O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, maio 31, 2015

HÁ UMA NATUREZA MASCULINA E UMA FEMININA

“Quando a agenda do mundo é determinada por homens, isso significa que decisões importantes que afetam o planeta, os seres que nele vivem, e toda a vida na Terra são tomadas pelo género que o mais provável é não saber nem querer saber do que as outras pessoas estão a sentir, a viver e a sofrer. Enquanto as mulheres não estiverem realmente envolvidas naquilo que está a acontecer no mundo, informações essenciais e preocupações cruciais não estão a ser tomadas em consideração.”

Mensagem Urgente da Mãe, Jean Shinoda Bolen


O patriarcado arquitetou e consumou, com a ajuda do loby Gay, um novo e eficaz ataque contra as mulheres através das próprias mulheres...
Depois de durante séculos ter dividido as mulheres dentro de si entre a santa e a puta e criado a rivalidade entre a amante e a esposa, entre a instituição casamento e o Bordel, ele agora conseguiu  de forma genial, de forma ainda mais ardilosa e insidiosa  voltar a virar as mulheres umas contra as  outras. Através da expressão da masculinidade dessas mesmas mulheres, que optam pela mente  masculina, diferente da feminina, usando o hemisfério direito em detrimento do esquerdo, elas, pelo seu discurso racional, que é o predominante na cultura e na arte em geral, transformam-se em arautos do homem como seres  subprodutos de uma sociedade baseada na exploração e negação de metade da humanidade mulher - mas que dá à mulher a ilusão de igualdade. Essas mulheres patriarcais negam em si a emocionalidade, o instintivo, a sua natureza física e sexual nas manifestações dos seus aspectos mais  recônditos tais como o visceral - desejo, menstruação, maternidade e aleitamento - em prol apenas do limpo, do higiénico,  do mundo cientifico e logico  e agora temos essas mulheres a defender cada vez  de forma mais  acentuada esses valores, frutos dessa cultura e educação materialistas, baseada na divisão secular da mulher em duas e na ausência e ocultação da verdadeira mulher, da sua feminilidade tendo em conta a Deusa como referência primordial do feminino essencial e a Mãe e não o Pai e o filho, que negam em absoluto a Mulher e a Mãe.  Elas actuam e escrevem agora na defesa acérrima dos valores masculinos, materialistas - totalmente baseadas no pensamento filosófico e na psicologia masculina e gay,  que elas integraram como seus, na defesa do homem e da sua filosofia e ainda da sua (dele) sexualidade a qual servem como sendo  a sua enquanto supostas mulheres livres e emancipadas.
O Sistema patriarcal transformou estas mulheres-homens em seus representantes, porta-bandeiras do sistema  e virou-as com bastante perícia e eficácia contra as mulheres verdadeiras que haveriam de surgir em claro desvio das feministas marxistas,  ligadas ao feminino sagrado e à ecologia de Gaia, distanciando-se assim das velhas feministas que já estavam dominadas pelos objectivos do sistema que era continuar a desmembrar a mulher natural, destruir o que restasse da mulher ancestral e ontológica.

Elas são psicólogas, filósofas, médicas, advogadas, juízas, deputadas, escritoras. Elas são marxistas, esquerdistas e mulheres politizadas, e precisamente porque lhes falta esse feminino essencial acabam por sistematicamente o negar em si. Vêm agora  negar também essa outra mulher que em si desconhecem, atacando as outras  que se buscam e encontram  em movimentos e círculos da Deusa, do feminino sagrado, e do feminino ontológico...
Elas foram formatadas com esse fim, e nem sequer se dão conta de como foram manipuladas por um discurso académico viciado e têm apenas uma visão masculina da história, dos regimes e da religião judaico-cristã, que marcaram uma estrutura e um comportamento social determinado, para cada sexo, acabando por fazer a completa desconstrução da mulher primordial.

- E a “mulher”? A desconstrução de toda a ontologia sexual não desemboca num quase desaparecimento da “mulher”, esvaziando a referência fundamental de todo o feminismo?"*

Assim podemos verificar que esta desconstrução do que é a Mulher em si,  que é uma mulher desconhecida dela,  permite criar  uma  imagem da mulher travesti que é fruto do imaginário masculino e assim  criar ainda  um suposto género performativo, cada vez mais longe da mulher original, estendendo esse conceito de "feminino"  aos gays,  transexuais, queer, etc. baseando-se nessas premissas falseadas do feminino dentro do sistema misógino e falocrático.

Portanto de hora avante, temos de ter muito cuidado porque  isso  será cada vez mais  óbvio, pois essas mulheres, muitas homossexuais ou feministas  - tal como a escritora Judith Butler, defensora dos queer e dos gays e lésbicas - ,  elas passarão a fazer esse trabalho que competia aos homens e que era a negação da mulher em si, de uma mulher total e integral  - e que a todo transe, eles quiseram denegrir e negar, destruir e rebaixar, dividindo-as, condenando-as e acusando-as de todos os defeitos e males e fraquezas; hoje eles podem mesmo dar-se ao luxo de não o voltar a fazer fingindo até serem cúmplices da mulher moderna e das feministas e as suas lutas,  sempre prontos a defender os variados feminismos, muito fraternos, enquanto essas  mulheres-machas do Sistema falocrático, que eles formataram, fazem o trabalho sujo por eles. São elas hoje que depois de negarem O eterno  feminino, e a Mãe,  em nome da igualdade com o macho, negam agora a Mulher Essência nelas e atacam ferozmente as mulheres que se buscam numa qualquer senda do feminino sagrado.
Outro ponto relevante desse ataque à mulher integral pelo Sistema  é a forma como acabam por alienar as mulheres ditas espirituais da sua essência verdadeira, desviando-a da sua natureza e da terra,  levando-as para outros mundos e revelações com promessas de santidade e  pureza, carregando-as dos mesmos conceitos de santa e pecadora, da má e da boa,  e com isso impedem o despertar interno  da Mulher autêntica...a mulher inteira e soberana que habita e se manifesta em cada mulher naturalmente quando esta se busca.

rosaleonorpedro

NOTA:

Não estamos aqui a considerar um 3º sexo, o/a homossexual, mas sim e apenas a natureza do feminino ontológico - e certamente um masculino que lhe corresponde sem contudo abordarmos este último.


O DISCURSO INTELECTUAL PATRIARCAL E MASCULINO

*Em Gender Trouble, Judith Butler empreende uma radical crítica genealógica, no sentido de Foucault, da noção de género, mostrando como este se constrói socialmente, pelo discurso. Evidentemente, esta busca genealógica é anti-naturalista e aproxima-se dos termos de uma linguistic turn, uma viragem linguística (o que lhe valerá, aliás, fortes críticas de elitismo teórico por parte de quem teve dificuldade em perceber que a teoria, para Butler, é sempre consubstancial à dimensão política e social). Ela irá assim demonstrar que as categorias fundamentais de sexo e género são os efeitos de uma certa formação do poder e nelas estão em jogo questões fundamentalmente políticas. Dizendo que o género é uma categoria construída pelo discurso, Butler introduz, logo no primeiro capítulo de Gender Trouble, a noção de performatividade (aprofundada depois em Bodies That Matter), isto é, uma concepção do género enquanto algo que se constrói através de uma série de actos imitativos que buscam a conformidade com um original que não existe em nenhum lado, é uma mera referência do discurso. Por exemplo, da heteronormatividade que pesa sobre nós, que nos foi inculcada, e que geralmente perpetuamos através dos nossos fantasmas e das nossas opções de vida. Essas normas dizem-nos o que é preciso fazer para ser um homem ou uma mulher. Não é que Judith Butler negue absolutamente a existência de uma natureza feminina ou masculina. Mas a questão é que o género, no seu carácter performativo, é também sempre objecto de uma discussão pública, nunca é uma evidência dada pela natureza.

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