sexta-feira, março 22, 2002

OS LIMITES DO SEXO?

Estava a refletir ou algo me fez refletir sobre a falsa imagem da mulher sobrevalorizada pelo sexo num excesso e demência dos sentidos, exarcebados por uma especulação cultural e libertina de fim de século que dá a imagem da mulher super sex e capaz de engolir trinta machos por dia e como a própria mulher se expõe e dispõe a esse papel degradante na sua pele, quer nos filmes pornográficos onde a mecanização e a aviltação se misturam no mais gratuito dos intuitos ou na mais abjecta das prostituições do corpo corrompendo as leis do desejo natural e a beleza da intimidade gerada no amor, quer nos filmes ditos de qualidade em que a promiscuidade visual apesar de mais cuidada é igualmente abjecta. E chamar amor a essa adição ou alienação do ser, homem ou mulher, em função de um acto primário e básico que só o amor transforma, é pura violência psiquica e emocional para quem porventura se sujeita a ler ou ver a expressão da maior aviltação do ser humano no ecran ou na "literatura"...
Chamar arte ou poesia à pornografia, chamar liberdade à insanidade e à promiscuidade, amor a um mecanismo igual ao dos animais, (estes bastante mais naturais!) expandí-los para os outros de forma ostensiva não passa de aberração e falta de dimensão verdadeiramente humana, ou falta de consciência (ou experiência) do verdadeiro prazer...

A mulher que o cinema e a moda projecta, mesmo no cinema de elite, não passa de um instrumento usado para instintos e intuitos os mais baixos e puramente comerciais; a mulher serve exclusivamente a imagem que o realizador ou o estilista projecta dela, o seu imaginário do feminino, a sua ficção da mulher. E o mais grave é que é a partir desse imaginário redutor e deturpado do homem que ficciona a mulher dos seus sonhos ou dos seus pesadelos, que a mulher comum vive, traindo a sua verdadeira natureza! E não se importa de ser ninfomaníaca, prostituta, sedutora, mulher fatal e submeter-se a toda a espécie de cenas degradantes para ser estrela e ganhar o oscar... O "cinema" impôs (ou revela) uma sexualidade à mulher que não é a dela!
Que o homem use a mulher como sempre o fez e a faça fazer os papéis que ele quer ou sonha, que seja seu agente ou gigolô eu estou habituada, mas que seja a própria mulher a por na sua boca e no seu estilo o imaginário masculino isso a mim custa-me.

Custa-me que a mulher aceite a degradação do seu ser, que desconheça a sua essência e ache normal haver prostituição...
Que a amante seja a puta e que a esposa seja fiel...senão matam-na à facada e à pedrada!

E todos os dias as mulheres na rua na sociedade na telenovela e óbviamente no cinema seja inimiga da "outra" e a destrua é uma luta antiga e estúpida de um Mundo fracturado em duas metades em que o homem é o dono e senhor há séculos. Que as mulheres perpetuem esse estado de coisas é que me indigna. Que não tenham consciência da sua divisão interna e externa e vivam coladas a ídolos do cinema (do grego: "figuração de uma falsa divindidade") deixa-me perplexa e assustada.
R.L.
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A METAFÍSICA DO SEXO

Assim o "significado superior do amor sexual, que não deve ser identificado ao instinto de reprodução, é o de ajudar tanto o homem , como a mulher, a integrar-se interiormente (na alma e no espírito) na imagem humana completa, isto é, na imagem divina original".
Esta imagem andrógina, tornada incorporal após a queda, deve incarnar-se , fixar-se e estabilizar-se nos amantes de modo que "os dois se não reproduzam unicamente num terceiro ser, a criança, mantendo-se contudo iguais a si próprios, tais como eram (não regenerados) mas que ambos renasçam interiormente como filhos do divino"

Julius Evola

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