O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, outubro 21, 2017

O BRANQUEAMENTO DA MULHER



É PRECISO ENCARAR A NOSSA MEDUSA 
- A REVOLTA DAS MULHERES...faz-se pela CONSCIÊNCIA.

O Feminino Sagrado, apesar de tão profanado ao longo dos séculos e agora diria profusamente vulgarizado, apresenta-se como a grande alternativa à consciência de um feminino fracturado, permanentemente dividido e em conflito e quase negação na mulher dos nossos dias.

Porque o que falta à mulher de hoje, a mulher que conquistou um lugar na sociedade e que luta pelos seus direitos e igualdades, e que a permita também lutar pela sua dignidade, pela sua inteireza como mulher,  é a Dimensão Ontológica do seu ser; O que vemos é que apesar de todas essas conquistas e direitos adquiridos (?) nas ultimas décadas, elas não a põem em contacto com a mulher que ela é, a mulher essência, a mulher  autêntica, a mulher ancestral, a mulher eterna, a mulher instintiva, porque ela é apenas uma metade mulher (ora santa ora puta, ora luz ora sombra, ora anjo ora demónio)  que negou uma parte de si através da religião que a amputou de uma parte de si (a instintiva e sexual) e a aprisionou no dogma baseado na ideia do pecado,  dogma que a sentenciou como eterna pecadora e culpada, na mente colectiva e ainda permanece nos nossos dias no apontar do dedo constantemente as mulheres e a depreciação normativa da sua pessoa. E se por um lado a mulher moderna afastou de si essa imagem arcaica, e tentou fugir a esse estigma fê-lo apenas na aparência e na superfície - culturalmente parecia que sim -, mas  esse estigma ficou marcado ou imprimido no inconsciente colectivo (como um chip) e prevalece no pensamento  masculino e manifesta-se sempre que o homem é confrontado com a imagem da mulher que sai dos padrões e do domínio social patriarcal e da sua vontade egoica de homem possuidor e dona da mulher. Isso está bem patente nos crescentes crimes de feminicídio e violações tal como na violência doméstica.
Assim, a mulher intelectual, a mulher que se julgava já liberta de preconceitos religiosos, tanto como a  mulher religiosa, ambas não querem encarar esse lado Sombra da mulher que é sempre dada como  culpada e que afecta todo o seu ser desde menina - toda a a educção da mulher é castradora da sua natureza profunda - porque não quer  lembrar-se de feridas profundas e de coisas ditas atávicas que lhe valeram perseguições e também a grande alienação da sua própria mística, e que contundo persistem.

Desse modo, uma e outra, que a mulher devota como a mulher intelectual  moderna, perderam a dimensão secreta do seu ser interno, a coesão entre o seu ser instintivo e a razão, a ligação da sua alma ao corpo e ao espírito e enquanto ambas não equacionarem o seu ser ao nível dessa totalidade que são, ao nível das energias cósmicas por um lado, o céu, e as energias telúricas, da terra, por outro, e de que ela é a representante privilegiada, ela não conquista verdadeiramente nada para si nem para a Vida na sua real dimensão.
E é por isso que todo o movimento de libertação das mulheres e a sua suposta emancipação está neste momento posto em causa em todo o mundo sob a ameaça inclusive de a mulher perder a sua identidade para as teorias de género que mais uma vez vem branquear e tentar destruir o que resta dessa Mulher Essência - porque a mulher nasce mulher ...e a sociedade marxista e machista lhe quer tirar essa condição...
Porque  é que a sua essência e matriz são sonegada hoje pelos movimentos culturais e ideologia marxista é porque o que ela Mulher É  em si mesma possa  ser uma nova ameaça para os poderes da sombra que querem controlar o Mundo - pois o Poder da Mulher que consiste na revelação do milagre do Amor e da dádiva humana  quer  como Mãe pela Concepção da criança, quer como mulher iniciadora do homem eeles tudo fazem para  que a mulher se perca  completamente na abjecção do sexo pelo sexo e na banalização, na vulgaridade das suas vidas quotidianas sem essa dimensão do Sagrada do Feminino, como parte integrante do SER MULHER como mulher inteira.
Se a mulher não recuperar essa dimensão de si, se ela não entrar de novo em ressonância com o seu verdadeiro feminino, aquele que ficou na fronteira das reivindicações materiais dentro das concepções ideológicas da sociedade capitalista ou positivista marxista, ela nunca atingirá um patamar de verdadeira realização interior e limitar-se-á a viver a parte exterior do seu ser e quase apenas o seu lado masculino…transformada em objecto sexual ou até substituída pelos transsexuais e bonecas de silicone...


Rosa Leonor Pedro
Mulheres & Deusas - republicando
 

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