESTA MULHER:

"O Facebook converteu-se no grande prostíbulo da putaria global. Quem quer putear sem ser na berma da estrada é para lá que se dirige.(E, no meio disto, Banguecoque, com os seus outrora vibrantes ’go-go bars’, virou uma aldeia pequena e pacata na nova geografia da oferta sexual.)"(do mesmo blog) 

***
O FRUTO DE UMA DIVISÃO ANCESTRAL:

HÁ UMA DIFERENÇA ABISSAL ENTRE A MULHER AUTÊNTICA E A MULHER COMUM DO NOSSO TEMPO, DIVIDIDA EM DOIS ESTERÓTIPOS BÁSICOS, A VIRGEM E A PECADORA...completamente formatado no inconsciente colectivo e ninguém se dá conta dessa formatação impingida à mulher desde que nasce, seja qual for a classe ou a cultura a que pertença.
O QUE ACONTECE  AGORA É QUE A MULHER MODERNA E "EMANCIPADA", A MULHER QUE  EXPÕE O CORPO OBJECTO E REIVINDICA A SUA "LIBERDADE" SEXUAL, NA REALIDADE QUER  TER A MESMA LIBERDADE QUE AS PUTAS...e ser respeitada na mesma...Ela quer ser a pecadora...mas ser respeitada como a virgem...
A questão torna-se confusa...estamos lá perto, mas não é invertendo os termos da questão que a mulher verdadeira se afirma livre e digna!
O FEMINISMO O QUE FEZ, AO ALIENAR-SE DESSA SECULAR DIVISÃO DA MULHER EM DUAS,  LUTANDO APENAS PELA IGUALDADE DOS SEXOS, E DIREITOS IGUAIS AOS HOMENS, NÃO VIU ESSA DIVISÃO ANCESTRAL NA MULHER ENTRE A SANTA E A PUTA E AGORA A CONFUSÃO GENERALIZA-SE...  
 
As feministas e intelectuais, as mulheres modernas do nosso tempo e cultura, desde as mais eruditas às menos cultas, e ainda as muito ignorantes, como é o caso da massificação do conhecimento das gerações mais novas que nada sabem, lidam com estes dois opostos sem ver a Mulher Real na sua dimensão ontológica, nem têm a menor consciência da sua verdadeira Natureza, ctónica e instintiva; elas consideram a sua intuição/emoção um valor menor ou menosprezam em si esses aspecto porque são excessivamente racionais e portanto não têm  noção alguma da sua dimensão do sagrado, ignorando que “a apreensão do divino faz-se pela dimensão do feminino”* por consideram que nas sociedades opressoras da mulher, nomeadamente a religião, tornou o papel exclusivo da mulher, reduzida a esposa e mãe como redutor...e quiseram ser livres sem perceber o que isso implicaria. Á partida elas tinham razão, mas daí partiram para todo o tipo de especulação mental e sem ver ou entender  uma realidade em que a Mulher é ora uma metade de si ora outra…E sem verem a dimensão e a plenitude do Ser Mulher em si, como um todo, nem puta nem santa,  partem para a reivindicação de uma igualdade entre os sexos...gerando-se toda essa confusão cultural que é resultado dessa divisão e da fragmentação do Ser Mulher à partida no Sistema patriarcal.Assim, o feminismo ao buscar a igualdade entre os sexos, sem ter em conta a dimensão do sagrado, e da ligação da mulher à Natureza, nem ver essa divisão da mulher em si, vai anular de certo modo as diferenças fundamentais entre o princípio feminino e o princípio masculino, entre o macho e a fêmea e retira à mulher o seu poder  pessoal naquilo que é inerente à sua essência e natureza profunda da qual foi desligada e por isso  impedida de atingir a dimensão cabal do seu ser impedindo-a por sua vez de ter acesso à consciência e expressão total do seu ser Mulher. Porque a Mulher é "o lugar onde se prova e experimenta a fonte transcendente de todas as coisas".*


Sem essa dimensão do transcendente e do sagrado ela é apenas a "consorte" do homem, anulada ou adulada pelo macho nas suas variantes culturais e sociais, mas ela é sempre vista ora numa função de reprodutora, mãe e esposa ora de objecto de prazer, no papel de amante/prostituta. Separados estes dois aspectos na mulher na tradição judaico-cristã e mais ou menos assumidos em separado nas mulheres em geral, o feminismo partiu da base errada – numa perspectiva positivista ateia e marxista da História - e nos nossos dias, vemos essa divisão subsistir no inconsciente das pessoas, homens e mulheres, embora com estereótipos diversos e contaminados pelas diferentes tentativas de atribuir a mulher um outro valor que não o seu próprio. Deriva ainda dessa circunstância a dicotomia da "santa e da puta” e toda a confusão inerente a esta cisão milenar dentro da própria mulher e estas expressões talvez desusadas são ainda comuns e populares (de acepção mais ou menos depreciativas) e representam a divisão intrínseca da natureza da mulher em duas naturezas distintas. O que não é mais do que a separação da sua natureza erótica e sensual e diria até iniciática (como antiga sacerdotisa da Deusa Mãe) por um lado e do outro a sua função maternal e reprodutora (o casamento instituição) e que assim se viram antagonizadas pelo catolicismo.
Não há afinal de contas "putas nem santas" mas a visão desses aspectos separados na Mulher é o que gera o conceito da mulher ordinária, vulgo puta ou vadia e da mulher "séria" honesta e fiel esposa, casta etc. e isso também padroniza o comportamento do homem em relação a cada mulher...se usas mini-saia...és p...se te vestes de maneira decente és pura…mas a questão crucial da identidade feminina de fundo ficou completamente por resolver com o feminismo e agora temos a mulher doméstica e comum, sobretudo a jovem, já não a prostituta, a querer ter os mesmos direitos da puta...   

Quando me perguntaram um dia se a "minha menina puta" (o que é uma forma insultuosa de o fazer) já saíra do porão e posto as suas flores no altar da deusa, alude-se àquilo que chamam a "prostituição sagrada" com essa acepção ou carga negativa do sexo e da mulher como prostituta...quer ela o expresse na sua maneira garrida de ser, provocante, quer ela o esconda e seja discreta e insípida. Querem os homens dizer com isto que a mulher, qualquer mulher tem sempre lá no fundo uma put…escondida que não assumiu e que se faz de sonsa...ou de santa, o que é típico do pensamento masculino misógino e machista onde também paira sempre uma pontinha de inveja...mas a questão não está nem aí...por agora.
Aquilo que hoje chamam de "prostitutas sagradas" não corresponde de forma alguma ao espírito do paganismo puro mas sim já ao preconceito religioso cristão que denegriu a função das sacerdotisas como iniciadores do amor da Deusa aos homens (a troco de oferendas à Deusa e não ao proxeneta ou ao chulo...explorador da prostituta). No espírito pagão original está implícita a liberdade da mulher em termos da sua expressão erótico/sensual ligada ao divino e ao sagrado e não haver ainda qualquer distinção ou divisão entre essas funções de mãe e de amante na mulher quer da expressões do corpo e do desejo da mulher.
Conclusão, a relação do homem com a mulher está completamente minada e viciada por esta dupla visão da mulher – ela ou é uma ou é outra - e o seu comportamento com ela, grosso modo - sendo quase sempre inconsciente - depende de como ele a vê de acordo com os estereótipos mais antigos, e assim, conforme  ela se comporta socialmente é identificada pelo que veste e usa ou a  forma como se  pinta, se usa decotes, como esta imagem mostra etc.. E por mais que a mulher venha para a rua e diga: "a minha sai curta nada tem a ver com você " - tem tudo a ver com o que o homem efetivamente pensa  do feminino a partir dessa divisão milenar da mulher  em santa e puta e que NINGUÉM QUER VER. 
 rosaleonorpedro
(*Michel Cazenave)

...e amassou-me em luz e trevas...



 A sombra da lua fui concebida rapaz e rapariga
mas quando nasci fui sacrificado Adão,
fui imolado aos vendedores da noite.
Minha mãe baptizou-me nas águas do mistério
para encher o vazio da minha outra essência,
colocou-me à beira de todos os abismos
e entregou-me ao estrondo das perguntas.

Dedicou-me à Eva das vertigens
e amassou-me em luz e trevas
para que me tornasse mulher centro e mulher lança
trespassada e gloriosa
anjo dos prazeres sem nome.

Estrangeira cresci e ninguém me colheu o trigo.
Desenhei a minha vida numa folha branca,
maçã que nenhuma árvore gerou,
mas depois rompi-a e saí dela
em parte vestida de vermelho, em parte branco.

Não habitei no tempo
nem estive fora dele
porque amadureci nas duas florestas.
Lembrei-me antes de nascer
que sou uma multidão de corpos
que dormi longamente
que longamente vivi
e quando me tornei fruto
conheci o que me esperava.

Pedi aos feiticeiros que cuidassem de mim
e levaram-me com eles.
Era
o meu riso
terno
a minha nudez
azul
e o meu pecado
tímido.

Voava numa pena de pássaro
e fazia-me travesseiro na hora do delírio.
Eles cobriram-me o corpo de amuletos
e untaram-me o coração com o mel da loucura.
Guardaram os meus tesouros e os ladrões dos meus tesouros
trouxeram-me silêncios e histórias
e prepararam-me para viver sem raízes.

 E fui-me embora a partir daí.
Nas nuvens de cada noite reincarno
e viajo.
Só eu me despeço de mim
só eu me abro a porta.
O desejo é o meu caminho e a tempestade a bússola.
Em amor, em nenhum porto lanço ferro.
Abandono à noite a maior parte de mim mesma
e reencontro-me apaixonadamente.
Misturo fluxo e refluxo
vaga e areia da margem
abstinência da lua e os seus vícios
amor
e morte do amor.
De dia
o meu riso pertence aos outros
e é meu o meu jantar secreto.

Conhecem-me os que entendem o meu ritmo,
seguem-me
mas não me alcançam nunca.

 (Tradução: Pedro Tamen- Laureano Silveira)

domingo, novembro 17, 2013

Doris Lessing, morreu este domingo aos 94 anos.

 
 
 
 
 
"O que é que raio havemos de dizer desta? Ainda por cima não gosta que lhe chamem feminista"
Doris Lessing


A escritora britânica Doris Lessing, que recebeu em 2007 o Nobel da Literatura, morreu este domingo aos 94 anos.
Autora de mais de 50 romances e com uma obra diversificada, Lessing foi descrita pela Academia Sueca, que lhe atribuiu o Prémio Nobel da Literatura em 2007, como "uma épica da experiência feminina que, com cepticismo, fogo e poder visionário, sujeitou uma civilização ao escrutínio". 
Doris Tayler, que como escritora veio a adoptar o apelido do seu segundo marido, Lessing, nasceu a 22 de Outubro de 1919 em Kermanshah, no Curdistão iraniano, então integrado no reino da Pérsia. O pai, o capitão Alfred Tayler, tinha perdido uma perna na primeira guerra e conhecera a futura mãe de Doris, a enfermeira Emily McVeagh, no hospital onde recuperava da amputação. Quando Doris nasceu, os pais viviam em Kermanshah, onde o ex-militar conseguira emprego, trabalhando como escriturário num banco.
Em 1925, a família mudou-se para a colónia britânica da Rodésia do Sul, onde Tayler acreditava poder enriquecer plantando e vendendo milho. Investiu as poupanças na compra de uma grande extensão de terreno, mas o negócio revelou-se ruinoso e a família passou dificuldades. Doris estudou numa escola dominicana, em Salisbúria (hoje Harare, no Zimbabwe), mas abandonou os estudos aos 14 anos, tendo continuado a sua instrução por conta própria, lendo romancistas ingleses e russos.
Um ano depois abandona também a casa paterna e sobrevive trabalhando como enfermeira, criada, telefonista, secretária. Aos 19, casa com Frank Wisdom, um funcionário público, de quem terá dois filhos. O casamento não dura muito.
Em 1943, já divorciada, frequenta as reuniões do Left Book Club, um clube do livro organizado por intelectuais comunistas e adere ao Partido Comunista, então proibido na colónia do Rodésia do Sul. Este período de militância clandestina aparecerá mais tarde reflectido em A Ripple From the Storm (1958), um dos cinco romances do ciclo The Children of Violence, que Lessing inicia em 1952 com A Revoltada (Martha Quest).
(...)

Doris Lessing tinha 88 anos quando recebeu o Nobel da Literatura. O prémio nunca tinha sido atribuído a um escritor tão idoso. “Como não podiam dá-lo a alguém que já tivesse morrido, devem ter achado que era melhor darem-mo logo, antes que eu batesse a bota”, comentaria mais tarde. Charlye Redmayne, da editora HarperCollins, descreve Lessing como “uma brilhante contadora de histórias com um intelecto feroz e um coração afectuoso e que não tinha medo de lutar por aquilo em que acreditava”.
O escritor sul-africano J.M. Coetzee, que conhece bem o mundo que moldou a obra de Lessing e que a precedeu quatro anos na lista dos prémios Nobel da Literatura, chamou-lhe "uma das maiores romancistas visionárias do nosso tempo".´
in publico - cultura

sexta-feira, novembro 15, 2013

O SOFRIMENTO DAS MULHERES...





 "Las mujeres llevan dentro de la estructura celular de sus cuerpos la impronta de toda la creación, llevan la conciencia no sólo de su propio sufrimiento, sino también del sufrimiento de la tierra: las heridas y la profanación causada por una cultura patriarcal que ve a Dios en el cielo. El dolor que muchas mujeres sienten en el núcleo de su ser es también el dolor sin acuse de recibo de la tierra aislada de esta forma del pensamiento masculino divino-explotador, dañino y profanador que es esta cultura patriarcal.
Este sufrimiento también necesita ser aceptado y santificado, para que así la energía de vida pueda fluir libremente dentro de la tierra.
La tierra ha llorado y las mujeres han escuchado su grito y sentido sus lágrimas."


~ Llewellyn Vaughn-Lee.~
 
in Trece Lunas: Energía Divina Femenina

CASAR AS DUAS MARIAS...

 
TORIS AMOS - uma Mulher incrível..
 

"No cristianismo tradicional, as falsas divisões deram-nos duas personagens: a Virgem Maria e Madalena. Claro, para que uma cristã se sentisse realizada, estas duas personagens deviam ser unidas - e não polarizadas... - na sua psique. A Virgem Maria foi desprovida da sua sexualidade conservando a sua espiritualidade, enquanto que Maria Madalena foi despojada da sua espiritualidade ficando apenas com a sua sexualidade. Ora cada uma delas devia aceder à sua plenitude. É o que eu chamo "casar as duas Marias"... *

*Tori Amos - in Os Segredos de Maria Madalena, ed. Via Medias, 2006 
 

O MISTÉRIO SAGRADO DA VIDA

 
A MULHER É UM IMENSO MISTÉRIO

"A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará. É o mistério sagrado da própria vida. É através do corpo feminino que a vida se concretiza no plano físico. A mulher é a Natureza humanamente repre...sentada em suas curvas, saliências e reentrâncias: ela é o rio sinuoso que hipnotiza o olhar, montes que graciosamente se elevam da superfície, cavernas escuras que guardam segredos..."

Ricardo Kelmer
 

segunda-feira, novembro 11, 2013

O ENCONTRO COM A MÃE DIVINA





 “O encontro com a Mãe Divina é uma etapa essencial para a nossa consciência, totalmente incompreensível para o intelecto. Porque a Grande Mãe é o Todo. Ela é o próprio Corpo da criação, Ela sustem o universo, a sua Essência está em todo lado. E a sua Essência é Amor puro. Ela é a Matriz última, da qual somos todos filhos.
(…)
Ela levanta para nós o véu da Ilusão, e convida-nos a vê-La em tudo. Ela reina sobre todas as manifestações do elemento água, quer sejam físicas ou mais subtis.”

MEM – 13

Marie Elia – Rencontres Avec la Splendeur

A mulher que ouve a sua intuição


TOMAR POSSE DO INSTINTO SELVAGEM

"A mulher que ouve a sua intuição, que percebe os seu sonhos, que ouve a voz interior das velhas e das mulheres guerreiras de sua ancestralidade e que possui o olhar suspeito dos desconfiados, essa sim, é uma ameaça ao predador natural da história e da cultura. Por isso o predador tem medo dela quando ela percebe a violência de seu algoz. Para dominar esse predador que está dentro dela, e fora dela na sua cultura, ela precisa tomar posse de seu instinto selvagem, de seus poderes intuitivos, de seu ser resistente, ser guerreira, ser questionadora, ter insight, ter tenacidade e personalidade no amor que procura, ter percepção aguçada, ter audição apurada, ouvir os cantos dos mortos, ter sensibilidade, ter alcance de visão, cuidar de seu fogo criativo, ter espiritualidade, mesmo que para tudo isso ela sofra, ela sangre, ela trema, ela se rasgue e grite ou que vá ao fundo do poço do sofrimento humano para renascer mais bela !!!!! É UMA LUTA DELA CONTRA ELA MESMA. O predador natural da história faz com que ela se sinta ESGOTADA, mas mesmo assim ela vence, se quiser vencer. Ela renascida fará renascer também seus descendentes, inclusive os masculinos."

Eliane Potiguara

A RELAÇÃO FALHADA COM A MÃE




REFLEXIONES SOBRE  LA VIOLENCIA INTERIORIZADA EN LAS MUJERES
                         Casilda Rodrigáñez Bustos.  Vitoria, noviembre 2003

  
La mujer se encuentra desde el principio sin una forma propia de existir, como si el existir de la mujer se hallase ya incluído en una forma de existir  (mujer, madre,hija, etc.) que la niegan en cuanto a mujer.   Ser madre significa existir y usar el propio cuerpo en función del hombre,  y por lo tanto una vez más carecer del sentido y del valor del propio cuerpo y de la propia existencia  a todos los niveles. Esta negación de sí misma es interiorizada  a niveles tan profundos  que es como si las mujeres, a lo largo de toda su historia,  no hiciesen más que repetir esta experiencia de autodestrucción. Por eso, el discurso sobre la violencia masculina,  sobre la vejación, sobre la dominación, sobre los privilegios, etc.  seguirá siendo un discurso abstracto  si no se tiene en cuenta el aspecto interiorizado de la violencia , la violencia como negación de la propia existencia. La negación de sí misma empieza a funcionar desde el nacimiento,  a partir de la primera relación con la madre ,  donde la madre no está presente  como mujer con su cuerpo de mujer,  sino que está allí  como mujer del hombre, para el hombre (...) 
El hecho de que la niña viva la relación con la persona de su sexo  sólo a través del hombre,  con esta especie de filtro que hay entre ella y la madre,  es la razón más profunda de la división que encontramos entre una mujer y otra mujer;  las mujeres estamos divididas en nuestra historia desde siempre, (...) al no conseguir mirarnos la una a la otra,  al no ser capaces de contemplar nuestro cuerpo  sin tener siempre presente la mirada del hombre.(...) 
Del hecho de que la mujer no encuentra en la relación la madre  el reconocimiento de su propia sexualidad,  del propio cuerpo,  procede después  toda la historia sucesiva de la relación con el hombre como relación donde la negación  de todo lo que tú eres,  de tu sexualidad,  de tu forma de vida,  ya se ha producido. 
Lea Melandri. La infamia originaria (1) (subrayados de ella)

sexta-feira, novembro 08, 2013

NÃO HÁ IGUALDADE DE "GÉNEROS", HÁ DIFERENÇA DE SEXOS...


“ A nossa sociedade pretende impor a imagem de homens e mulheres absolutamente iguais, indiferenciadas, intercambiáveis. Homens e mulheres, é a mesma coisa, não existe nenhuma diferença, e eles devem fazer a mesma coisa. É isto o que a sociedade tenta vender a toda a força e se você disser que não, (eu continuo a pensar que não é nada parecido, e não somente eu continuo a pensar que não é a mesma coisa, como  quero que não seja nada parecido porque  eu   penso que  isso  é o produto da civilização e eu refiro-me a  esta civilização), você passa por ser um odioso macho fascista etc.  -  Eric ZEMMOUR

 É esta ideia de igualdade, baseada na cultura e na psicanálise que gerou uma grande confusão de conceitos e de propósitos; esta ideia de que o homem e a mulher são iguais, que não existe nenhuma diferença entre eles e que devem fazer as mesmas coisas, como ir a guerra ser soldado ou ser promiscua a mulher, ter muitos homens como o homem tem o direito de muitas mulheres etc. é esta ideia absurda que  nós, as  Mulheres integrais, as  que temos consciência e a experiencia de que somos diferentes, muito diferentes dos  homens,  temos de combater com toda a nossa fúria uterina; sim devemos lutar com toda a força do Útero e dos Ovários que eles, machos  não têm, e que é esse  o dom e o “mistério” da Mulher essência,  que a sua ciência tenta diminuir tentando branquear o poder de dar a vida, que  nos responsabiliza de forma diferente e para além de Mães nós sermos as legítimas representantes de Gaia, a  Natureza e a Terra e temos de estar do seu lado e do lado dos filhos que não queremos que vão a Guerra ou sejam soldado ou destruam o Planeta. 

Nós Mulheres, nascidas mulheres, queremos manifestar a nossa natureza intrínseca, nós queremos ser unas e manifestar o poder do nosso coração, o poder do amor e da paz. Nós, Mulheres Conscientes de si, e  da inteireza do nosso ser: corpo sexo alma e espírito – cientes dessa integralidade, não mais a santa e a puta, a esposa e a concubina ou hetaira, nós sabemos da diferença profunda que existe, do que é a força do macho e a força da fêmea – e por mais que se complementem elas são diferentes, opostas e complementares – nós acima de tudo queremos Paz…essencialmente Paz…e o resto vem por acréscimo!

A mim não me vão chamar “odioso macho fascista”, mas vão-me chamar retrógrada e conservadora…mas pouco me importa, pois é esta confusão de sexos e funções – e eu não estou a defender que a mulher deva voltar para o lar…tomar conta dos filhos e cozinhar para o homem! –  é o que leva mais uma vez à grande alienação da mulher e ao branqueamento da sua História – por contar  e da sua Natureza ontológica.  

Esta teoria do género que leva às mais fantásticas ou fantasmáticas  elucubrações do que é o ser humano, com  as suas transsexualidades e "transgéneros", esta sociedade patológica focada no ânus e no falo, ao definir socialmente, a partir do efeito perverso das sociedades de dominação patriarcal e de controlo do ser humano, nomeadamente da mulher - colonizada há séculos pelo Homem -  ao dizerem que os homens são iguais às mulheres   e vice-versa, querem,   mais uma vez na história desta Humanidade, negar e anular a Verdadeira Mulher…a Mulher ctónica, a mulher ancestral, a Bruxa e a Megera, a Mulher com garras , selvagem, aquela mulher que eles há séculos destruíram e continuam a querer anular nas suas teorias sociais e psicológicas, nas suas psicanálises etc. servidos por mulheres/animus/machas que nada têm de feminino e muito menos de Sagrado…usam a sua mente especulativa e racional em detrimento da sua emoção/sentimento e coração, desprezam a sua intuição e percepção extra-sensorial para se entregarem a especulações mentais e intelectuais sobre a natureza social das mulheres que “não nascem mulheres, mas se tornam mulheres” e dos seres humanos homens que sofrem directamente a sua castração da falta de uma Mãe protectora e amorosa, para terem uma mãe autoritária e castradora, e que entretanto e à custa de tantas aberrações, esta “civilização” anómala e injusta que criou monstros, e converteu os seres humanos em animais racionais e lógicos, em máquinas de sexo, em sub-produtos humanos que só  se reproduzem, “produzem, consomem e morrem”…optando por fazer  operações plásticas ou estéticas para corresponderem a essas imagens estereotipadas de mulheres travestis e putas que tem na cabeça, uns e outros,  em que tudo vale, não o tirar olhos…da sua bíblia, mas tirar pénis ou por pénis, por seios ou  tirar seios, tirar ovários ou tirar o útero  …onde reside a verdadeira força e identidade da mulher e a sua Palavra…
Chamem-me à vontade o que quiserem…e dêem Prémios às dondocas estúpidas, do Sei Lá, que escrevem literatura de Bordel em que todos/as são máquinas de sexo, e às cientistas e escritoras que difundem a maior miséria sobre este caos do ser ou Não ser Mulher…onde a mulher se perdeu…e ainda se busca…

Rosa Leonor pedro

quinta-feira, novembro 07, 2013

LIBERTARMO-NOS DE UM FALSO FEMINISMO


UMA VISÃO DESASSOMBRADA DO MAU  FEMINISMO...


(mas as mulheres feministas terão muito dificuldade em engolir isto... aviso)


- "Na década de 1970, as feministas emancipam-se adoptando códigos do desejo de homens que põem à distância o sentimento, ao sabor das suas pulsões. Não tendo sido capazes de se tornarem como os outros homens, hoje exigem que os homens se tornam mulheres como as outras. Para elas, a igualdade é uma indiferenciação, do tipo o género vai abolir o sexo, sendo por essência a mulher uma vitima, a prostituta - mesmo quando ela se sente livre e autónoma - ela é uma vitima ao quadrado, porque ela foi mitificada. Faremos então o seu bem, apesar de contra ela, como nos velhos bons tempos dos regimes totalitários." - Eric ZEMMOUR


Aqui está um ponto que as feministas nunca consideraram por não verem essa cisão essencial na mulher, a começar dentro de si próprias...elas não viram que não se trata de uma questão de género, mas de essência feminina e que isso implicaria uma integração das duas mulheres divididas pelo patriarcado.
Elas NÃO REFLECTIRAM SOBRE ESTA QUESTÃO CRUCIAL DO PORQUÊ DA PROSTITUIÇÃO...e do Casamento Instituição; elas aceitaram essa condição de serem dividas em duas partes  e da metade da sua "espécie" ser reduzida a objectos sexuais, e a outra metade a reprodutoras da espécie Homem e apenas quiseram que as prostitutas tivessem direitos e garantias de assistência médica e social aceitando a sua indignidade e sofrimento, aceitaram que mulheres se vendessem como mercadoria...e fossem mercado e exploradas por fim por Mafias...como o forma sempre por gigolos ou proxenetas...
Elas passaram por cima dessa cisão da mulher e erraram totalmente nas suas premissas de género. Porque toda  a Mulher é Mulher e uma só mulher - sejam elas prostitutas ou lésbicas - e não são iguais ao homem. De maneira nenhum, e esse foi um erro crucial. Confundiram-se direitos e liberdade com "igualdade de géneros"...
Ora nós não queremos nem somos iguais aos homens.
Nós temos é de resgatar a Mulher Original, a mulher ancestral, o nosso poder pessoal de fêmeas de acordo com o nosso matrimónio genético, não "património" (nós não pertencemos ao Pai...mem ao Estado nem a Economia...) e para ter consciência da nossa verdadeira dimensão de Ser Mulher temos de acabar com esta divisão com se ela fosse normal ou natural...e isso passa inevitavelmente por unir as duas mulheres cindidas, a santa e a puta, e não inverter esses valores e tornar todas as mulheres putas...ou todas iguais, as santas e as putas e as lésbicas ou as ninfómanas as histéricas, não, porque nós não vamos nem podemos continuar a aceitas que a mulher seja vítima deste crime horrendo  contra a nossa humanidade ea continuar a alimentar e a produzir "os filhos da puta".
E é precisamente por isso  que não queremos a igualdade de géneros, a da liberdade da mulher ser tão activa e promiscua como os homens, nem identificá-la com a sexualidade exclusivamente...ou estimulá-las a serem soldados e polícias etc.
A questão do feminismo - e o sagrado feminino - tem de ter a ver sim,  com a nossa essência, com  a nossa Alma...e voltar a reunir a nossa psique fragmentada em duas ou mais metades. Ou seja, ver e saber que a mulher, toda a mulher tem o direito isso sim, de ser simultaneamente sensual e casta, mística e devassa, pura e erótica, sim, ela tem todo o direito de ser ela própria nas suas qualidades intrínsecas e não modelada pelos conceitos e atributos do patriarcado, a sua moral que a quer só perfumada e submissa, fiel e serva!
Leiam e reflitam com toda a atenção...
rlp

segunda-feira, novembro 04, 2013

Sou a guardiã




" Sou a guardião bem e do encontro dos opostos. Os beijos no meu corpo são as feridas de quem tentou. Da flauta das duas coxas sobe o meu canto, e do meu canto a maldição espalha-se em água sobre a terra."
Jumana haddad

O convívio entre mulheres...não é fácil


DESATEMOS AS CORDAS...

 
 

Ninguém, espera que as mulheres de um dia para o outro, depois de séculos de rivalidade e competição acérrima com as outras mulheres, possam ser amigas e confiar incondicionalmente umas nas outras. Não pretendo nem nunca pretendi ou defendi isso. Já vi muito bem e durante muitos anos a forma como, simulando que estão em sintonia umas com as outras, em pequenos ou grandes grupos, mesmo partilhando coisas e ideias  comuns, tudo muito lindo à partida, tudo  muito conivente, ou muito cor-de-rosa, sejam espiritualistas, feministas ou revolucionárias, seja no trabalho, as mulheres á primeira oportunidade lhes salta a inveja e a raiva, a competição e a tentativa de superiorização...e isto sem se dar por isso....mas por vias ínvias aparece sempre uma a querer vencer a outra ou ganhar protagonismo num grupo ou a lutar para passar por cima da outra e ainda como se forjam amigas e admiram ou competem para ser mais amigas de A e de B para se manipularem as situações para haver ascendência afectiva ou de outros interesses, reproduzindo velhas cenas familiares de intriga antiga entre amigas irmãs e mães...etc.
O pior é que tudo isso se passa de forma inconsciente e sub-reptícia...Há muita susceptibilidade a permear esses encontros...
Por isso aconselho a todas as mulheres que convivem e vivem em grupos, que reúnem para fins alternativos, a uma grande vigilância sobre si e atenção ás suas reacções e sentimentos...às suas antipatias e simpatias...pois por vezes manipulamos e somos manipuladas afectivamente e não percebemos porquê nem como.
Para se estar com mulheres em grupos, virtuais ou não, é preciso ter muita consciência psicológica...saber muito bem de si e ter um grande despojamento do ego.
O ego é um inimigo sempre à espreita (eu sou boa eu sou melhor do que ela e eu sou assim e assado, eu sei tudo e ela não sabe nada, eu sou a mais bela...) quando não é apenas a protecção natural de uma persona social...que todas somos obrigadas a usar em comunidade ou em sociedade e sem ele corremos o risco de sermos engolidas pela mente alheia. Não digo que isto se passe só com mulheres mas é com mulheres muito  mais acentuadas  estas questões do que entre homens, fruto dessa velha e antiga trivialidade e competição...vejam só...pelo macho!
Mas quando chegamos a um certo nível de entendimento e de consciência e queremos fazer  um trabalho em profundidade com mulheres e a sua realidade e o seu saber milenar,  isso implica sinceridade e abertura, entrega e confiança e então temos de deixar cair as máscaras e perder o medo...temos sempre que arriscar um pouco...mesmo que não seja 100 por cento garantida a confiança, o que é mais do que normal, é possível confiar um mínimo dentro destas premissas.
Senão fizermos isso também não se faz nenhum trabalho válido em grupo e  estamos  apenas a fazer de conta...que somos mulheres em busca de si...
Confiar umas nas outras é portanto preciso.
RLP


Por isso de vez em quando é bom lembrar...

“As conexões com e entre as mulheres são as mais temíveis, mais problemáticas e as forças mais potencialmente transformadoras do planeta.”  Adrienne Rich