quinta-feira, maio 23, 2024

O VERDADEIRO PAR - A CRIANÇA E A MÃE




O par simbiotico - a criança e a mãe...

A desconstrução de algumas questões chaves como o conceito do par. Qual é o par original?

“O par tem um impacto no imaginário simbólico muito importante: porque focaliza todo o desejo, todo o anelo, da criatura humana, toda a catexia* libidinal da etapa primaria e a sua repressão.
O par é representado simbolicamente em nossos tempos com o mito patriarcal da “cara metade” a procura da sua outra “cara metade”, que efetivamente envolve um anelo de união simbiótica; ou seja, a necessidade de outr@ para ser uma coisa só, sendo a realização dessa simbiose imprescindível para minha sobrevivência.
A imagem do par que temos tem uma força simbólica impressionante porque contem toda o ordem sexual e social.
Dito de outra forma, um tecido social que é o resultado do desenvolvimento das qualidades inatas dos seres humanos, baseado na economia sexual espontânea e na auto regulação (o plano supremo natural, com a a recuperação da sexualidade da mulher e infantil, e as relações harmoniosas entre os sexos e entre as gerações) pressupõe um tipo de par que realiza a função básica erótico-relacional, ou seja, o par mãe criatura.
No entanto, o paradigma do par que desenvolve as relações patriarcais, a falocracia, o domínio do homem sobre a mulher, que arrasa a sexualidade não falocêntrica e maternal, o amaeru*, etc., é o casal heterossexual monogâmico e estável da nossa sociedade.
Em poucas palavras, o paradigma do par é em realidade um paradigma de ordem sexual e social, e um determinado estado do tecido social.
Desde meu ponto de vista, três indicadores importantes do estado (não das consequências) do tecido social deveriam de ser destacados: o parto com dor, o choro das criaturas (como expressão espontânea da falta de respeito da sociedade para com elas) e o matrimonio (ou par adulto).
Os dois primeiros nos aportam a indicação da somatização do matricídio e o terceiro da sua institucionalização social.
Esses três aspetos concretizam-se no tipo de par que nos imaginamos desde que nascemos.
A eudipização é em realidade um determinado paradigma de par que transmuta o desejo materno e a condescendência pela falocracia e as relações de dominação.
O verdadeiro par é o par formado por todas e cada uma das criaturas humanas com a sua mãe ao longo da gestação intra e extra uterina; é um par simbiótico, em estado de apego permanente que dura 21 meses; por isso existe um fortíssimo anelo emocional que projeta-se na ideia do casal.
A mudança subliminal do par é uma das mentiras mais importantes e más profundamente enraizadas em nossos corpos.”


* Catexia: é o processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é vinculada à representação mental de uma pessoa, ideia ou coisa ou investida nesses mesmos conceitos.

* Amaeru: Amae descreva a conduta e o afeto concomitante na criança.

IN O ASSALTO AO HADES 
P. 248-249

Casilda Rodrigañes Bustos


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