O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 22, 2012

Porque não sou cristã e me digo pagã de corpo e alma…

"O Cristianismo retirou-lhe o seu aspecto divino desfigurando-a numa mulher feia e decrépita, de longos nariz e dentes exagerados, de espessos e irisados cabelos. Nascia assim a mítica imagem da bruxa ma que amedrontava o sono inocente das crianças."
 
 

 

HOLDA
 
A FEITICEIRA DE INVERNO
(…)

A cavalgada selvagem varria os ares à procura de almas errantes como se fossem impurezas que entupiam a energia produtiva imanente dos solos. A verdadeira e original função da tétrica comitiva era a renovação das forças espirituais da terra, repondo uma nova camada e de células frutíferas, ao mesmo tempo que purificava a atmosfera infestada pela invasão de defuntos atraídos pelas noites invernais. Da inofensiva e generosa Divindade, Holda foi vulgarizada pelas escrituras cristãs num ser maligno e diabólico, sem espaço na etnografia reescrita sob o novo credo. O nome Holda passou a a anunciar pavor e castigo e tudo o que com ela estivesse relacionado seria sinónimo de delito. A palavra holde catalogava seres fantasmagóricos e as sombras errantes pelas densas florestas. Holda aparecia na companhia de espíritos simpáticos, holden o povo silencioso que habitava os meandros subterrâneos. Uma relação proibitiva e incómoda por  manter  os vínculos do ser humano (homem no texto) ao mundo numinoso da Natureza. O Cristianismo retirou-lhe o seu aspecto divino desfigurando-a numa mulher feia e decrépita, de longos nariz e dentes exagerados, de espessos e irisados cabelos. Nascia assim a mítica imagem da bruxa ma que amedrontava o sono inocente das crianças.

 

In AS MÁSCARAS DA GRANDE DEUSA de Cristina Aguiar

Pag. 143/144

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