O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 05, 2015

As idades e as etapas da vida de uma mulher



"A “Velhice", isso não existe! Há apenas pessoas menos jovens do que as outras, e nada mais.
Para a sociedade, a velhice aparece como uma espécie de segredo vergonhoso, do qual é indecente falar. Sobre a mulher, a criança, o adolescente, existe em todas as áreas uma abundante literatura; fora das obras especializadas, as alusões à velhice são muito raras”. (…)

"A Biologia descreve algumas etapas que fazem parte do desenvolvimento humano como: concepção, desenvolvimento intra-uterino, nascimento, infância, adolescência, maturidade, velhice e morte. Cada etapa tem um desenvolvimento determinado por perdas ou ganhos em nossa qualidade de vida.
A velhice aparece como uma desgraça: mesmo nas pessoas que consideramos conservadas, a decadência física que ela traz salta aos olhos. Pois a espécie humana é aquela em que as mudanças causadas pelos anos são as mais espectaculares.” Simone de Beauvoir

A velhice não existe quando comparada ou designada como uma doença, vivida em depressão e em negação do ser, uma fragilidade ou uma negação da pessoa humana face a uma fase determinada da sua vida, sobretudo na mulher que por não ter mais a beleza dos verdes anos e deixando de procriar, é completamente rejeitada e posta de parte por esta cultura, pelos filhos, famílias e pela sociedade, mas na verdade esta fase, que por sinal é a última, nela devia  ser altamente considerada e qualificada como tendo chegado ao estatuto mais elevado da vida  e ser homenageada e honrada por isso.
Por outro lado a velhice existe sim...existe de todas as maneiras e feitios e não adianta nega-la...ou fingir-se que se não é velha...pois essa fase é importantíssima na vida de uma mulher, quando esta deixa de se guiar pelos valores do patriarcado, ou do mercado, ou seja, pela aparência e pela imagem secundária que a moda e os Midea e os filmes projectaram dela apenas como uma mulher-corpo-objecto-sexo, neste ultimo século - a mulher que só tem valor pela sua aparência física e o seu sexo mais nada -, mas ela tem e deve antes do mais de passar a ser honrada e olhada como a mulher sábia e a Xamã, a Bruxa e a Mediun, a Sacerdotisa e a guardiã do Conhecimento ancestral.
Claro que neste caso e nos nossos dias há muito poucas mulheres velhas e sábias ou respeitadas e a grande maioria são mulheres doentes e depauperadas por anos de sofrimento e humilhações e negação dos seus corpos e idade. Contudo não devemos em oposição a isso pensar nem agir como se a mulher velha fosse igual à nova - há tantas velhas que de costas parecem meninas de tal maneira estão mascaradas e quando se viram vemos as rugas e a pele toda engelhada - nem temos que manter uma aparência de jovem...como a imagem em cima nem como moda quer agora convencer-nos...isso é absolutamente ridículo...

Portanto a velhice não deve ser disfarçada nem encarada como uma desgraça nem como uma diminuição, mas sim como uma elevação  do Ser Mulher a um estatuto quase divino porque ela cumpriu e caminhou uma vida para ser essa totalidade, para ser essa voz da experiência na comunidade. É claro que numa sociedade patriarcal onde a mulher foi negada e as fases da vida igualmente deturpadas pela obsessão e a doença da falsa beleza (exterior) e o culto absoluto do corpo e da juventude, tudo se deteriorou e o que vivemos hoje é uma catástrofe em todos os planos no que se faz com a Mulher mais velha assim como o que se faz com a Mulher em geral e também com a Mãe Terra.

Cabe hoje às mulheres conscientes libertarem-se destes padrões e voltarem ao seio da Terra MÃE E ASSIM PODEREM DIGNIFICAR OS SEUS CORPOS para lá das idades e das fases da sua vida e assim poderem testemunhar a sua experiência de vida e consciência como mulheres  consagradas pela Deusa desde a Origem da Terra e da Vida no Planeta.


rosa leonor pedro

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