quinta-feira, outubro 20, 2005



A MULHER COMO MUSA,
A POESIA E A DEUSA...


A frase “invocar a Musa” foi empregue muitas vezes de forma errada, o que obscurece o sentido poético: íntima comunhão do poeta com a Deusa Branca considerada como a fonte de toda a verdade.

Os poetas representaram a verdade como uma mulher nua, uma mulher privada de qualquer artifício que permitiria pela sua visão ligarem-se a um certo ponto do tempo ou do espaço.
(...)

O poeta é um apaixonado da Deusa Branca da Verdade: o seu coração consome-se por ela e na espera do seu amor.

Assim que as formas poéticas começam a ser utilizadas por homossexuais e que o “amor platónico” (o idealismo homossexual) se introduz nos costumes, a deusa vinga-se.
Sócrates, se bem nos lembramos, teria banido os poetas da sua lúgubre república. A alternativa consistindo a passar sem o amor da mulher é o ascetismo monástico; os resultados que daí advieram foram mais trágicos do que cómicos.
No entanto a mulher não é poeta: ela é a Musa ou nada. Isto não quer dizer que uma mulher deveria abster-se de escrever poemas, e sim apenas que ela deveria escrever como mulher, e não como se fosse um homem. O poeta era originalmente o Místico ou o Fiel em êxtase da Musa, as mulheres que participavam nos seus rituais eram suas representantes (...)


in “A DEUSA BRANCA” de Robert Graves

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