O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, abril 22, 2016

A MULHER INSTINTIVA

"Como é que a mulher selvagem influencia as mulheres? Tendo-a como aliada, chefe, modelo e professora, vemos não só através dos nossos dois olhos, mas através dos olhos da intuição, que tem muitos mais. Quando afirmamos a nossa intuição somos como a noite estrelada: vemos o mundo através de milhares de olhos."*



"Temos que nos esforçar para as nossas almas crescerem de forma natural e alcançarem as suas profundezas. A natureza selvagem não exige que uma mulher seja de uma determinada cor, que tenha uma determinada educação ou um determinado estilo de vida ou que pertencça a uma determinada classe económica... Na verdade, ela não se pode desenvolver-se numa atmosfera de obrigação ou de correcção social e política, nem pode ser forçada  para que encaixe nos moldes antigos e caducos. Ela só se  desenvolve com o olhar puro e honestidade pessoal. Só se desenvolve com a sua própria maneira de ser.
Portanto, tanto faz que seja,  introvertida como  extrovertida, que seja uma mulher amante da mulher, uma mulher amante do homem ou uma mulher amante de Deus ou as três coisas ao mesmo tempo, tanto faz se  tem um coração simples como se for ambiciosa, como ser Uma Amazona, ou se quer chegar ao topo,  como lhe basta continuar divertindo-se até  de manhã, não importa se é alegre ou se é de temperamento melancólico,  se é esplêndida ou se é arrogante, a mulher selvagem  pertence a si mesma. Pertence a todas as mulheres.
Para encontrá-la, as mulheres devem voltar para as suas vidas instintivas, ir buscar os seus mais profundos conhecimentos. Por conseguinte, vamos andando agora mesmo e vamos recordar a nossa alma selvagem. Deixemos que sua carne volte a cantar nos nossos ossos. Despojemo-nos de todos os falsos mantos que nos deram. Compensemo-nos com o verdadeiro manto do poderoso instinto e a sabedoria. Entremos nos territórios psíquicos que nos pertenceram. Descobrir as vendas, preparar a medicina. Vamos voltar agora como mulheres selvagens que uivam, riem e cantam os louvores daquela que tantos nos ama.
Para nós a escolha não oferece dúvidas. Sem nós, a mulher selvagem morre. Sem a mulher selvagem, nós morremos nós. Para a vida, para a verdadeira vida, ambas temos que viver."*

*Clarissa Pinkola estés
Mulheres que correm com os lobos (Introdução)

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