O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

AS MULHERES SEM MÃE...

DESDE MENINAS,
AS MULHERES SÃO PRIVADAS DE MÃE...

Ao ouvir uma canção dedicado à Mulher Mãe, quando o autor da canção estabelece a comparação entre o amor de mãe e o amor da amante, e de querer voltar a ser menino para chorar nos braços da mulher amante e receber o seu conforto de mãe, nessa dupla natureza do amor entre homem e mulher, fez-me pensar numa coisa terrível...que as mulheres e as meninas, preparadas para serem mães desde crianças, nunca poderem ser as meninas de sua mãe...Isso... é uma raridade, pois as mães, a grande maioria das mães, recusa essa ternura às filhas já adolescentes, gerando conflitos de vária ordem entre mãe e filha, competição e  rivalidade como mulheres,  luta pelo pai...
Isso acontece com as filhas, as raparigas e não com os rapazes, donde essa grande carência de mãe nas raparigas levá-las ao amor do homem e do pai, para que possam reflecti-la em amor devocional aos filhos - nessa estranha e paradoxal ordem das coisas que é ser-se tanto ou mais maternal quanto mais se sente essa carência de mãe...e que projecta as mulheres nessa ansia de serem mães...como única finalidade e propósito de vida, como único destino, para encher o grande vazio da sua identidade.
Essa é uma estranha proporção, a da falta do amor da mãe em nós mulheres, que faz com que quanto mais nos falte essa mãe e mais criança nos sentirmos e desprotegidas, mais iremos dar e proteger os nossos filhos...dando todo o amor que nos falta em compensação...Sim é um paradoxo. E  nele assenta basicamente a necessidade visceral  que a mulher tem de ser mãe para lá da sua natureza ontológica, como uma premência afectiva por defeito,   pois a mulher que não conheceu em plenitude o amor da mãe, para além de bebé...fica anulada na sua própria essência. Não desenvolve uma estrutura completa de ser individual. 
O que acontece por regra, é que, uma vez  chegada a filha à adolescência, a mãe afasta ou rejeita a filha para ela procurar no pai, ou muitas vezes a mãe, no homem (no homem maternal e protector), enquanto que protege e ama exacerbadamente o filho macho,  nascendo daí quase todos os equívocos e malefícios entre os sexos nesta sociedade patriarcal, que priva a mulher do amor da mãe para ser ela exclusivamente mãe e serva do pai e marido...anulando-a com individuo autónomo. Enquanto que o rapaz pode amar ser excessiva ou  possessivamente amado pela mãe, gerando efeitos nefastos, como sejam, a  sua castração ou a sua impotência - ódio às mães e às mulheres.
No caso das mulheres, é como se a filha nunca tivesse direito ao amor da mãe e sim apenas a ser mãe...do homem!

Este aspecto é muito pouco abordado ou focado pela psicologia em geral, e uma das explicações da psicologia  é a que justifica  essa rejeição da filha pela mãe  a fim de  que a  jovem desvie a sua atenção do amor da mãe - sendo que a mãe é o nosso primeiro "objecto de desejo"- , para o projectar no Pai homem, o que já não acontece com o rapaz...ele pode ser amado pela mãe e depois buscar na mulher a mãe...e aí começa uma saga enorme, histórica e cultural,  de como a mulher fica prisioneira do pai e do homem dentro de um ciclo vicioso e isso acontece justamente porque ela não tem identidade própria - pois essa ser-lhe-ia dada pela mãe...pelo amor da Mãe... pela linha matrilinear...
Freud não passou do Complexo de Édipo - o amor do filho pela mãe e vice-versa - e Jung, creio que inverteu a questão da anima e do animus à partida...Eles, como alias o confessa Freud, não compreenderam o problema real da Mulher em si, uma vez que para eles o Homem era o único legítimo objecto de estudo e de conteúdo...e a mulher só vinha por acréscimo...
Assim, na minha perspectiva e experiência, a mulher tem de resgatar para si também a sua mãe, ser a menina de sua mãe...e criar com ela laços de amor e paixão sem medo de a amar, para recuperar um identidade perdida, porque o amor tem de ser a plenitude da mulher e a sua expressão natural e não amar compulsivamente por carência e prisioneira de um sistema que a torna totalmente sujeita ao poder do Pai, do Filho e do Amante...

Voltarei ao tema...

rlp

7 comentários:

Anónimo disse...

Óh Rosa, esta é mesmo para mim... sentir-me menina da minha mãe... queria tanto, mas não sei já como é a sensação... julgo que nem ela saberá já ser minha mãe... já faz tanto tempo...
Tornamo-nos a determinado momento companheiras, de igual para igual... ou às vezes quem sabe, se inverteu o papel.. sinto-me muito mais mãe... sabe, queriam tanto sentir-me muito mais filha... como gostava...
Volte ao tema, que eu voltarei de certeza...
Carla Moreira

rosaleonor disse...

Voltarei com certeza Carla, porque este é o meu tema preferido...e compreendo-a muito bem...não esqueça que a sua mãe também não teve mãe e isto é um ciclo vicioso...é por isso que tantas de nós por falta de amor da mãe se torna mais tarde na vida, a mãe da nossa mãe...
Um abraço maternal!


rleonor

Anónimo disse...

Sem dúvida...
Hoje, estando a minha avó materna a despedir se desta existência, vejo na minha mãe a menina, que talvez nunca tenha sido... Perdida e desamparada...
Mas eu estou aqui, para num abraço profundo dizer lhe, amo-te mãe... E tudo vai ficar bem...acredita eu sei...
Beijo doce querida Rosa...
Carla

Unknown disse...

Li este texto e senti vontade de te enviar.

""Ao longo dos tempos, entre os Kiowa, Cherokee, Iroquois, Sêneca e em várias outras tribos nativas norte-americanas, as anciãs contavam e ensinava, nos "Conselhos de Mulheres" e nas "Tendas Lunares", as tradições herdadas de suas antepassadas. Dentre várias dessas lendas e histórias, sobressai a lenda das "Treze Mães das Tribos Originais", representando os princípios da energia feminina manifestados nos aspectos da Mãe Terra e da Vovó Lua. (...)
Conta a lenda que, no início da no nosso planeta, havia abundância de alimentos e igualdade entre os sexos e as raças. Mas, aos poucos, a ganância pelo ouro levou à competição e à agressão, a violência resultante desviou a Terra de sua órbita, levando-a a cataclismos e mudanças climáticas. Em consequência, para que houvesse a purificação necessária do planeta, esse primeiro mundo foi destruído pelo fogo.
Assim, com o intuito de ajudar em um novo início e restabelecer o equilíbrio perdido, a Mãe Cósmica, manisfestada na Mãe Terra e na Vovó Lua, deu à humanidade um legado de amor, perdão e compaixão, resguardado no coração das mulheres. Para isso, treze partes do Todo representando as treze lunações de um ciclo solar e atributos de força, beleza, poder e mistério do Sagrado Feminino. Cada uma por si só e todas em conjunto, começaram a agir para devolver às mulheres a força do amor e o bálsamo do perdão e da compaixão que iriam redimir a humanidade. Essa promessa de perfeição e ascensão iria se manifestar em um novo mundo de paz e iluminação, quando os filhos da Terra teriam aprendido todas as lições e alcançado a sabedoria.
Cada Matriarca detinha no seu coração o conhecimento e a visão e no seu ventre a capacidade de gerar os sonhos. Na Terra, elas formaram um conselho chamado "A Casa da Tartaruga" e, quando voltaram para o interior da Terra, deixaram em seu lugar treze crânios de cristal, contendo toda a sabedoria por elas alcançada. Por meio dos laços de sangue dos ciclos lunares, as Matriarcas criaram uma Irmandade que une todas as mulheres e visa a cura da Terra, começando com a cura das pessoas. Cada uma das Matriarcas detém uma parte da verdade representada, simbolicamente, em uma das treze ancestrais, as mulheres atuais podem recuperar sua força interior, desenvolver seus dons, realizar seus sonhos, compartilhar sua sabedoria e trabalhar em conjunto para curar e beneficiar a humanidade e a Mãe Terra.
Somente curando a si mesmas é que as mulheres poderão curar os outros e educar melhor as futuras gerações, corrigindo, assim, os padrões familiares corrompidos. Apenas honrando seus corpos, suas mentes e suas necessidades emocionais, as mulheres terão condições de realizar seus sonhos.
Falando suas verdades e agindo com amor, as mulheres atuais poderão contribuir para recriar a paz e o respeito entre todos os seres, restabelecendo, assim, a harmonia e a igualdade originais, bem como o equilíbrio na Terra."

Fonte: http://setasparaoinfinito.blogspot.com.br/2014/02/13-luas-13-forcas-13-energias-para-cura.html

Abraço, Kris

Karina Cadori disse...

Haaa coisa que raras vezes tive..sinto que sempre fui vista como rival, desde menininha.. hoje quebro o ciclo vicioso com minha filha. Gratidão Karina Cadori

rosaleonor disse...

Bem vinda Karina! Dê sempre notícias...
abraço maternal!

rleonor

rosaleonor disse...

Kris, muito obrigada pelo seu texto. Muito bom!
Vou publicá-lo na próxima postagem!
Grande abraço

rleonor