O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 15, 2014

Libertação ou Repressão?

 
A MULHER COMO OBJECTO E A ABJECÇÃO SEXUAL...
 
A falácia da liberdade sexual e as novas formas de dominação…

 Esta falsa libertação sexual da mulher: “ é só uma forma de nos encaixar em um novo papel pré definido em que devemos ter um determinado comportamento para receber aceitação masculina.”

 

“O valor da mulher ainda é completamente ligado à necessidade do homem. O mundo hoje é muito mais sobre saciar a fantasia sexual masculina de disponibilidade ilimitada de mulheres do que sobre a liberação sexual feminina de verdade – todo cara quer uma coelhinha da Playboy. Essa falsa “liberação sexual” é só uma forma de nos encaixar em um novo papel pré definido em que devemos ter um determinado comportamento para receber aceitação masculina. A gente aprende a internalizar nossa própria objetificação e confunde isso com liberdade sexual quando é só uma nova prisão – diferente da de antes, mas ainda prisão.

 
A jornalista do The New Yorker Ariel Levy escreveu um livro intitulado “Female Chauvinist Pigs: Women and the Rise of Raunch Culture”, em que aprofunda essas questões e critica o mundo super sexualizado em que as mulheres são objetificadas, objetificam umas as outras e são encorajadas a se  tornarem objectos. “É a ideia de que a sexualidade feminina é sobre performance, e não sobre prazer”;  diz a autora, explicando que é comum mulheres  participarem de atividades sexuais que não expressam seus desejos individuais, mas são designadas para tornarem essa mulher desejada ou causarem prazer para o homem observador. Se é para falar de objetificação e a violência contra mulheres que isso gera, a pornografia jamais poderia ficar de fora. Terreno fértil para todo tipo de violência, estatísticas e depoimentos aterradores mostram a realidade obscena dessa indústria. Existe uma óbvia desconexão entre ser sexy  e o sexo em si. Ser sexy é plastificado e pasteurizado, alcançável em meia dúzia de regras ensinadas pela mídia – ou melhor, pelos homens da mídia: seios grandes, cintura fina, cílios longos, muitos decotes, e o ingrediente especial, decorativismo. Uma mulher sexy, na cultura atual, não precisam ser sexual - aliás, muitas vezes é ainda melhor se não for: ela serve como objeto de apreciação, como instrumento para deixar os paus dos homens duros, não como sujeito sexual com vontades e protagonismo (isso nunca). Em uma das sex tapes de Paris Hilton, ela atente o telefone durante a relação sexual, escancarando a completa falta de conexão com o momento, com o sexo e com o prazer. "O conceito dessa cultura da vulgaridade como um caminho para liberação em vez de opressão é uma conveniente e lucrativa  fantasia "

Concluindo... É claro que faz sentido: o mundo é dos homens, às mulheres, a maior parte das vezes, só resta seguir as regras deles. Mas não se enganem: isso não é liberação, e, muito mais, isso não é feminismo.”

 
(Andreia Cristina Serrato)

2 comentários:

Unknown disse...

A cultura da vulgaridade acho que é a mesma do professor de Brasilia que coloca a Vanessa como uma celebre filosofa da atualidade. Ele mostra que a geração atual é vulgar e cada dia piora.
Beijos!!

Anónimo disse...

A razão não prevalece; distorção de valores, sociedade em rota de extermínio.Agenor