E REPITO A ODE E O CANTO E DIGO COM O POETA
VEM, DOLOROSA,
MATER-DOLOROSA DAS ANGÚSTIAS DOS TÍMIDOS
TURRÍS-ÉRBURNEA DAS TISTEZAS DOS DEPREZADOS,
MÃO FRESCA SOBRE A TESTA EM FEBRE DOS HUMILDES,
SABOR DE ÁGUA SOBRE OS LÁBIOS SECOS DOS CANSADOS.
VEM LÁ DO FUNDO
Do horizonte lívido, vem e arranca-me
Do solo da angústia e de inutilidade
Onde vicejo.
Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido,
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso e fresco.
Uma folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira a Oriente,
Ao Oriente de onde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que nunca vereei,
Ao Oriente budista, bramânico, sintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nos temos,
Que tudo o que nós não somos,
Ao Oriente onde - quem sabe? - Cristo talvezainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realmente e mandando em tudo...
Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os os mares sem horizonte precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
Ó domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!
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