O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

QUANDO SE FALA DE MULHERES



O CORPO FEMININO 
COMO OBJECTO MÉDICO E "MEDIÁTICO"

"Quando se fala das mulheres e para as mulheres, o discurso sobre a corporalidade parece tomar rumos precisos: o corpo parece ser a ancora da mulher no mundo, sua razão de ser, para si mesma e para o outro, para o desejo do outro. Essa é a lógica que orienta o discurso dos midea e se torna visível tanto no discurso da publicidade, quanto dos programas femininos . Essa equação mulher=corpo se reafirma nos programas femininos, onde abundam médicos de especialidades diversas para falar de tudo aquilo que falta ou sobra na insubordinação fisiológica feminina”

(Excerto de um Estudo de L.Graciela Natansohn
Da Faculdade de Tecnologia e Ciência)


UM TESTEMUNHO

"A violência doméstica de que agora tanto se fala (que não é só doméstica e que há muito existe) é apenas a ponta do icebergue, um aspecto visível de uma violência global: uma violência moral, umas vezes quase subliminar, outras, tão descaradamente manifestada e assumida como normal, que consegue envolver-se numa capa de aceitação e/ou conivência social. Um todo a necessitar de ser urgentemente desconstruído e refeito.
Em início de adolescência, ouvia a minha mãe: “Não vistas isso, olha que os homens…”. Na minha inocência (e convencida de nada de mal estar a fazer) e na minha precoce auto-afirmação, desobedecia, e vestia o que a minha criatividade e gostos da altura me indicavam. Mas… as consequências foram duras (embora consideradas normais e, portanto, a “responsável” de tais situações… só podia ser eu, nós, todas as mulheres que… não obedeciam, ou que se achavam seres humanos livres). As jovens adolescentes eram facilmente insultadas, tratadas de prostitutas, abusadas fisicamente (caso percorressem algum caminho mais isolado). Tudo isso era frequente, toda a gente o sabia, nada se fazia. Uma saia curta simbolizaria uma vontade feminina de atiçar instintos mais que primários masculinos e, assim sendo, as responsáveis do que quer que fosse, eram sempre as gentes femininas. Assim, noutros… sítios, os homens embrulham as mulheres em tchadores, burqas e etc., para não os tentarem, de tão indefesos. A diferença entre o que está na base destas atitudes, no fim de contas, não é nenhuma, a não ser em detalhes.

“Não à violência-não à dor-não ao desamor”, dizia-se, há alguns dias, numa manifestação pelas vítimas de violência doméstica. A realidade é que há desamor a mais, e a fonte da violência… está nele. Por isso, não basta dizer que há homens a matar mulheres… Há uma violência moral demasiado presente ainda, e que pode provir de homens das mais variadas origens e nível de educação. E é esse novelo que se deve desenredar. Com persistência e sem ódio."

(a continuar)

Paula Alcarpe, 19-2-19 

Quadro Lena Gal 

A VISÃO DO SAGRADO



O VERDADEIRO EROTISMO


"Num mundo desnaturado que confunde genitalidade e sexualidade, depois sexualidade e erotismo, o (verdadeiro) erotismo ou melhor a Erótica permanece reservada, hoje como ontem, hoje mais do que ontem, a uma elite. A Erótica não é este desespero que os humanos confundem com Amor quando eles lançam cegamente uma ponte sobre o seu próprio vazio, para não enfrentar a sua ausência, em relação a uma imagem que eles próprios criaram sem disso terem consciência” *

in Kali A força do Feminino de Ajit Mookerjee 

“No seio das múltiplas culturas indianas, a visão do sagrado na aparência de uma mulher existiu sempre”.

"A mulher, não importa qual, representa a feminilidade primordial na sua forma mais pura, uma personificação da totalidade, pela essência do arquétipo: a anima, definida por Jung.
No Shaktismo, mulheres e homens não estão em guerra, mas, através da sua unicidade colectiva, eles realizam-se na plenitude feminina do universo. Na terra, eles representam o princípio cósmico. Juntos precisam de se tornar Um na relação macho/fêmea afim de, segundo as palavras de Vivekananda, de “restaurar o equilíbrio essencial das energias e das qualidades femininas e masculinas no mundo. O pássaro do Espírito da humanidade não pode voar com uma só asa”. 



Tantra – O Culto da Feminilidade - Outra visão da vida e do sexo de André Van Lysebeth





O ABUSO E A VIOLAÇÃO



 AS MULHERES NÃO SÃO IGUAIS AOS HOMENS!


"As mulheres não são apenas consumidoras na economia de mercado; elas são consumidas como mercadoria. É disso que fala o poema de Oles, e isso é o que Tax chamou de “esquizofrenia feminina”. Tax constrói um monólogo interior para a dona-de-casa-mercadoria:

"Não sou nada quando estou sozinha comigo mesma. Em mim mesma, não sou nada. Só sei que existo se sou desejada por alguém que é real, meu marido, e pelos meus filhos”. *



O ABUSO E A VIOLAÇÃO e a esquizofrenia feminina…

Uma amiga perguntava-me há dias se o facto de as mulheres denunciarem os homens de poder dos abusos e dos seus crimes de violação - como é o caso do Meeto e outros movimentos que surgiram recentemente - não estariam a fazer com que eles atacassem mais ainda as mulheres por vingança.


Não. Penso que não é por denunciar os abusos que estamos a acicatar os homens a estas monstruosidades como é o Feminicídio, a violência doméstica e o abuso sexual, embora em alguma medida haja essa possibilidade, mas a questão começa na infância - naquilo que a criança vê no modelo do pai - começa portanto no casal...na intimidade, na sexualidade, na relação do homem com a mulher…

A sexualidade é o aspecto menos resolvido da vida humana porque foi sempre incómodo e imprevisível e por mais que se julgue já liberto de tabus e preconceitos atávicos - ele foi na verdade camuflado de um pseudo amor e de ideias liberais sobre a atração e o desejo em que tudo se tornou permissivo e libertino ou pornográfico e já não há fronteiras para nada, principalmente depois da mulher se tornar "igual" ao homem. Ela mesma defende a promiscuidade sexual, o ter muitos parceiros etc. como normal e já não se importa com a "virgindade"… e o casamento está em queda...homens e mulher já não precisam casar para ter sexo e agora são os homossexuais e os trans. que querem fazer esses papéis tradicionais mas derrubando os alicerces da família e da identidade de género. O mundo está numa total confusão de narizes. Vale tudo… até mutilar-se.


Eu creio no entanto e voltando a questão inicial é que a grande maioria dos homens não está a aguentar essa liberdade da mulher e a sua exposição sexual, sendo ela mais sensual ou provocante, tomando muitas vezes as iniciativas do "engate", porque se julga emancipada, sobretudo da parte da mulher madura, e isso é demasiado confrontativa segundo os padrões masculinos e porque as mentalidades atrasadas são as mesmas de há um século.

Sim, ai sim, sentem-se provocados e porque muitos são infantis, inseguros e outros são impotentes, ou correm o risco de o ser, como não conseguem dominar ou controlar-se e se sentem rejeitados logo à partida, ou o medo de serem traídos ou abandonados pelas mulheres, eles reagem brutalmente, violentamente nas casas, nos bares e mesmo nas ruas...

Os abusos e as violações vem de tudo isso, mas não podemos ignorar também um facto que custa muito a aceitar: As mulheres que se acham livres vão reagir mal se eu disser que um dos seus erros é pensarem que podiam vestir-se ou despir-se como queriam, e que isso não traria problema nenhum. Como se o homem também tivesse evoluído...mas o sexo animal no homem primário não evolui nem o homem vulgar aceitou essa liberdade da mulher, habituado a ficar por cima…

A posse exclusiva da mulher é uma condição do macho que se preza…é o programa do patriarcado, é o casamento versus prostituição, a mulher vendida no Sistema que não muda. E as mulheres sem identidade focadas no homem e esvaziadas de si também lhe dão todas as oportunidade de abuso...elas confiam ingenuamente, elas sonham com o príncipe encantado, elas vão para encontros de facebook, elas vão para a televisão vender-se e exporem-se na sua "inocência" para "engatar gajos"… tal como os gajos vão...e mantem relações doentias de sado-masoquismo etc..

Agora, dizer, "mas eu sou "livre" e estou-me nas tintas para os homens"? Eu exijo os meus direitos? Então ai estão os direitos iguais aos dos homens… e eles sentem-se no direito que é o seu de exercer a sua posse...o abuso e a violação. Ela começa em casa…ele vê o que o pai fez com a mãe. Essa é a sua liberdade desde sempre num Sistema patriarcal e falocrático.

Não, não podemos continuar a achar que podemos expor-nos e vestirmo-nos como queremos, irmos a qualquer lado em liberdade, ou metermo-nos na "boca do lobo" - pelo menos de forma sensual e provocante -, ou não é provocante a moda? Então para quê o silicone e as operações plásticas e as maquilhagens e todos os cosméticos e artifícios senão para seduzir o homem? Como ficar espantada quando o homem reaja com o falo em riste? Aliás a cabeça do homem vulgaris está sempre lá mais abaixo… e onde quer que a mulher vá está exposta ao predador… eles andam por todo o lado e já nem disfarçam. Não, afinal esta humanidade não evolui muito nesse sentido.
rlp

*[Meredith Tax, “Woman and Her Mind: The Story of Everyday Life”, Boston: Bread and Roses Publication, 1970.]

quinta-feira, fevereiro 21, 2019

ler a palavra



Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles
A boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
Florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
Às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
Objecto contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
Num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
Firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
Que te quer. Soprá-la para dentro de ti
até que a dor alegre recomece.




Maria Gabriela Llansol

Há mais vida para além do sexo!!!



A INFANTILIZAÇÃO DOS SERES E DO SEXO É UM PERIGO 


Tudo muito certo do ponto de vista de uma análise psicológica, bastante profundo e muito interessante o texto que se segue, mas falta A CONSCIÊNCIA de si - a consciência que o adulto - tem de ter a um outro nível que não é o mental e emocional, a consciência não ordinária, mas mais lata que corresponde à maturidade pressuposta do ADULTO quando este  faz esse caminho e só essa Consciência alterada que vai além dos 5 sentidos pode elevar o ser humano a uma ÉTICA interior de não fazer aos outros aquilo que nos fizeram a nós…
Sem essa consciência da Consciência temos o ciclo vicioso e permissivo das emoções primárias que é inconsciência e como agem-pensam as "crianças"...  Mas a vida não é só primária, instintiva  e sexual… há mais vida para além do sexo!!! Freud desatou um nó mas não saiu do complexo de Édipo… É certo que o homem nunca evolui muito para além da criança,  como disse  Jung…


Gostei muito deste pequeno excerto,  bem analisado do ponto de vista psicológico, mas deixa um rasto de permissividade encaixada na desculpa do trauma da criancinha, na infantilização dos seres e não a sua evolução. Não li o livro, mas este trecho ignora e omite que  o adulto tem  uma responsabilidade grave que é a nível espiritual (nem só de sexo vive o homem) elevar a sua Consciência do plano meramente físico-sexual-mental e superar traumas e complexos provenientes da encarnação. Sem essa consciência de facto tudo se mantem no signo da imaturidade e do primário instintivo…


SEGUE O TEXTO retirado pelo autor Luis Coelho 

Excerto do livro A Síntese (im)Perfeita

«Na relação com o "outro", encontramos nossos fantasmas, os progenitores que nos encorparam. Uma "relação" é sempre um "incesto", factível e "puro", como o que reside entre os espaços da "psique". O amor é tal-qualmente "auto-amor", ele existe para compensar a falta do "outro" em nós. O "eu" refastelado do "outro" abandona-se, já não requer amor. O "eu" prejudicado pela "culpa", repleto de "realidade", de "outros" ("outros-eu"), jaz violentado, violado, profanado. Até que cresça e se sacralize, o "eu" será sempre criança, persistindo em violência, do "outro" e da parte do "outro". Ora, o homem nunca é plenamente "ele mesmo", é sempre "criança" crescendo, daí serem todas as relações práticas pedófilas. Sempre fornicamos uma "criança", violamos um "infante", tenha ela quinze ou oitenta anos (se bem que, sendo essa criança parte de nós, é então vero que sempre nos fornicamos a nós mesmos - na pedofilia, a criança "violentada" é sempre reflexo do vitimizador, aquela "criança" é ele mesmo infantilizado, buscando sua dimensão prematura(mente) -, à parte de nós que já vem de um "outro" que é parte do "eu" - não havendo, assim, muitas vezes, violência no que outros poderiam considerar como tal, visto parte dela fazer parte do que somos -; de modo semelhável, quando fornicamos/"violamos" é sempre um "outro" que fornica/viola, e o "violado" é sempre inviolável). É certo que mor idade implica mais peças de gestão da "realidade", do "eu" nela e dela no "eu", mas quem pode decidir onde começa a "maturidade"?, há "crianças" de setenta e "adultos" de dez anos, e a maturidade (esta implicaria que fossemos completamente "nós mesmos", ou seja, um "outro" primário pronto a abandonar(-se a)o "outro" em nome de um "todo", que, não obstante, é a violação absoluta da "egocidade"), como defini-la ou a operacionalizar?, mais vale medir o "sofrimento", este aumenta quando o "eu" não se adapta ao "outro", quando as ferramentas não permitem gerir eficazmente o embate da realidade. (...)»

Luis Coelho


 A CONSCIÊNCIA ORDINÁRIA E CONHECIMENTO DE SI

"PARA A MAIOR PARTE DOS HOMENS (E MULHERES), aquilo que eles classificam de consciência é o registo de noções, de impressões e de convicções compostas pela reflexão cerebral e pela educação. Essas formações são tão fugitivas como o reflexo das nuvens num espelho. Elas não nos pertencem de si, porque podem ser modificadas pelas mais diversas influências. Nada, neste conjunto de ideias e conceitos, sobrevive à dissolução do ser físico, emocional e mental. É uma consciência que não se inscreve no nosso ser imortal.
Quantos homens e mulheres na Terra acordarão em si a Consciência real, aquela que os tornará "conscientes e responsáveis"? É portanto necessário, para falar "conscientemente", entendermo-nos quanto às palavras, depois considerar os meios de acordar essa consciência".
(...)
In L' OUVERTURE DU CHEMIN  ISH SCWALLER DE LUBCZ



domingo, fevereiro 17, 2019

A INVERSÃO DOS MITOS DE ORIGEM


OS CASAMENTOS FORÇADOS DAS DEUSAS...

Texto de Anália Bernardo

(…)

"Gimbutas comprovou a tese de Jean Ellen Harrison, especialista em mitologia grega de Cambridge nos anos 30, a primeira a assinalar que as deusas gregas procediam de uma época histórica pré olímpica, e que o casamento de Hera e Zeus, não existia em suas origens. Este casamento forçado refletia o trânsito, às vezes dramático e violento, das culturas matrilineares para as patriarcais, após a conquista armada, e a inversão dos mitos de origem. Inclusivamente diferenciava os deuses guerreiros dos agrícolas da idade matrilinear: Hermes, Pã, Dionísio, indicando que o culto às deusas não excluía o Sagrado Masculino, porém não adorava um deus pai guerreiro e dominador, nem deidades masculinas que violentavam e matavam deusas e mulheres, como ocorre nos mitos tardios, surgidos daquela conquista e reforma.

Para Harrison os mitos gregos consistiam em tentativas, às vezes grosseiras e desesperadas de tentar modificar as crenças na Grande Mãe, suplantando-as com conceitos político-religiosos, como o mito de Atena, nascida da cabeça de Zeus, armada como uma guerreira, substituindo a ancestral Atena, uma deidade sem pai, padroeira de sabedoria e da inteligência, e assim apresentar os deuses arquipatriarcais (como Harrison os qualificou) como sendo primevos, melhores e supremos.
(…)
"Robert Graves difundiu fora do âmbito académico o trabalho de Harrison, porém foi Gimbutas quem proporcionou as provas arqueológicas sobre as ondas invasoras patriarcais, assim como a cosmovisão cultural e religiosa quanto às Deusas Mães, até então considerada por muitos como simples “cultos de fertilidade”.
Por sua parte, a antropóloga Margaret Murray apresentou provas da Tradição das Bruxas como um Xamanismo europeu cujas origens se remetem aos Xamãs paleolíticos e siberianos.
As neojunguianas Silvia Brinton Perera, Marion Woodman, Jean Shinoda Bolen e Clarissa Pinkola Estés, realizaram uma tarefa similar à arqueológica, com o intuito de desenterrar o arquétipo da Grande Deusa, das profundezas do inconsciente pessoal e coletivo, de mulheres aonde a cultura e o ego patriarcal o mantinham recluso, reprimindo-o, para que as deusas não outorgassem poder espiritual, emocional e cultural ao corpo, à sexualidade, à liberdade e à consciência das mulheres.
Para as junguianas, os mitos tardios, como o de Atena nascendo da cabeça de Zeus, foram apreendidos profundamente pelas mulheres que cresceram sendo educadas segundo o ideário feminino da mentalidade patriarcal, tendo que adotar nos últimos períodos modos patriarcais, a fim de serem reconhecidas como “Filhas do Pai” e obter êxito profissional e intelectual."

sábado, fevereiro 16, 2019

Do Sexo e da VIOLÊNCIA sobre as Mulheres...



O ESTADO É CUMPLICE 

"Sejamos honestos - em Portugal, o combate à violência doméstica é um falhanço. Esta evidência pode doer a muita gente que se perpetua à frente das respectivas instituições e políticas mas, de facto, os negros números deste crime estão aí para o demonstrar a todos capazes de uma pinga de lucidez e de humildade.
De resto, esta luta lembra a saga contra os incêndios- todos repetem o que é preciso fazer, a receita diz-se e rediz-se como uma ladainha ensimesmada e catatónica mas, ano após ano, mês após mês, semana após semana, a tragédia retumba: outra mulher assassinada. Já se sabe: a proteção legal das vítimas é fraquíssima, a punição dos criminosos é pálida e tímida, verificam-se falhas graves na aplicação da lei, na articulação institucional ou na decisão judicial,
são necessários mais meios e, definitivamente, prevenção, educação nas escolas, meios de comunicação social, empresas, centros de saúde, enfim, formação de todos os agentes envolvidos.
Pois, já se sabe. E que tal fazer, fazer definitivamente, de uma vez por todas? Esta violência contra as mulheres é uma epidemia grotesca num país europeu do século XXI. Já a impunidade dos agressores e o fracasso ou até mesmo a cumplicidade do Estado e da Sociedade são absolutamente repugnantes." - joana amaral dias

A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA É ENDÉMICA AO SISTEMA 

Por, RLP


Há uma violência doméstica, sabemos isso sobejamente...fala-se muito e não se diz nada. Apresentam-se estudos e mulheres de alto gabarito, mulheres que pertencem a uma elite e que  vão para a televisão dizer que sim mas também e o pior  é que se continua a mostrar e a escrever e a dizer as maiores barbaridades sobre as mulheres sem que ninguém faça caso...  Continua-se a criar e a contribuir para isso e de todos os modos, na empressa e nas próprias televisões dando imagens das mulheres de forma ultrajante e depois vem as tentativas de "solucionar" o problema...

Sim, matam-se e assassinam-se TODOS OS DIAS mulheres de todas as maneiras, em casa e na rua...SIM, todos os dias, vertiginosamente…e aumentam os casos para além do que são relatados e conhecidos em todo o mundo…
Mas Há ainda a violência física e verbal mais subtil nas mais diferentes situações da vida de uma mulher, todos sabemos que há.
Há contra a mulher uma espécie de perseguição e culto da violência de género baseada no sexo e é muito mais grave e persistente do que a que sofrem as minorias, quaisquer minorias ditas descriminadas, porque em muitos casos elas aparecem quase diluídas e disfarçadas pelas situações de hipocrisia vigente e pelos preconceitos das mulheres em denunciar maridos e patrões ou colegas, de assédio sexual e violência verbal…

SIM, ENTRE TODAS AS VARIANTES DE VIOLÊNCIA SOBRE A MULHER, HÁ MAIS UMA, A VIOLÊNCIA DO SEXO ESCRITO…

Sempre houve, todo o tipo de violência contra a mulher, mas há esta nova violência camuflada de “literatura” e romance…e escritores homens e mulheres inclusive que escrevem as maiores barbaridades CONTRA A MULHER e o mercado e o público e a lei não se dão conta…porque a palavra do “escritor/” passa pela ideia tabu de “liberdade…de expressão”…e tudo bem, e nisso gera-se a maior confusão…mas o que está em questão não é que se seja livre de escrever o que se quiser e dizer tudo o que se queira, mas NUNCA de forma agravada e violenta contra a mulher…ou em nome do “seu prazer” ou em nome neste caso…por definição de… “uma mulher com classe…”

“É pela forma como pratica sexo oral que uma mulher te merece ou não. Mas não porque o faz melhor ou pior – muito menos porque te dá mais ou menos prazer. É pela forma como pratica (como te pratica) sexo oral que uma mulher te merece ou não porque é nesses instantes que - se olhares para o que não se vê, se esqueceres a pele e a boca e os lábios e te concentrares nos olhos que olham e nos gestos que envolvem - uma mulher que te ama te mostra, em plenitude, que tem classe. E que, para ela, oferecer-te um fellatio é tão digno como oferecer-te um Rolex ou um perfume Chanel. Mais ainda: para a mulher com classe, oferecer-te um fellatio é oferecer-lhe um fellatio. Oferecer-se um fellatio. Porque, quando se ama, não existe dar e receber. Amar é uma dádiva dos dois lados de dar e receber. Não existe dar amor – como não existe dar um fellatio. O que se dá no amor é exactamente, sem tirar nem pôr, o que se recebe no amor. E isso sim é classe.” P.C.

Esta Violência da pornografia VERBAL, o abuso da expressão contraditória e incoerente que gera esta confusão de valores, é um ataque à sanidade da pessoa humana e de uma violência enorme à integridade e liberdade de “escolha” da mulher; ela é uma aviltação da mulher em forma de romance, na escrita deste “escritor” pop – que ensina a escrever – e que dezenas de mulheres cegas seguem fascinadas com a sua audácia, o seu vazio, a sua esterilidade, o seu ego, a sua obsessão fálica, a sua verborreia, a sua falta de ética e de estética, o seu absurdo, e sem a menor profundidade no que escreve e que ataca de forma desabrida, indecente, sim, digo INDECENTE, DESONROSA, PARA TODAS AS MULHERES, mães, filhas, irmãs e sobretudo as amantes…só é possível pela ignorância da própria mulher em se honrar, em se dignificar a si própria, em se dar valor, em se saber ao certo, em se realizar a partir de si …

Não se trata aqui de discutir que forma de sexo preferem as mulheres…mas de uma indução a uma prática como forma de “exaltação” da “dignidade e da classe”…de uma mulher perante o sexo…

A violência que nesta escrita é feita à mulher e que ela aceita passivamente, deve-se à sua falta de consciência do feminino profundo, deve-se ao enorme vazio da sua vida, à sua falta de valor como ser humano, à falta de sentido que não encontra em si como pessoa, e a não ser viver pelo homem, projectada no homem, projectada no filho e agora no sexo, no falo, ela acha que não vive…e que NÃO É PREENCHIDA e tudo isto porque a sua vida foi destituída de significado para além de servir o Homem; a mulher foi assim programada para obedecer e servir a deus, o pai, o marido e o filho e agora vê inverter-se a sua situação de mulher legítima e séria… ou.. prostituta, a ser “enaltecida” já não no altar, ou no bordel, mas exclusivamente na cama, na mulher-objecto, só sexo, uma mulher degradada pela sexualidade mais abjecta para servir ao seu “deus falo”, baseado na sua anulação e na mais vil submissão, na mais completa sujeição “ao prazer” anulando todo o seu ser na mera escravidão sexual aos padrões machistas e falocráticos que agora se destacam não só nos Mídea e Publicidade como é o tema preferencial destes escritores pop-pornográficos, cito o caso deste Pedro Chagas, realmente uma chaga literária…um verme literário e uma vergonha para quem tiver um mínimo de sentido do que é a literatura. Sim, digo vergonha…porque esta gentinha sem princípios sem educação nenhuma, sem integridade humana, sem qualquer noção do Ser em si, para além de uma mente perversa e insana, são o fruto de uma sociedade podre, alienada e de um Sistema – FALOCRÁTICO – que atingiu o seu auge de decadência e que é a pouca-vergonha de não se ter já qualquer noção do que é a verdadeira dignidade nem a classe de uma mulher ou de homem! Esta geração rasca, realmente rasca, pensa que ter vergonha na cara não é moderno nem comercial, e o que importa é Vender e comprar a todo o transe…e pensam que dizer todas estas barbaridades a qualquer preço e que dizem em nome da “mulher” do “amor” do “desejo” e até de “deus”…é o máximo…e é “arte”…ou literatura…de lixo!

Este é o maior LIXO tóxico ao cimo do Planeta, porque ele é mental e moral e quase toda esta geração proveniente do Sistema mercantil e económico é a expressão máxima dos dias em que vivemos…Prova-o a poluição verbal neste caso e a violência camuflada, o despotismo e a demência disfarçada de arte…

rlp

ESTE CORPO



SOBERBO TEXTO

“Em Um Quarto Só para Si, Virgínia Woolf descreve satiricamente a sua perplexidade perante os volumosos catálogos da biblioteca do Museu Britânico: porque é que há tantos livros escritos por homens acerca das mulheres, pergunta-se ela, e nenhum escrito por mulheres acerca dos homens? A resposta a essa pergunta é que desde o começo dos tempos os homens se têm debatido com a ameaça do domínio feminino.
Essa torrente de livros foi instigada não pela fraqueza das mulheres, mas pela sua força, a sua complexidade e impenetrabilidade, a sua omnipresença aterradora. Ainda não nasceu o homem, nem sequer Jesus, que não tenha sido tecido, a partir de uma pobre partícula de plasma e até se converter num ser consciente, no tear secreto do corpo feminino. Esse corpo é o berço e a fofa almofada do amor feminino, mas é também o cavalete de tortura da natureza.”*



(…) "É correcta a identificação mitológica entre a mulher e a natureza. O contributo masculino para a procriação é fugaz e momentâneo. A concepção resume-se a um ponto diminuto no tempo, apenas mais um dos nossos fálicos pico de acção, após o qual o macho, tornado inútil, se afasta. A mulher grávida é demonicamente (diamon), diabolicamente completa. Como entidade ontológica, ela não precisa de nada nem de ninguém. Eu defendo que a mulher grávida, que vive durante nove meses absorta na sua própria criação, representa o modelo de todo o solipsismo, e que a atribuição do narcisismo às mulheres é outro mito verdadeiro. A aliança masculina e o patriarcado foram os recursos a que o homem teve de deitar a mão a fim de lidar com o que sentia ser o terrível poder da mulher. O corpo feminino é um labirinto no qual o homem se perde. É um jardim murado, o hortus conclusus do pensamento medieval, no qual a natureza exerce a demónica feitiçaria. A mulher é o construtor primordial, o verdadeiro Primeiro Motor. Converte um jacto de matéria expelida na teia expansível de um ser sensível, que flutua unido ao serpentino cordão umbilical, essa trela com que ela prende o homem.”*



**CAMILE PAGLIA

A CADA 5 MINUTOS...



EU TAMBÉM GOSTARIA...


"Eu gostaria de poder afirmar que a esta altura não existem mais armadilhas para as mulheres, ou que elas já estão tão calejadas que detectam essas armadilhas de longe. No entanto, isso não acontece.
Nós ainda temos o predador na nossa cultura a destruir toda a conscientização e todas as tentativas de alcançar a totalidade.
Há uma verdade no ditado de que é preciso batalhar de novo pela liberdade a cada vinte anos. Ás vezes, a impressão é de que preciso lutar por ela a cada cinco minutos."



in "MULHERES CORRENDO COM OS LOBOS"
de Clarissa Pinkola Estés



A FONTE...



A NOSSA FONTE MATERNAL

“Estes homens esbulham-nos. Exploram a fonte maternal de que somos dotadas, ficam ali sugando o nosso leite, e deixam-nos completamente vazias. Raça de exploradores. Mergulham a cabeça entre os nossos seios brancos e somos obrigadas a acariciá-los em silêncio, enquanto de olhos cerrados, através de uma sumptuosa orgia de recordações e contradições, compõem a sua paz interior, enquanto se recuperam, eles deixando-nos exaustas."


Herberto Helder, Os passos em volta.
(foto trabalhada por Luis Tobias)

SER XAMÃ



SER CURADORA TERAPEUTA OU XAMÃ?


"Na antiguidade...só se chamava xamã àquele ou àquela que tinha uma essência de vida própria e desenvolvida e que fosse capaz de assegurar uma rectidão e grande sinceridade. O seu saber alcançava tanto o que está em cima como o que está em baixo. O fulgor da sua sabedoria iluminava tudo em seu redor e os seus ouvidos podiam ouvir tudo. Os espíritos celestes e terrestres entravam nela"*

Fico estarrecida ao deparar-me com tantas mulheres (e homens) que auguram dons  e poderes e que oferecem os seus serviços de forma leviana e fútil. Vejo mulheres jovens e mais velhas a pretender curar e a vender serviços os mais variados sem qualquer preparação humana, sem qualquer profundidade e responsabilidade! Tenho  uma espécie de vergonha pela falta de pudor destas mulheres que se rodeiam de outras mulheres mais frágeis e ignorantes a quem iludem na sua pretensão de médiuns  e terapeutas sem nenhuma preparação, sem consciência de si como mulheres  e cheias de complexos e dramas e ploblemas por resolver… Algumas, por sinal, bastante ignorantes, e sem ética, só para ganhar dinheiro à conta do sofrimento alheio. 
O que podia ser uma alternativa, sim uma ALTERNATIVA,  à vida vegetativa e robótica das pessoas dentro do Sistema e à mentira colectiva que se vive, uma alternativa à alienação profunda dos valores humanos e respeito pelas outras pessoas, é apenas mais uma exploração da fraqueza e da ignorância das mulheres sempre vulneráveis pela sua crendice. Lamento que não possa aqui haver a diferença e uma saudável intenção de ajudar desinteressadamente, o que é raro entro destes contextos. 
Tenho uma amiga que se podia dedicar as Constelações Familiares e ganhar a sua vida sem precisar de trabalhar no duro mas que me disse que não o faria porque para ela o importante eram as pessoas e mesmo que não pudessem pagar e que sabia que se fizesse isso por necessidade, o dinheiro seria um imperativo pela sobrevivência e isso ela não queria…
Pessoas como ela são raras…
Há  poucas pessoas que não se aproveitam à primeira oportunidade para utilizar os outros e o que diz saber para apenas ganhar dinheiro e se afirmarem "superiores"… Tenho imensa pena dessas pessoas… das que assim agem e das que são enganadas e pagam a factura da vaidade e mentira humana.


rlp
*in TAOÍSMO E ALQUIMIA FEMININA de Catherine Despeux

segunda-feira, fevereiro 11, 2019

O PODER FALOCRÁTICO E A HONRA FÁLICA DO MACHO


Opinião

O assassinato de companheiras obedece a um padrão cultural que importa combater frontalmente.


"Como antropólogo, noto que tem sido dado pouco relevo ao facto de, regularmente, o assassinato de uma mulher ser acompanhado do suicídio do assassino. Trata-se de um padrão cultural com longa tradição. Há uns anos, no Alentejo, um vizinho meu, a caminhar para uma invalidez precoce, tentou matar a mulher, disparando sobre ela a caçadeira e suicidando-se de imediato. A mulher sobreviveu. Outro vizinho fez questão de me informar depois que, no velório, o pai do assassino levantou a voz e afirmou com frontalidade desafiante: “O meu filho tinha a obrigação de verificar que tinha morto a mulher antes de pôr fim à vida.”

"Este padrão da honra fálica escapa ao individualismo metodológico. O assassino obedece a um padrão que lhe foi incutido desde a infância e que é partilhado por uma população que espera dele o acto final de se suicidar depois de matar a companheira, se esta o “humilhar”, humilhando a população que espera que ele mantenha o padrão da dominação fálica radical. Neste contexto (existem outros), a honra manda matar a mulher, para apagar a vergonha da incapacidade de manter a dominação fálica, e manda o homem suicidar-se, para recuperar na morte a honra perdida.
O homem de honra não aguenta a perda da face, a humilhação pública, a desonra, que o obriga a reagir de acordo com as expectativas da comunidade que partilha estes valores. Não se trata de ciúme, nem de amor frustrado. O que está em causa é a honra viril, o orgulho fálico. Nestes casos, a relação entre homens, real ou imaginária, é muito mais importante do que a relação com as mulheres supostamente amadas. De facto, as mulheres, neste padrão fálico, não contam. A heterossexualidade, sendo uma ‘obrigação social’, promovida desde cedo pelo bullying sistemático dos ‘maricas’, tornados bodes expiatórios, fragiliza este tipo cultural de homem (existem outros) e o desemprego, a perda de poder económico ou a intenção da companheira recomeçar a vida, procurando outro companheiro, colocam-no numa zona de humilhação pública que o leva a recorrer à solução final – a morte de ambos, devolvendo a honra social ao assassino."

quinta-feira, fevereiro 07, 2019

Eve Ensler: Abrace a menina dentro de você




ENTENDO ESTE DISCURSO DA "CÉLULA MENINA" NUM PAIS COMO A INDIA QUE MATA AS MENINAS À NASCENÇA, DE RESTO NÃO ME FAZ QUALQUER SENTIDO, mas, como mulher e velha, direi que o mais importante na mulher não é  haver "uma célula de rapariga", mas sim uma ESSÊNCIA MULHER - do nascer ao morrer - que se perdeu e que corresponde as características apontadas pela oradora. O Ocidente está saturado de "meninas", de mulheres crianças e infantis, mulheres irresponsáveis e divididas em estereótipos que nunca se tornaram nessa mulher poderosa que está dentro de todas as mulheres. Este discurso é quanto a mim enganador e adia o encontro da Mulher com a sua verdadeira MULHER, a mulher integral. O Feminino por excelência, esse feminino que se encontra também no homem, tal como o masculino se encontra dentro da mulher faz parte da integração dos opostos, mas antes a mulher tem de ser urgentemente MULHER. NÃO A RAPARIGA...


A PROPÓSITO DA INFANTILIZAÇÃO DA MULHER 

SIM, PORQUE Sou mulher e sou velha, reclamo e tenho o estatuto da idade que me confere a liberdade e a consciência de uma completude por ter sido e passado as fases da menina e da mulher madura. Mas confesso que começo a ficar assustada com esta infantilização das mulheres que a new age está a facultar e a incrementar através das suas terapias e terapeutas. Antes da criança ferida há uma mulher ferida em cada mulher. Uma mulher dividida. É essa mulher que precisa de atenção agora mais do que nunca. 

Nunca foi tão urgente a palavra e a consciência da mulher!

E quando mais urgente é a palavra da mulher madura e soberana aparecer na área da espiritualidade, seja qual for a espiritualidade anunciada
, mais eu vejo as mulheres que deveriam ser responsáveis, nomeadamente nos círculos de mulheres, em terapias de grupo e até psicólogas, estarem todas a evocar e a defender a criança, a menina, a rapariga e a donzela. Sim, eu sei que é uma fase da mulher, a menina e adolescente em cada mulher, mas ela anuncia o desvendar desse prodígio e desse mistério feminino profundo, dessa mulher poderosa e fiel a si própria que urge despertar. Na verdade é A Mulher o centro da mulher, seja jovem madura ou velha… Essa Mulher essência é a matriz feminina que cura e que cria… ela é o centro, o coração das outras duas… falo dessa mulher porque essa mulher está em perigo diante das ideologias de género e diante desta adulteração ou alienação do verdadeiro feminino sagrado usado na new age pelos facilitadores que querem de algum modo subtrair a responsabilidade dessa mulher ser una!

Não se trata de tirar a importância à fase da jovem no circulo da vida da mulher e da Deusa, para dar mais importância a mulher madura e a velha, mas dá vontade de gritar perante a falta de maturidade das mulheres, a sua falta de consciência como mulheres plenas, senhoras de si mesmas.

AS mulheres estão adormecidas, inconscientes de como estão a ser atacadas de todos os lados. Elas são sempre manipuladas e convertidas às manobras do patriarcado e aos seus lideres, aos seus metres.
Seria pois no mínimo desejável que essa mulher madura se afirmasse na sua força e na sua pujança de mulher e não andasse a infantilizar outras mulheres impedindo-as de crescer e de olhar a realidade tal como ela é. Porque estamos dentro de um Sistema e temos de saber viver nele sem nos vergar nem o alimentar.


rlp

A PAZ NO PATRIARCADO...


"A PAZ NO PATRIARCADO 

É A GUERRA CONTRA A MULHER."

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É ENDÉMICA, faz parte do Sistema vigente e actual no mundo inteiro. 

Há uma Natureza feminina e há uma Mistica da Mulher!




NO QUE AS FEMINISTAS ACREDITARAM PIAMENTE…
no pensamento marxista-positivista de Simone de Beauvoir, ou seja, na negação de si mesmas como mulheres!

"Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade." - Simone de Beauvoir


ESTA É A TESE  E A  PREMISSA DE UMA ESCRITORA E FILÓSOFA EXISTENCIALISTA DO ANOS 60, que influenciou milhares de mulheres ocidentais, contraria em absoluto a Essência do Sagrado Feminino, nega em absoluto a Essência da Mulher - uma mulher nasce mulher, sim! - nega a mulher que buscamos hoje encontrar e integrar em nós, e anula o próprio Principio Feminino, um dos polos da manifestação da vida e da Deusa...
Há uma Natureza feminina e há uma Mistica da Mulher!
A questão dos existencialistas para quem a existência precede a essência e por isso serem ateus, e portanto anularem a ideia de deus também, impede a Mulher filósofa, tal como as feministas igualmente ateias e comunistas, de aceder a um plano de consciência mais elevado acerca da natureza ontológica da mulher. Elas sofreram de um intelectualismo exacerbado próprio de um período histórico em que as pessoas se debatiam entre o sentido de absurdo da vida – Sartre e Simone viveram todo o período da última guerra mundial em que França foi ocupada pelos nazis – dominados pela necessidade de o Homem tomar as rédeas do seu destino face a uma fé perdida (já que deus pai não fez nada), impôs-se-lhes o pensamento existencialista, no caso de Sartre autor de obras como “O Ser e o Nada” e a “Náusea”– com quem além de ser colaboradora Simone era casada. Ela disse: "O homem é definido como ser humano e a mulher é definida como fêmea. Quando ela de comporta como um ser humano ela é acusada de imitar o macho."* mas esqueceu que ser humano era só o Homem e a mulher não existia...como ela como mulher se negou em essência...
rlp
* Simone de Beauvoir em "O segundo sexo" (1949)



O FEMINISMO EM PROTUGAL

"É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo." Natália Correia

EM PORTUGAL AS FEMINISTAS NÃO TÊM QUALQUER CONSCIÊNCIA DO FEMININO ONTOLÓGICO...

Em Portugal nunca houve uma consciência efectiva da parte das feministas - nem o movimento feminista foi muito sério como tudo aqui aliás - elas sempre foram mais comunistas e partidaristas como é o casos das ecologistas e os verdes etc. - e tirando algumas autoras de gabarito. Poucas mulheres de antes do 25 de Abril se salientaram nos meios académicos e culturais tirando Maria Lamas e mais tarde Natália Correia. 
Natália Correia foi a única mulher dentro da politica foi capaz de dizer e ver questões que escaparam as feministas e contudo foi totalmente esquecida…

Não duvido porém que, para além de mulheres extraordinárias a nível espiritual,  houve sempre mulheres lutadoras, de têmpera, de que não reza a história, mas na realidade, ou porque se perderam em afirmações individuais e interesse particular ou porque foram aglutinadas aos partidos, tal como o foram pelas igrejas antes, as mulheres continuam obedientes ao Pai, ao Poder. E agora continuam fiéis ao líder comunista e a ideologia marxista, todas as mulheres de esquerda de onde provem as supostas feministas.
Em Portugal as feministas estiveram sempre ligadas aos partidos socialista e comunista e aprisionadas à cartilha do partido e nunca houve de facto, penso eu, mulheres livres e independentes com a força das escritoras feministas estrangeiras, americanas inglesas e francesas dos anos 70 e que nem sequer nunca foram traduzidas para português. Ainda andamos as voltas com uma existencialista, Simone de Beauvoir e as Três Marias cá de casa...
Infelizmente há sempre a cartilha do marialva que é o mestre o juiz ou o líder o que impera em Portugal ainda. E mesmo entre as intelectuais modernas e escritoras...quem decide sempre a sua vida é o amante...o editor ou chefe e o patrão. Em suma o Estado ou o Deus Pai.
Não vejo as mulheres CAPAZES de nada efectivo - além da conversa fiada - e que possa mudar as Consciências individualmente e a começar por si, como mulheres. É sempre a mesma submissão aos homens e aos mestres.
Talvez um dia haja mulheres capazes de fazer a mudança ou criar uma base de unidade de consciência efectiva e colectiva que se torne notável em Portugal, reunindo mulheres de verdade - unindo o espirito das feministas com as espiritualistas -, mas estamos hoje cada vez mais longe dessa possibilidade, com esta avalanche de "espiritualidades" NEW AGE que afastaram ainda mais as mulheres da sua realidade interior profunda...E cada vez mais as mulheres estão divididas cada uma para o seu lado...
rlp



domingo, fevereiro 03, 2019

AINDA



"Vivemos numa sociedade em que os homens acham que os ovários e o útero são da humanidade e o seios e a vagina são deles." (Medico português Albino Aroso, 1923-2013)

LEMBRAR



O Imbolc é um festival gaélico associado com a deusa Brighid. É comummente realizado nos primeiros dias de Fevereiro, em que a deusa conduz a Primavera para a Terra.

"BRIGHID, também grafada BRIGID OU BRIGIT é uma deusa celta popular na Irlanda. Deusa do fogo, fertilidade, lareira, todas as artes e ofícios femininos, artes marciais, curas, medicina, agricultura, inspiração, aprendizagem, poesia, adivinhação, profecia, criação de gado, amor, feitiçaria, ocultismo. Brighid é uma das deusas chamadas de pan-célticas, pois fora cultuada por todos os diferentes povos celtas. É considerada a padroeira dos Druidas. O seu nome significa "flecha de poder".

Foi cristianizada como a "mãe adoptiva" de Jesus Cristo e chamada de Santa Brigida, a filha do Druida Dougal the Brown. Algumas vezes também é associada com a Deusa Romano-Celta Aquae-Sulis em Bathe.

A data exacta do início do seu culto pagão é desconhecida. Acredita-se que foi há milénios, sendo uma das deusas mais antigas e “contemporânea” de Inanna, Ishtar, Ísis, Hera, Gaia e Freyja. As suas lendas desenvolveram-se ao longo de várias gerações e mesmo truncadas ou distorcidas pelos monges e historiadores cristãos, acabam por preservar fragmentos da sua esquecida sabedoria e poder.

Ela é um arquétipo poderoso no mundo contemporâneo, que ultrapassa barreiras religiosas ou filosóficas. O seu poder alcança tanto os adeptos do neo-paganismo (druidismo, Wicca, seguidores da Tradição da Deusa) – que a cultuam no Sabbat Imbolc como uma Deusa Tríplice, padroeira das artes, cura e magia – quanto os cristãos, que a reconhecem como uma mulher real, santificada, cujos milagres continuam acontecendo até hoje.

As lendas mais antigas dão conta que num distante dia primaveril dois sóis despontaram no horizonte para iluminar o mundo. Um deles era o velho Astro-Rei que como sempre emergiu do Leste para iniciar sua caminhada costumeira pelo céu até encontrar seu descanso no Oeste, enquanto o outro anunciava o nascimento de uma filha dos Tuatha Dé Danann, ("povos da deusa Danu") mitologia irlandesa e escocesa.

Como uma revelação do que seria o destino daquela menina no mundo a casa onde nasceu ardeu até alcançar o céu numa chama de brilho imperecível nunca desfeita em pó , competindo em pé de igualdade com a luz do Sol durante o dia e até mesmo vencendo as trevas na noite.

Brighid era representada por três mulheres, Brighid, a poetisa, Brighid, a médica, e Brighid, a ferreira, sendo conhecida com a deusa da Tríplice Chama, pois o fogo alimenta as forjas, esquenta os experimentos dos alquimistas, e incendeia a mente dos poetas.

Brigid, a Deusa das águas que curam, faz os rios voltarem a correr; Brigid, a Deusa dos animais, propicia o retorno e o acasalamento deles, garantindo a continuação da vida por meio dos filhotes; Brigid, a Deusa das sementes, filha do Dagda, o Senhor do Caldeirão, abençoa o reinício dos trabalhos na agricultura; Brigid, Deusa solar, traz de volta os dias mais claros e mais amenos.

Brigid, a Deusa não só do fim do inverno (Imbolc), mas de todo o ano, está connosco mais uma vez, sob uma das suas muitas faces – a Donzela da Primavera. O mundo enche-se de luz, os corações de alegria, e dos lábios dos Bardos nasce uma nova canção – uma canção de amor por Brigid, padroeira dos artistas e dos amantes da arte.

Excalibur, a espada do Rei Arthur, foi forjada pela Senhora do Lago, com o fogo sagrado de Brighid.

Como a Avalon Arthuriana, ou a "Ilha das Maçãs," Brigid possui um pomar de maçãs no Outro Mundo no qual as abelhas viajavam para obter o seu néctar mágico.

Oração à Deusa Brigith

“Senhora dos cabelos trançados!
Guardiã do fogo sagrado!
Venha meus caminhos iluminar!
Meu lar abençoar!

Brigit! Filha do Grande Dagda!
Senhora das fontes sagradas!
Concede-me saúde e paz!
E todo amor de que és capaz!

Que eu saiba honrar tua bênção,
Entregando-te meu coração!
Que eu saiba curar e abençoar
E espalhe amor por onde eu passar!

Assim se faça para sempre.”

in Mitologias e Lendas de Margarida Canto