terça-feira, julho 15, 2003



PASSA O TEMPO E PASSO EU


Passa o tempo e passo eu
passas tu solitária
anunciadora
de um destino que se agita
perigoso
entre o meu ser e o teu

Passo eu e passas tu
ambas silenciosas
como só nós

Tudo se apaga
nada sobrevive ao interior
desse espaço íntimo que nos liga
Nada é nosso
e em nós nada permanece
de alheio
à profundidade de ser
o que somos
Nenhuma história outra se tece
só essa ígnea rosa
farpada entumecida de ardor
desabrochada em desperdício gritante
como a rubra cólera
da vida por viver

Olhos solares Olhos lunares
vagabundos percorrem
ímpios
imprecisa rota

Passas tu passo eu

Será que passa algo
também
- sopro eco morte
estéril adiamento
murchar da rosa –
que não saibamos


Tessa Estate (1943 - 2001)




OS NOSSOS PARADOXOS




"O sofrimento pessoal começa quando somos crucificados entre dois opostos. Se tentarmos abraçar um sem pagar tributo ao outro, degradamos o paradoxo ao nível da contradição. Todavia ambos os lados dos pares de opostos devem merecer e ter igual mérito. O sofrer a nossa confusão é o primeiro passo para a cura. "(1)



(1) Sofrer em latim: sub plus ferre= suportar ou permitir


"Passar da oposição (sempre uma discórdia) para o paradoxo (sempre sagrado) é dar um salto de consciência. Esse salto transporta-nos através do caos da meia idade e dá-nos uma visão que ilumina os dias que nos restam."


In "OWNING YOUR OWN SHADOW"
Robert A. Johnson

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