O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, janeiro 08, 2015

ALGUÉM QUER PENSAR COMIGO

foto - Mizé Jacinto

O FEMININO PARA LÁ DOS SEXOS E DOS POLOS OPOSTOS COMPLEMENTARES...


Queria escrever sobre uma coisa que eu acho que é muito importante saber distinguir tanto como saber abordar quando se trata do tema da mulher, pois a confusão que se gera à volta do feminino e da emancipação da mulher é imensa e cada vez mais perigosa em que até os mais nobres e mais dignos e até intocáveis aspectos da integridade da mulher estão a ser atacados e colocados em perigo, a serem desvirtuados  por uma mentalidade dita "moderna", de "vanguarda", masculina e racional...  e isto não só da parte dos homens como da parte das próprias mulheres e que é inverterem agora os valores intrínsecos da mulher tradicional no sentido oposto ao da expressão corrente da mulher comum...e muito disso eu acuso o "feminismo" e o transformismo e toda essa amalgama a que chamam a luta pelos direitos e igualdades da mulher, e que eram legítimos no plano do trabalho e da liberdade da mulher em si, o ter salário igual e ser respeitada, mas que também se tornaram apanágio de comportamentos sexuais libertinos e promíscuos, como o dos homens.

E claro que isso se deve à grande e crescente ofensiva  dos Midea em geral e outras maquinações mais astutas a nível "conspiratório" para que as mulheres se mantenham presas ao sexo e ao corpo para o qual vivem exclusivamente e do qual vivem à conta industrias farmacêuticas e de produtos de beleza e portando agindo de forma a que estas vivam  ainda em função apenas do homem, de o seduzir ou conquistar...ou do par romântico. Assim, elas mantêm sempre esse foco na beleza e na moda ou no sexo em nome de uma suposta nova abordagem do feminino ou mesmo em nome do "feminino sagrado" ou da sexualidade sagrada...
Outra nota curiosa é que não só defendem o homem como qualquer texto mais simpático de um homem "feminista" tal como alguns se intitulam,  elas corroboram e ficam muito felizes e nem percebem como existe de facto um novo  machismo, camuflado de feminismo ...ou um neo-machismo  em marcha.
 
 ALGUÉM QUER  pensar comigo?

Vejamos, este texto surge agora  a propósito das mulheres estarem sempre a defender os homens, mais do que a si mesmas...e daí vem toda aquela questão do feminino e masculino e da integração dos dois em UM, e já se inventa um masculino sagrado a par do feminino sagrado e se exaltam os valores do Homem integral como se o homem estivesse ameaçado pela verdadeira identidade da mulher ainda oculta...e dizem que é preciso integrar urgentemente os dois em um  e que cada sexo tem os dois lados e que a complementaridade é que é a correcta e por isso não se conseguem dissociar do homem...par e complemento. Ora o que eu defendo não é a negação disso antes pelo contrário. Acontece é que a mulher cindida e fragmentada não sabe de si ainda nem da sua natureza profunda, conhecimento que se perdeu com a inflação da logica e da razão e assim não pode de forma alguma responder ao apelo do seu próprio Yin...e ser a essa parte feminina que  complementa o masculino tanto fora como dentro.

Nós não inventamos o yin nem o yang, nem fomos nós que descobrimos as polaridades nem fomos nós que agora vamos fazer alguma coisa mudar...porque essa divisão ou esse cisma é tão velho como o mundo!

Vamos lá ver então qual é o problema nesta abordagem e tentar clarificar um pouco esta questão...se isso então é tão velho como o tempo e a par disso até temos a "mais velha profissão do mundo" a começar pela Bíblia e em tempos mais recuados também as chamadas erroneamente "prostitutas sagradas" (porque se eram sagradas e o sexo também e serviam a Deusa do Amor, não havia prostituição, mas consagração à Deusa...), como é que as Mulheres são hoje tratadas e sempre o foram de "santas ou de putas" (vacas e cabras)...e porque persiste essa cisão na mulher, essa separação das "duas" mulheres e as mulheres estão em situação de inferioridade, subalternidade, de exploração e até escravidão ainda no mundo?
Muito bem, voltando ao Yin e ao Yang a ideia está certíssima, sempre esteve e não é nada nova...as abordagem espirituais em geral todas elas a fazem e defendem. A Alquimia porém, no ocidente e a mais explicita, de um certo modo, pelas gravuras do rei e da rainha exemplificam isso - mas qual mulher qual quê é que dela faz parte? Até a religião católica que nada ou pouco tem a ver com o cristianismo original, o da Gnose e da Sophia...também o diz. Mas os orientais não fazem isso melhor, nomeadamente os indianos, com a Shakti como os judeus com a Shekina...adoram a mulher divina e no altar, mas maltratam e matam a mulher de carne e osso...
E como é que isto se mantém se toda a gente sabe das polaridades e da igualdade dos sexos e da integração dos opostos etc.

Não acontece porque não há essa integração na mulher, nõa há a consciência do SER MULHER em si e porque esse velho sisma se reflectiu nas duas  mulheres cindidas... e que persistem na cultura e sociedade patriarcal.  

As Mulheres, divididas em duas, entre opostos complementares, não já o feminino e o masculino um de cada lado, mas a própria mulher dividida entre dois estereótipos que se digladiam dentro de si e fora,  o que se reflecte nesta na realidade na luta umas contra as outras porque continuam a aceitar que a outra mulher  seja a  prostituta (ou o seu contrário) enquanto ela defende o seu par, o seu homem ou o seu filho...sendo que qualquer um deles, pais e filhos,  mais a frente, antes como hoje, até vão a essa "prostituta " (que até pode ser a melhor amiga da mãe ou da irmã?...) e que a digna esposa ou filha trata abaixo de cão...e a acusa de todos os males, mas nunca acusa o homem deste vicio,  nem o Sistema falocrático; não culpa a miséria social, não culpa a ignorância das mulheres, não dá pela falta de valor da mulher em si nestas sociedade patristas sequer e então  vira-se simplesmente contra a "outra" e odeia as outras mulheres?

Digam-me como é que isto ainda se passa? Como é que ainda se convive com isto? Intelectuais, escritoras, médicas psicólogas, deputadas e estudiosas, feministas e até espiritualistas?

E agora nós, em Nome do "feminino sagrado" continuamos a fazer essa distinção na mesma?

Em nome da Deusa fazemos a mesma coisa, rivalizar e antagonizar a outra mulher que não é deusa?
Ou em nome das feministas e das mulheres livres etc?

Então o que se passa... é que as  meninas modernas e  as senhoras em geral NÃO QUEREM VER A SUA CISÃO, querem em vez disso e  como os seus defensores homens BRANQUEAR toda a questão da cisão da mulher? Não querem vê-la em cada uma de vocês e em cada mulher, não querem considerar até que ponto essa cisão vos divide e vos mata (de doenças) e separa a todas e vos faz tanto mal?

Não querem ver QUE ANTES DOS COMPLEMENTOS FEMININO E MASCULINO, O YIN E O YANG, seja o macho e a fêmea, A MULHER TEM DE INTEGRAR A SUA SOMBRA, A SUA OUTRA ELA, a sua outra metade, a mulher que foi ocultada e denegrida pelas religiões...e VOLTAR a ser una e íntegra, ser um indivíduo e não um apêndice e uma função procriadora ou de prazer?
Que diferença faz a mulher dar gozo ao homem e não ter gozo e agora por a ênfase no seu prazer e achar que chegou a algum lado e continuar a ser apenas objecto de prazer e corpo para vender ou alugar... (barriga de aluguer).
E mesmo que agora essas mulheres "modernas" e garotas invertam a sua mulher tradicional e negarem as mães e se tornem elas em putas, a tal "outra" que antes era agredida e culpada de lhes roubar os homens, elas foram a luta e transforaram elas em putas para o não perder? - mas será como dizia alguém aqui, que algum homem que as defenda queira casar com elas? (a prevalecer o casamento)  e sejam elas a falar desabridamente de sexo e foder e masturbação e escrevam textos sobre  eróticos ou pornográficos, façam a apologia do clitóris ou façam a elegia do "fodamos" como se de poesia ou pão para a boca  se tratasse - e depois querem legislar os piropos "inocentes" perante o que escrevem e que incita os homens a agredi-las e a assediá-las e depois não querem ser alvo de abusos e piropos  nas ruas...? Que loucura, que alienação ou confusão é esta?
Toda esta insanidade em marcha...toda esta contradição absurda...toda esta cegueira generalizada...foi orquestrada e manipulada toda esta degeneração perante o avanço real de uma nova consciência do Ser Mulher...

E nós, queremos ser coniventes com isto tudo?

Ou queremos ver que esta questão que abordamos aqui é a base da nossa CONSCIÊNCIA COMO MULHERES INTEGRAIS  e sem a qual tudo continuará  na mesma ou se invertem os dados e que por  sermos um perigo real para o Sistema ao sermos mulheres autênticas há tanto empenho, tanto cuidado em não nos deixarem evoluir no sentido da nossa dignidade e inteireza...e fazem ou tornam as mulheres suas acolitas até da pornografia...com as 50 Sombras de Gray...

Não nos deixarmos iludir portanto pelo  neo-machismo que é transversal às mulheres, sendo elas próprias quem mais o propaga ou mesmo que à partida também nos pareça incrível que hajam certo tipo de homens  a defender a Deusa e a Mulher e que são homens muito femininos talvez, e com Anima, mas  que no fim nos vem dizer..."afinal vocês têm sido umas mazinhas...e devem nos pedir perdão...nós até somos bacanos, nós perdoamos...e estamos a vosso lado?"

De que lado afinal e do lado de qual Mulher?

Sim, de que Feminino estamos nós a falar?

Da mulher que se subestimava e era frígida e agora se orgulha de fazer tantra e ter orgasmos e fazer a apologia da puta?

Por favor...
Vamos lá por as coisas no seu lugar.

 Eu... não estou contra a natureza das coisas, nem da vida, nem do sexo nem do feminismo em geral, nem tenho nada com as vossas vivências particulares, as vossas escolhas, mas apenas me distingo  de vocês talvez - da grande maioria das mulheres - por  uma abordagem particular que para mim é ESSENCIAL e trata-se a muitos níveis de unir as duas mulheres numa só assim como unir a  Deusa da Terra com a Deusa do Céu...
Unir Maria Madalena e Maria a Virgem, assim como unir a Mulher das profundezas com a Mulher da superfície? A mulher Útero e a mulher Anima? Pois a Mulher de superfície não conhece uma nem a outra...
A MULHER, Ela ainda não EXISTE...
Será que não me entendem?
Ou não querem perceber?

Rosa Leonor Pedro

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