O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, setembro 07, 2016

FEMININO VERSUS MASCULINO





" Á medida que o arquétipo feminino consciente se desdobra na consciência, o seu arquétipo aliado muda também.  Tão pouco  conhecemos ainda o verdadeiro masculino consciente. Confundimos o princípio de poder patriarcal, que controla e altera a natureza a qualquer custo, com o masculino.  Assim, o masculino sofreu um desequilíbrio pela perda do feminino, e também ele pode ser renovado,  esclarecer-se e renascer em nós. Com a sua aparição, temos uma grande oportunidade para fazer alquimia espiritual, para encontrar o mistério do outro no casamento sagrado." - Connie zweig


O LADO FEMININO DO HOMEM e o lado masculino na mulher .

- O Princípio Feminino é uma coisa e o lado feminino do homem outra coisa, embora tenha de ser activado, é certo, dado que também o seu lado masculino foi adulterado pela ideologia do poder patriarcal, é-lhe difícil compreender essa realidade, mas a questão principal aqui é que se a mulher ela própria esta desconectada da sua essência feminina, perdida desse Principio Feminino, que, tal como o homem está em parte desconectado do verdadeiro Principio Masculino, sendo ambos  pilares desta Criação, como vai o homem integrar o seu feminino se não tem  um espelho fiável e genuíno na mãe nem na amante?

A questão  que se trata aqui, e o foco do nosso trabalho específico, é, antes de mais, fazer acordar na mulher essa consciência do seu feminino sagrado, esse lado perdido de si, ocultado pela sociedade patriarcal. Tendo a mulher perdido o contacto com essa parte da natureza Terra-Mãe ela alienou-se igualmente da sua própria natureza intrínseca, a parte de si instintiva e selvagem que lhe foi usurpada e negada desde menina, para servir o homem, casando e tendo filhos. Neste caso para poder então haver um feminino integrado e consequentemente a integração dos opostos, é preciso que a mulher recupere a sua identidade essencial…

O que acontece é que da mesma maneira que ficou biologicamente às expensas da mulher a gestação do ser humano no seu ventre...também é ela a iniciadora do homem e isso foi deturpado, tendo sido invertidos os termos da  Obra alquimica e do casamento alquímico...Pela sobrevalorização do masculino e anulação do feminino, criou-se um desequilíbrio fatal para ambos os sexos e para a o mundo. E que temos de entender é que sem que a mulher reconheça em si esse principio ou essência feminina como fonte do seu ser e como expressão intrínseca de si como mulher (hemisfério direito activo: emoção, intuição e síntese razão coração)  não há integração desse feminino nem complementaridade entre homem-mulher porque a mulher está diria amputada da sua natureza essencial. Esse feminino essencial que a caracteriza enquanto mulher magnética e sexual e a torna a mediadora das forças cósmico telúricas, a que une o céu e terra, o que está em baixo e o que está em cima...não estando  activo na mulher, ela não pode cumprir esse papel, nem ser essa Mulher primordial   

É evidente que o homem tem a sua componente feminina como a mulher tem a sua componente masculina que Jung definiu como à partida anima no homem e animus na mulher e com o que eu não concordo. Quanto a mim eles são respectivamente anima na mulher e animus no homem, mas na ligação (casamento) alquímica (no interior) há a revelação-elevação  que desencadeia o despertar dos seus opostos dentro e fora…

Entretanto, nas nossas sociedades e cultura, devido a prepotência e excesso do pensamento masculino no mundo, também a mulher acabou por mais  depressa expressar o seu animus do que a sua anima, daí certamente a confusão. Não nego nem nunca neguei o feminino nem a Deusa no homem...nem o masculino na mulher, mas o processo inverteu-se e a mulher foi desligada da sua natureza essencial, da sua verdadeira natureza feminina. A mulher que conhecemos não é a mulher verdadeira. É uma mulher fragmentada, dividida e sem identidade…
Grosso modo, é o que eu penso, e só quando a mulher for integral e o homem a conhecer como tal...
TEMOS AGORA todo um trabalho em mãos, nós mulheres… e temos de perceber que  em cada uma de nós há não só um imenso trabalho de desconstrução do patriarcal como do  resgate do feminino sagrado e só depois desse trabalho dentro da mulher, o homem poderá integrar o seu feminino.  Creio que  o homem só poderá integrar o seu feminino ao abrir-se à Mulher e à Deusa, quando cada  Mulher integrar a Deusa e esse essência feminina e for uma Mulher autêntica e não este simulacro de mulher: um subproduto do imaginário masculino totalmente longe da sua essência feminina e cheio de silicone e botox…

(...)
rlp
Excerto de texto já publicado

1 comentário:

Ná M. disse...

" O objetivo da terapia deveria ser fazer a pessoa encontrar a liberdade. Mas como ela irá senti-lo se está sempre em um ambiente de contágio emocional? É um problema que nunca tem fim"

Opinião de Alexandre Lowen em Medo da Vida