O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, março 12, 2014

NOSSA HUMANIDADE - HOMEM MULHER


 
LÍNGUA É ULTRA SEXISTA

“Qualquer livro em língua inglesa que trate da psique da humanidade está fadado, mais cedo ou mais tarde, a defrontar-se com o problema do sexismo linguístico. O inglês é tão dominado pelo elemento masculino que, a não ser por meio das mais incríveis acrobacias linguísticas, é difícil deixar de dar a impressão de que o mundo é habitado só por homens. Esse facto é altamente significativo para o presente estudo, uma vez que demonstra até que ponto o mundo anglo-saxónico é escravo de determinada forma particular de consciência – o ponto de vista tipicamente masculino – à custa de todas as outras possibilidades. Essas possibilidades são os “deuses” do meu título.

Eu gostaria, portanto, de tornar claro às minhas leitoras que sempre que eu empregar o termo genérico “homem”, estou a referir-me também à mulher; e que as formas pronominais “ele”, “seu”, e “o” poderiam ser substituídas pelas formas “ela”, “sua” e “a”, e que este é um assunto peculiar para se tratar no início de um livro cujo objectivo é ajudar o “homem” ocidental a redescobrir as partes perdidas que por definição incluem o lado feminino “dele”…”

Esta introdução a um livro de Theoterapia e Cura…cujo autor não tenho presente neste momento (nem o livro, que emprestei…) remete-nos para uma questão crucial que é comum a todas as línguas…não é portanto só a língua inglesa que é sexista, mas também o português e muitas outras línguas, tirando algumas excepções, e portanto este é um facto que ultrapassa a questão linguística e nos remete para a questão social e psicológica como o Sistema falocrático e a sociedade patrista, omite e demite a mulher da própria linguagem. E embora sendo muito simpático da parte deste autor querer referir que quando diz “homem “ quer dizer também Mulher – o que muitos homens simpáticos dizem - isso não nos soluciona o problema nem muda nada na nomenclatura dos nossos dias…

Tenho escrito e lido e proposto que se diga em vez de Homem, Ser Humano ou, – embora haja quem diga que é também masculino o ser humano (o “O”), o que já não é o caso da Humanidade” mas que considero ser bem mais abrangente de que o termo corrente “homem”.
E queria justamente salientar de como hoje em dia, leitora de muitos livros e ouvinte de muitas palestras, a que assistem maioritariamente mulheres (para não dizer esmagadoramente), e em que os conferencistas e mesmo mulheres dizem “o Homem” sistematicamente às vezes falando de si e só para mulheres, porque é gramaticalmente correcto…Ora, isto é absolutamente inaceitável nos nossos dias, senão mesmo ridículo, porque na verdade não faltam termos alternativos com que possamos substituir estes termos e expressões de forma neutra, como é o caso de “ser humano”, a pessoa humana, ou mesmo a “humanidade” – em vez de se dizer homem para tudo…e nem é preciso fazer essas “incríveis acrobacias linguísticas”, basta atenção e bom senso…

Francamente quando leio sobre o Homem, qualquer frase ou parecer  – pergunto-me sempre se o assunto diz ou não respeito à Mulher…e parece-me quase sempre que não diz, de facto…os temas e assuntos escritos e tudo o que se debate em geral é no masculino quase sempre e tem a ver só com os homens, “os direitos do homem”…ou o homem  “manqué” que as mulheres intelectuais se tornaram, representantes do animus (e não da anima), a lógica que usam contra si mesmas, a razão que nunca é delas, mas que elas defendem…
Por mim sempre que um orador começa a dizer muitas vezes “o homem” assim e o homem assado e frito e cozido...ele fez tudo e até faz nascer os filhos  etc.  …eu só tenho vontade de sair da sala e desafiar as mulheres a fazer o mesmo…

Rosaleonorpedro

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