quinta-feira, fevereiro 07, 2002

O poeta superior diz o que efectivamente sente.
O poeta médio diz o que decide sentir. O poeta inferior diz o que julga deve sentir.
Nada disto tem a ver com sinceridade. Em primeiro lugar ninguém sabe o que verdadeiramente sente...(continua)


Fernando Pessoa
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A luz do dia quase só me mostra a brutalidade das coisas, a ignorância das causas, a desumanidade dos seres, sem alma, o egoísmo, a vaidade. A própria Natureza parece rebelar-se contra o abuso dos homens que na sua displicência a ignoram e às suas leis. Ao contrário da caixinha mágica que eu toda a vida esperei, parece Ter-se aberto a caixa de Pandora e todos os males afectam agora o mundo ou é porque os vimos através de outra “caixa” que nos filtra o lado negativo de tudo, exclusivamente. As notícias do mundo são os crimes, as guerras, as lutas de seitas e de classes, a miséria dos povos, a fome, as atrocidades. Exaustivamente a insanidade dos homens, o sexo desprovido de amor e ética, bestializado. As mulheres de plástico, cada vez mais sofisticadas e falsas, os homens travestiados, numa adulteração de princípios sem finalidade tudo por alienação do ser em si e de uma consciência primária. O que conta é a aparência e vale tudo para parecer não sei o quê. Ninguém mais sabe quem é quem e o quê...Só conta o exterior! A pessoa em si passou a ser o que vale pela imagem ou pela marca que veste etc.
Todo o sentido de humanismo se perdeu...naturalidade, respeito, responsabilidade, simplicidade, ternura... Sei lá...

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Nota resposta:

Quando falo da "comercialização da imagem" Uma peça de arte", por exemplo, não falo da imagem verdadeira mas da aparência que se sobrepõe ao valor real das coisas e das pessoas! Quero dizer que todos nós podemos incorrer no risco de nos deixarmos levar pelas aparências e não pelo valor intrínseco, autêntico que por exemplo um livro tem...Hoje em dia os livros em Portugal vendem-se pela capa... pela fotografia da escritora em grande plano que é a mesma que aparece na televisão... e não do interesse do livro, pela sua qualidade ou pela obra em si!...

Falava da forma e conteúdo e de como uma maçã belíssima por fora pode ser podre por dentro...

Como desconheço a sociedade brasileira, pode acontecer que tudo isto fique fora de contexto! Vocês aí têm mais facilidade de fluir... aqui nem tanto. Penso que é o peso do Fado...
Sorry, Heloise!

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