O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 31, 2016

EM QUEM PODEM CONFIAR AS MULHERES?



PORQUE TÊM MEDO AS MULHERES
DAS OUTRAS MULHERES?


Sim, compreendo o medo das mulheres, a sua reserva em relação umas às outras e que elas duvidem umas das outras. Antigamente essa reserva e desconfiança entre mulheres passava-se  de uma maneira mais vulgar e mesquinha, eram sempre as mulheres e os seus enredos, as comadres e as vizinhas, sempre umas contra as outras, ou entre as mulheres da família, as noras e sogras, as cunhadas e tias, como existiu sempre entre as feministas  e agora essa rivalidade surge também através  dos grupos de mulheres que andam ou dizem andar em buca  do "feminino sagrado" e da Deusa; há nestes contextos também muitos enredos e banalidades à mistura com grandes parangonas das Deusas, todas à bulha como as deusas no Olimpo por causa de Zeus...e agora é entre muitas mulheres que se intitulam tarólogas ou cartomantes, curadoras ou guias,  em que muitas são de facto oportunistas assim como  há terapias invasivas e fraudulentas conforme deu testemunho uma amiga que:

"tomou conhecimento, através de relatos de algumas senhoras que me contactaram indignadas por terem participado em TERAPIAS INDIVIDUAIS CHAMADAS DE SAGRADO FEMININO DUVIDOSAS....
Sinto que depois de escutar este relatos, não posso deixar de esclarecer que em TERAPIAS DO SAGRADO FEMININO ou de CURA DO FEMININO, ninguém fica DESPEDIDO, nem é COAGIDA A PERDER A SUA INTIMIDADE.

No Sagrado Feminino há um total respeito pelo Corpo Sagrado de cada mulher por parte da terapeuta.
É esta DESINFORMAÇÃO constante que em parte é responsável pelo desrespeito e descrédito pela verdadeiro SAGRADO FEMININO." (Cristina Neves)


É, eu sei, é difícil confiar e saber quem é QUEM à partida nesta Feira de saberes e vaidades alternativas; é difícil  saber quem é verdadeiro, quem é autêntico ou genuíno, mas não há outro meio, senão seguir a nossa intuição,  ouvir o nosso coração, mas também ter algum discernimento, só isso nos pode ajudar a separar o trigo do joio, quando há tanta oferta e tantas promessas de cura e de salvação...

As mulheres eram e continuam a ser infelizmente mais fracas dentro destes processos porque estão perdidas e não sabem de si e por isso são mais facilmente  manipuláveis - elas compram tudo o que se lhes vende  precisamente porque duvidam de si, são inseguras;  tantas mulheres abandonadas por amantes e maridos, pelos filhos inclusive, já na meia idade e não só, neuróticas ou em depressão, e que se entregam a tudo sem saber nada, em busca de uma esperança qualquer, de uma solução para as suas vidas desfeitas e vão atrás de tudo. 


Há agora tanta especulação da parte dos homens como  da parte de mulheres que se aproveitam deste movimento da Deusa e do "Sagrado feminino" para se afirmarem apenas como egos e serem elas as cabeças de lista, vendendo produtos vários, "pacotes divinos" de informação e formação de deusas - promovendo-se e dando-se a si mesmas os louvores e as glórias. E por isso é em nome do Feminino Sagrado e desta onda crescente, que muitas  mulheres desprevenidas vão atrás delas e se abrem sem saber ao certo para onde vão, sem saberem realmente de si, seguindo uma suposta espiritualidade new age, essa grande mistura de tudo, essa miscelânea de credos e rituais e que não passa de uma armadilha mais para afastar a mulher dessa consciência de si e da sua individualidade...
Por isso urge adquirir um saber, um sentir, e manter uma consciência clara de si mesma, manter o foco no nosso centro, mas para isso a Mulher tem de primeiro entrar em contacto com as suas forças arquetípicas interiores e tomar consciência da sua cisão interna  e assim poder psicologicamente entender a razão da sua divisão, a razão da sua vulnerabilidade, a razão da maior parte dos seus conflitos internos, a sua dualidade entre "a santa e a puta", essa cisão que divide todas as mulheres dentro de si mesmas consciente ou inconscientemente, razão da rivalidades entre mulheres e da sua separação, assim como das suas doenças. 

Sim, eu compreendo o medo das mulheres e que elas duvidem umas das outras!
O melhor portanto é estar prevenida para não cair nas malhas de gente sem consciência nenhuma e oportunista que usa e abusa da fragilidade e ignorância das mulheres, antes presas nas teias  do Deus Pai e dos seus padres e  agora ainda de pregadores new age, caindo na armadilha de uma nova "espiritualidade" que mais não faz do  que disfarçar a velha religião patriarcal para melhor dominar  e desviar as mulheres de uma verdadeira consciência de si enquanto MULHERES!
Inicialmente muitos destes movimentos do feminino - tal como o feminismo há décadas - tem todo o sentido e são positivos, eles tem um propósito inicial de resgate da Mulher, da sua liberdade ou dos seus direitos  ...mas a breve trecho são aproveitados pelos homens e pelas seitas ou pela matriz de controlo  para desviarem as mulheres dessa Consciência de si e da Essência Feminina - ontológica e telúrica...- de que têm tanto medo. Porque só a Consciência da verdadeira Mulher lhe pode  devolver o seu poder de Magia e Amor o Eterno Feminino. E essa consciência não se  adquire  sem um trabalho profundo da Psique feminina e muito trabalho com a Sombra.
rlp

AS DEUSAS NEGRAS

"Não basta dizermos que é preciso uma nova relação com o feminino. Aquilo de que precisamos mesmo é de nos relacionar com o lado negro do feminino.”

Fred Gustafson, The Black Madonna (Boston, Sigo Press, 1990)


"Nas sociedades tradicionais que reverenciavam a lua como Deusa, a 3.ª fase negra era personificada pela Deusa Negra, sábia e compassiva, que governava os mistérios da morte, transformação e renascimento. Com o tempo, sucessivas culturas foram gradualmente esquecendo o antigo culto da lua, e o antigo conhecimento da ciclicidade da realidade, reflectida nas suas fases perdeu-se.
Na nossa sociedade actual a maior parte de nós desconhece o potencial de cura e de renovação que existe como qualidade intrínseca do processo cíclico da fase escura da lua. Em vez disso, associamos a ideia de escuridão à da morte, do mal, da destruição, isolamento e perda. Numa sociedade governada pela clara consciência solar, fomos ensinad@s a temer, rejeitar, desvalorizar e desempoderar tudo quanto se relaciona com os conceitos de escuridão – pessoas de cor, mulheres, sexualidade, menstruação, natureza, o oculto, o paganismo, a noite, o inconsciente, o irracional e a própria morte. Do ponto de vista mítico, associamos todos estes medos da escuridão à imagem do feminino demoníaco conhecido como a Deusa Negra, intimamente relacionada com a lua negra.
Ao longo da história, o poder original da Deusa Negra enquanto renovadora foi esquecido e ela tornou-se assustadora e destruidora. Em muitas mitologias do mundo, ela foi descrita como a Tentadora, a Mãe Terrível, a Anciã que traz a morte. As suas biografias mais tardias descrevem-na como negra, malvada, venenosa, demoníaca, terrível, malevolente, fogosa. À medida que a cultura patriarcal se tornou dominante, ela foi-se transformando num símbolo da devoradora sexualidade feminina que faz com que o homem transgrida as suas convicções morais e religiosas, consumindo-lhe a essência vital no seu abraço mortífero.
Na imaginação mítica das culturas dominadas pelo homem, a sua natureza original foi distorcida e ela tomou proporções horríficas. Enquanto Kali, ela surge nos crematórios adornada com uma grinalda de caveiras, empunhando a cabeça cortada do seu companheiro, Shiva, escorrendo sangue. Enquanto Lilith, ela voa pelos céus nocturnos como uma demoníaca criatura que seduz os homens e mata criancinhas. Enquanto Medusa, a sua bela e abundante cabeleira tornou-se uma coroa de serpentes sibilantes e o seu olhar feroz transforma os homens em pedra. Enquanto Hécate, ela persegue os homens nas encruzilhadas pela noite com os seus ferozes cães do inferno.
Podemos perguntar-nos por que razão a Deusa Negra apresenta uma imagem tão terrífica e de que modo ela e a sua contraparte psicológica, o feminino negro, ameaçam a nossa sociedade e criam destruição nas nossas vidas. E ainda como é que o seu poder destruidor se relaciona com as suas qualidades de cura que permitem a renovação. De que formas a Deusa Negra representa o nosso medo do escuro, do oculto, da morte, da mudança; o nosso medo do sexo, bem como o do confronto com o nosso ser e essencialmente com a nossa essência e a nossa própria interpretação da verdade. As respostas para estas questões podem encontrar-se na transição de uma cultura matriarcal para uma cultura patriarcal que ocorreu há 5 mil anos. As pesquisas actuais sobre a história antiga, nos domínios da teologia, da arqueologia, da história da arte e da mitologia, estão a trazer à evidência que, com início há 3 mil anos AC, ocorreu uma transformação nas estruturas religiosas e políticas que governavam a humanidade. Sociedades matriarcais que cultuavam as Deusas da terra e da lua, como Innana, Ishtar, Ísis, Deméter e Artemis, deram lugar a sociedades patriarcais, seguidoras do deus solar e dos heróis masculinos, como Gilgamesh, Amon Ra, Zeus, Yahweh e Apolo.
Antes disso, uma conexão entre a morte e o renascimento estava implícita na cíclica renovação da Deusa Lua, cultuada pelos povos antigos. A Deusa ensinava que a morte mais não é do que a precursora do renascimento e que o sexo não serve apenas para a procriação, serve também para o êxtase, a cura, a regeneração e a iluminação espiritual. Quando a humanidade adoptou o culto dos deuses solares, os símbolos da Deusa começaram a desaparecer da cultura e os seus ensinamentos foram esquecidos, distorcidos e reprimidos.
Académic@s contemporâne@s começam a descobrir evidências de como o culto da Deusa foi suprimido, os seus templos e artefactos destruídos, os seus e as suas seguidr@s perseguid@s e assassinad@s e a sua realidade negada. O novo sistema de crenças das tribos dos conquistadores solares patriarcais renegaram a renovação cíclica, negando assim o ciclo natural do nascimento, morte e regeneração da Deusa Lua, o terceiro aspecto da Deusa Tripla. A Deusa Tripla da Lua, na sua fase nova, cheia e escura, era o modelo da natureza feminina enquanto Donzela, Mãe e Anciã. No seu culto original da Deusa Negra, como o terceiro aspecto desta trilogia lunar, ela era honrada, amada e aceite pela sua sabedoria, pelo seu conhecimento dos mistérios da renovação.
Durante a prevalência da cultura patriarcal, entretanto, ela e os seus ensinamentos foram banidos e remetidos para os recantos escondidos do nosso inconsciente.
(…)
Com a diminuição da luz da lua, ela transforma-se na Anciã Negra na lua escura minguante que recebe @ mort@ e @ prepara para o renascimento. Na sua sabedoria que deriva da experiência, ela relaciona-se com a estação do inverno e o mundo subterrâneo. Enraizada na sua força interior, a Deusa da Lua Negra está repleta de compaixão e de compreensão da fragilidade da natureza humana e o seu conselho é sábio e justo.
Ela governa as artes da magia, o conhecimento secreto, os oráculos. A Anciã da Lua Negra era artisticamente representada como a terrível face da Deusa que devora a vida, e algumas imagens representam a sua vulva como símbolo da subsequente renovação. Rainhas da magia e do submundo, como Hécate, Kali, Eresh-Kigal, são símbolos da fase minguante da Deusa da Lua Negra.
(…)
Os povos antigos sabiam que, tal como ela morria todos os meses com a velha Lua Negra, também renasceria na Lua Nova crescente. Era a Anciã da Lua Negra que tomava a vida no seu útero; mas @s antig@s também sabiam que a Deusa Virgem da Lua Nova daria à luz a nova vida. A anciã era a doadora da morte assim como a virgem era a que trazia o renascimento. A reencarnação era representada pela refertilização da anciã-tonada-virgem. A interacção contínua entre a destruição que se transformava em nova criação é a eterna dança que sustém o cosmos.
A Deusa Negra eliminava e consumia aquilo que estava velho, degradado, desvitalizado e sem préstimo. Tudo isso era transformado no seu caldeirão e oferecido depois como elixir. Como podemos ver nos seus antigos rituais sagrados, as antigas religiões partilhavam o conceito dum submundo para onde a Deusa Negra conduzia a alma através dos negros espaços do sem forma, onde ela exercia os seus secretos poderes de regeneração.
A palavra inglesa “hell” vem do nome da terra subterrânea da Deusa escandinava Hel. O seu subterrâneo não era entretanto um lugar de punição, mas antes o escuro útero, simbolizado pela cave, o caldeirão, o fosso, a cova, o poço. A Deusa Negra não era temida e o seu espaço não era um lugar de tortura. Ela guardava os seus e as suas iniciad@s nos cemitérios, a entrada do seu templo. Através da morte o indivíduo entra no ciclo da fase escura da lua; aí encontra a Deusa Negra que o conduz através da passagem intermédia de volta à vida.
Quando este natural desfecho do tempo de vida era compreendido e aceite, a Deusa Negra era honrada pela sua sabedoria e amada pela sua ilimitada aceitação e compaixão para com os habitantes da terra. Ela não era temida pelos povos que cultuavam a lua, que entendiam a morte como um hiato no tempo entre vidas."


MYSTERIES OF THE DARK MOON – The Healing Power of the Dark Goddess, Demetra George, HarperSanFrancisco, 1992
Traduzido por Luiza Frazão

sábado, julho 30, 2016

AS MULHERES QUE FALAM SEM MEDO




A PERSEGUIÇÃO ÀS MULHERES, não era "dolce gabbana"

"Quando pela primeira vez, contamos a nossa verdade parece-nos assustador e perigoso, mas torna-se cada vez mais fácil. Na medula da nossa experiência feminina colectiva, sabemos que há riscos.
Algures nas nossas almas, rememoramos o tempo das fogueiras, em que as mulheres eram perseguidas e queimadas vivas como feiticeiras. Aconteceu em três séculos de inquisição. Quando nos referimos , nos nossos tempos, ao holocausto das mulheres , sabemos que houve mais mulheres... queimadas numa estaca do que as assassinadas com gás nos fornos nazis do holocausto da segunda guerra mundial.
Primeiro, queimavam-se vivas as parteiras por abrandarem as dores do parto (que iam contra o preceito bíblico), depois as curandeiras que sabiam usar as ervas medicinais , as mulheres que comemoravam a chegada das estações, as mulheres excêntricas, as mulheres com posses que alguém cobiçava, AS MULHERES QUE FALAM SEM MEDO, as mulheres inteligentes, as mulheres desprotegidas. Essa memória colectiva tem um efeito igual ao de um trauma pessoal reprimido. .."


Jean Shinoda Bolen
Travessia para Avalon.

O espírito na vida, A vida no espírito.


GREGOS E TROIANOS...

"Para os gregos só pode haver verdade ou mentira, certo ou errado, vitória ou derrota, amigo ou inimigo, vida ou morte. Eles pensam de maneira diferente. O que não é visível, cheirável, audível, palpável, não existe. É a outra coisa que eles esmagam com as suas claras distinções, aquela terceira coisa que para eles não existe, o que é vivo e sorri, que é capaz de gerar continuamente a partir de si próprio, o indiviso, espírito na vida, vida no espírito. Anquises dizia uma vez que mais importante do que a invenção do malfadado ferro teria sido para eles o dom da compreensão. Para que eles não aplicassem apenas a si próprios os conceitos férreos do bem e do mal, mas por exemplo igualmente a nós."


in "Cassandra", de Christa Wolf,

sexta-feira, julho 29, 2016

URGENTE UM NOVO PARADIGMA PARA A PAZ NA TERRA


O MUNDO PATRIARCAL - e as mulheres cegas...

Eu tenho horror ao facto de as mulheres se aventurarem no mundo dos homens convencidas que serão valorizadas e aceites pelo seu brio e inteligência, pela sua capacidade de trabalho e sagacidade, quando a única coisa que existe de facto - muito subtilmente - é o aproveitamento do pendor maternal da mulher ou o pendor sexual e depois, na sequência, o seu linchamento seja sobre que pretexto for.

Essa é a realidade que as mulheres neste mundo - a selva consumista e falocrática - um Sistema opressivo da mulher e que a explora em todos os sentidos; mas essas mulheres as mais manipuladas elas não querem ver e isso porque por um lado estão assim formatadas e por outro sabem implicitamente que se não cederam ou não se submetam aos padrões e às regras dos homens, sabem se mais tarde ou mais cedo não forem "ao castigo" (não tem premio), deixam de ter importância ou lugar dentro dele, são despedidas ou substituídas.
E é assim, tal como disse um amigo: "também não é menos verdade que muitas vezes são as mulheres que usando os seus atributos e predicados, se determinam a subir " na carreira na horizontal".... fazendo tábua rasa da sua dignidade." e com o que estou absolutamente de acordo...mas isso note-se faz parte do acordo tácito das mulheres para a sua sobrevivência dentro do Sistema - as que já sabem à partida como é...e estão dispostas a tudo para vencer "na vida" ou se vingar da sua "inferioridade" social...Isso acontece invariavelmente... seja no emprego, na política, nas finanças, nas artes ou na caridade...etc.
Estas são as mulheres que por norma seguem o padrão patrista...os valores dos homens e a sua ideologia...embora hajam outras que o fazem sem consciência e porque se sentem perdidas e acabam por cair na rede, senão mesmo das redes de algumas  Mafias etc. outras há que se deixaram simplesmente masculinizar e afastar da essência feminina. RLP

ASSIM, "A MASCULINIZIÇÃO DA MULHER - leva-a à insensibilidade e até à crueldade...por isso temos de abrir o coração...
Durante muitas gerações desvalorizou-se a forma de pensar e de sentir das mulheres, e até foram ridicularizado qualidades como a ternura, a intuição, a entrega e a comunicação, colocando-se num altar o controlo, a análise, a força e a competitividade. E embora o desenvolvimento do intelecto fosse e é imprescindível para nossa evolução, o levá-lo tão longe leva-nos ao desequilíbrio. A sobre masculinização leva-nos à insensibilidade, a qual pode chegar à crueldade e a perda de valores básicos e essenciais para uma vida saudável e feliz."*

E corroborando a ideia e a forma como as "feministas" em geral se afastaram da essência feminina direi como Natália Correia:


- “ACHO que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje. Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida. 
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva d...a Natureza, precisamente para os impor ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem.” **



** NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983
(excerto de entrevista concedida a Antónia de Sousa)

*Fanny Van - in O ressurgimento de o feminino

sábado, julho 23, 2016

Quando o feminino não é valorizado os homens matam-se e a terra morre...



Quando o feminino não é valorizado
os homens matam-se e a terra morre...


“O desequilíbrio das nossas instituições fundamentais, que reflectem um Deus pai no topo de uma trindade to...talmente masculina, teve uma influência devastadora no mundo Ocidental. Com o rápido desenrolar dos acontecimentos devido a avanços da ciência nos últimos trezentos anos e especialmente nos últimos cinquenta, a fractura na sociedade Ocidental e na psique humana tornou-se cada vez mais evidente. A poluição do planeta e o abuso flagrante das nossas crianças estão intimamente relacionados com esta falha fundamental .(...)
Uma das realidades mais tristes da nossa cultura é que a ascendência do masculino ferido levou à exaustão emocional. Onde o feminino não é valorizado, um homem não tem verdadeira intimidade com o seu oposto, a sua outra “metade”. Muitas vezes, não pode canalizar as suas energias na direcção de uma relação amorosa visto que o seu parceiro, supostamente, não tem valor. Privado do seu oposto igual porque o feminino é visto como inferior, o macho frustrado predominante fica esgotado: “onde o sol brilha sempre, há um deserto”. As florestas secam, os rios secam, o solo estala. A terra morre.”


In MARIA MADALENA E O SANTO GRAAL Margaret Starbird

sexta-feira, julho 22, 2016

A GUERRA CEGA

NUM MUNDO SEM MÃE, O HOMEM É UM ASSASSINO

"Sin madre no puede haber hermandad; el fratricidio es la
consecuencia inmediata del matricidio, de la falta de madre. "

Casilda Rodrigáñez Bustos. Vitoria, noviembre 2003


OLHO POR OLHO?

A Crise do mundo é além de tudo o mais uma profunda crise de valores, é uma crise global à escala Planetária e diz respeito a todos os seres humanos. Diz respeito a tudo e a todos e ninguém pode escapar - ninguém pode fugir e fingir que não vê ou que não se passa nada porque esta Guerra de civilizações e de deuses, ataca-nos a todos e todos os dias e de todas as formas e já não se passa só lá ao longe...Mas não há vitimas e culpados em lados opostos, NÃO. AS ...VITIMAS E OS CULPADOS SOMOS TODOS NÓS. Os que somos manipulados e os que ignoramos e os que acreditamos que há os bons de um lado e os maus do outro. NÂO. Todos somos culpados do TERRORISMO E DAS GUERRAS QUE ALIMENTAMOS TODOS OS DIAS no nosso comodismo e conforto, na nossa complacência ou cumplicidade com os Governos mercenários que estão ao serviço dos senhores da guerra e da finança. Nós somos todos as vitimas no fim de um Sistema predador que mata sem piedade seres humanos como se fossem moscas, para eles se manterem no Poder...

O Ódio à América e agora à França...

Ou o ódio racial e social entre os povos, comandados pelas ideologias e pelas religiões deixam-nos este legado de terror e carnificina que se espalha a todos os continentes e do qual todos os governantes querem branquear a sua culpa politica; sim, todo esse ÓDIO fomentando na desigualdade e na mentira social e humana, com que os Países, debaixo da alçada da des-União europeia, ou dos Estados Unidos, que continua a ser regida por gente sem escrúpulos, mario...netas ou palhaços do Sistema Global, os mesmos que agora choram as vitimas ocidentais, foram os que lançaram estas guerras terroristas - Blair, Bushe, Azenar e Durão Barroso  contra povos inocentes.e agora Hollande que em represália dos atentados de Nice por um "francês-tunisino", bombardeia a Siria - Quase todos sem excepção servem apenas os interesses económicos e bélicos dos seus países, bancos, potências e industrias que já nada têm a ver com a vida e cuidado das pessoas nem com uma verdadeira humanidade.

rlp

PORTUGAL TEM ORGULHO MAS SENTE-SE PEQUENO

HÁ QUEM DIGA AS COISAS DE FORMA CLARA E CONSCIENTE DA NOSSA HISTÓRIA - mas todos gostamos de negar isso ...são os nossos complexos de inferioridade que nos levaram à vitória, são eles que nos movem quase sempre na vida: VINGAR NA VIDA...sempre que se pode...e sabe bem!  rlp

EDUARDO LOURENÇO

O filósofo e ensaísta defende que o triunfo do futebol afasta alguns fantasmas do passado "se é que ainda existem". "Portugal tem orgulho, mas sente-se pequeno", diz.

"A vitória no Europeu de futebol pode contribuir para a reconciliação com alguns fantasmas do passado colectivo, se é que o espectro da inferioridade ainda paira sob Portugal. A tese é de um dos mais reconhecidos pensadores portugueses contemporâneos, o professor Eduardo Lourenço.
O filósofo e ensaísta, que iniciou a sua relação com França em 1949, na Universidade de Bordéus, onde reside desde 1965, recusa, por outro lado, qualquer sentimento de vingança para com um país onde, sustenta, "os portugueses já não são actores secundários".
O actual Conselheiro de Estado defende ainda que os portugueses são tão patriotas desde sempre que não necessitam do "suprimento de alma" da vitória no futebol para reforçar aspectos identitários.
Em tempos de universalidade do futebol, pode haver uma reivindicação da portugalidade na vitória de Paris?
Não há nos actores principais: o treinador, responsável máximo pela vitória, ou nos jogadores. Mas, de facto, os meios de comunicação voltaram a retomar esse tema que é filho do nosso antigo complexo de inferioridade.
Um complexo histórico e cultural rebatido agora como se fosse uma espécie de vingança, ou desforra, para com uma França que nos teria ofendido.
Tudo isso é um pouco absurdo. Agora não há dúvida alguma que a vitória é interessante para os portugueses que vivem em França. De facto, já não são actores secundários da vida francesa.
A nossa emigração é uma emigração de sucesso. Os portugueses estão muito integrados. Não emigraram para nenhuma colónia longínqua, mas sim para um país que se conhece desde que Portugal existe. Uma região privilegiada chamada França.
Mas há um contributo para o amor-próprio dos portugueses e para o reforço da sua identidade?
Os portugueses nem precisam desse contributo. Os portugueses são tão portuguesinhos, somos tão patriotas desde nascença até hoje que não precisamos deste tipo de suprimento de alma de uma vitória no futebol.
Mas, enfim, consola, sobretudo, num contexto europeu como é o de hoje. A Europa está numa grande carência de sentido para ela própria. Discute a sua própria identidade. Algo incrível. Nós, sim, podemos fazê-lo.
Somos um pequeno país que foi ilustre na história por tudo quanto sabemos. Mas ver a França discutir a sua própria identidade e ficar muito magoada por não estar à altura dos seus pergaminhos e da sua grandeza é um pouco triste.
Enfim, os meus filhos são franceses, a minha mulher era francesa, de maneira que poderia estar um pouco dividido, mas não estou.
Como seguiu a epopeia desportiva do torneio com toda a carga simbólica que arrasta?
Segui preocupado. Não totalmente convencido de que teríamos uma boa equipa. Tínhamos uma equipa mais ou menos como as outras, mas nada estaria garantido. Nada garantido nem para Portugal, nem para qualquer outra selecção, como se viu durante todo o campeonato.
Mas nós não temos nada que provar. O que tínhamos de provar ao mundo já provámos quando isso era uma novidade e constituía uma acção para a humanidade inteira. Temos sempre este complexo de ser uma pequena nação não tão visível como outras. Mas outras nações também não são visíveis.
Houve sempre países hegemónicos que dominaram o panorama internacional. A Inglaterra, a França, a Rússia, de que não se fala muito. Acho que esta vitória no futebol foi um bom momento para uma reconciliação com os nossos complexos.
Esperemos que seja uma reconciliação longa e definitiva para curar os nossos complexos de inferioridade, se é que ainda os tínhamos. Alguns tinham. Outros não tinham.
Portugal tem o orgulho, mas, por outro lado, sente-se muito pequeno.
Esta vitória é relevante do ponto de vista anímico, de reencontro com a história, mas, muitos destes triunfos desportivos, não costumam resolver aos povos problemas de futuro...
Nada. Nenhum problema. Isto é uma espécie de milagre, mas a história de Portugal é constituída por uma série de milagres.
Não se sabe assim muito como é que há quase mil anos este país pequenino, aqui no canto da Europa, é ainda sujeito do seu próprio destino.
Mas esta é uma Europa em grave crise. O professor defende que o continente está confrontado com o sentido da sua própria História?
Sim, mas não no sentido do confronto ter lugar no interior da própria Europa. Foi sempre assim na história da Europa.
Somos herdeiros do Império Romano. Tanto a Europa do Sul, mais antiga que a outra, a nórdica, mais tarde a dominante depois dos tempos de Shakespeare.
A Europa está confrontada com o sentido da sua própria História mais no sentido da normalização da nossa relação – nos tempos modernos – connosco próprios.
Afirma que a Europa está confrontada com uma contestação, mais que tudo, de natureza quase cultural. Como sair daqui?
Como sair? Primeiro ter consciência de que o problema existe. Ter consciência de que há ameaças concretas, sobretudo, as que se traduzem pelo fenómeno do terrorismo. Outras ameaças sempre existiram.
A Europa define-se na sua relação com o que não é Europa. Só sabemos o que é Europa quando estamos fora da Europa. Na Europa temos uma experiência normal. É como a experiência de quem está em casa. Há até uma pluralidade de casas que, mais ou menos, têm afinidades entre elas. Isso é a Europa. Outros continentes têm menos história que nós exceptuando a Ásia que está na origem de tudo.
Neste momento a ameaça da Europa é uma ameaça cultural de um novo tipo. O que está em causa é o papel hegemónico desta Europa no mundo. É uma batalha cultural. Um ensaísta norte-americano (Samuel Huntington) diz que há uma luta entre civilizações, um choque de civilizações, uma batalha cultural. A História foi sempre isso. A História não é outra coisa.

quinta-feira, julho 21, 2016

ESTA VISÃO DESENCANTADA
É DO MEU CEPTICISMOS OU DA MINHA IDADE?

Estava a pensar como podemos acreditar em tanta coisa...como podemos imaginar e teorizar tanta coisa sobre todas as coisas desde mundo e de outros mundos ainda - como se este não nos chegasse...
Estava a pensar incrédula como é que o ser humano pode ir tão longe na ficção e na "imitação de Cristo" e dos deuses e agora da Deusa ou do que quer que seja; como podem e ousam dizer as coisas mais incríveis e inverosímeis e até plausíveis e falar em nome de anjos e entidades maiores e inventar universos e fazer canalizações e falar de ordens celestes e estelares e divinas e de propósitos e acontecimentos dados por garantidos no passado e no futuro e fazer poesia a mais bela, sensível e tocante e criar filosofias grandiosas sobre mundos e escrever coisas maravilhosas e dignificantes sobre a mulher - há homens que descrevem maravilhosa e poeticamente bem a MULHER DIVINA e dizem coisas tão soberbas, perfeitas, sublimes mesmo e depois... batem ou violentam as suas mulheres, destroem as suas companheiras, inferiorizam-nas sistematicamente todos os dias da sua vida - sim, eu conheço-os - e há também mulheres que se julgam arautos dos espíritos e avatares de cristo e mediadoras de Orion ou de Sírios...falam em nome de Isis e no fim são vulgares e agressivas...pessoas medíocres ou histéricas.
Como é que há tudo isso ao vivo e a cores e se propagam estas ideias e crenças a uma velocidade luz...e tudo se conjuga numa amálgama impressionante de coisas portentosas a que se dá crédito e embalam as mentes e aprisionam os corações e as pessoa ficam paralisadas na sua ignorância - para depois se chegar depressa à conclusão de que estas mulheres e estes homens, que se julgam dotados e superiores e assim escrevem e prometem salvação ou cura são na realidade não mais do que pessoas comuns ou então criaturas ridículas, vampiros de energias alheias e oportunistas, quase todos vendedores de sonhos e ilusões...
Como conviver com tudo isto e não sermos enganadas?
Como saber o que é real e o que é fantasia?
Porque queremos e compramos os sonhos dos outros e os alimentamos na sua megalomania com nossa insignificância, crendo-nos inferiores a esses "deuses e deusas" de pés de barro e santos de pau carunchoso ...e que caminham na lama...tanto como nós todos e todas, seres humanos a face da Terra. COMO?
Eu vejo sim, e admito que também me seduz a beleza das palavras, das promessas e tanta erudição suposta na forma e na aparência, na montagens dos vídeos e da propaganda virtual...e a acreditar neles e nelas o mundo estava cheio de Escolas Místicas como Jardins Suspensos neste inferno e seres iluminados, mestres idóneos e realizados, almas puras encarnadas, sacrificadas à plebe...mas a verdade é que eles são bem mais miseráveis dos que estão calados, dos ignorantes e os mais pobres, sejam eles de espirito ou de dinheiro, dos que se julgam menos e que se vergam ao fascínio da mentira e da propaganda virtual...sobretudo as mulheres. Sim, as mulheres, as mais vendidas e as mais fracas, as mais manipuláveis...são sempre as primeiras compradoras de ilusões e as buscadores de sonhos...são sempre as primeiras a acreditar em tudo menos nelas próprias...e digo-vos, eu que não sou NINGUÉM NEM NADA, não sou dotada, nem canalizo nem sou abençoada por nenhum deus do Olimpo, dói-me na alma tanta mentira e tanto ultraje em nome do Sagrado e da Mulher.
É claro que eu sou bruxa e sou velha - já não abono em favor de nada nem de ninguém, já náo compro banha da cobra a malabaristas de palavras...

rlp

..."as pessoas são fiéis às imagens internas que as controlam desde o inconsciente profundo e o mestre nunca é imagem de nada, é alheio à trama psíquica do humano e do inumano. Ele chega sempre do fundo dos fundos, aí onde já se deu a quebra ...do espelho, os ídolos racharam ou amareceleram e onde já não se teima em que o real há-de coincidir com as nossas convicções. Por isso o caminho dos mineiros, dos que escavam na "mina profunda do coração" não é o caminho dos construtores. Todo o sacrificio é inutil, o que é verdadeiramente sagrado já o é, não precisa de construtores. Já chega de sacro oficio. " Nem tudo está ligado, querido Platão..." - dizia Sócrates complacente ...
Carla Salgado
(UMA AMIGA FILÓSOFA...)

ÁS VEZES PESSOA...



(...)

"Toda a aproximação é um conflito. O outro é sempre o obstáculo para quem procura. Só quem não procura é feliz; porque só quem não busca encontra, visto q...ue quem não procura já tem, e já ter, seja o que for, é ser feliz (como não pensar é a parte melhor, de ser rico).
Olho para ti, dentro de mim, noiva suposta, e já nos desavimos antes de existires. O meu hábito de sonhar claro dá-me uma noção justa da realidade. Quem sonha demais precisa de dar realidade ao sonho. Quem dá realidade ao sonho tem que dar ao sonho o equilíbrio da realidade. Quem dá ao sonho o equilíbrio da realidade, sofre da realidade de sonhar tanto como da realidade da vida (e do irreal do sonho com o de sentir a vida irreal).

Estou-te esperando, em devaneio, no nosso quarto com duas portas, e sonho-te vindo e no meu sonho entras até mim pela porta da direita; se, quando entras, entras pela porta da esquerda, há já uma diferença entre ti e o meu sonho. Toda a tragédia humana está neste pequeno exemplo de como aqueles com quem pensamos nunca são aqueles em quem pensamos."


fernando pessoa

terça-feira, julho 19, 2016

A NOSSA FERIDA DE AMOR...


Da paixão e...da morte...

"De novo estou de amor alegre. O que és eu respiro depressa sorvendo o teu halo de maravilha antes que se finde no evaporado do ar. Minha fresca vontade de viver-me e de viver-te é a tessitura mesma da vida? A natureza dos seres e das coisas - é Deus? Talvez então se eu pedir muito à natureza, eu paro de morrer? Posso violentar a morte e abrir-lhe uma fresta para a vida?
Corto a dor do que te escrevo e dou-te a minha inquieta alegria."
in Água Viva - Clarice Lispector

A NOSSA FERIDA DE AMOR...

O desejo do amor exclusivo de alguém é talvez um sintoma de doença na humanidade, um estigma que nos marca logo ao nascer neste mundo. Por mais que tenhamos consciência dessa quase anomalia ela continua como um registo inconsciente, celular, impossível de descartar por vontade própria, assim só porque disso temos consciência ou intuição... Pode levar uma vida inteira a superar este anseio ou sonho, ou quem sabe muitas vidas... À partida, a busca da mãe ou do pai, no amante, a necessidade do consolo ou do abrigo, da protecção, de defesa, seja pois do amante quer na mulher quer no homem, é sinal da nossa separabilidade e incompletude à nascença, por isso todos queremos voltar aos braços de uma Mãe Maior ou ao seu útero, ou simplesmente à origem - que no fundo é o AMOR que todos procuramos - e essa é certamente a grande dor e a grande caminhada na terra e a razão porque nascemos presos por um fio, um cordão umbilical e procuramos toda a vida o prolongamento desse fio no Fio de Ariana, ainda a Mãe, a mulher-deusa ou deus-amor que nos faça sair do Labirinto, ou da nossa cegueira congénita...


rosa leonor pedro

o mundo em guerra...



A BESTA DO APOCALIPSE...

O mundo retrata-nos neste momento e cada vez mais o exaurir do seu poder infernal (do Homem) na sua expressão mais bestial e cínica, desenfreada tanto na guerra como na sua “arte” ou “liberdade”, e o terrorismo (dos dois lados do espectro social) ataca pessoas inocentes e viola todos os direitos e matando a torto e a direito ele expele ódio em todas as direcções. Ele usa crianças nos seus vícios de predadores infectos, em todo o mundo. Não é o chamado terrorismo a forma mais hedionda do seu poder, mas a corrupção e a violência cometida cada dia em seres indefesos por suposto entregues à sua guarda! E não há Defesa contra essa violência calada, diária e branqueada pelos Mídea.
Os homens apenas “defendem e atacam” o seu território e a sua posse, como qualquer animal predador. Em todo o mundo o Poder Patriarcal está impregnado dos mesmos vícios de abuso e violência - a justiça, a polícia, o exército e os Governantes de todo o mundo e já não há ideologias nem religiões que possam esconder esses factos das populações do mundo. Os homens são, regra geral, cúmplices dessas bestialidades generalizadas com excepções muito dignas e que contribuem de forma exemplar para uma Nova Era.
O chamado 5º Poder denuncia, mas não faz nada para minorar ou alterar este estado catastrófico a que o mundo chegou. Chafurda na porcaria e na mentira e atola-se com o que expressa, regido pela mesma cegueira de poder...Sem controlo nem ética, levando as multidões confusas tanto a agir por ódio e raiva, desordenadamente, sob o impulso da violência, como as deixa completamente atrofiadas e presas nas malhas da sua miséria, em luta pela sobrevivência.


rlp

SE



SE
(...)
"Se eu fosse o próprio Deus encarnado, provavelmente viria como mulher, para não deixar que minha doutrina fosse dominada pelos homens, e resgataria a imagem de mim mesmo não somente como Pai, mas como Mãe Divina. Nunca permitiria que as mulheres fossem maltratadas em meu nome, tachadas de bruxas malignas ou impedidas de participar de meu ministério. Falaria, e muito, sobre o sexo e o amor entre os sexos, mostrando que Masculino e Feminino são duas faces da mesma moe
da, e que a plenitude não pode ser alcançada sem a união destes dois princípios complementários. Sugeriria que a mulher aprendesse a pensar como um homem, e que o homem aprendesse a ver as coisas como uma mulher, pois a sabedoria depende da união dos opostos dentro nós mesmos. Nunca exigiria que meus seguidores se tornassem eunucos: mostraria que um homem e uma mulher, ao se unir, apenas repetem o Mistério da Criação, e escolheria eu mesmo um cônjuge para representar o Feminino e o Masculino em mim. Como poderia deixar qualquer legado a meus filhos sem tocar nesse assunto tão crucial?"


Antonio Farjani - autor

domingo, julho 17, 2016

O CORPO DE DOR



QUANDO VOCÊ PENSA QUE CONHECE UMA PESSOA...


"Quando você pensa que conhece uma pessoa e de repente se vê confrontado com uma criatura estranha e maldosa pela primeira vez, isso choca-o bastante. No entanto, é mais importante que observe isso em si próprio do que em qualquer outra pessoa. Fique atento a qualquer sinal de infelicidade dentro de si, tome ele a forma que tomar — poderá tratar-se do despertar do corpo de dor.
Poderá tomar a forma de irritação, de inquietação, de um estado de espírito melancólico, de um dese...jo de magoar, de ira, de raiva, de depressão, de uma necessidade de fazer um drama do seu relacionamento, e outras coisas semelhantes. Agarre-o assim que ele sair do seu estado de latência.
O corpo de dor quer sobreviver, exactamente como qualquer outra entidade, mas só poderá sobreviver se conseguir que você se identifique inconscientemente com ele. Poderá então erguer-se, tomar conta de si, "tornar-se você" e viver através de si. Precisa de obter "alimentos" através de si. Alimentar-se-á de qualquer experiência que esteja em ressonância com a sua própria energia, com tudo o possa criar mais dor, seja sob que forma for: ira, poder de destruição, ódio, pesar, drama emocional, violência, e até mesmo doença.
Deste modo, o corpo de dor, ao tomar conta de si, criará uma situação na sua vida que reflectirá a sua própria frequência de energia para ele se alimentar. A dor só se pode alimentar de dor. A dor não se pode alimentar de alegria. Acha que esta última é bastante indigesta."

Eckhart Tolle

sexta-feira, julho 15, 2016

FALTA-NOS A MÃE



O AMOR INCONDICIONAL?

"A Mãe, inicialmente como a própria Terra divina e depois em suas muitas formas como Grande Deusa ou Deusa Mãe, e também em seu papel dirigente, como representante humana ou como rainha que governa com autoridade da Deusa, manteve a raça humana sob o seu domínio até à aurora dos tempos. Assim aconteceu de acordo com a tradição antiga até que os homens foram superando a sua infantilidade da raça e (...) começaram a usar sua capacidade activa de agressão. No nível transpessoal, os deuses arrebataram o poder da Grande Mãe e o seu séquito. No nível político, os novos patriarcas substituíram os matriarcados de outrora."*


O Amor Incondicional da Mãe é o que mantem viva a espécie Humana e todas as espécies. É o que mantem o Cosmos, a  Terra e a Natureza, a que resta ainda incólume, e que nos alimenta e  permite respirar apesar da aberração de uma raça que se mata a si mesma e da barbárie inconcebível do HOMO sapiens...sem ele a humanidade está condenada ao caos e à miséria.

Toda a gente gosta muito de falar de "amor incondicional" e do altruísmo, mas sem o amor da Mãe não há tal coisa na Terra. Não é o amor de Deus nem em fé em deus que nos dá  essa experiência mas o amor da  Mão à nascença. Sem ele não nos tornamos humanos. Por isso confundimos o amor que vivemos, aquele que conhecemos humanamente basado na teoria e como um amor ideal, sonhado e difundido pelas religiões e supostos mestres, e  que na prática não conhecemos ainda pois negamos os mais elementares valores de respeito e dignidade em relação a nossa Mãe e à Natureza; raramente o vivemos na pele, mas falamos dele como se ele fosse verdade na nossa vida, o que não só nos ilude a nós e nos engana como atrasa o processo de consciência evolutiva do Verdadeiro Amor nosso e dos outros,  ao convencê-los de que ele é real nas suas vidas e não é...

 Assim, todos se iludem e  gostam de apregoar, recitar, receitar, encomendar, recomendar, vaticinar e sei lá que mais, um amor que não existe se nele não incluirmos o ódio. Fazer a elegia de um amor e negar o ódio face oposta da mesma moeda, não conseguimos perceber o que se passa na terra.
Vamos olhar com desencantamento para os ditos guias e lideres ou facilitadores que se encarregam desses simulacros de amor e ver que as suas vidas são de facto um caos afectivo, emocional e sexual, muitas totalmente opostas ao que apregoam. Tantos homens de boa fé ou de fé ou instrutores de entendimento "superior", de agora e de todos os tempos, são umas bestas para com as (suas) mulheres e as maltratam ou abusam a todos os níveis...incluindo crianças.

Não, o Amor dito Incondicional não existe em lado nenhum no plano humano neste mundo em que vivemos. O que existe é um jogo de simuladores  somente à disputa de egos "espirituais" e de poderes ...o que se manifesta é o poder pessoal e a ambição  económico por detrás das suas lideranças e tudo o mais na sua vida prática é  quase sempre  uma variedade imensa de egoísmos e vaidades camufladas de saberes,  do mesmo  modo  com o que se passou em séculos com a dita caridade e até o voluntariado...

Os homens são movidos por Vaidade e puro EGO...eles só pensam em poder e dominar a terra e as mulheres.


Não, "SEM MÃE NÃO SE PODE VIVER NEM MORRER" alguém dizia...  
O drama do ser humano principalmente do homem no mundo é que ele negou a sua Mãe. Ela nega a Mulher e a Deusa como principio maternal do mundo. Só assim se justifica uma sociedade musculadas baseada na força do mais forte na competição e da guerra.
O Amor incondicional só se  revela na Maternidade mais pura, no inicio da vida, na manifestação do amor da Mãe e da Deusa e só  nascidos nesse embalo é que ele se pode consolidar tornar real e espalhar invisivelmente na Terra e onde é preciso...de contrário o que vemos são os filhos sem Mãe, os criminosos, os  fanáticos, os desnaturados, os terroristas, os ditadores...
Tudo aquilo a que estamos a assistir hoje em dia no mundo, um mundo sem Mãe, um mundo orfão...
E enquanto a Mãe do Mundo e a Mulher não forem respeitadas o mundo cai dia a dia até ao caos final...e se transformará num inferno igual  ao mundo muçulmano onde as mulheres vivem  já um inferno.

RLP


*IN ANDROGINIA
Rumo a uma nova sexualidade - JUNE SINGER


JE NE SUIS PAS NICE



O Ódio à França...

Ou o ódio racial e social entre os povos, comandados pelas ideologias e pelas religiões deixam-nos este legado de terror e carnificina que se espalha a todos os continentes e do qual todos os governantes querem branquear a sua culpa politica; sim, todo esse ÓDIO fomentando na desigualdade e na mentira social e humana, com que os Países, debaixo da alçada da des-União europeia, ou dos Estados Unidos, que continua a ser regida por gente sem escrúpulos, mario...netas ou palhaços do Sistema Global, os mesmos que agora choram as vitimas ocidentais, foram os que lançaram estas guerras terroristas - Blair, Bushe, Azenar e Durão Barroso - contra povos inocentes...Quase todos sem excepção servem apenas os interesses económicos e bélicos dos seus países, bancos, potências e industrias que já nada têm a ver com a vida e cuidado das pessoas nem com uma verdadeira humanidade. 

A "UNIÃO EUROPEIA" É POR ACÇÃO E INTENÇÃO "TERRORISTA" CONTRA OS PAISES MAIS POBRES E OS POVOS. Os seus lideres são todos hipócritas e vendidos...já não restam sombras de duvida quem eles servem. Atacam Durão Barroso porque ele é a cara deles todos...vendidos à alta finança e aos interesses mais nefastos que assolam o mundo.

OLHO POR OLHO?

A Crise do mundo é além de tudo o mais uma profunda crise de valores, é uma crise global à escala Planetária e diz respeito a todos os seres humanos. Diz respeito a tudo e a todos e ninguém pode escapar - ninguém pode fugir e fingir que não vê ou que não se passa nada porque esta Guerra de civilizações e de deuses, ataca-nos a todos e todos os dias e de todas as formas e já não se passa só lá ao longe...Mas não há vitimas e culpados em lados opostos, NÃO. AS VITIMAS E OS CULPADOS SOMOS TODOS NÓS. Os que somos manipulados e os que ignoramos e os que acreditamos que há os bons de um lado e os maus do outro. NÂO. Todos somos culpados do TERRORISMO E DAS GUERRAS QUE ALIMENTAMOS TODOS OS DIAS no nosso comodismo e conforto, na nossa complacência ou cumplicidade com os Governos mercenários que estão ao serviço dos senhores da guerra e da finança. Nós somos todos as vitimas no fim de um Sistema predador que mata sem piedade seres humanos como se fossem moscas, para eles se manterem no Poder...

rlp


"Se há constantemente ataques e atentados horríveis em Nice e em todo o mundo é porque vivemos numa sociedade e numa civilização que continuamente ataca e atenta contra a consciência e o amor, não os promovendo e sacrificando-os às visões estreitas, ao poder, à riqueza, ao sucesso e às distracções. Esse é o atentado original e constante do qual todos os demais provêm, os dos grupos e Estados terroristas e os de vidas esvaziadas de sentido, instrumentalizadas para o trabalho, ...a produção, o consumo e a reprodução sexual de mais produtores e consumidores. Deste atentado original e constante somos todos cúmplices, mas dele, como é próprio da cegueira, nunca nos queixamos. Preferimos lamentar e tratar dos sintomas e deixar as causas profundas intocadas, pois elas estão em nós e é sempre mais fácil olhar para fora e culpar os outros." - Paulo Borges


CONTAR OS CORPOS...

"Não sei quem foram as (pelo menos) 84 pessoas cujas vidas pereceram ontem em Nice às mãos do Estado Islâmico. Mas enquanto não soubermos quem são todas as pessoas executadas, crucificadas, esquartejadas, violadas, raptadas, guilhotinadas, fuziladas, querem que continue, emparedadas, imoladas, apedrejadas, sufocadas, afogadas, eu sei lá, são tantos os modos e a as maneiras para nos matarem entre a Síria e o Iraque que de outro modo não nos é possível explicar o porquê da fuga de 14 milhões de pessoas mais a ignorância que todo o Ocidente lhes dedica, lá está, como se toda esta gente não fosse gente, não fossemos nós, não fosses tu e não fosse eu. Porque enquanto não soubermos todos os seus nomes vos garanto como se ontem tivemos Paris, hoje temos Nice, o qual não é senão o reflexo de um ódio que se permite, ainda hoje e desde 2013, andar à solta para que no fim tenhamos petróleo barato. Por isso não posso ser Nice. Hoje não. Porque antes de sermos Nice, temos de ser Reyhanli, Haditha, Idlib, Mosul, Beshir, Jalula, Baquba, Tikrit, Homs, Bagdad, Aleppo, Raqqa, Samra, Ninewa, Diyala, Saladin, entre tantos outros, entre tantas outras pessoas de cujas vidas nunca vamos tomar conhecimento, pelo menos até que um dia os meus amigos se lembrem de colorir os seus perfis no Facebook com as cores da bandeira da Síria ou do Iraque. Quando esse dia chegar, talvez eu acredite, talvez haja esperança. Até lá, continuaremos, hoje e sempre, a contar corpos." - João  André

quinta-feira, julho 14, 2016

A INVOLUÇÃO DO MUNDO...



ISTO É UMA ESPÉCIE DE TERRORISMO auto-infligido, PSICOLÓGICO e FISICO, consentido e apoiado pela ciência negra.
  
ANTES MULHER,  AGORA "HOMEM" - " O (A) canadense Trevor MacDonald, de 31 anos, tornou-se um porta-voz da comunidade trans ao falar sobre a experiência de ser um homem transgênero e poder amamentar o próprio filho.
MacDonald começou o processo de redesignação sexual há oito anos, mas, apesar dos hormônios e da cirurgia para a retirada dos seios, ele continua podendo engravidar. Com o apoio do marido, ele superou o preconceito e decidiu aumentar a família."


Esta farsa brutal,  esta loucura e alienação humana da ciência e da teoria do género, está a atingir proporções que serão a curto prazo profundamente  perigosas para o sentido de humanidade e sobretudo para identidade do Homem e da Mulher, como venho escrevendo e alertando. 
"Ele", que  era uma mulher, quis ser homem, mudou de "sexo" - na verdade não mudou nada senão a aparência e ao nível do corpo - mas depois quis ser mãe...e cria-se esta confusão total na linguagem e nas imagens. Esta propaganda não passa de uma aberração humana, nada mais do que especulação e lobbies  poderosos que atentam contra a integridade do ser humano; aliás este individuo é uma mulher biologicamente e como tal pode, engravidar nalguns casos, não sei se neste é o caso, mas presumo que sim  e pode parcialmente amamentar, ainda que com dificuldades devido as operações (retirada dos seios) - isto é uma aberração total - a mim mete-me nojo onde chega esta loucura!
Se queria ser mãe e amamentar o filho não mudasse de sexo - o mundo está mesmo no fim...

rlp



O ÓDIO AO QUE HÁ DE MAIS FEMININO...

“As mulheres encarnam o desejo sem limites, e os homens temem não poder satisfazê-las. Aos olhos deles, o feminino das mulheres surge como uma reprovação potencial, desencadeia um processo de castração contra o qual os homens se rebelam. Eles não toleram as mulheres senão quando já mataram o que há de feminino nelas e as reduziram a seu status de esposa e mãe.
Nesses dois estados, a sexualidade feminina deixa de ser perigosa: confinadas... à casa, pertencentes a um macho, reduzidas a assegurar a educação das crianças no lar, com uma jornada dupla de trabalho, elas não têm mais tempo ou oportunidade de ter desejo imperioso. São essas angústias de castração sublimadas que geram a codificação religiosa. E o monoteísmo é insuperável no ódio ao que há de feminino na mulher e na celebração da virgem ou da esposa que gera filhos”
- Michel Onfray, um popular filósofo francês, vê nas religiões monoteístas um entrave à ciência, à ética e à política -


OS LIMITES DO SEXO? OU OS LIMITES DA INSANIDADE?


Estava a refletir sobre a falsa imagem da mulher sobrevalorizada pelo sexo num excesso e demência dos sentidos, exacerbados por uma especulação cultural e libertina de fim (princípio) de século que dá a imagem da mulher super-sex e capaz de engolir trinta machos por dia e como a própria mulher se expõe e dispõe a esse papel degradante na sua pele, quer nos filmes pornográficos onde a mecanização e a aviltação se misturam no mais gratuito dos intuitos ou na mais abjecta das prostituições do corpo corrompendo as leis do desejo natural e a beleza da intimidade gerada no amor, quer nos filmes ditos de qualidade em que a promiscuidade visual apesar de mais cuidada é igualmente abjecta. E chamar amor a essa adição ou alienação do ser, homem ou mulher, em função de um acto primário e básico que só o amor transforma, é pura violência psíquica e emocional para quem porventura se sujeita a ler ou ver a expressão da maior aviltação do ser humano no ecran ou na "literatura"...
Chamar arte ou poesia à pornografia, chamar liberdade à insanidade e à promiscuidade, amor a um mecanismo igual ao dos animais, (estes bastante mais naturais!) expandi-los para os outros de forma ostensiva não passa de aberração e falta de dimensão verdadeiramente humana, ou falta de consciência (ou experiência) do verdadeiro prazer...
A mulher que o cinema e a moda projecta, mesmo no cinema de elite, não passa de um instrumento usado para instintos e intuitos os mais baixos e puramente comerciais; a mulher serve exclusivamente a imagem que o realizador ou o estilista projecta dela, o seu imaginário do feminino, a sua ficção da mulher. E o mais grave é que é a partir desse imaginário redutor e deturpado do homem que ficciona a mulher dos seus sonhos ou dos seus pesadelos, que a mulher comum vive, traindo a sua verdadeira natureza! E não se importa de ser ninfomaníaca, prostituta, sedutora, mulher fatal e submeter-se a toda a espécie de cenas degradantes para ser estrela e ganhar o Óscar... O "cinema" impôs (ou revela) uma sexualidade à mulher que não é a dela!
Que o homem use a mulher como sempre o fez e a faça fazer os papéis que ele quer ou sonha, que seja seu agente ou gigolô eu estou habituada, mas que seja a própria mulher a por na sua boca e no seu estilo o imaginário masculino isso a mim custa-me.
Custa-me que a mulher aceite a degradação do seu ser, que desconheça a sua essência e ache normal haver prostituição...e travestis!
Que a amante seja a puta e que a esposa seja fiel...senão matam-na à facada e à pedrada!
E todos os dias as mulheres na rua na sociedade na telenovela e óbviamente no cinema seja inimiga da "outra" e a destrua é uma luta antiga e estúpida de um Mundo fracturado em duas metades em que o homem é o dono e senhor há séculos. Que as mulheres perpetuem esse estado de coisas é que me indigna. Que não tenham consciência da sua divisão interna e externa e vivam coladas a ídolos do cinema (do grego: "figuração de uma falsa divindade") deixa-me perplexa e assustada.
R.L.P.

The Try Guys Get Photoshopped Like Women



COMO SE INVERTEM AS POLARIDADES
ATRAVÉS DE UMA IMAGEM FICTICIA DE MULHER


"Os homens que se creem os dominadores do mundo e os reguladores da ordem estabelecida não imaginam nem por um instante que o seu poder não é senão passividade e que o poder da mulher, que eles desprezam (mas de quem também duvidam e invejam), é o poder activo. Assim se explica que em certas línguas que conservaram a memória das épocas anteriores, a germânica, a celta e a semítica, para só falar dessas, o sol seja feminino e a lua masculina.

É neste espírito que inúmeros cultos atestam uma certa feminização do padre. Ele veste, sobretudo para as cerimónias, um hábito claramente feminino, com adereços que o não são menos.
(...)
Descuramos bastante este travestiamento fazendo dele uma componente homossexual. O ritual dessas religiões teria comportado um certo número de actos relacionados ou não com a homossexualidade, sendo os homossexuais considerados como seres intermediários, assim como os loucos e as pessoas “alucinadas”(bêbadas), e portanto dotados de poderes sobrenaturais. Não parece que esta seja uma explicação satisfatória. No entanto não podemos negar que a homossexualidade tenha sido expandida em todo o lado desde a mais alta antiguidade, e que fazia parte de certos rituais, embora sem esquecer antes de mais que se tratavam de religiões de culto da Grande Deusa.
(...)
Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.
(...)
O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu , descobrir o famoso véu de Ísis.
(...)
Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas.
(...)
Esta querela entre o natural-instintivo e a razão, nunca passou de uma falsa questão, sendo responsável pela cegueira desta sociedade que, querendo corrigir o instintivo, castrou o ser humano do que era a sua profunda natureza.
(...)
In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
(Excertos traduzidos directamente do francês)

O TRANSFORMISMO é cultural




A MULHER NUNCA FOI ISSO QUE OS HOMENS INVENTARAM!

A essência do ser feminino ou masculino nada tem a ver com uma aparência fabricada pelos conceitos que pretendem defini-la a partida, nem com a moda ou os estereótipos criados pelo Sistema falocrático e patriarcal que anulou e fabricou uma mulher travesti, que alguns homens e mulheres imitam, seja a mulher "fatal" seja a "Barbie". Induzir os seres humanos a mudar de sexo por não se sentirem bem na sua "pele", ou a fazer operações, tomar hormonas, usar químicos, deformar o corpo não passam de mutilações sexuais, para representar um simulacro de um estereótipo criado pelo homem e pela moda e que não corresponde à Mulher Real...
Considero que ser homossexual, não tem que responder a nenhum desses estereótipos e a ser o caso em questão, do homem/mulher de barba, cantor ou transsexual? e agora manequim, isso não representa nada senão a fantasia e a decadência humana na busca de um ícone, de uma imagem falseada da mulher ou mesmo que fosse a busca da perfeição do andrógino, essa não é a via...
O transformismo seja ele qual for não significa nenhuma evolução social psíquica ou humana, nem liberdade individual! Todos os seres são ou deveriam ser  livres de viverem a sua sexualidade sem precisar de vestir roupas, cosmética, comportamentos ou padrões, etc. convencionadas...como é o "padrão" visual e social de mulher e de homem nesta sociedade sexista e alienada de valores verdadeiramente humanos! Qualquer SER HUMANO é o que É sem precisar de ser outra coisa. Porque "a coisa"...não é o sexo...é a Essência...é a Alma...Pode-se ser homem ou mulher e amar seres do mesmo sexo. Não ó forçoso mudar de sexo para seguir a convenção ou o padrão. Sentir-se mulher na pele de um homem ou homem na pele de uma mulher é uma questão cultural e social que obriga os seres a fixarem-se na mera aparência e numa tipologia forçada, baseada num mito cultural recente  e meramente comercializado. Todo isto faz parte de industrias milionárias que exploram e se servem da Mulher para ganhar dinheiro.


O SER HUMANO  É HOMEM E MULHER, e a sua sexualidade ambivalente, não precisa de se travestiar...




Sou  radical na defesa de um ser humano que nasce à partida  homem ou mulher porque sinto  que ninguém  tem de corresponde a nenhum estereótipo criado culturalmente como estritamente macho ou fêmea, seja qual for a sua aparência ou apetência sexual, porque  todos os seres humanos  são compostos de dois  lados, dois polos opostos e complementares, ao nível físico emocional e psíquico, tanto  como sou defensora das dinâmicas sexuais de atracção entre seres do mesmo sexo ou do sexo oposto; o que sou é contra a "mudança de sexo" como imperativo de um sentir-se diferente do padrão que é imposto por regra às pessoas.  Sentir-se atraído por seres do mesmo sexo ou não corresponder aos padrões de comportamento social para os sexos  não implica ter de mudar de sexo nem mutilar o corpo em nome de uma aparência porque essas dinâmicas se fazem dentro e não fora e por isso não aceito nenhum travestiamento ou transformismo no plano físico em nome de uma sexualidade inventada e fabricada pelo sistema falocrático, uma sociedade que mutilou e anulou a Mulher na sua essência, causando com isso toda a espécie de aberrações e distúrbios de ordem emocional e psíquica na humanidade. 

Não sendo a Mulher a mulher, o homem também nõa sabe o que é o Homem.  É só por isso que assistimos a este triste e aberrante espetáculo e ao sofrimento infligido aos seres humanos que sendo de um ou outro sexo amam seres do mesmo sexo e se veem obrigados - para serem aceites  - a mudar de sexo  pois é esta sociedade falocrática que impõe esse travestiamento por não aceitar como natural a expressão sexual livre, nem as diferentes sexualidades,  qualquer  sexualidade que não esteja  condicionada à procriação e ao casamento instituição.


RLP


terça-feira, julho 12, 2016

AS MULHERES NÃO CONTAM...




A equipa feminina de atletismo regressa, esta segunda-feira, a Portugal com várias medalhas conquistadas nos Europeus.
Por isso, as atletas esperam que os portugueses também as recebam no aeroporto e mostrem o mesmo orgulho que exibiram, ao início da tarde, perante a seleção nacional de futebol.
Num vídeo publicado na página da Federação Portuguesa de Atletismo, Patrícia Mamona, Sara Moreira e Dulce Félix recordam os troféus conquistados e pedem aos portugueses que se desloquem ao aeroporto de Lisboa e do Porto e se juntem às celebrações.
De acordo com a página da Federação, a equipa chega ao aeroporto Humberto Delgado às 21 horas e ao Porto às 19:30 horas.
Este domingo, Patrícia Mamona e Sara Moreira sagraram-se campeãs europeias do triplo salto e da meia maratona, respetivamente. Nesta prova, Jéssica Augusto conquistou a medalha de bronze e Portugal venceu por equipas, com Dulce Félix – que já tinha conquistado, nestes Europeus, a medalha de prata nos 10000 metros – a fechar a equipa lusa no 12.º posto.
Foi, de resto, a melhor participação de sempre do país num campeonato Europeu da modalidade, com seis medalhas no total, três delas de ouro, uma de prata e duas de bronze. Cinco foram obtidas pela equipa feminina.





A FESTA É SEMPRE DOS HOMENS...

Poucas pessoas as foram esperar ao Aeroporto...
Ninguém fez capas de jornais  ou revistas...
Não me digam agora que é porque o futebol  é mais popular - é-o sim porque vale milhões e porque os heróis da bola também são multimilionários e por isso são eleitos e distinguidos com medalhas de mérito...e recebidos pelo Governo - O Sistema é falocrático e machista, misógino...
Neste SISTEMA patriarcal as mulheres continuam a não valer nada...ou muito pouco, mas afinal, enfim, no dia seguinte,  sempre houve medalhas para as campeãs...
Bravo Senhor Presidente.
rlp

GANHÁMOS O QUÊ?



A ILUSÃO DE SERMOS GRANDES?

Estou francamente perplexa...um misto de sentimento de incredulidade e espanto, de tristeza e alegria...consternação e exultação, honra e vergonha, tudo ao mesmo tempo, sem saber o que pensar desta humanidade - pelo que nos movemos e o que nos move na vida...
Como entender a exaltação de um povo num jogo...este empolgamento colectivo...este sonho, esta entrega, esta raiva, esta paixão...por uma coisa de nada, quando a Pátria está na falência e é ac...ossada por bandidos financeiros e roubada por árbitros económicos ...que não nos roubam penalties...roubam-nos a dignidade e a sobrevivência,
Milhões de seres engalfinhados, a vibrar, a gritar ...
Não, desculpem os aficionados, mas não entendo este empolgamento num jogo de bola e de milhões de euros, quando milhares de pessoas morrem de fome e na guerra e o mundo todo está a ruir diante dos nossos olhos todos os dias - uma crise planetária sem precedentes, de destruição maciça do mundo ...e os seres humanos aos gritos histéricos por causa de uma bola que rola no relvado...
Não, não queria estragar-vos a festa pá...gostava de embalar nesta heroicidade, nesta união...nesta fé...mas nada me faz sentido...o meu coração queria rejubilar nesta falsa glória, mas a minha alma não deixa...
Ah, sou lucida, merde!



UMA NOTA, depois de várias reacções...

Não tenho que me justificar de não saber viver em pleno uma ilusão de amor por mais bela e evocativa que ela seja...nem de ter um anseio maior para Portugal...
O meu sonho para Portugal é de um amor assim vibrátil sim, mas de justiça e verdade, de respeito e dignidade, de universalismo e pluralidade, de igualdade e fraternidade social...Desejo-o de corpo e de alma inteira...mas não me revejo neste delírio despropositado, nas alegorias forçadas, nem nas colagens feitas ao Dom Sebastião...ao Hino, a Pessoa e a Camões - que me perdoem os mais optimistas de que isto é um principio do despertar da Nação nobre valente e imortal...
Não nego esta vitória merecida com todos os atributos já mencionados, a garra e o coração na boca dos portugueses, a humildade face à arrogância; eu não tirei o mérito a ninguém, treinador e jogadores, adeptos e devotos do desporto, mas não consigo participar do excessivo empolamento que lhe damos...
Reconheço estes jogadores e este feito como uma coisa brilhante e merecida e congratulo-me por eles, pelo povo, mas pelos imigrantes principalmente, vitimas diárias de descriminação em França e para onde foram escorraçados, mas não os confundo com os verdadeiramente grandes que sonham e que anseiam do fundo do coração um Portugal Maior.

rlp

A TAÇA DA EUROPA - PORTUGAL



POR JOANA AMARAL DIAS


Parece uma história de encantar. Na europa racista dos fortes com os fracos e fracos com os fortes, uma equipa dos PIGS, dos porcos, dos dégueulasse, nojentos, das femme de ménage com bigode e dos pedreiros dos bidonville, ganhou o caneco. Cum caneco.
É o dia em que o velho continente não é pertença e propriedade do eixo franco-alemão, nem das patroas do 6º arrondissement, nem da Goldman Sachs. Parece uma história de encantar. Uma equipa com um seleccionador humilde, católico devoto e confesso, meio ensimesmado e cachaço tenso, fora do estrelato do dente branco e do cantinho dos special ones, empata, empata, empata. Mas não perde. Não brilha mas não cai. Aguenta firme, não é obra de arte, arquitectura de arrebites e modernices, mas está ali firme, de pedra e cal. Fernando Santos, o engenheiro da electricidade, engenheiro da energia, dizia-se, tinha um único trunfo, o grande sétimo selo Cristiano Ronaldo, atleta de profissão. Parece uma história de encantar. Ninguém queria acreditar. Quase ninguém acreditava. E esse campeonato começado no dia 10 de junho, no dia de Portugal, havia de terminar em França, país hospedeiro mas pouco hospitaleiro.
França-Portugal, final do euro 2016. Foi o dia em que o imigrante português em terra gaulesa, “o avec”, foi, finalmente, vingado. Tantos anos cuspido para as margens, a esfregar latrinas e a ser cinicamente louvado como “grande trabalhador” para, por fim, mostrar aos franceses que está ali por direito. Os franceses estavam a jogar no seu território mas nós também. Paris é o delta da diáspora portuguesa e o Stade de France, ali na Saint-Dennis dos nossos avós, foi construído com as mãos, o sangue, o suor e as lágrimas do trolha tuga. Jogámos em casa.
Uma história para contar. A equipa do comandante discreto e da estrela fulgurante entrou em campo depois de mais vexames. Sanção para aqui, má imprensa desportiva para acolá. Dez minutos e um médio francês, cujo nome nunca ficará para a história, pobre diabo, joga sujo, bem porco, contra CR7. Rei Ronaldo ainda insiste mas acaba por sair lesionado e em lágrimas. Sentado no relvado, enquanto chorava de dor e raiva, uma borboleta poisa-lhe na na pálpebra, como se fosse borboleta com borboleta. Mas não uma bonita, de encher o olho, como a Rainha Alexandra ou a Esmeralda. Uma vulgar traça, um patinho feio do mundo panapanás, como uma selecção degoulasse. A borboleta feiosa beijou o olho choroso do capitão. E o tempo foi bonito.
A equipa tomou-se de revoltas fidagais, gritou chega de humilhações e desdém, basta de rebaixar. Corações ao alto, peito feito, olho vivo e pé ligeiro. Afinal, não estavam decapitados, afinal erguia-se um gigante. Golias tremeu. E quando a morte súbita já espreitava sobre o ombro, Éder, o órfão dos arrabaldes de Coimbra, da Adémia terra de enguias e comboios, outro maldito desta vida e desta selecção, outro herói inesperado, dispara, marca, resolve, ganha, vence. Portugal festeja, finalmente festeja, finalmente alegre. Portugal ergue os seus luso-africanos, luso-brasileiros, os seus luso-franceses e o seu cigano português. Portugal pode ser essa mistura, sopa da pedra, rapa o tacho, desenrasca, safa e já está. Pátria amada, amor de mãe, frança 2016. A memória ficará tatuada. Santos da casa fazem milagres.

domingo, julho 10, 2016

UM LIVRO MUITO IMPORTANTE



Christa Wolf é uma das mais notáveis escritoras alemãs, cuja obra ultrapassa todo e qualquer limite geográfico e cultural na sua busca pela verdade. A sua produção literária acompanhou, bem de perto, o processo evolutivo da ex-RDA, concedendo ao indivíduo um papel central nas suas construções narrativas. Segundo Christa Wolf, a relação entre o indivíduo e a sociedade é quase sempre conflituosa e geradora de sofrimentos, sacrifícios e inquietações, sobretudo nas mulheres, que se têm submetido, ao longo dos séculos, aos valores masculinos.
Acreditando, pois, numa possível emancipação do género humano, a autora colocou as mulheres, devoradas por tormentos interiores, no centro dos seus romances. Assim, inseriu a personagem principal de Medeia – Vozes, caracterizada por uma forte densidade dramática, num período em que se subestimava o poder feminino oprimido pelo masculino e em que os reis escarneciam das rainhas.
Segundo teóricos como Margaret Atwood e David R. Slavitt, fala, também, em nome dos Turcos na Alemanha, dos descendentes Africanos na Europa e dos Judeus através de Medeia, ou seja, dá voz a todos os que foram caluniados, rejeitados e desprezados. Daí que tenha afirmado numa entrevista dada à Magazine Littéraire: «Mais ceux qui ont réellement perdu quelque chose m’intéressent énormément, et comment ils essaient de s’en sortir».
A sua mensagem fá-la passar através da literatura a que associa o mito. Incapaz de resistir ao seu fascínio, caracteriza, ainda, a grande variedade de fontes e tradições históricas como estimulantes, excitantes e instrutivas. No caso de Medeia – Vozes, a autora, após diferentes interpretações do mito em questão (Medeia), rejeita, pura e simplesmente, a efabulação de Eurípides e a imagem de mãe infanticida que foi imposta à consciência ocidental, concedendo a Medeia a possibilidade de se afirmar como mulher e de revelar como foi vítima das necessidades e dos valores dos homens.

Por mais de dois mil anos, Medeia, uma das mais poderosas mulheres da grega, é acusada de vários crimes, tais como o fratricídio, o infanticídio e o envenenamento de Glauce, mas Christa Wolf vem negar que Medeia tenha cometido algum destes crimes. Apresentando-nos um mito que ficou na memória dos homens e demonstrando-nos a perenidade do mesmo no tempo, Wolf transforma este mito antigo e a sua personagem central na exploração contemporânea do poder.
A abordagem do mito, em Medeia – Vozes, é original e inovadora pelo facto de Medeia não cometer nenhum dos crimes de que Eurípides a acusa. Wolf apresenta Medeia como uma mulher que está na fronteira entre dois sistemas de valor, corporizados respectivamente pela sua terra natal, a Cólquida e pela terra para a qual foge, Corinto. Aqui, Medeia é abandonada pelo marido e as forças que estão no poder manifestam-se contra ela, chegando mesmo à perseguição. A autora, como defensora dos fracos e oprimidos, dá-nos, também, a imagem de Medeia e dos Colcos como emigrantes refugiados junto dos Coríntios de quem divergem física (cor da pele e do cabelo) e culturalmente.
 (...)
Numa emocionante história de intriga política e de amor, a Medeia de Christa Wolf é decidida, sincera, confiante; é uma mulher de compaixão, coragem e convicção, que luta para preservar a sua independência, mesmo quando o seu conhecimento se torna um risco. Esta Medeia, cujos crimes são apenas o esforço por compreender e descobrir a verdade, ama os seus filhos, possui extraordinários poderes mágicos, tem o dom da cura e é invejada, temida e falsamente acusada de assassinato por aqueles que a rodeiam. É uma Medeia a quem ninguém consegue ficar indiferente.
Além de bela e provocatória, esta Medeia é uma mulher que se evidencia pelas suas fortes convicções e que luta até ao fim pelos seus ideais. É mais humana que a Medeia de Eurípides, não apresentando o seu carácter vingativo, mas é, também, bárbara e feiticeira, tal como se autodenomina. É uma personagem com carácter quase omnisciente, uma vez que conhece os segredos mais bem guardados de Corinto e da Cólquida, que vive determinada a preservar a sua independência e, acima de tudo, a descobrir a verdade. É, pois, a descoberta dessa verdade, ou antes de um segredo temível, que a levará a sofrer represálias e a ser acusada, injustamente, de vários crimes. Medeia – Vozes é, assim, um estudo de poder, do modo como este opera e do comportamento dos seres humanos sob pressão, quando o poder os oprime.
Em conclusão, Christa Wolf apresenta-nos uma outra Medeia, diferente da euripidiana, que aparece, numa abordagem directa e original, aos olhos da autora, isenta de qualquer crime e integrada numa emocionante história de intriga política, de amor, de poder e de opressão do poder perante os fracos e oprimidos, que tanto defende.
Comprova-se, pois, em Medeia – Vozes, que, embora o mito de Medeia remonte a uma época passada e a tradições literárias bastante antigas, entre elas a versão de Eurípides, que imortalizou Medeia como a infanticida, continua sempre bastante dinâmico e actual.

Christa Wolf - Morreu em Berlim, a cidade onde vivia desde os anos 1950, o símbolo da Alemanha dividida que foi, a par de um feminismo que era reflexo da pressão inevitável da sociedade sobre o indivíduo, o grande tema do seu trabalho literário. Christa Wolf, autora de “Cassandra: Narrativa” ou “Medeia: Vozes”, voz polémica na antiga República Democrática Alemã (RDA), de que foi uma das escritoras mais respeitadas mas, igualmente, uma das mais críticas; voz que se manteve polémica quando da reunificação (a que se opôs), morreu aos 82 anos, de “doença prolongada”, anunciou a sua casa editorial a Suhrkamp-Verlag.
Candidata ao Nobel, viu o seu amigo Günter Grass, distinguido pela Academia Sueca em 1999, declarar na altura que gostaria de partilhar com ela aquela que é a mais importante distinção literária mundial.