O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 23, 2016

MAS COM QUE AMOR AMAMOS



ALGUÉM ME PERGUNTOU
PORQUE SOFREMOS AO AMAR?

Bom, a questão é: nós sofremos por não saber amar...

NESTE PLANO, ou seja, no plano mental ou emocional  sujeito à dualidade, bem e mal, amor e ódio,  são como "As acções, as emoções e as palavras (que) raramente coincidem entre si..."*


Por isso diria que Amar é sofrer porque não sabemos nem podemos amar ...sempre foi assim Vivemos este mito do amor como o mito da felicidade...mas na pratica o que acontece é a vivência concomitante de dor e prazer, e desde que me conheço sempre foi igual e quanto mais tens prazer maior será a dor  e o desengano...
Amar é "um fogo que arde sem ver", dizia o poeta...mas é algo sobretudo que nunca poderemos agarrar, catalogar, definir, meter num quadrado, nem num coraçãozinho desenhado...é algo de que nunca teremos a certeza se amamos ou se somos amadas/os ou correspondidas/os, por mais que o coração esteja partido, às vezes é só o desejo de amar projectado, idealizado, inventado...porque queremos à força amar, nós mulheres, sobretudo sermos amadas, desejadas, queridas, preenchidas... - o problema  é que se parte, como toda as pessoas em geral que idealizam o amor partem de um premissa errada, a do amor  absoluto ou incondicional, total e cor-de-rosa sem espinhos.
Não existe tal coisa no mundo, este em que vivemos...
Lemos romances e histórias a vida inteira e vimos filmes e ouvimos canções que nos contam essa mentira  a cada momento...mas nunca o amor foi AMOR nem de confiança, o amor nunca foi  fiel sereno ou calmo ou garantido ou eterno, e o que aqui se confunde é a paixão  que é cega  e de extremos...e que "arde sem ver"!
Todas as pessoas que amamos ou julgamos amar e que são das nossas relações só servem para crescermos e onde há crescimento, movimento (emotion) há sofrimento, há dor...porque há conflito e confronto...E as pessoas que entram na nossa vida, mesmo que sintamos um imenso amor, dizemos nós,  acabamos um dia, quase sempre  por as detestar ou "odiar" e quanto mais amarmos mais odiaremos...Isso faz parte desse amor humano que não é Amor nem nunca foi! O que  nem é grave nem escandaloso, é só assim mesmo que é e vivemos apenas  sofrimento em nome do amor que é algo que nos escapa sempre e é complicado, paradoxal, absurdo e só quando olhamos sem enganos e sem idealizações ou projecções, se alguma vez o fizermos, vemos que nunca amámos, nem nunca ninguém nos amou...pois não há entre as pessoas - entre os seres humanos - um amor assim,  nem um amor absoluto, talvez nem no céu, como não há uma verdade absoluta;  é a mesma coisa, o mesmo erro. Porque nada  é estanque na vida, definitivo e nada é o que dizem ou nós pensamos que é...é tudo e só uma parcela, uma visão provisória, uma predisposição de humores e feridas em nós...
A ser Amor...era eterno e como diz na Biblia:

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13:4-7)

Sim para isso era precisa ter uma paciência de Job...e santos desses já não há...

Talvez o amor de uma filha/filho seja assim, ou parecido, digo de uma mãe, mas sofre-se na mesma...mais tarde ou mais cedo na separação ou na discórdia...o mundo é feito de antinomias, antagonismo, dualidades e os sentimentos também...
Seja como for o que nos faz sofrer é porque os outros e nós mesmas/os somos sempre egoístas, queremos possuir o outro/a e ter um ser só nosso etc. e assim prejudicamo-nos tanto a nós nesse desejo como aos outros que nós dizemos que amamos, tanto como quando nos deixam de amar ou temos ciúmes, posse e inveja, (invejar é desejar e vice-versa)... ou pior ainda quando sabemos que usámos o outro/a sem saber para suprimir as nossas carências e complexos e eles usando-nos ou servindo-se de nós ou defendendo-se da nossa posse...

O amor que projectamos em alguém e alguém projecta em nós é um puro e doce engano que dura o que dura até percebermos que não amamos, muito simplesmente.

E será que amamos, mas como? Sofrendo...ou fazendo sofrer, pedindo, exigindo, criticando, caluniando, julgando o outro que não corresponde as nossas expectativas e carências...às vezes violentando, matando - a violência conjugal...ah! eu amo-te tanto e tu não me amas como eu te amo...
Ou será que há outro Amor que não conhecemos, sim, ele esse Mito pode haver algures no firmamento e é isso que se pensa ser Deus...mas eu falo aqui só do que é humano, neste plano...Aquele que conhecemos e que se debate entre o amor ideal das escrituras e dos romances e histórias e a realidade concreta...que é não haver amor nesta humanidade e a nenhum nível que não seja idealizado. Basta olhar ao redor e ver com olhos de ver...
Neste caso, o sofrimento quando se acha que se ama, o que quer que seja, é sempre a dor dessa impossibilidade, o amor de algo que queremos alcançar...porque ele nunca  colmata essa carência e nem sequer mata o desejo... O Amor sempre foi  a dor do impossível mas cuja ilusão adiamos  para outro tempo outro par outro engano. Na verdade o que nos é permitido viver é apenas esse sofrimento misto de  prazeres e dores, alegrias e tristezas, ilusões e desilusões, no fundo é isso  que  acontece ... e nunca a certeza ou o saciamento; E isto nada tem a ver com sado-masoquismo.

Parece que ao fim de tantos anos descobri finalmente o que se passa de errado neste mundo...os seres humanos não sabem nem podem amar porque é algo que não faz parte da sua natureza humana. 

Os seres humanos estão no Planeta para sofrerem (no sentido latino do termo: non cogitat qui non experitur) e é através do sofrimento (forma de conhecer-se), que é a experiência fulcral da sua existência na Terra, que se aprender a respeitar o sofrimento dos outros e a sere-se SOLIDÁRIO - SIM SOLIDÁRIO...nada mais do que isso, porque AMAR é um dom que não pertence a esta espécie degenerada...mas como nos impingiram aquela de nos "amarmos uns aos outros"...andamos neste engano há séculos!
Só sofrendo somos humildes e capazes (às vezes nem assim!) de perceber o próximo, mas com as malditas religiões perdemo-nos todos do unico propósito desta Vida e desta Dimensão...e não andar para ai a imitar e a copiar e a cantar as glorias dos deuses e dos anjos como de outras dimensões onde não estamos...
 

E a haver um Amor Maior É a Natureza do próprio Amor Maior nunca se deixar converter ao pequeno mundo em que vivemos nem a nada daquilo que mais queremos...e essa é a razão pela qual   há tanto sofrimento neste amor que projectamos.  Porque sendo o Amor Maior o que mais todo/as nós queremos viver...não o poderemos viver  enquanto o quisermos dominar e controlar, tê-lo à nossa mão ou aos nossos pés... que ele seja feito à nossa vontade, à nossa maneira e para o nosso beneficio ou ego...tantas vezes...vencer-dominar-possuir...
O homem faz sempre isso a Mulher e a mulher?

E como queriam AMAR SEM RESPEITAR E SEM SER SOLIDÁRIO com o próximo - o da tua casa, da tua rua, da tua família; portanto deixemo-nos  de teorias evangelizações e hipocrisias...porque se admitíssemos isto erámos muito mais coerentes...e começando por ai talvez o mundo pudesse mudar alguma coisa!
Esse  amor que todas/os idealizamos e sonhamos é a coisa mais ambicionada e perseguida por toda a humanidade desde os tempos mais remotos ...mas como todos/as tão bem sabemos é em nome dele que se fazem e fizeram  as coisas mais abomináveis cruéis e loucas e obscenas e criminosas. Sim  em nome dele, e do Amor de deus...e por isso ele nunca deixará que ninguém o veja ou o toque a não ser no momento fulminante em que somos cegas por ele, quando morremos ou naquele momento de luz e dor...quando a seta que acerta em pleno no nosso  coração e depois o dilacera - e piora quando a queres arrancar...etc. etc. etc. vou almoçar...
rlp
in A Fonte de Possessão  - Marion Z. Bradley

POR TUDO ISTO,

"Quem ama
Fica cheio de não-saber
Não pára de procurar..."*


*Ana Hatherly - Rilkeana

5 comentários:

Vânia disse...

sp pensei q era possível amar e sermos amadas pelo q valemos.

rosaleonor disse...

e o que é que valemos e para quem?
não há amor - há só paixão...atracção, tesão...o amor será outra cosia e nos não o sabemos...olhe para as suas experiências e diga-me quem é que a amou algum dia? e Hoje? E se não formos nós a valermo-nos, ninguém nos vale...
abraço grande
rlp

Vânia disse...

Sou so eu. beijo.

rosaleonor disse...

sim, nós temos de nos valer por nos mesmas e só depois quem sabe esse milagre aconteça!

abraço
rl

Vânia disse...

Q a Deusa te oica. Trago comigo um coracao de grande poeta mas n escrevo, e so pela maneira de ser. Um beijo.