O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, outubro 12, 2016

A DEPENDÊNCIA DO OUTRO

AS MULHERES ESTÃO TODAS DEPENDENTES, os homens também, mas especialmente as mulheres, regra geral, são dependentes do homem, do filho e do pai-deus...


“…o traço unitário da doença mental – a dependência”.*
...
"Podíamos acrescentar: o traço unitário da saúde mental – ser-se independente de outro ser, porque nos sentimos inteiros, mas a quem permanecemos ligados por uma indecifrável fragilidade. No amor, a nossa satisfação não se consegue atingir sem que a pessoa que amamos ,esteja satisfeita.
É preciso sermos fortes para vivermos este ofício desprendido – a nossa liberdade de ação que nos dá um sentido de competência e o vínculo que nos liga ao outro em assuntos específicos . Agora, chegamos para estar com ele, estamos mais ricos e mais fortes.“E o vínculo é de lealdade e não de dependência; de afeto e respeito, e não de necessidade e medo da perda.”
Se há um contínuo que liga a normalidade à patologia, a mesma linha une a independência à dependência. Nesta ultima condição, “Alguém faz-me falta para me sentir completo, inteiro; mas não para formar uma nova unidade, o par” (o par amoroso, o par de colegas, o par de amigos….). Pelo que, não se vive bem connosco e com o outro, neste intrincado de necessidades e expetativas irrealistas. É a prisão das esperanças sem sentido que se chocam, e de todas as insatisfações. O que se quer por vezes, é a fusão, que o outro se cole à imagem e semelhança do que desejamos. E que se apague, porque, a pessoa que ele é, na verdade, pouco importa. O que impera é a nossa necessidade e o medo de ficarmos por nossa conta e sós."



*As citações são de: António Coimbra de Matos
texto da psicóloga cristina simões - in incalculável imperfeição

1 comentário:

Luíza Frazão disse...

Muito certo. Mas não concordo que as mulheres sejam mais dependentes, é mais complicado do que isso. Na prática, basta comparar a percentagem de homens que vivem sós com a das mulheres nas mesmas circunstâncias. Os homens é que não conseguem mesmo viver sozinhos,até porque há sempre uma mulher disposta a cumprir a necessidade intrínseca que têm que basicamente parece ser da mãe...