O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, janeiro 10, 2016

FIZ-ME LOBA




Fiz-me Loba. Nos caminhos por onde deixei pedaços de mim, sem saber que me tinham sido arrancados. Fiz-me Loba. Loba. Pelas veredas que ninguém conhece. Pisei as silvas e os pés sangraram. Fiz-me Loba. Loba, Loba, Loba. Loba. Deito-me com quem quero. Escolho quem quero. Deixei essa pele de Princesa erguida pela voz de outras vizinhanças. Escolhi vestir a própria pele. Curtida nos dias de sangue, nos dias de abismo, no dia das navalhadas. Não tenho vergonha das minhas pernas peludas. Não tenho pudor de qualquer pêlo do corpo. Sou Loba. Loba. Loba. Atirei os livros à fogueira. Preferi escolher o coração selvagem onde todo o livro mergulha pela língua da Loba.


C.J. in A Surrealista que Pariu a Loba

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