segunda-feira, março 04, 2002

O ABORTO?

Ainda há dias, um político qualquer a que nem tomei atenção a que partido pertencia – são tantos e tão divididos que nos perdemos completamente nesta bi-polarização dos mesmos! – dizia, sobre a questão do aborto, se as “feministas” se juntassem todas a despenalização do aborto em Portugal se concretizaria em termos mais correctos para as mulheres.
E eu pensei logo: se as mulheres todas de um país – já não digo do mundo! – se juntassem, o que não fariam se tivessem consciência do seu valor e do seu poder!
Mas como todas as mulheres do meu país e do mundo, continuam a falar a linguagem dos homens e se resumem a estar do seu lado, sem identidade e sem Palavra ou sem sexo na palavra, digo! nada será mudado, no meu país ou noutro qualquer!
A mulher não tem género para humanidade, como não tem identidade mesmo que tenha o seu bilhete dito de identidade em dia, ao contrário das muçulmanas que nem papéis têm! nem sequer registo como pessoas... Mas entre as muçulmanas sem nada e as católicas com registo e baptizado a diferença é muito pouca...
É a linguagem dos Homens que impera na vida e nas gramáticas e eu fico perplexa como é que mulheres inteligentes e cultas e evoluídas, catedráticas, médicas, juízas, artistas etc., aceitam AINDA falar e escrever em nome dos Homens quando num discurso qualquer falam do ser humano em geral e se incluem (ou não?) e em vez de dizerem para Humanidade e deviam dizer justamente (nós) Os Seres Humanos, dizem “O Homem”! Seria muito mais correcto e justo e ficava tudo incluído.
Mas como “academicamente” se convencionou há séculos que as mulheres não tinham inteligência nem alma, nem género na palavra que continua a ser no masculino, mesmo, evidentemente, estando dez mulheres e um homem devemos dizer nós no masculino... Facto que só é “equilibrado” com o discurso disparatado das “bichas” que falam tudo no “feminino”... É a lei das compensações, bastante patética não é ?... Nós dizemos de um grupo de dez mulheres e um homem: “eles vão todos passear”. Para não chocar a virilidade da linguagem... As “bichas” porém e que me desculpem o exemplo! se estiverem a ver um grupo de dez homossexuais masculinos dizem: “elas vão todas ao engate...”

Digam-me agora onde começam e acabam as perversões da própria linguagem...

(eu sei que a gramática não vai mudar por causa disso, mas seria interessante ver as mulheres a fazerem um exercício de presença e mudança subtil ao longo dos tempos...?)

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