O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, fevereiro 15, 2017

O CORPO DE DOR DA MULHER



O CORPO DE DOR FEMININO COLETIVO

"Quase toda mulher tem sua parcela no corpo de dor feminino coletivo, que tende a se tornar ativado especialmente no período que precede a menstruação.
Nessa fase, muitas mulheres são dominadas por uma intensa emoção negativa. A supressão do princípio feminino, sobretudo ao longo dos últimos 2 mil anos, permitiu que o ego ganhasse absoluta supremacia na psique humana coletiva. Embora as mulheres tenham ego, é claro, ele pode enraizar-se e prosperar com mais facilidade na forma masculina do que na feminina. Isso acontece porque as mulheres se identificam menos com a mente do que os homens. Elas estão mais em contato com o corpo interior e a inteligência do organismo, que dão origem às faculdades intuitivas. A forma feminina não se encontra tão rigidamente encapsulada quanto a masculina, tem maior abertura e sensibilidade em relação às outras formas de vida e está mais sintonizada com o mundo natural. Se o equilíbrio entre as energias masculina e feminina não tivesse acabado no nosso planeta, o crescimento do ego teria sido limitado de modo significativo. Não teríamos declarado guerra à natureza e não seríamos tão completamente alienados do nosso Ser.
Ninguém tem o número exato porque não foram mantidos registros, mas acredita-se que ao longo de 300 anos entre 3 e 5 milhões de mulheres foram torturadas e mortas pela "Santa Inquisição", uma instituição fundada pela Igreja Católica Romana para reprimir a heresia. Esse acontecimento se equipara ao Holocausto como um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade. Bastava uma mulher mostrar amor pelos animais, caminhar sozinha nos campos ou nas florestas ou colher plantas medicinais para ser considerada bruxa, torturada e condenada a morrer na fogueira. O sagrado feminino foi declarado demoníaco e toda uma dimensão desapareceu significativamente da experiência humana.
Outras culturas e religiões, como o judaísmo, o islamismo e até mesmo o budismo, também reprimiram a dimensão feminina, embora de uma maneira menos violenta. O papel das mulheres foi reduzido a cuidar dos filhos e da propriedade masculina. Os homens, que negavam o feminino até dentro de si mesmos, agora comandavam o mundo, um mundo que estava em total desequilíbrio. O resto é história, ou melhor, o histórico de um caso de insanidade. Quem foi responsável por esse medo do feminino que só pode ser descrito como uma paranóia coletiva aguda? Poderíamos dizer: evidentemente, os homens foram os responsáveis. Mas então por que em muitas civilizações antigas pré-cristãs, como a suméria, a egípcia e a celta, as mulheres eram respeitadas e o princípio feminino não era temido, e sim reverenciado? O que foi que de repente levou os homens a se sentir ameaçados pelo feminino? O ego que se desenvolvia neles. Ele sabia que só conseguiria obter o pleno controle do planeta por meio da forma masculina e, para fazer isso, tinha que tornar o feminino menos poderoso. Além disso, o ego também dominou a maioria das mulheres, embora jamais fosse capaz se de se enraizar tão profundamente nelas quanto fez com os homens. Hoje em dia, a supressão do feminino está interiorizada, até mesmo pela maior parte das mulheres. O sagrado feminino, por ser reprimido, é sentido por elas como uma dor emocional. Na verdade, ele se tornou parte do seu corpo de dor juntamente com o sofrimento que elas acumularam ao longo de milênios por meio do parto, do estupro, da escravidão, da tortura e da morte violenta. No entanto, agora as coisas estão mudando num ritmo muito veloz. Como muitas pessoas estão se tornando mais conscientes, o ego vem perdendo influência sobre a mente humana. Uma vez que ele nunca se enraizou profundamente nas mulheres, seu domínio sobre elas está se reduzindo mais rápido do que sobre os homens. "


ECKHARTE TOLLE

Este texto é absolutamente fundamental mas falta-se uma chave para a Mulher e essa CHAVE está na união das duas mulheres cindidas pelo patriarcado: a mulher instintiva e selvagem que se perdeu nos confins desta história mal contada  e a mulher moderna, cuja psique está desligada da sua natureza verdadeira, sendo esta mulher moderna, em termos da sua identidade  profunda, um ser desestruturado; e  enquanto a mulher não entender como é que foi destituída da sua essência ela não pode aceder à sua sabedoria inata e o que faz é colar-se ao ego do homem e difundir ideias adquiridas de acordo com os mentores e mestres do patriarcado, sem perceber que se negam nessa defesa ao defender o pensamento patriarcal e falocrático.
Assim, como diz o autor citado,  "É nossa presença consciente que rompe a identificação com o corpo de dor. Quando não nos identificamos mais com ele, o corpo de dor torna-se incapaz de controlar nossos pensamentos e, assim, não consegue se renovar, pois deixa de se alimentar deles. Na maioria dos casos, ele não se dissipa imediatamente. No entanto, assim que desfazemos sua ligação com nosso pensamento, ele começa a perder energia. "

Passamos da consciência do corpo de dor para o pensamento consciente de quem somos interiormente e da nossa unidade perdida...e assim, podemos ultrapassar a fase de identificação cega com o ego masculino para uma identificação consciente de um processo que se desenrola segundo a nossa vontade e saber a partir de dentro no trabalho de descodificar a divisão da mulher em duas e o porquê dessa divisão ancestral. A mulher consciente de si que parte dessa integração das duas mulheres cindidas e antagónicas,  será a mulher integrada que antes sofria o corpo de dor de todas as mulheres mas que ao unir as suas partes fragmentadas, ao consciencializar a sua divisão interna  ela pode recuperar a sua sanidade e integridade. É disso que eu falo - quando falo da mulher integral, a mulher que une a sua psique fragmentada e que ao ser dividida perdeu o seu poder e durante séculos só teve duas hipóteses: identificar-se como o homem e o seu ego, ou então sofrer passivamente o corpo de dor de toadas as mulheres. Mas mais uma vez podemos afirmar que uma vez CONSCIENTE DE SI ela participa da dor das outras mulheres mas de forma activa e agindo em função dessa libertação, sem que a dor a soterre ou a absorva por inteiro.

rlp


1 comentário:

Anónimo disse...

muito bom grata
Maria judite