O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, setembro 24, 2017

Aceitamos a crença...



A DIFERENÇA ENTRE O DIVINO E A CRENÇA...

“[…] noutros tempos, o divino fez parte, intimamente, da vida humana.
Mas, está claro que esta intimidade não pode ser percebida a partir da consciência actual. Aceitamos a crença – ‘o feito’ da crença – mas é difícil reviver a vida em que a crença não era fórmula cristalizada, senão um hálito vivente que em múltiplas fórmulas indefiníveis, indistinguíveis perante a razão, levantava a vida humana, a incendiava ou a adormecia levando-a por lugares secretos, promovendo ‘vivências’, cujo eco encontramos nas artes e na poesia, e cuja réplica, talvez, deu origem a actividades da mente tão essenciais como a filosofia e a própria ciência”

 1955, Maria Zambrano

Sem comentários: