quarta-feira, setembro 18, 2002




ROSAS E GUERRAS, PALAVRAS E CORES...
...é tudo ignorância diluida...


Não digas nada! Que hás-me de dizer?
Que a vida é inutil, que o prazer é falso?
Dí-lo de cada dia o cadafalso
Ao que ali cada dia vai morrer.
Mais vale não querer.

Sim, não querer, porque querer é um ponto.
Ponto no horizonte de onde estamos,
E que nunca atinges nem achas,
Presos locais da vida e do horizonte
Sem asas e sem ponte.

Não digas nada, que dizer é nada!
Que importa a vida, e o que se faz na vida?
É tudo uma ignorância diluida.
Tudo é esperar à beira de uma estrada.
A vinda sempre adiada.


Fernando Pessoa

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