O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, abril 06, 2017

A MULHER COMO VASO


O CÁLICE

"Assim como o filho da Deusa foi também outrora o seu consorte, na mitologia cristã "Cristo" é, também o noivo de Maria - a Madre Igreja, sua mãe". A pia , ou o cálice, baptismal, tão essencial aos ritos cristãos, é ainda o antigo símbolo feminino do vaso ou receptáculo da vida, como o baptismo, como o descreve o mitógrafo junguiano Erich Neumann, significa "o regresso ao misterioso útero da Grande Mãe e à sua água da vida."

"O CÁLICE E A ESPADA" De Riane Eisler


O VASO DA TRANSFORMAÇÃO

"O Vaso da Transformação só pode ser efectuado pela mulher,
porque ela própria, em seu corpo que corresponde ao da Grande Deusa, é o caldeirão da encarnação, nascimento e renascimento. E é por isso que o caldeirão mágico está sempre nas mãos de uma figura humana feminina, a sacerdotisa e a bruxa".*
...

“A água é o leite vital do corpo do mundo, e o espaço cósmico é um mar de leite”.
Agora que já temos uma noção razoável do amplo escopo do Grande Feminino, que na verdade abrange quase tudo – céu, água e terra, e até fogo – na forma de filho por ele gerado e nele contido -, compreende-se por que esse Feminino não pode ser identificado em hipótese nenhuma, com o telúrico-ctônico, com o meramente terreno e inferior, no que tanto insiste posteriormente o mundo patriarcal mascul...ino, com suas religiões e filosofias. A totalidade do Grande Feminino vai muito mais além da projecção em que ela une os elementos terra, água, ar e fogo. (...)
Entre as experiências mais impressionantes da humanidade estão aquelas relacionadas com a dependência que todos os corpos luminosos e todos os poderes celestes e deuses têm da Grande Mãe, bem como a sua ascensão e seu declínio, o seu nascimento e a sua morte, a sua transformação e a sua renovação. Não só a alternância noite-dia, mas também a mudança dos meses, das estações e dos anos estão subordinados à omnipotente vontade da Grande Mãe.”*


*In A GRANDE MÃE – ERICH NEUMANN

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