quinta-feira, março 31, 2005

O EVANGELHO DE MARIA MADALENA

DA HUMANIDADE DE JESUS -
Segundo a Igreja: O Homem é Divino e a Mulher o Diabo...


O que pensam os teólogos livres do jugo romano,
da questão tão contestada pelo Vaticano da possível relação humana
de Jesus com Maria Madalena:


“A questão não é de saber se Jesus se casou ou não (ainda mais uma vez no sentido em que o entendemos hoje em dia). Que interesse tem isso? A questão é de saber se Jesus era realmente humano, de uma humanidade sexuada, normal, capaz de intimidade e de preferência.

Segundo um adágio antigo: “ Tudo o que não é assumido não é salvo”.

Se Jesus, considerado como o Messias, como Cristo (Christos, tradução grega do hebraico Messiah), não assume a sua sexualidade, esta não será salva, Ele não é mais Salvador no sentido pleno do termo, e torna-se uma lógica de morte e não de vida que se irá instalar no cristianismo - particularmente no cristianismo romano-ocidental:

“O Cristo não assumiu a sua sexualidade,
Portanto a sexualidade não é “salva”,
Assim a sexualidade torna-se má,
do mesmo modo, assumir a sexualidade pode ser degradante
E assim tornar-nos culpados”.

O instrumento co-criador da vida que nos faz existir “em relação”, “à imagem e semelhança de Deus”, torna-se logicamente um instrumento de morte.
Estaríamos nós no Ocidente, através da nossa culpabilidade inconsciente e colectiva, em vias de sofrer as consequências duma tal lógica?


O Evangelho de Maria (Madalena) , tal como o Evangelho de João e de Philippe, lembram-nos que Jesus era capaz de intimidade com uma mulher. Essa intimidade não era apenas carnal, era também afectiva, intelectual e espiritual; trata-se mesmo de salvar, quer dizer, tornar livre o ser humano na sua totalidade, e isso introduzindo consciência e amor em todas as dimensões do seu ser. O Evangelho de Maria Madalena, lembrando a humanidade de Jesus na Sua dimensão sexual, não retira nada à sua dimensão espiritual, “pneumática” ou divina.”


In L’ ENVANGILE DE MARIE (Évangile copte du II siècle traduit e commenté par)
JEAN-YVES LELOUP - teólogo ortodoxo.

Albin Michel

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