O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, fevereiro 28, 2015

SEM O AMOR DA MÃE...



"O Amor da Mãe é a essência fundamental da feminilidade e identidade da mulher. A sua ausência na psique de uma mulher cria uma ferida profunda que deve ser curada. No actual estágio da experiência humana, a desconexão do amor da Mãe Original é uma ferida arquetípica generalizada para quase todas as mulheres.
O facto da Mãe Humana não ter estado lá leva a mulher a inconscientemente negar a existência da Mãe Divina.
A mensagem inconsciente profunda é de que a Mãe Sagrada não existe ou não está lá para a apoiar. E, assim, a mulher vira-se para os homens e para um Deus masculino na esperança de que eles possam dar-lhe o que lhe falta. No processo, ela compromete os seus valores, desliga-se da sua feminilidade, e vende-se por barato."


Guru Rattana



O amor da mãe é o que de uma forma normal a mulher comum não tem...

Esta afirmação é controversa e contrariada pelas opiniões feitas...pelas ideias e idealismos serôdios cristão e outros conceitos de família patriarcal...A realidade porém é que  a mulher há muito não tem mãe, a sua, tal como o filho, que embora amado é castrado pela mãe negativa, porque precisamente o mundo não tem a Mãe como referência primeira na vida de cada ser, como a geradora da Vida, mas sim o Pai como autoridade máxima e única gerador de medo ...e não do amor e da ternura da mãe - esta negligenciada pelo homem, denigrida, submissa ou omissa, obediente ao marido.

A Mãe foi assim aglutinada ao Pai, a mulher ao Homem, e a Deusa Metis (Mater) engolida por  Zeus - o deus dos romanos -  e a filha, Atena nascida da sua cabeça, que matou a civilmente a Mãe como autoridade matriarcal (ao absolver o filho matricida)  e dai este mundo em que vivemos ser praticamente um mundo masculino e musculado, de guerra e não de paz...de ódio e não de fraternidade, de competição e não de partilha...

ATENA NEGA A MÃE E DIZ: não há crime - perante o filho que assassinou a mãe e a rainha - porque a mãe não existe, e a partir daí a lei que impera é a da Espada e não a do Cálice
Assim se mantiveram durante séculos as sociedades humanas e os seus regimes, embora  tentassem ao longo das ultimas  décadas praticar formulas de sociedades aparentemente mais justas e equilibradas do ponto de vistas das leis e distribuição das riquezas, mas falharam retumbantemente, fossem elas ateias ou religiosas, precisamente porque a Mãe e a Mulher (as filhas) por consequência não foram amadas, nem respeitadas como entes, como seres individuais e a filha não foi formada nem educada consciente da sua  linhagem matrilinear - as mulheres foram afastadas da sua essência feminina e votadas ao descrédito...as mulheres foram divididas em duas espécies e postas ao serviço da reprodução e família como propriedade do homem e do Estado ou como prostitutas ao serviço do prazer do homem, ou posteriormente "trabalhadoras" sujeitas ao sistema de produção e consumo nos regimes modernos e totalitários, sem nenhuma dimensão do seu ser ontológico, sem nenhuma consciência do seu poder interno, da suas faculdades sensitivas, sem ter em conta a sua natureza ctónica ligada a Natureza e sem nenhuma dignidade humana.
Vivemos hoje num mundo que explora e mata a mulher de forma alienada, que o faz ostensivamente e de todas as formas, só por ser mulher e este facto gritante é de todas formas branqueado e pelas próprias mulheres e até feministas.
Qual é a cena diária dos nossos dias? Abrimos um jornal de futebol e temos as mulheres em fotos de forma degradante expostas como bolas...para  os olhos alarves das bestas massificadas...e depois espantamo-nos com a crescente violência doméstica ...Cada dia, em qualquer lugar, anúncios, jornais, revistas, televisão ou cinema - aponta para uma mulher exposta e nua, explorada e violada na sua integridade, usada como objecto sexual, como corpo de desejo sado-masoquista, como mero instrumento de prazer e são hoje as próprias mulheres a fazer a apologia dessa "conquista em terreno masculino" que mais não é do a sua  servitude sexual seja no vestir e na linguagem ordinária, (não esqueçamos o célebre "fodamos" da MariaCapaz.pt) nas opções por uma "libertinagem" que confundem com liberdade e emancipação, nomeadamente as 50 sombras de gray com mulheres a acharem o filme bom e apelativo etc. e em que o abuso e a violência é apelativa como experiência erótica...Sim, as mulheres  já não são escravas, nem domésticas, nem esposas, nem criadas, mas empregadas e funcionárias, deputadas e jornalistas, polícias e políticas, mas todas DOMESTICADAS pelo Sistema falocrático, vendidas aos  Mídea, à economia de mercados, à moda e ao consumo, formatadas pela sua cultura e a arte, que usam a mulher de forma degradante salvando-se raros autores que admiram e dignificam a mulher e a mãe nas suas obras.

Enfim...a Mãe e  Mulher não são neste mundo e há muito tempo aquilo que deviam ser... e por isso o mundo de hoje enfrenta esta violência brutal e em que cada dia mais vemos aumentar as atrocidades de uma espécie virada contra si mesma...isto se considerarmos que homem e mulher são da mesma espécie, pois às vezes duvido que assim seja...A ter em conta a ideia supérflua e vaga ...de que as mulheres são de Vénus e os homens de Marte - teríamos ai mais do que uma alegoria a causa de uma realidade cada vez mais atroz e pungente...o ódio do homem à mulher e só não vê isso quem é cego ou muito estúpido - como é o caso das mulheres maioritariamente alineadas e estupidificadas em massa pelo Sistema de produção e consumo que mata que se farta e é a doer  até morrer.

rlp 

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