O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 26, 2015

REVISITAR LILITH

A ENERGIA DE LILITH, 
E AS DUAS MULHERES EM NÓS...

(e da inimizade entre mulheres...)

Sem dúvida que a energia de Lilth é desestabilizadora ou desencadeia emoções fortes e subversivas... A mulher que não estiver minimamente preparada para a olhar nos olhos e sentir a sua falsa segurança interior abalada, e porque Lilith mexe nas entranhas mais profundas da mulher e dos seus medos, é capaz de se sentir muito mal na sua pele e até possuída do "diabo" e a breve trecho vai até associá-la a um demónio e ao vampirismo...ao medo da sua sombra e fugir para a "LUZ"...

Se Lilith porém se revelar à própria mulher em sonhos ou de forma numinosa, ou de uma forma consciente, na busca de si mesma, é mais fácil integrá-la, mas se ela se manifestar através de outra mulher como uma força alheia a si, e isso pode acontecer nas relações comuns das mulheres de forma inesperada, e se neste caso se manifestar de forma intensa na relação com a "outra" mulher que é ainda a potencial rival ou inimiga, a que lhe espelha-revela esse poder, torna-se a seus olhos efectivamente uma força demoníaca... E então temos duas vítimas...a que espelha e a que se sente espelhada que passa a agredir a primeira...como culpada do mal que se sente, da desordem dos seus sentimentos e emoções profundas que vem a superfície de forma caótica, o que a leva a condenar a outra mulher - como toda a história o indica - a vampira e demónio...Isso ainda acontece no nosso tempo, nos nossos dias, apesar de tantos séculos e numa cultura que se pretende moderna e civilizada. A mulher comum continua a reflectir sobre “a outra” mulher as mais arcaicas impressões de inveja e ciúme, raiva e ódio, quando se sente ameaçada perante aquela que lhe sugere ou espelha o que ela não tem consciencializado, seja a nível da sua sexualidade seja a nível das suas ambições ou do seu ego…
Há realmente duas formas de Lilith se manifestar na sua natureza indómita e selvagem: enquanto mulher mais jovem que a vive e representa pela sua sensualidade e pelo  seu corpo ou pela  sua ousadia e mais ainda  se for  bela, e na mulher mais velha quando esta a encarna depois da  menopausa, como energia  irradiante e só por si demolidora de forças obscuras e neste caso Lilith  pode ao ser evocada,  pode manifestar-se já não através do corpo ou da sexualidade, mas da emoção e do Saber...na Mulher Mais Velha, Aquela que Sabe… (atrevo-me a dizer como eu...e malgré moi)…

Quando isso acontece, em ambos os casos, quer na mulher nova quer na mulher velha, estas mulheres Liliths são expostas a esse ódio antigo, registo celular, e vítimas de perseguição (como no caso famoso das “bruxas” condenadas às fogueiras da Inquisição e denunciadas pelas outras mulheres) e hoje a nível social quem sabe mediático causado por todo esse medo arcaico ancestral que divide e separa as mulheres no mundo...
Isso acontece sempre regra geral quando a mulher cuja Lilith está adormecida e Lilith constitui uma boa parte da sua Sombra que não é apenas o seu lado "negativo" e recalcado, mas muito mais do que isso, podendo até sentirem-se atraídas por elas de forma sensual emocional ou sexual, porque é essa   a sua sombra, de forma não consciente claro, que lhe é espelhada  nessa energia, nessa paixão, nesse fogo, sendo a sua própria Lilith que se manifesta  porque também obviamente está dentro delas, mas logo elas recuam e vêm na outra mulher o Mal, o mal protagonizado pela mulher na "Queda" e que foi tentada pela Serpente!.

Normalmente as mulheres Evas  têm um medo pavoroso dessa escondida a parte de si ignorada desde sempre, aliás como tem igual pavor das serpentes e estão tão tolhidas por ele, que  em vez de vencerem essa barreira da Sombra, da qual Lilith é a guardiã do Umbral, (tratando-se de uma primeira grande etapa a mais difícil do caminho da mulher para si mesma na descoberta do seu verdadeiro ser), e porque  isso implica verem muitas coisas de si negativas, quem sabe memórias ou experiências devastadoras de infância, abusos ou traumas, e como não querem encarar nem voltar a sentir coisas que nunca sentiram (até mesmo a atracção sexual ou emocional pela outra mulher) é então que esse trama antigo proveniente da cisão das mulheres, volta em forma de ódio e se transforma numa perseguição ou como dizia simplesmente numa fuga de si mesma...e num retrocesso na sua evolução.
Para mim, é como que uma prova de fogo na vida da mulher e ...se a mulher não o passar e passar pela outra mulher, aceitando-a ou mesmo amando-a, então temos mais uma inimiga para toda a vida...
Mulheres que iniciam a senda do feminino sagrado sem enfrentarem essa descida e que não tendo feito nenhum trabalho a nível da sua psique, sem uma consciência psicológica dos seus complexos e traumas, sem um qualquer trabalho interior, quando começam a entrar em contacto com a sua sombra sem nenhuma preparação, acabam por se sentir entrar como que no inferno...e a ver "cobras e lagartos"  nas mulheres que lhes espelham o seu próprio poder ou fogo interior, sobretudo  frente a outra mulher que a tenha já integrada...e então ou fazem o movimento de fuga inconsciente ou a perseguição caluniosa e predatória é iniciada porque essas mulheres se sentem acossadas pelos seus fantasmas...mas têm de ter um bode expiatório...e esse é um dos maiores dramas das relações entre mulheres, face à sua necessidade de  evolução!!!
(...)
Escrito em 2011
rosaleonorpedro

1 comentário:

Ná M. disse...

A mulher independente, imprevisível, indisponível... A mulher admirada, a mulher dona do próprio caminho, dona do mundo ..A mulher que cria, que comanda, que inventa...