sexta-feira, setembro 03, 2004

QUANDO EU AINDA MORRIA TU ACABAVAS DE NASCER...
QUANDO EU AINDA VIVO TU DEIXASTE DE AQUI SER.
DESCANÇA MEU IRMÃO NO INTERIOR DO INVISÍVEL...
ATÉ QUE O FOGO DERRETA O VÉU QUE NOS SEPARA.



O interior do invisível

Esquece o mundo e comanda o mundo.
Sê a lâmpada, o barco salva-vidas,
a escada.

Sai de tua casa e, como o pastor,
ajuda a curar a alma do teu próximo.
Entra no fogo espiritual
e deixa-te calcinar.

Sê o pão bem assado, sê o senhor da mesa.
Vem, sacia teus irmãos.
Tu, que tens sido a fonte da dor,
sê agora o deleite.

Viveste como uma casa sem alicerces.
Sê agora o Um que perscruta
o interior do invisível.

Assim que me calei,
uma voz chegou aos meus ouvidos:
"Se te tornas isto, serás aquilo".

Silêncio!
E depois, mais silêncio.
Não uses a boca para falar.
A boca é para provar dessa doçura.



O fogo que derrete o véu

Atenta para as sutilezas
que não se dão em palavras.
Compreende o que não se deixa
capturar pelo entendimento.

Dentro do coração empedernido do homem
arde o fogo que derrete o véu de cima abaixo.
Desfeito o véu,
o coração descobre as histórias do Hidr
e todo o saber que vem de nós.

A antiga história de amor
entre a alma e o coração
regressa sempre
em vestes renovadas.

Ao recitares "sol"
contempla o sol.
Sempre que recitares "não sou",
contempla a fonte do que és.


RUMI

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