sexta-feira, julho 18, 2003



“Falamos demais.
Muitas palavras tentam explicar a simplicidade única do íntimo. Mas a palavra distancia a íntima quietude e no esforço de atingi-la cada vez o íntimo é mais íntimo.
Um beijo é pouco interior. Num beijo porém, para um instante o fluxo das palavras e nesse instante o íntimo aflora longínquo. Até que o amor em palavras sufoque a sua cintilação opalina.

(...) Talvez o seu corpo astral esteja ferido. E se chorar cair-lhe-á dos olhos uma lágrima invisível porque o corpo é o leito onde dormimos permanentemente até ao momento de sabermos que estamos sempre abertos para a cegueira irreal, a única verdadeira.
E se o deslumbramento cessa, cessa o canto.”


In SIGMA - 1965
ANA HATHERLY

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