O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, julho 11, 2015

O nosso corpo de dor é muito antigo...




O CORPO DE DOR...

"Alguns ensinamentos espirituais afirmam que a dor é uma ilusão em última análise, e isto é verdade. A pergunta é: Será que é a verdade para você? Ou uma mera crença. Quer sentir dor para o resto de sua vida e continuar dizendo que é uma ilusão?
O que nos preocupa aqui é, como é que se conta para esse ser a verdade, ou seja, torná-la real em sua própria experiência."  Ekarte Tolle


É a dor uma ilusão ou uma crença? Entre crenças e dores e ódios nós mulheres estamos habituadas a todas as dores, estamos habituadas  a viver o ódio e a agressão do homem mas a sofrer também o ódio de "estimação" (o mais velho porventura...) da outra mulher (seja por nós seja pela outra mulher) ou por si mesma sem grande alarde pois ele é tão antigo que esquecemos a sua origem e até o achamos coisa natural...normal...Por isso defendemos os homens e atacamos as mulheres, quase sempre, como as nossas inimigas...e essa é uma das grandes dores da Humanidade...
Somos quase sempre antagónicas com as outras mulheres e cúmplices do homem: é a lei da sobrevivência do mais fraco...e não vamos negar que vivemos nessa condição durante séculos. A ideia de que podemos compor tudo numa ou duas décadas...é ilusória, e não podemos esquecer as dores e humilhações sofridas por uma falsa condição da mulher se não formos bem ao fundo do nosso ser, às nossas memórias remotas, ao encontro da nossa Sombra e a enfrentarmos sem medo nem disfarces...Se o não fizermos não saberemos nunca o nosso progresso interior e continuaremos a confundir o que pensamos com o que realmente sentimos… Continuaremos a confundir as nossas crenças e ideias com uma realidade que não existe, como quando seguimos uma religião ou uma ideologia.
O nosso corpo de dor é muito antigo e “superior” ao do homem. Deve-se a muitos séculos de domínio, exploração e exclusão e isso não mudou com umas pinceladas de alternativas, novos credos, mais umas doses de esoterismo e uma grande medida de qualquer poção mágica da nova era…e pronto já está: temos a OBRA realizada, não...
As feridas demorarão a cicatrizar e vai ser precisa muita paciência e muito amor, muita compreensão por nós mesmas. O nosso corpo de dor é imenso e se a humanidade homem sofreu horrores temos de ser lúcidos e perceber que a mulher sofreu a dobrar. E sofre ainda. Não o devemos lembrar por masoquismo ou desejo de vingança mesquinha, mas para não desviar o olhar e curar. Para tratar e curar a fundo. Para amar com redobrado cuidado, para que as mulheres percebam como e porque se odiaram e traíram e recuperar o tempo perdido para sarar esta humanidade em igualdade de circunstâncias, com respeito e conhecimento de causa. Porque enquanto essa consciência não for real, desperta bem lá no fundo, implicitamente esses sentimentos e emoções ocultas, antigas feridas, padrões de relacionamento inconsciente etc., vão continuar a manifestar-se enquanto se diz que estamos muito evoluídas e vivemos em paridade…quando afinal a qualquer momento podemos verificar que não é verdade no íntimo de cada uma de nós…ao darmos por nós ainda a competir e a odiar a "outra"...porque é diferente, porque é uma p....etc. etc. etc.
Sim eu sei que nascemos - de acordo com a visão espiritual de certas religiões - ora homens ou mulheres em vidas diferentes...mas quando nascemos mulheres herdamos por linha matrilínea todas as memórias e feridas das nossas ancestrais...e a nossa missão como mulheres é recuperar a nossa mais profunda identidade, essa natureza intrínseca ligada á Grande Deusa, à Terra e Mãe. E unir o Céu e a Terra...


rosa leonor pedro

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