O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, dezembro 08, 2016

mulheres de verdade...




HONRO AS MULHERES DE VERDADE


"Não sou completa, não. Completa lembra realizada. Realizada é acabada. Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo. Eu vivo me completando... mas falta um bocado." - Clarice Lispector


Eu sei que é muito difícil abordar e focar os aspectos da nossa incompletude, a nossa divisão intrínseca, os aspectos mais difíceis do nosso ser mulher fragmentada e em busca de si, quando há para ai tantos grupos e mulheres "iluminadas" apenas a falar do lado divino e belo e doce e fantástico da mulher e dos seus dons e cheias de receitas e palavras positivas e tudo é só amor...sororidade e beleza...mas que na verdade não dizem nada...apenas alimentam a fantasia e a farsa new age. 

Mulheres com nomes santos e orientais, todas já muito realizadas a tratar do divino e do altíssimo...e tu lês e lês e lês e não sentes nada...e tudo isso só incentiva a mulher a fingir e a ficar com medo de não ser o modelo de virtudes e a calar as mágoas, as dores e as raivas, mesmo quando falam da Mulher selvagem...ela acaba sempre por se render e submeter aos pés do companheiro ideal que a compreende e a eleva aos céus e ao samadi ou do mestre, muito feliz e realizada...
Como costumo dizer é fácil seguir caminhos perfeitos, idealizados, espiritualizados, citando frases lindas de mestres e budas ou santos do passado. E...sim, é bem mais fácil ficar contente com palavras que  animam e trazem esperança, palavras bem falaciosas, bonitas, que falam de gratidão e perdão etc. e que trazem o amado de volta...ou o príncipe encantado, o amante sonhado...

E elas são todas Kuan Yin's, Virgens Marias sem pecado ou Madalenas arrependidas casadas com Jesus...Citam Osho, Rumi, Jesus, Buda, Lau Tse...Confúcio...

Desculpem-me o incómodo, o bater da tecla...mas isto nada tem a ver com o Sagrado Feminino!
Na realidade sinto que o meu papel sempre foi muito ingrato...desmontar desmistificar, denunciar todas essas mentiras que parecem verdades é mesmo muito ingrato e doloroso...não fosse haver algumas mulheres realmente mais conscientes que me acompanham neste caminho de verdade interior e que  veem a farsa e fazem a diferença e são reais, acho que há muito teria desistido de escrever. Obrigada por isso às mulheres lucidas e corajosas que conseguem dizer a sua verdade sem medo de não serem esses anjos fantásticos do bem e santas de trazer por casa...
rlp

Sem comentários: