O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, janeiro 29, 2016

PASSADO UM SÉCULO...


PENSAR A MULHER...

Estava a pensar no cansaço e no desanimo de tantas de nós mulheres que lutam por uma consciência de facto e por outro lado a fantasia de tantas outras mulheres que simulam vivências e realidade que não existem, como as coisas ditas "espiritualistas" e o seguidismo dessas mulheres de mestres e de "facilitadores", tantristas da treta, subjugadas e alienadas de si mesmas, sem qualquer relação com o seu próprio principio feminino...sem verem que "os mitos e rituais das religiões antigas representam a projecção ingénua de realidades psicológicas." * e também não vendo que "Não podem resumir os valores femininos àqueles velhos padrões instintivos e inconscientes." *

No seguinte excerto, a autora irá referir-se á dualidade da mulher mas dos principios e não reconhecendo a sua divisão interna secular ou seja, a divisão da sua prórpia psique em mulher sensual e mulher casta, as duas mulheres que figuram nos manuais como a Esposa e Mãe e a prostituta ou a mulher fatal, a mulher diabólica - padrões que a sociedade paternalista usou e abusou condenando as mulheres a essa divisão, mas que nem Jung e a sua psicologia das profundidades conseguiu ver...e assim, temos uma sua notável seguidora falar da dualidade da mulher nos termos que faz e a seguir vão ler:
"Conseguindo um novo grau de consciência, sairam do fácil caminho da natureza. Se pretendem ter contacto com o seu lado feminino perdido, isso precisa ser feito pelo duro caminho de uma adaptação consciente.
Os problemas de adaptação, surgindo da recente consciente dualidade na mulher, têm de ser necessariamente tratados sob o seu aspecto moderno. A necessidade de reconciliação dessas duas partes da natureza feminina* (*a autora refere o masculino e o feminino e não à cisão da mulher entre a santa e a puta - nota pessoal) é um problema secular; e é somente na sua aplicação à vida prática que o problema surge. Não é um problema de adaptação da mulher aos mundos do trabalho e do amor, esforçando-se para dar o mesmo peso a ambos os lados da sua natureza, mas sim uma questão de adaptação aos principios femininos e masculinos que interiormente governam o seu ser. Ela tem que se voltar para aquele material subjectivo rejeitado, que para os cientistas objectivos do século XIX era somente superstição ou uma questão de humores." Assim é de facto mas as razões da autora apontam ao lado do verdadeiro problema da mulher deste século XXI...

O livro, OS MISTÉRIO DA MULHER de Esther Harding, do qual faço as citações é a todos os títulos um livro único e notável sendo a sua leitura  fundamental, foi escrito em 1933 e como é de calcular a dualidade da mulher que a autora foca é entre os dois princípios yin e yang (digamos) e que levou a mulher neste século a tornar-se totalmente masculina e a esquecer completamente diria o seu lado feminino, para corresponder a vários estereótipos criados pelo homem. E assim o que aqui está em causa agora é a nossa recuperação de identidade,  assim como o resgate do nosso feminino primordial que passa primeiro pela devolução do feminino ontológico à mulher. Unir as duas mulheres que o patriarcado dividiu para reinar.
A autora não previria uma tão catastrófica alienação da mulher do seu próprio principio feminino e o esquecimento da sua vida instintiva e a sua ligação à natureza Mãe, e via a evolução da mulher na afirmação do seu lado masculino. Assim, podemos olhar para esta leitura e fazer a sua adaptação ao nosso tempo referindo-nos apenas ao feminino interior a integrar e não ao masculino pois esse é lado que temos de trabalhar, a integração dessa dualidade em cada mulher assim dividida  entre a "santa e da puta" (da boa e da cabra, da mulher sexual e da mulher casta - a virgem etc.) - pois uma vez mais e é natural que assim seja tendo em conta a época, uma autora excelente omite e ignora esse aspecto que, no ocidente sobretudo, marca todas as mulheres desde meninas e crava o fosso entre a sua natureza intintiva e sexual e o cumprimento social da mulher ao serviço da espéceie homem e apenas do principio masculino dominador e sem qualquer identidade.
Sim, creio que estamos todas cansadas de mentiras e do vazio das nossas vidas e de continuarmos presas ao Sistema ou aos rituais do passado de qualquer religião.
rosa leonro pedro

2 comentários:

Vânia disse...

Cada vez mais concordo contigo. Eu ando fatigada do sistema patriarcal dos deuses etc... Cumpro os minimos e faco a parte q me compete. Nuns dias arregaco as mangas e sou uma, noutros e q ja posso respirar e viver realmente de acordo com aquilo q sou. Mas para o outro lado da batalha campal patriarcal n posso deixar de levar muitas Vanias ao mesmo tempo e deixar ficar o mesmo coracao. Sei q me entendes... Beijinho.

Vânia disse...

Cada vez mais concordo contigo. Eu ando fatigada do sistema patriarcal dos deuses etc... Cumpro os minimos e faco a parte q me compete. Nuns dias arregaco as mangas e sou uma, noutros e q ja posso respirar e viver realmente de acordo com aquilo q sou. Mas para o outro lado da batalha campal patriarcal n posso deixar de levar muitas Vanias ao mesmo tempo e deixar ficar o mesmo coracao. Sei q me entendes... Beijinho.