O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 31, 2017

sem esforço, sabe-se...



Estado de Graça

Quem já conheceu o estado de graça reconhecerá o que vou dizer. Não me refiro à inspiração, que é uma graça especial que tantas vezes acontece aos que lidam com arte. O estado de graça de que falo não é usado para nada. É como se viesse apenas para que se soubesse que realmente se existe. Nesse estado, além da tranquila felicidade que se irradia de pessoas e coisas, há uma lucidez que só chamo de leve porque na graça tudo ...é tão, tão leve. E uma lucidez de quem não adivinha mais: sem esforço, sabe. Apenas isto: sabe. Não perguntem o quê, porque só posso responder do mesmo modo infantil: sem esforço, sabe-se.
E há uma bem-aventurança física que a nada se compara. O corpo se transforma num dom. E se sente que é um dom porque se está experimentando, numa fonte direta, a dádiva indubitável de existir materialmente.
No estado de graça vê-se às vezes a profunda beleza, antes inatingível, de outra pessoa. Tudo, aliás, ganha uma espécie de nimbo que não é imaginário: vem do esplendor da irradiação quase matemática das coisas e das pessoas. Passa-se a sentir que tudo o que existe — pessoa ou coisa — respira e exala uma espécie de finíssimo resplendor de energia. A verdade do mundo é impalpável.



Clarice Lispector, in Crónicas no "Jornal do Brasil (1968)"

O LIVRO: A MORTE DA MÃE


A Mãe Repressora e os Mitos Humanos


“Havíamos aplaudido com o entusiasmo possível, as várias invenções das mulheres: o vestuário, e a cozinha, e os começos da agricultura, e tudo o mais que se formulara por nossos olhos sem encontro com palavras disponíveis. No entanto, sentíamos que esse entusiasmo que nos fora possível, era pouco.
Sim, sentíamos a importância das nossas descobertas: demonstramo-nos como foram as mulheres as iniciadoras e aperfeiçoadoras de todas as passagens de um zero de vital sobrevivência até á construção de uma raça de gestos calculados e largo excedentes; e como o génio perverso dos homens só veio instalar-se sobre essas básicas condições, que lhes permitirão lutas e guerras e outros ambiciosos desperdícios.
Mas havíamos sonhado com a glória dos reinados matriciais – sem nos confessarmos.
Glórias de outra espécie: não os altos brados de dor e violência, não os sons metálicos das armas.
Sonháramos com uma lua vigilante e um sol amigável. Com chuva. Com aldeias que se solidificam: as peles e os paus e os panos das tendas dariam lugar a casas de adobe, de tijolos cozidos ao calor do sol. Chegaríamos mesmo á movimentação de enormes pedras, por processos hoje apenas congeminados, e às tentativas de imortalidade: templos e túmulos.
Aldeias abertas, cidades sem muralhas. Abertas ao mar, aos campos e pastagens em redor…
No centro das aldeias os vastos terreiros; onde os homens estilizavam o uso de sua força física em jogos e desportos…
E as mulheres penteavam e entrançavam seus cabelos, símbolos de força e de engenhos de magia. Gestos, símbolos, jogos técnicas passadas de mão em mão; e flores encarnadas nos canteiros das escadarias dos templos.
- Como poderíamos nós desenterrar tudo isso, sem escrita, sem palavras, sem escavações arqueológicas, apenas com nossa imaginação de amadoras? – dissemos.
Mas sabíamos que outras razões existiam.

A mulher com as palmas das mãos viradas para cima saiu do painel e sentou-se entre nós: sentada sobre os calcanhares, as mãos nos joelhos, com as palmas viradas para cima; expectante também ela. E contou-nos várias outras histórias e fontes de preocupações.

Dizia-se então que a grande Deusa tinha criado os seres humanos.

No seu ventre imenso e fértil ela faz os corpos. E depois neles começos a insuflar a sua magia: vida. Abria uma boca nos corpos, a vulva, e por essa boca os enchia com os poderes mágicos de criação. Metade dos seres humanos estava pronta – as mulheres – quando chegou a hora da deusa: esta tinha que se retirar, descansar, senão esgotaria seus próprios poderes.
Então, apressadamente, nem tendo tempo para abrir nos restantes corpos a boca criadora, a deusa neles pendurou as magias que lhe restavam.
E a deusa disse:
- Ficam bem pobrezinhos, estes seres com suas fontes de vida, seus sexos, assim pendurados entre as pernas. Mas nada mais posso fazer por eles. Chamar-lhes-ei “homens”, e espero que consigam absorver em seus corpos um pouco dos poderes mágicos que tristemente lhes balançam no baixo-ventre, quase caindo.
Apareceram também os vários mitos relativos às diferentes descobertas agrícolas: sempre relacionados com incestos, entre mães e filhas, irmãs e irmãs, irmãs e irmãos, mães e filhos. Porque o incesto é o símbolo do núcleo central e criador das mulheres. E a nostalgia incestuosa representa a memória das alegrias de ser produzido: um outro ser connosco gastou seu tempo, anos de vida, em nós incorporando valor que nos garante futura aceitação e utilidade. “


In “A Morte da Mãe” de Maria Isabel Barreno

segunda-feira, janeiro 30, 2017

pois...




"Pois, sobretudo, resulta no indivíduo uma espécie de interação ébria e exuberante das mais altas energias criadoras do seu corpo e a exaltação mais alta da alma. Enquanto nossa consciência se interessa vagamente, habitualmente, por nossa vida psíquica, como por um mundo que conhecemos mal e que controlamos ainda pior, que ao que parece forma um com ela, mas com o qual normalmente ela se entende mal - eis que se produz subitamente entre eles uma tal comunhão de enervação que todos os seus desejos, todas as suas aspirações se inflamam ao mesmo tempo."


"Distingue-se entre os humanos aqueles que se sentem divididos em um passado e um futuro e aqueles que vivem o presente com cada vez mais densidade, sempre mais plenitude. Os orientais acham natural insistir menos sobre a morte do que se passa do que sobre a perfeição do que se acaba, como aprofundamento da realidade. Nós, ao contrário, começamos a ver aquilo que nos chega, apenas sob o aspecto sempre mais sinistro da morte - como tudo o que se observa de um olhar exterior, logo mortífero."

e. cioran



Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida ...
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por coisa esquecida.


Fernando Pessoa

sábado, janeiro 28, 2017

A MORTE DA MÃE



Os Últimos Estertores da Mãe e do Painel

"As filhas haviam oferecido ajuda a sua Mãe, esta recusara sobranceiramente.
As filhas riram do filho, tão penosamente nascido, ameaçaram a Mãe com sua proximidade, seus poderes iguais.
Édipa havia roubado seu irmão. As filhas contemplaram esses machos que nasciam como pólipos indiferenciados do braço escuro da Mãe inicial, e haviam roubado seus irmãos: salvando-os assim das águas, do anonimato.
A Mãe voltara, com suas regras pesadas:
- Esses seres que sentais ao vosso lado morderão vossos seios.
Em cada vai-e-vem das suas volutas, dos seus ciclos, no pulsar de suas inspirações e expirações, vida e morte, a Mãe criava e condenava.
Mães e filhas reconheceram-se iguais: em seus rostos, espelho das aguas inicias, suas condições criadoras.
E perante a dor das filhas a Mãe dissera:
- Não há paraísos perdidos, nem quedas, nem pecados: todas as coisas se resumem nas duas faces do mesmo princípio.
E a Mãe sangrava, sem nunca exaurir seu sangue.
As filhas sentaram os irmãos a seu lado. Cuidadosamente os trataram e preparavam para uma longa viagem.
Contaram as histórias da velha Mãe, e dos seus poderes, e de suas leis. Contaram as histórias da risonha e risível condição humana, em que o prazer da sobrevivência e da produção de vida tão intimamente se liga á necessidade de morte.
Os irmãos agradeceram todos os favores. Calçaram suas sandálias e empunharam seus cajados. Sabiam-se descendentes da mesma Mãe, e irmãos e tios de cada nova geração.
Solidários, preparavam-se para partir; animados de sonhos heróicos, como adolescentes, de sonhos de recriação do mundo.
- Encontraremos uma solução – disseram.
Suas irmãs ficaram inquietas, ao vê-los afastarem-se.
Os irmãos voltaram de longa viagem. Seus cabelos e barbas haviam embranquecido.
- Descobrimos o segredo da Mãe – disseram. E por suas bocas era a voz da Mãe que falava.
Talvez eles sinceramente julgassem ajudar. Mas imediatamente todas as mulheres se souberam traídas.
- Que refém vindes buscar, para afirmar vossa força – perguntaram elas.
- Vimos buscar os seres criados por nosso sémen, antes que o ventre da Mãe deles se aposse no seu difícil e longo parto – responderam.
- Mas quem criou e amamentou vossos filhos? – Insistiram as mulheres.
- Nós também ajudamos a defende-los e a criá-los – disseram os homens.
- E isso o que prova?
Mas a perguntadas mulheres ficou sem resposta. Todos aqueles viajantes anciãos se sentaram e entre si começaram a discutir. Os tios desfaçavam-se de benevolentes mães do sexo masculino, e contavam quanto haviam protegido e acariciado suas irmãs e sobrinhos. Outros homens preferiram afirmar-se enquanto «pais«, palavra nova que inventavam e defendiam a criação de uma nova lei: os direitos de cada um já não seriam definidos pelo tempo em tarefas de produção de vida, mas pela força, com a qual se pretenderia legitimar o prioritário direito dos momentâneos e ejaculatórios investimentos nessa produção de vida.
- A morte será a lei – disseram as mulheres.
Os sinuosos «pais « não desistiam do seu intento:
- Temos que salvar o filho. Teremos que o separar da Mãe e enviá-lo para longa viagem, para que esta não continue a absorve-lo, sempre, no seu enorme e cruel ventre.
A Mãe gritou:
- Apenas criarei uma raça de senhores que se alimentará do sangue de todos os outros.
E foi o seu último suspiro"

In “A Morte da Mãe”, de Maria Isabel Barreno

ESCRAVOS DO DINHEIRO


O CAPITALISMO

UM RETRATO PERFEITO DA SOCIEDADE CAPITALISTA

De RAQUEL VAARELA - historiadora


O dono da padaria portuguesa diz que vive em concorrência, não pode pagar muito mais do que o salário mínimo, e quer os trabalhadores disponíveis a qualquer hora para ele, se não a empresa fecha e os trabalhadores perdem o emprego. O dono da padaria portuguesa tem que pagar o lucro do proprietário de terra que faz trigo; o lucro da empresa de transportes que o transporta para a cidade; o lucro da Galp onde a empresa mete gasóleo; o lucro da EDP; o lucro da Bosh que lhe vendeu... o forno e os frigoríficos; o lucro dos accionistas bancários que vivem da dívida pública via impostos ao Estado que paga o dono da Padaria; o lucro do banqueiro que lhe emprestou dinheiro. Cansados? Ele ainda tem que pagar pelo menos o lucro a mais 100 empresas (fruta, leite, sumos, vidros, janelas, pinturas, alumínio, limpeza…). E todo este lucro vem do meio de uma relação entre um pão e o consumidor. Chama-se capitalismo, fazer dinheiro com serviços básicos e elementares, ou, na versão ideológica não científica «o sistema económico» – assim, o «sistema», até parece cientifico e eterno, estilo lei da gravidade. O corajoso empreendedor vive aterrorizado com medo de ser esmagado pela concorrência e ficar endividado ao banco a quem pediu dinheiro, com juros, para intermediar o consumo de pão e sumos. O banqueiro também tem medo porque pediu ao outro banqueiro mais dinheiro, a juros também. O dono da padaria quer ter menos medo, o banqueiro não gosta de sustos, flexibilidade é bom mas só se for para os outros, para nós segurança, máxima! E qual é o selo de emprego para a vida do dono da padaria? Os 500 euros que paga aos seus trabalhadores. O dos banqueiros já sabemos, somos nós os contribuintes. Emprego para a vida está-lhes garantido pelo Estado, que lhes protege as dívidas. Não se vá dar o famoso «risco sistémico». Mais seguro ainda, explicaram, é se os trabalhadores da Padaria Portuguesa ficarem lá até às 11 da noite – nem com o padeiro dormem as mulheres! Amor, isso é?! Deixa-me pensar…Vida própria? Família, lazer, pieguisses… Pagam 400 euros de casa, 100 de passe social e vão mendigar o cabaz social e a tarifa social da electricidade e a isenção das taxas moderadoras ao Estado, dobrando-se na frente da assistente social, que lhes vasculha a vida, humilhando-se – a isto chama muita gente, defendendo a assistência social, «dignidade», ou seja trabalhar e não conseguir sequer comer e pedir ao Estado comida, no século XIX. Perdão, queria dizer XXI.
Marcelo Rebelo de Sousa tira selfies. Dá abraços e pede paz social.

A MULHER E AS LEIS



A MORTE DA MÃE

"Eram então necessárias novas leis para impedir o que se poderia chamar uma demasiada integração dos machos. Porque estes, assim agarrados a suas mães, suas irmãs, fragmentavam o grupo. Por outro lado, concentrada a vida nesses ternos e prazenteiros subgrupos, o trabalho produtivo das mulheres, numa humanidade de crescente consciência, torna-se invisível, diluído em mitos: a produção daquelas parecia continua e sem direito a descanso. A deusa inicial criadora talvez fosse omnipotente, mas as mulheres não."

In A Morte da Mãe, de Maria Isabel Barreno


MULHERES DE VERDADE 

“ENQUANTO UMA MULHER FOR ESCRAVA
O HOMEM NÃO TERÁ LIBERDADE" - Maria Lamas
...
"Partindo daquela confiança mútua que deveria ser sempre natural entre os seres humanos sujeitos aos mesmos males e às mesmas lutas, e mais justificada ainda entre nós mulheres, que através de séculos e civilizações vimos suportando injustiças de toda a ordem, demo-nos as mãos, e seremos fortes. Da nossa força, consciente, generosa e nobre, muito bem poderá vir ao Mundo.
A Mulher é a Mãe, e a Mãe influirá sempre na formação do carácter dos filhos..."

In Biografia (1945) DE MARIA LAMAS

Pode espantar muitas mulheres de hoje a ideia de "Enquanto uma mulher for escrava"...e duvidar-se que hajam nos nossos dias mulheres escravas, MAS o que vamos chamar a uma mulher explorada sexualmente, ou que seja apenas física ou psicologicamente, não diríamos também que não haverá um homem digno da sua humanidade enquanto isso acontecer? Independentemente de todos os problemas de ordem económica e social que foram debatidos ao longo do século vinte, como forma de emancipação feminina, quase todos eles continuam a ser sensivelmente os mesmos, embora com uma patine de evolução e mudança, mais (retórica) teórica do que real, e só nas cidades, ou centros urbanos ela existe, porque de resto quer no País quer no Globo inteiro as mulheres continuam a sofrer todo o tipo de afrontas e violências sem que o Mundo e os Estados se preocupem muito com isso.

Contudo o problema efectivo e interior da mulher no nosso século que começo, porque nunca foi tocado, é sem dúvida a questão fulcral da sua identidade profunda...Ou seja, a questão da sua divisão ou fragmentação interior que correspondem a dicotomia da "santa e da puta"....
Passados mais de 50 anos sobre esta perspicaz observação “...se ele (livro) abalar a indiferença ou antes a ironia com que os portugueses usam encarar os problemas femininos...” vemos que nada mudou quanto a essa ironia...podemos vê-la e senti-la em tudo o que os críticos e comentadores, jornalistas e políticos escrevem ou dizem ainda a propósito desses mesmos problemas da mulher e pior, vemos a mulher a nega-lo como a dá-los por resolvidos...na teoria, como é o caso das feministas em geral.
Vemos ainda não só as escritoras em geral ou políticas a serem satiricamente alvejadas pela ironia afinadíssima dos muito democratas e progressistas homens da nossa praça pública...e agora os muito importantes e cotados jornalistas em ascensão meteórica na Blogosfera...


DE QUE MULHER É ESSA QUE EU FALO?

Eu falo da mulher Inteira aquela que sabe tocar o seu âmago. Que sabe tocar essa Essência que é o seu centro. O seu Coração. O seu Útero. Neles está a chave do seu poder interno. A mulher não tem de aprender nem forçar-se a ser aquilo que o homem fez dela: "objecto de prazer "ou instrumento de "procriação", agora "barriga de aluguer",  como a mulher moderna aceita e faz nem tem de ser  executiva e lutar com os homens por um lugar de chefia, nem forçar-se a ser o que os homens e a sociedade querem ainda que ela seja, tendo controlo legal  do seu corpo e do seu sexo e do seu útero. Essa mulher de que falo  se as suas raízes  estiverem ligadas ao seu Útero e a Gaia, Ela nunca mais será serva, nem escrava sexual, nem poderá ser soldado, polícia ou ir à Guerra…ou deixar os seus filhos passar fome… porque a Mulher é a Terra…e ela é abundante, dá como a Natureza dá. Por isso  é dela e só dela que pode e nasce o amor e a paz e a dádiva, na primeira grande dádiva que a vida e o ser humano que dela nasce.'

rosa leonor pedro

sexta-feira, janeiro 27, 2017

LIvros, que livros?



BEST-SELLERS ILEGÍVEIS OU PORNOGRÁFICOS...


"Há escritores que dão livros todos os anos, tão inevitavelmente com as macieiras dão maçãs. Hoje não é possível ser-se apenas autor de um único livro - mesmo que seja notável - sem se incorrer na suspeita de haver contraído qualquer doença vergonhosa. Nesta tramóia, o único que conta é o espectáculo. Animado e faustoso, é certo - como um grande funeral. Depois, toda a gente volta para casa e faz-se silêncio no cemitério. Um silêncio rumoroso, entenda-se, povoado de best-sellers ilegíveis e realmente apenas lidos por quem ignora de todo a arte de ler. resta-me a esperança de que o leitor, perante estes textos, concorde em que fui sempre, como dizia Thomas Bernhard, "na direcção contrária".


in LUZ CENTRAL de Ernesto Sampaio

quinta-feira, janeiro 26, 2017

A consciência da mulher é diferente


VOLTAR A ORIGEM


"A consciência da mulher é diferente; ela já percebeu as coisas quando o homem ainda tateia na escuridão. A mulher percebe as circunstâncias que a cercam e as possibilidades a elas ligadas, algo que um homem costuma ser incapaz. Por isso, o mundo da mulher parece-lhe pertencer ao infinito, para fora do tempo e para o transcendente, pode fornecer as indicações e os impulsos mais válidos. Essa transcendência é a sabedoria, e esta supera o saber intelectual...A mulher e tudo a ela associado parecem bem estranhos ao macho e, no entanto, isso faz parte de seu universo mais íntimo, à espera de se realizar por ele" (p.172)

Ora esses valores também estão no homem, mas, com a educação patriarcal os reprimiu, descobri-los é uma tarefa dura. O procedimento inicial, aliás, é compreender que nada há...a compreender, mas a perceber e a sentir. Por isso, no caminho da Esquerda, que passa pela mulher, é ela a iniciadora. Ela abre paro o homem as portas secretas para a profundidade do ser, para o derradeiro, o cósmico. Se o Tantra fosse uma religião, as mulheres seriam suas sacerdotisas, e os sacerdotes seriam os homens que tivessem desenvolvido, graças à mulher, suas qualidades femininas de intuição e transcendência.
(...)
André Van Lysebeth - tantra o Culto da Feminilidade.

quarta-feira, janeiro 25, 2017

VIRGINIA WOLF




Cada um tem o seu passado fechado em si, tal como um livro que se conhece de cor, livro de que os amigos apenas levam o título.



Virginia Woolf

VIRGINIA WOLF - UMA HISTÓRIA INCOMPLETA



Em 28 de março de 1941, aos 57 anos, Virgínia Woolf vestiu um casaco, encheu seus bolsos de pedras e se afogou no Rio Ouse. Antes do ato, após um colapso nervoso, ela deixou uma carta breve para seu marido.
Leonard era marido, amigo e editor de Virgínia. Talvez a palavra que melhor defina a relação entre os dois seja “amigo, já que a escritora não se interessava por homens. Algo curioso que marcou a vida deles foi a atitude de Leonard em relação aos livros que ele editava de Virgínia. Como a escritora nunca acabava de revisar suas obras, o marido “roubava” os livros e os mandava para a impressão. Virgínia continuava editando, até que um dia Leonard chegava e lhe dizia: “Pode parar de revisar. O livro está sendo impresso. Está pronto há semanas!”. Ela ficava furiosa, mas depois lhe agradecia, pois assim podia começar a trabalhar num novo livro.
Antes do suicídio, ela deixou para Leonard a carta que segue abaixo.


“Meu Muito Querido:

Tenho a certeza de que estou novamente enlouquecendo: sinto que não posso suportar outro desses terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou começando a ouvir vozes e não consigo me concentrar. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor.
Deste-me a maior felicidade possível. Fostes em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou destruindo a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser. Não consigo ler.
O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Fostes inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom.
Quero dizer isso — toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida.
Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos.
V.”
in PENSAR CONTEMPORÂNEO

terça-feira, janeiro 24, 2017

No princípio era a Mãe


O Futuro do mundo depende das mulheres...

"No princípio era a Mãe. O Verbo veio muito depois e iniciou uma nova era: o patriarcado." -
Marilyn French
...
"Como podemos dar forma a um futuro se a base do amor se encontrar perturbada? Se os melhores de entre os nossos filhos se opuserem aos adultos, cheios de indignação, já que estes não querem ver como destroem o ambiente, e se não fizeram seu o amor?
A nossa esperança são as mães. Por conseguinte tem de ser dada às mulheres a possibilidade de deixarem de ser consideradas propriedade do homem, a fim de incentivar o que houver vivo nos seus filhos e na vida.
Dizer isto não quer dizer que a própria maternidade deveria ser transformada num fim obrigatório. É esse o problema. Estamos programados pela nossa sociedade de tal forma que a “bondade” se transforma numa parte de toda essa loucura. É que somos sugestionados no sentido de que a bondade é um fim em si, e assim uma boa mãe transforma-se na expressão da mitologia masculina do sucesso. Se alguém quiser ser uma boa mãe por esta razão isso equivale a venerar o mito masculino sem disso ter consciência. Passa a ser este a determinar o valor de uma mulher, e não os objectivos autênticos dela. Parir tornou-se um êxito. A destrutividade da cultura dominada pelo Homem infiltra-se em tudo o que seja vivo.

...E assim as vítimas firmam um acordo com quem as destrói. E as mulheres que interiorizam desta forma o mundo masculino, embora sejam suas vítimas, ainda podem ter efeitos mais destrutivos que muitos desses homens, já que transmitem a ideologia masculina sob a capa da feminilidade.”
(…)
In FALSOS DEUSES DE ARNO GRUEN

segunda-feira, janeiro 23, 2017

A FRAUDE DA OPINIÃO VIGENTE



"A literatura e a poesia […] estão mais próximas da realidade humana que, por exemplo, a investigação psicológica. Essa orienta-se demasiadamente pelo mito da ‘realidade’ e pelo mito das estruturas de poder daí decorrentes. […] Um escritor escreve, e não em último lugar, para se opor com a sua força criativa à fraude da ‘opinião vigente’. Fala de uma língua que ainda sabe da globalidade da experiência humana.”

Arno Gruen

AS MULHERES PUBLICAS



As 'Mulheres Públicas' são, na linguagem tradicional, as prostitutas. Bastaria este hábito linguístico para perceber o imenso ridículo e a imensa injustiça e a ...absoluta ILEGITIMIDADE da ocupação exclusiva do Espaço Público pelos Homens.

E quando as Mulheres lá chegam, a imprensa repara, assinala, por vezes espanta-se e entretém-se a discutir o estilo da roupa da Srª Ministra... ou se ela leva os Filhos à Escola. E, às vezes, maravilha-se porque um Ministro - ou outro Homem Público (o que NÃO quer dizer 'chulo', ou 'prostituto' mas, por analogia, poderia...) muda uma fralda ou faz qualquer idêntica, extraordinária habilidade.
E ainda há quem diga que as questões de IGUALDADE estão ultrapassadas, são coisa do Passado, mania de umas Feministas tontas e maníacas (o que na ignorância generalizada, hélàs, continua a ser com frequência entendido como uma expressão pleonástica).
E há mulheres que se afligem muito com as quotas 'de género', não vá alguém pensar que lá estão por seu sexo e não por sua competência... Nem sequer reparam que passaram mil anos de quotas de 100% para homens, quantas vezes por lei escrita, como em Portugal até há escassos 40 anos. Ou que em mil organismos, partidos políticos, organizações e etc há mil quotas profissionais, de tendência ou seja o que for... (e o que é a representação proporcional no Parlamento, senão um exemplo de isso mesmo?).
É preciso muita, mas muita paciência. E é preciso continuar, tantas vezes, a explicar evidências a pessoas ignorantes e que se julgam muito sábias, informadas e esclarecidas. IRRA!!!
De TERESA PIZARRO BELEZA


"Mulheres que são elas próprias, isto é, que estão ligadas às suas forças vitais autênticas, nunca estão a favor da guerra. Os homens que se encontram nas mesmas condições são, também, contrários à guerra. Mas, frequentemente, aqueles que contrariam a ideologia do poder são perseguidos. A sua existência ameaça a existência da mentira. Isto sempre foi assim.»*


- Sejam académicas ou escritoras, sejam políticas, médicas ou juízas e jornalistas, funcionárias do estado ou empregadas de qualquer patrão, deputadas e ministras, as Mulheres enquanto não forem conscientes do seu ser em essência, conscientes do seu ser Mulher integral, ligadas ao instintivo e telúrico, capazes  de serem elas mesmas, visceralmente assumidas como seres ligadas a Natureza Mãe e ao Cosmos, não poderão fazer uso do seu Dom inato, diria da sua Consciência intacta, da sua completude e inteireza, porque vivem e estão totalmente submetidas e dependentes do Homem (pai filho amante) para serem, portanto nõa são senhoras de si mesmas e por isso não poderão nunca  servir a sociedade nem serem responsáveis se não tiverem essa consciência profunda do seu SER TOTAL nem da sua responsabilidade enquanto mulheres autenticamente livres e fiéis à sua Natureza primordial!

Os homens para fazerem das mulheres suas "pares"  na politica e na sociedade e responderem ao apelo das feministas por  uma igualdade de direitos “elevam-nas” a chefias militares ou estatais e partidárias de acordo com o seu discurso masculino e de que à partida se asseguram sendo os seu chefes e mentores...
Para mim as mulheres, tanto na política como no Governo, não significam ainda nada de relevante ou significativo para uma mudança no mundo, nem uma mais valia para as próprias mulheres e a sociedade, porque no seu discurso e na sua formação-formatação não há rasto de feminilidade essencial e as próprias mulheres as feministas fogem do feminismo sagrado (a sua essência oculta) porque elas são cúmplices na guerra e na alienação da própria Mulher negando-se na sua profunda identidade, renegando assim o Principio Feminino - hemisfério direito - em favor do masculino e do patriarcado  exclusivamente.

R.L.P.


*in "a traição do Eu" - arno gruen

domingo, janeiro 22, 2017

A MARCHA DAS MULHERES


" As mulheres têm sido levadas à loucura, " Gaslighted," durante séculos pela refutação da sua experiência e dos seus instintos numa cultura que valida apenas experiência do sexo masculino... Quando uma mulher diz a verdade, ela está a criar a possibilidade para mais verdade em volta dela ." -
Adrienne Rich


Dizer que A MARCHA DAS MULHER EM TODO O MUNDO "é apenas uma manifestação paga com dinheiro do partido democrata em retaliação por ter perdido a eleição... se fosse um movimento genuíno de mulheres já teríamos visto manifestações desta antes, durante o governo Obama... é a campanha da Michelle Obama que está começando, apenas isso... infelizmente só isso" é estar cega para os aspectos mais sagrados da Vida e da própria Consciência...é ignorar que só A Consciência move a consciência, é ignorar que a força da "emotion", emoção e movimento, que põe as Mulheres em Marcha em todo o mundo...não a politica.
Elas estão a sorrir - elas têm a Força...e sabem - isto é só o DESPERTAR de uma nova aurora para o mundo...um mundo de paz e sem armas...



ESTA MARCHA DAS MULHERES NO MUNDO nomeadamente na América eu não a entendo como feminista nem se trata apenas de uma luta por direitos e igualdades...de acordo com uma visão meramente marxista e materialista da vida. Eu VEJO uma ENERGIA DO FEMININO a despertar no mundo inteiro e mesmo que seja através de partidos e de ideologias, são as forças da vida e da evolução que movem a Humanidade e actuam por detrás dos seres humanos e as ideias... As pessoas comuns só veem os aspectos materiais e não veem a força da Anima do Mundo nem a Energia por detrás de tudo o que existe ...
Eu vejo este movimento das Mulheres em consonância com o ressurgimento do Princípio Feminino em ACÇÃO e em resposta ao ataque de que as mulheres estão a ser alvo e vitimas de um retrocesso cultural e histórico em todo o mundo, não é só o Trump, o abusador, mas em todo o mundo as mulheres estão a ser alvo de misoginia e feminicidio.
Para mim este movimento das MULHERES EM FORÇA são as leis da Natureza MÃE a EQUILIBRAR os Principio da Vida - não são os homens nem as forças materiais e ideológicas que movem montanhas...mas o poder que está por detrás de tudo o que existe. Esta é uma luta invisível entre polos opostos complementares da manifestação que se reflecte na afirmação de metade da Humanidade que foi escravizado pelo Poder do Sistema falocrático e bélico no mundo durante mais de 5 mil anos.
rlp



UMA NOTA:

Alguém provavelmente há-de estranhar que eu tenha visto a Marcha das Mulheres como um sinal de evolução e  sinal de algo positivo e promissor para nós mulheres...talvez tenham mesmo achado que era uma contradição eu entusiasmar-me com esta manifestação global de mulheres em todo o mundo a recuperar a sua Voz ...pois sempre tenho dito e escrito que só a consciência individual muda alguma coisa. Só a integralidade da mulher, a união das mulheres interna e externa pode mudar o mundo.
Devo dizer ou esclarecer que eu não acredito nesse movimento apenas e que só por si e sem a mulher estar consciente de si, senão houver essa consciência da consciência por detrás destes movimentos e se tratar de uma mera luta por direitos e igualdades, por mais legítimos que sejam, voltamos ao mesmo ponto de partida - não resultou antes porque agora as mulheres perante as crises económicas e sociais estão a perdê-los...e se pensarem que este movimento é apenas para defender esses direitos julgados adquiridos, estão enganadas mais uma vez...porque sem a CONSCIENCIA  do seu ser ontológico, sem DIGNIDADE e sem IDENTIDADE as mulheres não vão conseguir ser e dar voz a metade da Humanidade...por isso continuo a apostar num trabalho de consciência interior e num trabalho feito individualmente e creio que sem essa Consciência interior do poder da mulher  continuaremos divididas e desunidas e passadas as fases do burburinho e de entusiasmo politico e social não há bases para a mulher se tornar dona de si mesma e livre do assédio e da violência dos homens sobre si...e eles - Sistema - sabem disso...
rlp

CUIDADO MULHERES



PERANTE O SAGRADO FEMININO E A MULHER
O HOMEM DEVIA CALAR-SE E AJOELHAR-SE....



"Sobre o Sagrado Feminino

Gostaria de saber qual a intenção de um homem ao se colocar a frente de um grupo de mulheres e falar sobre o sagrado feminino.

Qual a certeza que ele tem em falar de algo que conhece apenas os rascunhos, nunca a obra completa e terminada....
Quem pensa que é para querer falar com propriedade de algo que conhece, muito mal por sinal, apenas o mapa.
Para conhecer o território é preciso trilhá-lo. Caminhar de pés descalços, sentir as dores de ser quem somos. Ter os mesmos medos.
Um homem jamais deve querer entrar nesse território, simplesmente por ser HOMEM.
Nós mulheres demoramos milênios para nos conhecer e vem um HOMEM querendo se meter em assunto que não diz respeito a ele, senão como companheiro, pai, amigo, nunca como MESTRE.
Quer saber sobre o sagrado feminino, fale com uma mulher, ouça uma mulher, deite-se no colo de uma MULHER.
Me entristeço demais ao saber que há esses "falsos profetas" "falsos mestres" que andam por aí falando sobre o que não conhecem.
Cuidado mulheres!
Cuidado...."

Rose Kareemi Ponce

quinta-feira, janeiro 19, 2017

AS MULHERES MODERNAS


A MULHER AUTÊNTICA

QUE AS MULHERES "MODERNAS" na sua grande maioria desconhecem e estão longe se saber quem são em essência...
.

..."temo que as mulheres que se mantiveram intactas (autênticas) à sua maneira sejam postas em perigo por outras mulheres. É que já não se tratará apenas de se defenderem dos homens, como também daquelas mulheres que adoptaram a concepção masculina da liberdade...."*

...A mulher que vemos a actuar nos nossos dias e depois de duas a três décadas e que se expressa e se impõe no mercado de trabalho seja  nas instituições públicas ou privadas, é uma mulher que não se afirma na sua verdadeira feminilidade, mas actua apenas como uma réplica do macho, exibindo uma sexualidade deformada pelo conceito que o homem tem da mulher e desvirtuada da sua essência - porque sem alma - impelida pela força do imaginário masculino que a transforma num seu travesti…de mi...l faces, todas fictícias...Como as mulheres que vemos nos filmes e as modelos dos estilistas gays que são sem dúvida as mulheres que eles sonhavam ser …e que nada têm a ver com a verdadeira mulher. É essa mulher estereotipada e masculina feita à imagem e semelhança do homem que as mulheres fazem esforços desesperados para se tornaram e poucas ou raras souberam ou puderam desenvolver as suas qualidades intrínsecas de um verdadeiro feminino.
rlp



"Neutralidade e má qualidade"

“Infelizmente, a distinção entre masculino e feminino não permitirá, em caso algum, acabar com o patriarcado, na medida em que o monstro teve tempo suficiente para criar raízes e prosperar na cultura, na economia, nos cérebros e nos sexos. Contudo, permitirá pelo menos descrever a realidade, dizer a verdade, legitimar a palavra das mulheres.
Neste país, existe um problema grave de mentalidade sexista, mas não se pode falar nisso, porque as palavras traem e pervertem a realidade.
Porque a linguagem avança mascarada, porque a linguagem serve de folha de parra, e nunca este termo foi tão bem utilizado. Esta folha de parra é muito útil para a ordem estabelecida. Tal como já dissemos, os nossos académicos realçam, muito a propósito, que o francês contempla o caso neutro, contrariamente ao alemão ou ao inglês. Esta observação é muito subtil. No entanto, existem expressões que não permitem identificar o sexo do sujeito: são fórmulas neutras. É estranho que estas fórmulas não sirvam para descrever tudo o que se refere ao poder ou ao prestígio. Neste caso masculiniza-se ao máximo.Também não serve para descrever os grandes feitos das mulheres. Mas são sistematicamente utilizadas para dissimular os delitos dos homens. A língua é uma ferramenta ideológica, uma ferramenta utilizada contra as mulheres como uma arma carregada, mas também para proteger os homens, os queridinhos do sistema.”(…)**



**"TODOS OS HOMENS SÃO IGUAIS…MESMO AS MULHERES"
De Isabelle Alonso

*“A TRAIÇÃO DO EU “ do autor do livro “A LOUCURA DA NORMALIDADE”
ARNO GRUEN

quarta-feira, janeiro 18, 2017

A informaçã subliminar...


AVIOLÊNCIA VERBAL CONTRA AS MULHERES
POR PSEUDO ESCRITORES E ESCRITORAS POP...


A Violência da pornografia VERBAL, ou o abuso da linguagem ordinária, do palavrão, que incita à sexualidade desabrida, gratuita, é gerada nesta confusão que são a perda de valores, e torna-se num ataque à sanidade mental da pessoa humana e são de uma violência enorme à integridade e liberdade de “escolha” baseada na sensibilidade da mulher; ela é ademais uma aviltação da mulher em forma de romance, na escrita destes “escritores” pop – homens e mulheres, e que dezenas de mulheres cegas seguem fascinadas com a sua audácia, o seu vazio, a sua esterilidade, o seu ego, a sua obsessão fálica, a sua verborreia, a sua falta de ética e de estética. Gente sem a menor profundidade no que escrevem e que ataca de forma desabrida, indecente, sim, digo INDECENTE, DESONROSA,  TODAS AS MULHERES: as mães, as filhas, as irmãs e sobretudo as amantes…só é possível pela ignorância da própria mulher em se honrar, em se dignificar a si própria, em se dar valor, em se saber ao certo, em se realizar a partir de si …
A quantidade de mulheres e a maioria jovem que lê estes autores meio pornográficos é enorme...
E elas não se apercebem das violência que nesta escrita é feita à mulher e que ela aceita passivamente, às vezes orgulhosamente, coisas infames como estas:
“Sê uma rameira, uma prostituta, uma vadia, uma meretriz. Sê fácil para quem amas. Perdoa quem amas. Dá uma trancada no orgulho e dá uma trancada – ou várias – em quem amas. Não evites viver. Não evites, também, sofrer e fazer sofrer de novo, magoar e ser magoada de novo, chorar e ser chorada de novo. Não evites arriscar, não evites temer estar a ir longe demais. Não evites: não te evites. Porque é viver, e mais nada, que é inevitável.”*

"Sê e diz e faz o que queres ser e dizer e fazer. Se te apetece abrir os braços a quem te magoou: abre; se te apetece abrir as pernas a quem te fez sofrer: abre; se te apetece enfiar a língua na boca de quem devias odiar: enfia. Despreza as desprezíveis leis do amor-próprio. O amor-próprio é uma treta. Só te amas se te sentires bem contigo. E só te sentes bem contigo se estiveres bem com tudo aquilo que és. E se amas quem amas só te sentes bem com tudo aquilo que és se te sentires bem com aquilo que amas. E quando se ama quase tudo (ou tudo) aquilo que és é aquilo que amas."* 

Tudo isto deve-se à sua falta de consciência do feminino profundo, deve-se ao enorme vazio da sua vida, à sua falta de valor como ser humano, à falta de sentido que não encontra em si mesma como pessoa, sobretudo como MULHER e a não ser o viver pelo homem, projectada no homem, projectada no filho e agora no sexo, no falo, ela acha que não vive, porque a mulher foi programada para obedecer e servir a deus, ao pai, ao marido e ao filho e agora vê inverter-se a sua situação de mulher legítima e séria… ou...de prostituta, e a ser “enaltecida” já não no altar, ou no bordel, mas exclusivamente na cama, como mulher-objecto, só sexo, uma mulher degradada pela sexualidade mais abjecta para servir ao seu “deus falo”.
Toda esta "literatura é  baseado na  anulação da Mulher, na negação da entidade mulher e na sua  submissão, que a leva a abjecção de uma total e completa sujeição “ao prazer” (sado-maso) anulando todo o seu ser na mera escravidão sexual aos padrões machistas e falocráticos que agora se destacam não só nos Mídea e Publicidade em geral como é o tema preferencial destes escritores pop-pornográficos, que são realmente uma chaga literária… como o autor citado e a autora dos livros  "Tons de Cinza" - sucesso estrondoso a nível mundial, agora também no cinema.

Esta geração rasca, realmente rasca, pensa que ter vergonha na cara, ter sensibilidade ou ser romântico, não é moderno nem comercial, e o que importa é Vender e comprar a todo o transe…e pensam que dizer todas estas barbaridades a qualquer preço e que o dizem em nome da “mulher” do “amor” do “desejo” e até de “deus”…é o máximo…e é “arte”…ou literatura…de lixo!

Este é apenas LIXO tóxico ao cimo do Planeta, porque ele é mental e imoral e quase toda esta geração proveniente do Sistema mercantil e económico é a expressão máxima dos dias em que vivemos…

Prova-o a poluição verbal e a violência camuflada, o despotismo e a demência disfarçada de arte (de vómito) e literatura de cordel que enaltecem e que abunda por aí.



RLP
* De Pedro Chagas Freitas
(texto revisto e republicando)

NOTA: veja-se a subtileza da informação da imagem que dizendo algo de supostamente positivo para a mulher transmite a ideia contrária - de que o perigo da mulher são as ligas e as pernas e não o ler...

segunda-feira, janeiro 16, 2017

OS FILOSOFOS A NU...

NÓS MULHERES ANDAMOS A BEBER DESTES FILÓSOFOS há alguns séculos juntamente com a moral católica  e não raro vejo as mulheres "emancipadas" (ironia) a fazer citações destes "mestres" completamente ignorantes de si mesmas completamente  formatadas pelas escolas, universidades e pela  cultura geral, a Arte, a literatura e a ciência; tudo o que fazemos é propagar as ideias disseminadas destes misóginos frustrados e ressabiados com as mulheres e que  nunca tiveram a menor noção do que seria a verdadeira mulher, porque as mulheres que eles conheceram eram intelectuais mas tão falocráticas como eles...a Imagem que o ilustre...e espero que não se choquem  com a nudez do dito senhor da direita...

 
A Mulher Quer Emancipar-se:

“A mulher quer emancipar-se: e para isso começa a esclarecer aos homens sobre “a mulher em si” – isto constitui um dos piores afeamentos da Europa. Pois quanta coisa não se revelará nestas tentativas desajeitadas do cientificismo e autodesnudamento femininos! A mulher tem tantas razões para ficar envergonhada: na mulher há tanto de pedantismo, de superficial, doutrinário, de presunção mesquinha, de pequenez desenfreada e imodesta – analise-se o seu... convívio com crianças! -, o que no fundo, até agora, só o medo do homem refreou e reprimiu. Ai de nós no dia em que o “eternamente-aborrecido na mulher” – e ela é rica nisso – ouse aparecer! Quando ela começar a desaprender, completamente e de vez, a sua inteligência e a sua arte, a sua graciosidade, a de brincar, de afugentar cuidados, de aliviar as penas, e de as tornar de ânimo leve, o seu delicado jeito para desejos agradáveis! Agora já se houvem vozes femininas que por Santo Aristófanes!, assustam; explica-se ameaçadoramente e com clareza de médico o que primeira e última análise, a mulher quer do homem. Não se revela um profundo um gosto o facto de a mulher se preparar desta maneira para ser científica? Até agora, a tarefa do esclarecimento, era, felizmente coisa do homem, dom masculino-ficava-se “entre si”, e têm-se o direito de por reservas em tudo o que as mulheres escrevem sobre a “mulher”, e de desconfiar que a mulher, afinal, queira esclarecimentos a seu próprio respeito-e que possa querê-lo…Se é que, com isto, ela não procura para si um novo adorno – creio que o adornar-se faz parte do eterno feminino? Pois bem, então pretende fazer-se recear: e talvez assim, pretenda dominar. Mas não quer a verdade: o que importa à mulher a verdade! Desde a origem, nada é mais estranho, mais avesso, mais odioso à mulher do que a verdade-a sua grande arte é a mentira, o que mais lhe interessa é a aparência e a beleza.”

Nietszche, para além do bem e do mal.
Nietszche- filósofo Alemão do século XIX - Pág. 153,154



"Desmontar todo este raciocínio masculino é urgente!...todas nós mulheres estudámos e imbuimo-nos destas doutrinas bolorentas, misóginas e construímos os pilares da nossa auto-imagem com base nestes pressupostos!...Desconstruir e voltar a construir, trabalho moroso e delicado que leva gerações e gerações de mulheres conscientes a fazê-lo. Mulheres conscientes, onde? Como? Este é o trabalho que as mulheres têm em mãos nas próximas gerações… Caso este aumento de consciência não prolifere iremos ter um mundo exclusivamente e dominantemente masculino onde a essência e a consciência feminina foi completamente remetida para as profundezas do inconsciente humano. A espiritualidade da humanidade obviamente irá ficar acorrentada a este estado de coisas…"
AM

POBRE ADÃO...



ESTA HERANÇA JUDAICO-CRISTÃ


...“pobre Adão, que não suportou a sua divina solidão e adquiriu uma “má companhia”, porque a seus olhos ele perdeu a sua alma imortal e perfeita…Ele decidiu nunca mais perdoar esta história da “maçã”, recusando-se a tomar consciência do presente que teve – obrigado e colocado na sua mão por Iavé – que Isha, a sua consciência revelada, lhe faz oferecendo-lhe a sua morte. Da serpente de vida e da morte, macho e fêmea, ao andrógino perfeito passando... pela bissexualidade e o hermafroditismo, o pensamento humano – asseguram-nos disso – progrediu, evolui e apurou-se. Nesta evolução – seguramente nobre e espiritual – visando a magnitude da alma e a transcender o corpo e a sexualidade, alguma coisa se perdeu, uma outra dimensão, de do ser vivo e carnal, e “inocente” porque ela estava bem longe de qualquer noção do pecado e portanto de perversão. E precisamente esta perda de inocência, esta perda sobretudo do sentido do sagrado, introduziu no nosso universo as piores perversões. O que é que há de mais “culpado”: praticar a omofagia, quer dizer, devorar carne crua – por vezes é verdade, como os tigres que se sacodem na boca um animal vivo – ou prostituir crianças nas ruas de Manilha por dinheiro ou utilizá-los com o mesmo fim, em filmes pornográficos que incluem por vezes a morte real dos actores involuntários?”


Joelle de Gravelaine no seu livro Deusas Selvagens



Quiriarquia (?) sistema social ou conjunto de sistemas sociais de conexão construídas em torno de dominação, opressão e submissão. A palavra foi cunhada por Elisabeth Schüssler Fiorenza em 1992 para descrever a sua teoria de sistemas interconectados, em interação, e auto-extensíveis de dominação e submissão, em que um único indivíduo pode ser oprimido em alguns relacionamentos e privilegiado noutros. É uma extensão interseccional da ideia do patriarcado além do género. O conceito engloba o sexismo, o racismo, a homofobia, o classismo, a injustiça económica, o colonialismo, o militarismo, o etnocentrismo, o antropocentrismo, e outras formas de hierarquias dominantes em que a subordinação de uma pessoa ou grupo por outro é internalizada e institucionalizada.

domingo, janeiro 15, 2017

O SISTEMA É PODRE


FAZER  A APOLOGIA  E A DEFESA DA PROSTITUIÇÃO, OU QUERER LEGALIZÁ-LA já é ser doente, é A VISÃO de um Sistema podre!



"AS PUTAS SÃO SINCERAS..."

- Só a Vida é Verdadeira, ou só a Vida é sincera, para o caso serve.
Dizer que as putas são sinceras é apenas um cliché, é estar a abismos de distância da historia real de cada puta, que é sempre uma historia de dor, mas duma dor que nenhum homem conhece ou pode conhecer, mesmo os que se prostituem, porque a natureza deles é outra.

Dizer que as putas são sinceras é não saber nem QUERER SABER nada do que se passa com cada uma delas, apenas querer usá-las. Nem que seja com os olhos.
Quando os homens se deitam com uma mulher é lhe chamam "p..." ou derivados, eles não estão com aquela mulher, não estão unindo-se com aquela mulher, estão a obrigá-la a identificar-se com uma imagem, uma personagem, que a sua histeria (dos homens) fabricou.
Nunca uma Vestal, ou mulher consagrada ao eros divino, que as há, por aí, levaria a que um homem lhe chamasse isso. Para se poder deitar com ela, e banhar-se noutro nível de prazer, ele teria largado há muito, essas toscas imagens, mecanicamente herdadas. É que têm uma historia , ou muitas historias, tão tristes, por detrás.

UMA PUTA NUNCA É MENINA: Ela perdeu para sempre o contacto com essa menina que em si existiu, mesmo que as vezes tenha de fingir esse disfarce. Para ser puta, a menina morreu. Ela carrega uma criança morta dentro de si.
A "menina puta" ou as "putas que são sinceras" são imagens-recurso de um estado doente. De quem, da mulher, nada toca e por nada , da mulher, verdadeiramente é tocado.
AS PUTAS SÃO SINCERAS?!

(C. S.)
republicando 
...

A MULHER CORAJOSA



NÃO TEM MEDO...


"A mulher corajosa não tem medo de investigar o pior. Isso garantirá um aumento do poder da sua alma através das percepções e oportunidades para examinar de novo a sua própria vida e o seu próprio eu. Neste tipo de exploração da terra da sua psique brilha nela a mulher selvagem. Não teme a escuridão mais escura, porque na verdade pode ver no escuro. Ela não teme os despojos, os desperdícios, a podridão, o fedor, o sangue, os ossos frios, as mulheres jovens morrendo ou os maridos assassinos. Ela pode ver tudo, pode resistir a tudo porque pode também ajudar."


~ Clarissa Pinkola Estes

A INTEGRALIDADE DA MULHER




O SISTEMA e

"A sociedade patriarcal valoriza e promove apenas os aspectos masculinos, subestimando e até mesmo reprimindo os aspectos femininos. O resultado é que a mulher se esvazia, perde sua identidade feminina essencial e se torna uma “cópia” caricatural do homem; o homem, por sua vez reduzido à masculidade bruta e unilateral, perde a ligação com os valores femininos do seu mundo interior e passa a ter uma relação opressiva para com a mulher. Como restaurar a feminilidade, despontenciando a unilateralidade do mundo patriarcal, a fim de reequilibrar a identidade psicológica dos sexos e planificar a relação entre o homem e a mulher?"*



A integralidade da mulher, o encontro da mulher consigo mesma, o resgate da sua feminilidade, é um longo processo de autoconhecimento e até que a mulher caia em si sinceramente e comece a fazer essa tal descida aos infernos, ao seu abismo de que tanto tem medo e regra geral foge, é quando a mulher se começa a encontra para não mais perder o foco de si - mas é só caminhando com a sua sombra (mãe), que ela vai ao seu labirinto e se vai despindo de ideias e conceitos e de medos...
Aos poucos também irá recuperando a sua auto-estima e a sua autoridade na medida em que se for consciencializando do seu próprio valor; sim, à medida que vai vendo que ela não é inferior (gorda pobre negra e feia) nem superior a nenhuma outra mulher (branca magra rica e bem sucedida), que ela não é esta nem aquela, que não é a santa nem a puta... aí sim ela vai  percebendo que apenas não se reconhecia nem se dava o seu real valor. Só depois deste trabalho feito ela  acaba por perceber que o ser mulher não se baseia sequer nem  muito nem pouco em saber isto e aquilo, em ser formada e erudita, ou ter muita informação cientifica ou conhecimentos ditos  "espirituais", sobre arcanjos,  deuses e anjos e deusas etc.. Ela deixa de ter disputas de saberes e conhecimentos ou diplomas e de precisar de usar dons ou  apregoar algumas dessas "realizações espirituais" etc. compradas em pacotes no seminários de fim de semana...
Tudo o que a Mulher tem de saber e reconhecer é o seu valor pessoal e intrínseco, que ninguém lhe tira nem ninguém a acrescenta...porque essa é uma fonte de saber dentro de si à qual ela tem de recorrer para se encontrar e afirmar-se em si mesma: é encontrando o seu centro e ser apenas o que é e não se medir mais por qualquer bitola, da moda, do conhecimento académico, da espiritualidade, da ciência ou da religião...
A mulher, qualquer mulher, tem em si o poder de SER Mágica e ela tem de ousar apenas ser quem é à partida e sem medo. Ser apenas ela própria, independentemente de tudo o mais que ela possa acumular de saberes, ela tem o SABER em si.

Como diz uma amiga, "Quanto mais conscientes de si , da própria humanidade , do poder de conexão com o conhecimento silencioso legado ás mulheres, mais proteção psíquica, emocional e espiritual a mulher alcança . Mesmo dentro do sistema fisicamente , a mulher tem condições de resistir e não ter até a alma devorada pelo sistema. " Flor del Sur
rlp


*Rissa Cavalcanti - o casamento do sol com a lua

sábado, janeiro 14, 2017

FUNDAMENTAL...



COMO É QUE, ENQUANTO MULHERES AJUDAMOS DE FORMA ATIVA OU PASSIVA A MANTER O SISTEMA PATRIARCAL


Por Shekhina Weaver

"Ao tentar perceber como, enquanto mulheres, participamos ativa e passivamente no patriarcado e em como poderíamos recusar essa participação, facilmente ficamos bloqueadas com um sentimento de "não há saída". Na verdade, a nossa participação acontece de várias formas e primeiro precisamos de ser capazes de passar pelo processo de nomeação dessas formas de colaboração para podermos depois começar a pensar em e vislumbrar maneiras REAIS de nos libertarmos.

Esta manhã, eu, Shekhina, fiz um brainstorming com o objetivo de nomear algumas das formas como participamos ativa e passivamente e algumas das maneiras pelas quais estamos literalmente aprisionados/escravizados pelo patriarcado.

A lista é, naturalmente, incompleta, então sinta-se livre para adicionar a sua própria nomeação e/ou discutir esta lista:

- Nós mulheres estamos presas no sistema patriarcal por termos de ganhar a vida fazendo trabalhos que sustentam direta ou indiretamente o paradigma patriarcal do poder sobre a Vida e sobre as mulheres e outros seres humanos que podem literalmente envolver a destruição da Terra;

- por termos de utilizar máquinas (por exemplo, automóveis) ou tecnologias que destroem vidas;

- sermos forçadas pela própria situação económica a comprar produtos produzidos por crianças e/ou mulheres e homens mal remuneradas/os e/ou implicar destruição da Terra (tais como alimentos cultivados com pesticidas);

- termos que entrar em espaços públicos sob a ameaça perpétua, mas muitas vezes não reconhecida, de estupradores, assaltantes sexuais ou homens violentos (esta é a situação de todas as mulheres em todo o mundo a cada momento, dia e noite);

- estarmos num relacionamento com um parceiro abusivo que por algum motivo não podemos deixar;

- sermos forçadas a aceitar religiões e ideias, sistemas, práticas e políticas/sociais/ económicas e culturais destrutivas;

- termos que aceitar que as nossas crianças sejam educadas em escolas e sistemas educativos patriarcais;


2. Nós, mulheres, participamos ativa e voluntariamente no patriarcado, ou pelo menos conscientemente, vivendo padrões de mestre/perpetrador/opressor:

- comprando de forma voluntária máquinas, tecnologias, objetos, alimentos, roupas, lazer, entretenimento, produtos que são gratuitamente produzidos por crianças e/ou mulheres e homens e/ou produtos que envolvem destruição da Terra e/ou outras formas de vida;

- sendo líderes políticas em partidos com outras agendas diferentes de abordar e expor o patriarcado em cada palavra e ação e libertar a humanidade e a Terra desse tipo de sistema;

- Voluntariamente tendo empregos que sustentam a destruição patriarcal e o paradigma do poder sobre a vida e sobre as mulheres e outros seres humanos;

- unindo-nos voluntariamente aos movimentos religiosos (tradicionais e da Nova Era) que não têm como objetivo principal libertar e curar a humanidade e a Terra do patriarcado;

- utilizando textos científicos, religiosos, espirituais, filosóficos, educacionais e ideológicos que não abordem e exponham explicitamente a negatividade da autoridade patriarcal;

- aceitando de bom grado que as nossas crianças recebam brinquedos de guerra, joguem jogos destrutivos e participem em desportos competitivos e que as nossas filhas recebam bonecas que parecem objetos sexuais;

- aceitando de bom grado que as nossas crianças e adolescentes passem o dia no computador, em frente da televisão ou ouvindo música;

- entoando com entusiasmo ideias masculinas sobre "o masculino e o feminino" (especialmente a ideia de que o feminino é emocional, irracional, intuitivo, recetivo e o masculino é lógico, racional, factual e ativo);

- competindo com e degradando outras mulheres;

- silenciando as mulheres que falam contra a violência masculina, os abusos sexuais, as violações e as guerras, a violência contra a Terra e contra outras formas de vida;

- participando voluntariamente/vivendo a sexualidade pornográfica;


3. Nós mulheres participamos do patriarcado passivamente, aceitando viver com parceiros íntimos que não estão ativamente empenhados em libertar a humanidade e a Terra do patriarcado;

- não falando contra a violência masculina, o abuso sexual, o estupro, as guerras e a violência contra a Terra e outras formas de vida;

- não abordando explicitamente e expondo o paradigma patriarcal do poder sobre a vida e as mulheres como a raiz de todo o mal;

- não designando explicitamente o patriarcado como a raiz da maior parte do sofrimento no mundo;

- temendo a rejeição emocional e a agressão do parceiro se nos recusarmos a ter relações sexuais por um longo período enquanto ainda desejamos o contacto emocional e/ou sensual (esta é a situação de muitas mulheres também em relações íntimas que são "amorosas" e baseadas na igualdade);

- não nos juntando a outras mulheres para libertar e curar a humanidade e a Terra do patriarcado;
.
- não questionando o patriarcado;

- tácita ou abertamente sentindo e pensando que não é possível mudar nada;

- confiando que a mudança virá e que nos estamos a mover para algo de bom sem fazermos seja o que for para que isso aconteça;

- acreditando que mudando-nos a nós mesmas mudamos o patriarcado;

- confiando que seja como for o bem ganhará;

- acreditando que o sistema não pode ser tão mau quanto nós pensamos que é;

- sentindo-nos intelectualmente inferiores aos homens;

- não nos sentindo fisicamente bonitas e/ou suficientemente boas em geral.


Bem, esta foi a minha lista desta manhã. De que foi que me esqueci ou em que estou errada?"

"OU EU ME VOLTO PARA DENTRO OU EU MORRO"...



O Poder patriarcal para a mulher é como o marido que lhe bate e depois lhe dá flores.
De facto, o Sistema paternalista e falocrático comete e tem para com a mulher as atitudes mais grosseiras e de violência psicológica a toda a prova social e institucionalmente e depois, o Estado e os Governos, fingem que acreditam na Mulher e a tratam bem, como igual...enquanto as suas leis continuam a favorecer o sistema em si que é o direito do homem, ou seja o de usar, abusar, violar e ma...tar a mulher - a moral combate o crime, mas de forma subliminar a mente que subjaz ao sistema continua a difundir essa cultura e a educação que promovem através dos Mídea, da literatura e da Arte em geral é a mais conservadora e atrasada...só que a mulher está tão amalgamada e despersonalizada, tão aculturada, tão submetida e tão aglutinada ao homem, mental e psicologicamente, que nem dá por nada, seja ela culta ou iletrada.
Portanto vivemos numa sociedade machista e misógina que desacredita a mulher e os seus valores intrínsecos, que a condiciona, que a define, que a reduz a objecto sexual e agora a barriga de aluguer...que a prostitui, na vida real e nos anúncios, na pornografia, no cinema e na tela em geral e depois lhe dá flores...
Enquanto isso, as mulheres patriarcais viram-se contra as mulheres em geral e encontram umas nas outras o seu maior inimigo e não o homem...

rlp

"Daqui em diante se a gente não souber lidar com o impossível, o nosso cérebro não vai saber lidar com a realidade. Mas apesar de tudo isso é uma mensagem de esperança, uma mensagem de que a vida nasce do impossível..." - Rose Marie Muraro

“Quando a cultura matricêntrica dá lugar ao patriarcado, rompem-se os laços de afeição que uniam mulheres às outras mulheres.
Agora, é a mulher que quando se casa vai para a casa do marido. A par...tir da dominação econômica exercida sobre ela pelo marido e sua família, a mulher introjeta a sua inferioridade.
E esta introjeção se traduz em dependência psicológica em relação ao homem em tendências masoquistas ( sentir prazer em humilhações e sofrimentos) frigidez e carência sexual.
Enquanto as mulheres se dividem entre si, os homens continuam capazes de fazes alianças e muitas vezes de viver em grupos solidários,o que reforça então a sua superioridade construída sobre a divisão das mulheres.
Quando se torna adulto, o homem já não é capaz de amar a mulher. Ele cinde o desejo sexual do afeto e, com isto, cinde também a imagem da mulher. De um lado a esposa, a santa, a sucessora da mãe, que pertence ao domínio do afeto. De outro a prostituta (a libertária, a punk, a alternativa) aquela que pertence ao domínio do prazer.
Assim, o homem se divide para não se entregar, pois desde a infância aprendeu que entregar-se ao amor é ser castrado, e portanto, morrer, ser vencido.
Cada um, pois, homem e mulher, assume o seu lugar no sistema patriarcal a partir do mais intimo de si mesmo, sem saber que são ambos fabricados para serem o combustível do sistema, vivendo papéis que este lhes destinou.”


Rose Marie Muraro

quinta-feira, janeiro 12, 2017

O QUE É O AMOR



AMOR - O que é o amor? Um grande coração dorido que dói
E nervosas mãos e silêncio; e longo desespero.
Vida - o que é a vida? Um pântano deserto
Onde chega o amor e de onde parte o amor.

...
Robert Louis Stevenson

PARA NINGUÉM



Eu já escrevi

"Poemas sobre alguém simultaneamente real e imaginário. Não são mensagens, apenas versos um pouco absurdos na sua inútil clareza. Falam de quem,  com quem, desconhece o que imaginei. Inutilidade maior das palavras assim  agrupadas, dirigindo-se a quem não as conhecerá nem as poderá entender.  Cartas para ninguém, que é alguém sob a verdade das imagens. Ignoro até que ponto é esta a realidade. Verdade, realidade, criei-as ou fui por elas inventado? Num exacto  momento elas introduziram factos na minha vida. O poder da visão tornou-me real e levou-me a imaginar que eramos reais: alguém não existindo, com a existência que a minha mente lhe dera, estava diante de mim; e eu estava diante de alguém que via a minha visão e ignorava o que nela era a sua própria realidade. "

Gastão Cruz

quarta-feira, janeiro 11, 2017

COMO É QUE NÃO VEMOS?



TEORIA “M”...

De Magia, Majestade, Magnificência, Matriz, de MÃE...

“A Teoria - M. significa tudo, desde Matriz a Membrana, desde Mistério e Mãe – já que se trata da Mãe de Todas as teorias e é de facto, um modelo excitante e promissor.” Ken Willber
...


COMO É QUE NÃO VEMOS?

Como é que não percebemos que existimos entre o céu e a terra (o Kosmos) e somos nós próprios/as o maior milagre manifestado à face da Terra e reflexo desse mesmo incomensurável universo, quebra-cabeças para a mente limitada do Homem e da ciência.
Cada dia que acordo rendo-me estupefacta ao pleno milagre de estar viva e poder respirar...este facto alheio à minha fraca vontade, é tão grandioso que as nossas pobres mentes se agarram às mais pequenas e insignificantes coisas do dia-a-dia e da rotina para esquecer tão impressionante facto...
Adormecer e acordar num acto de pura magia...
O Ser humano é tão magnífico na sua constituição, tão assombrosamente "criado" que o Homem só pode pensar num Deus como seu Criador em vez de Uma Mãe...Mas o que é paradoxal é que afinal de contas o Homem não consiga expressar nem viver de acordo com a sua magnificência e acabe destruindo por ignorância e cegueira a coisa mais sagrada que existe ao cimo do Planeta: Ele próprio e a toda a Humanidade.
Assim, o milagre incomensurável da vida humana é como que negado pela total incapacidade que o Homem tem de se aperceber da sua própria grandeza. E ainda mais absurdo e caricato é o Homem destruir e matar as criaturas em nome do Criador...e desprezar a Mulher e Mãe…
Como pode o Ser Humano viver e sobreviver a este paradoxo?
De um lado um Corpo sustido e mantido por uma Energia, FORÇA Inteligente e Suprema, que nos mantem vivos a cada segundo e por outro, uma mente obscura e limitada que mata e destrói a prova mais incrível da sua grandeza que é a sua própria existência e a vida em si e de toda a Natureza e animais.
Acordar e respirar o ar, ouvir o bater do nosso coração sincopado, com precisão, sentir o circular do sangue nas nossas veias, pulmões órgãos e vísceras, ver este esqueleto magistral que se ergue e caminha erecto sobre a Terra, que maior Milagre?
Não seria este o milagre mais do suficiente para que todos caíssemos de joelhos face à criação altíssima e incompreensível para os nossos sentidos e intelecto e agradecer a nossa existência, respeitando a nossa VIDA, A MÃE DE TODAS AS COISAS e a de todos os seres vivos e elementos?
Se o Ser Humano conseguisse VER a grandeza do seu SER talvez percebesse que Ele próprio é um Deus/a...
Mas aí é verdade, falta-lhe uma CHAVE e desvendar o único Segredo que não está na Ciência mas dentro de si mesmo/a!
rosaleonorpedro

QUEM TEM ALMA ENTENDE...



A PALAVRA VERBO

"A palavra justa é um verbo mágico para o ouvido atento ao seu significado essencial, mas a sua deturpação ameaça levar na sua deformação todo o comportamento do homem.
Poucas palavras foram as aquelas que, pela sua adulteração, causaram tantas e funestas consequência como as expressões “alma” e “consciência”, porque a realidades que exprimiam são os elementos-base do que constitui o homem não mortal, e que pode esclarecer o fim da sua existência.
Cada vez que um ensinamento iniciático foi suplantado por dogmas saídos de disputas teológicas, o sentido de “alma” e de “consciência” sofreram variantes conforme as doutrinas religiosas ou ensaios filosóficos que tinham autoridade na época.
Nos primeiros séculos do cristianismo falava-se do “ternário”: corpo, alma e espírito."

(…)

“Todas as Tradições iniciáticas deram aos estados não materiais do homem nomes que determinavam as suas qualidades de subtileza e de imortalidade, diferenciando assim esses estados psico-espirituais, que o catolicismo confunde numa palavra perigosamente global: alma.“
(...)

“A confusão causada pela habitual imprecisão das palavras “alma” e ”consciência” é agravada pelo seu emprego rotineiro que atrofia o “entendimento” tanto daquele que fala como daquele que escuta.
Em tempos novos é precisa uma linguagem nova, que não fará mais do que devolver à palavra o seu “espírito” original, o seu Verbo vivo, sufocado pela sua repetição dessa rotina."

In L’ Ouverture du Chemin – Isha Shwaller de Lubicz