O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 30, 2019

AMAR A TERRA



Pode-se salvar o Planeta sem AMAR A TERRA? 

Sem amar as árvores e as plantas e o chão que pisamos?

Qual é a relação que os jovens e adultos que querem salvar o planeta tem com a Natureza e a Terra e os animais, os pássaros e as abelhas e os tigres? Qual a vivência directa que temos nós com a Vida Natural e quantos de nós respeita a mais ínfima manifestação de vida na terra e a sua própria vida, quando tudo o que se faz neste mundo é poluente e material e consumista, tudo excessivo e desligado da realidade e os jovens sobretudo que vivem presos ao mundo virtual e tecnológico, a filmes e jogos de guerra de extrema violência e competição ?
Qual a percentagem de pessoas, homens e mulheres, nas cidades que tem uma relação saudável com os elementos e vive em contacto directo com a natureza Mãe?
O ambiente afinal é o quê? O ar que respiramos, a água que bebemos? O Sol a Lua e o Mar?
Mas como salvar o planeta se tudo o que fazemos é poluir e destruir…tudo é químico e falseado. Não há respeito por nada nem por ninguém...tudo se vende e tudo se compra.
Como dar crédito a jovens que estão desligados de tudo o que é mais profundo na vida, sem valores e sem qualquer respeito pelos outros e pela vida humana e tudo o que os cerca?
Ah, mas será que são esses mesmo jovens que marcham pelo ambiente? Onde e quantos? Quando?
Sinceramente digam-me se acreditam nisto… se é possivel fazer alguma coisa por algo sem amor e sem respeito pelo próximo?


rlp



É BOM LEMBRAR QUE

“É aqui na Terra que a vida é construída. Neste sistema solar, a Terra é o lar da vida, o grande laboratório onde a vida é criada. Por favor compreendam o propósito de amar a Terra, pois a resposta dela será a libertação de tudo o que os humanos precisam para se sentirem em casa.
Imaginem a Terra restituída à sua beleza régia. As Árvores majestosas parecendo varrer o céu imenso e as nuvens elevar-se em picos grandiosos. Os cânticos dos pássaros enchendo o ar, como uma sinfonia a seguir à outra, cada uma orquestrada para o momento. Aprendam a sentir-se vivos e em plenitude. Descubram o significado profunda das vossas vidas, explorando os aspectos que se encontram escondidos no vosso inconsciente. Enviem a raiz do vosso ser, como uma serpente, para os registos atávicos da Terra e tragam de volta à consciência essa Terra deslumbrante e majestosa, como um lugar maravilhosos para todos, pois vocês são os legítimos habitantes desse lugar.
...
O ensinamento da Terra está pronto para se revelar a quem se lhe abre e neste momento é urgente que tentem compreender o seu real valor. É preciso redefinir o valor da Terra como vosso lar e se o fizerem ela sentirá isso e começará a transmitir os seus códigos e memória ancestral...A Terra sente os vossos desejos e sentimentos. Ela conhece os seres humanos porque é uma entidade viva, biológica.
...
A vitalidade da Terra está à espera de ser descoberta por vocês. Ela pode dar-vos a maior abundância se compreenderam quem Ela é. Pode pensar-se nela como a DEUSA-MÃE - como um aspecto a existência, que os nutre alimenta e embala. Ela é o vosso lar e a vossa mãe, a fonte de onde vieram.”


TERRA - CHAVES PEIADIANAS PARA A BIBLIOTECA VIVA
Barbara Marciniak

É PRECISO PENSAR



NASCEU O NEOLIBERALISMO CLIMÁTICO

Por José Goulão

Salvar o planeta!


Ora aí está uma causa nobre, por certo não fracturante, à medida do mainstream, padronizada segundo as normas da opinião única, enfim polémica quanto baste porque os seus opositores são encabeçados por figuras que estão de passagem, como Donald Trump, por certo uma excepção na tão recomendável classe bipartidária e monolítica dos Estados Unidos da América. Atentemos nos casos de Obama, de Hillary Clinton, consabidamente tão amigos do planeta e do ambiente.

Salvar o planeta de quê? Das alterações climáticas, de que mais haveria de ser? Haverá mais coisas assim tão ameaçadoras com que tenhamos de nos preocupar?

Na verdade, parece não haver coisa mais necessário na sociedade global em que vivemos do que mobilizar-nos no urgentíssimo e justíssimo combate contra a degradação do ambiente e as mudanças climáticas dela decorrentes.

Mobilizemo-nos, pois. Sigamos as marchas juvenis e coloridas inspiradas algures nos meandros onde se move essa tão carismática como recatada figura de George Soros, conhecido como “filantropo”, um verdadeiro papa do globalismo, do neoliberalismo, reconhecido patrono ou mesmo proprietário da democracia autêntica. Sigamos Greta Thurnberg lamentando os seus “sonhos perdidos”, juntemo-nos ao Eng Guterres, a quem as aflições do clima proporcionaram uma energia interventiva até agora desconhecida, sobretudo desde que se tornou secretário-geral da ONU; acompanhemos Obama, Mark Zuckerberg, Al Gore, Richard Branson e outros patronos do movimento de Greta Thurnberg; desfilemos de braço dado com o benemérito Bill Gates, agora dedicado à causa dos negócios da geoengenharia a bem do ambiente, com as comissárias e os comissários europeus, os generais da NATO, os poluidores e as suas vítimas, todos irmanados nesta imensa vaga regeneradora que a muitos parece cativar e verdadeiramente não tem inimigos pois todos habitamos nesta Terra e 2030, “o ponto de não retorno”, é já amanhã. Além disso, “não há planeta B”, como muito bem recordou o prof. Marcelo mesmo que, desta feita, a autoria do sound bite não lhe pertença.

O sistema autorregenera-se

A crer nesta espécie de “revolução colorida” – o que não é de espantar, pois várias outras têm a chancela inconfundível do “filantropo” Soros – o seu êxito não suscita grandes dúvidas, porque estão mais do que identificadas as causas da revolta do clima.

O segredo não estará, ao que parece, em atacá-las mas sim em “adaptar-nos” a elas e acreditar que os grandes poluidores industriais se converterão beatificamente à causa; os gigantes do agronegócio transnacional deixarão benevolamente de destruir os solos, esbanjar água e expandir a seca; os monstros da indústria mineira global, comovidos pela grande movimentação, deixarão de contaminar os solos para os expurgar de riquezas; os negociantes de madeiras não mandarão acender nem mais um fósforo nas florestas; os magnatas do petróleo abandonarão o fracking e deixarão os mares e os solos em paz, genuinamente convertidos às energias renováveis; os impérios do armamento chegarão à conclusão de que as actividades amigas do ambiente são muito mais interessantes que as guerras, quiçá até do ponto de vista económico; os generais e outros senhores do militarismo deliberarão espontaneamente que o dinheiro investido em armas, sobretudo as nucleares, deve ser transferido para o combate à fome no mundo.

Os grandes interesses económicos do planeta, desde o grande especulador financeiro ao incansável barão da droga curvar-se-ão, enfim, perante os activismos desinteressados que decidiram salvar a harmonia climática poupando, ao mesmo tempo, o sistema que a destrói. O capitalismo ecológico, o neoliberalismo climático estavam, afinal, a umas mobilizações bem comportadas e a uns discursos lamurientos de distância. E sem que a ordem que nos governa seja minimamente beliscada. Como não nos havíamos lembrado disto antes? Mas talvez ainda estejamos a tempo, mais vale tarde do que nunca, os destrambelhamentos climáticos serão domesticados. Com uma condição: que os aceitemos e nos adaptemos, como recomenda, sábio, Bill Gates. A “adaptação” será, afinal, a alma do negócio.

Nada de distracções

Mas atenção: foco total, nada de distracções, dedicação absoluta à “adaptação” do planeta às alterações climáticas e sempre no quadro da ordem estabelecida. Caso contrário, a ameaça persistirá.

Não há que esbanjar esforços em causas fracturantes e que, como se percebe pelo consenso quase global suscitado pelo caos climático, acabam por ser marginais.

Em poucas ou nenhuma ocasião como esta vamos encontrar do mesmo lado da barricada as paupérrimas vítimas das inundações do Bangladesh e o presidente do Goldman Sachs, o banco que, segundo o próprio, desempenha o papel de Deus na Terra; ou o indígena da Amazónia e o presidente cessante do Banco Central Europeu, Mario Draghi; ou os sudaneses vítimas da seca e os todo-poderosos dirigentes do Carlyle Group.

O mesmo não acontece com outras situações que suscitam mobilizações, mas nunca com esta amplitude e consenso. É o caso das guerras que se multiplicam pelo mundo, ou das crescentes desigualdades e do fosso que se alarga entre a maioria de pobres e a minoria de ricos, da acumulação de armas, sobretudo as nucleares, da globalização do trabalho escravo, dos milhões de desalojados e refugiados.

São, de facto, problemas em torno dos quais não encontramos mobilizações tão massivas, uma tal convergência de opiniões, uma cobertura tão abrangente dos meios de comunicação globais.

Fizeram-se – e fazem-se – manifestações contra as guerras, acções contra as injustiças e as desigualdades, iniciativas contra a pobreza, a fome ou os refugiados. Mas nela não encontraremos as figuras que lhe dão peso, prestígio e fama como Obama, o Eng. Guterres, o presidente do Goldman Sachs, o diligente Bill Gates ou a presidente da Comissão Europeia. E se, por uma hipótese absurda, algum jovem ou alguma jovem assumir um papel semelhante ao de Greta Thurnberg, mas em defesa da eliminação total das armas nucleares, certamente não lhe será facultado o púlpito dos oradores nas Nações Unidas e não será transformado em ícone pela comunicação mainstream. Pelo contrário, não tardaria a ter à perna a comunidade global de espionagem e certamente seria tratado como reles agente russo ou chinês.

No entanto, a proliferação de guerras e de armas cada vez mais modernas e com efeitos letais massivos pode provocar amanhã, depois de amanhã, de uma penada, os efeitos que as alterações climáticas produzem gradualmente e que têm ponto de não retorno agendado para 2030, segundo as previsões mais repetidas. Porém, ao que parece por aquilo a que temos vindo a assistir, a crise do clima é certa enquanto a destruição do planeta por um conflito global pode acontecer ou não, saibamos correr riscos… Portanto, nada de alarmismos e, sobretudo, de dispersões em relação à causa definitiva, a da “adaptação” às derrapagens do ambiente.

E se ligássemos tudo?

Atendendo à gravidade dos cenários que ameaçam o planeta, o mais natural seria transformá-los numa causa única e poderosa capaz de reduzir os riscos. Defender a Terra e os sistemas de vida que nela existem seria uma acção muito mais eficaz e abrangente se interligássemos as lutas contra as alterações climáticas, a guerra, a pobreza, as desigualdades, as agressões aos direitos humanos, a escravatura e outras.

Esta seria a ordem natural das coisas.

Mas não a ordem natural do sistema em que vivemos.

Ao associar as causas amigas do planeta seríamos conduzidos, inevitavelmente, à evidência que a defesa da Terra é, em si mesma, uma causa fracturante. Não conseguiremos encontrar na luta contra a guerra as mesmas vedetas globais e a mesma projecção da suposta luta contra as alterações climáticas. Em boa verdade, essas figuras dizem estar do lado do ambiente enquanto promovem as guerras e o negócio de armas, ao mesmo tempo que geram milhões de desalojados e refugiados.

Negócio é, de facto, a palavra-chave, o conceito que transpõe de forma traiçoeira, enganosa e oportunista a movimentação contra as alterações climáticas para o lado da guerra, das desigualdades, da pobreza, da exploração – tudo fruto do mesmo sistema.

Os expoentes do capitalismo na sua versão fundamentalista neoliberal estão em pleno desenvolvimento de uma operação de apropriação das questões ambientais tentando impor uma milagrosa quadratura do círculo.

Ou seja, o capitalismo que envenena o planeta, que o põe diariamente em risco, surge como salvador do planeta privatizando uma justíssima causa para que lhe seja possível, com grande ajuda do sistema mediático, arrastar massas que sofrem de genuínas inquietações à mistura com ingenuidade e vulnerabilidades.

Mas não só.

O principal é que o capitalismo neoliberal transformou a luta contra as alterações climáticas num negócio. O método é insidioso: dá como adquiridas as transformações já ocorridas ou em curso e põe a tónica na “adaptação” do planeta a essas circunstâncias. O negócio do clima junta-se assim ao negócio da guerra, ao negócio da droga, ao negócio do trabalho escravo, ao negócio da exploração dos recursos naturais.

Desenvolver pretensas soluções científicas capazes de responder ao aquecimento global, à subida dos mares, aos degelos, às carências de água e outros fenómenos está a transformar-se na antecâmara de novos grandes negócios. Aos lucros da contaminação do planeta somam-se os proveitos gerados pela “adaptação” aos efeitos da contaminação.

O sistema que ganha destruindo o planeta é o mesmo que continua a ganhar pretensamente “adaptando-o” às mudanças - não atacando as causas e manipulando multidões. Por isso, de acordo com a sua estratégia, a nobre causa da luta contra as alterações climáticas, que mobiliza dezenas de milhões de pessoas genuinamente alarmadas, tem de ser isolada de outras que, na realidade, lhe são afins e complementares, como a da luta pela paz. É a manobra a que estamos a assistir.

O capitalismo neoliberal conseguiu encontrar um caminho para transformar as questões ambientais e climáticas em lucros. Quanto à “paz”, a única maneira de a fazer gerar proveitos é espalhando a ilusão de que pode ser estabelecida através da multiplicação de guerras. Nasceu assim o neoliberalismo ambiental, humanista, pacifista.


É necessário desmontar esta mistificação e impedir que as causas ambientais sejam capturadas pelos terroristas do ambiente para que tudo continue na mesma, isto é, deteriorando-se.
A luta contra as alterações climáticas é indissociável dos combates contra a guerra, a pobreza, a austeridade, as desigualdades, os problemas dos refugiados, a censura, a exploração, a extinção dos direitos sociais, a violação dos direitos humanos. Converge tudo na mobilização contra o sistema que está na base de todas as aberrações que afectam o ser humano e o planeta.

Publicado em O Lado Oculto

quinta-feira, setembro 26, 2019

MUDANÇAS CLIMÁTICAS...?



CARTA ABERTA 
AOS AMBIENTALISTAS E VEGETARIANOS...


Toda essa verdade que vocês descrevem, toda essa propaganda sobre a realidade monstruosa de crimes contra a vida e a natureza - criada pelos poderosos e loucos que governam o mundo mas também pelo egoísmo e ignorância humana generalizada, vai mudar alguma coisa na face da Terra, assim do pé para a mão?
Toda essa catástrofe humana e animal que vem de erros de há dezenas de anos, vai cessar só porque uma rapariguinha grita - pensam que isso vai fazer ceder os impérios do dinheiro e os interesses das industrias, todos esse monstros que governam e manipulam e controlam a humanidade desde os mais remotos tempos? 

Será que são de verdade as mudanças climáticas o que mais afecta a Humanidade e o Planeta?

Nós humanos contribuímos e participamos activamente na destruição do planeta há muitas décadas e todos e todas estamos sentad@s nos nossos carrinhos a gasolina a usufruir de tudo o que é civilização e progresso e que nós sabíamos nos iria destruir a curto ou longo prazo?
Acham então que é uma garota ou outra, aplaudidas pelos Midea e apoiadas sabe-se lá por quem que vão fazer a diferença? Que esses monstros - generais, banqueiros e ministros, reis e rainhas sentados nas suas cadeiras e tronos de poder as vão ouvir?
A questão não é que isso tudo que dizem não seja verdade! Não. Mas quem o faz e quem controla o mundo - os império da guerra e do petróleo, os donos do dinheiro, os grandes monopólios e industrias, acham que se vão compadecer da humanidade por uma garota estar aos gritos ou dizer essas verdades ou acham que são os miúdos do mundo inteiro em greve das escolas que tem alguma força para mudar o curso dos acontecimentos?
Tiveram os estudantes de Maio de 1968 em França? Ou o 25 de Abril em Portugal, com Durão Barroso MRPP (comunista)  e que depois virou fascista e trabalha para a goldman sachs ...

Vocês que têm tanta consciência dos factos e das realidades aterradoras que afectam o Planeta não veem a humanidade, não vêm o obvio? Uma guerra iminente, a fome e a pobreza no mundo inteiro, a violência sobre as mulheres e o feminicidio?
E querem lutar contra tanta e tanta miséria e horror com discussões no facebook e palavras injuriosas uns contra os outros, ou ideias iluminadas e cada um ou uma no seu canto ignorad@s e sem qualquer projeção mediática? Precisamente, porque será que esta garota tem esta projecção mediática e mundial unanime e dos Governos e apoio de todos os meios virtuais e até censura? É mesmo esse o mediatismo que acreditam estar do lado do povo e das massas anonimas, os que sofrem, de países destruídos e pretendem desse modo a acabar com o horror de tudo o que tão detalhadamente falam e são crimes contra a humanidade?

Por mim podem gastar toda a vossa energia a gritar aos 4 ventos que não vai mudar nada… porque só uma CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL e cada pessoa per se pode mudar em si e fazer a diferença e fazer também o que é correcto socialmente …?

Mas urge por fim perguntar-vos: vão deixar de usufruir todos os benefícios humanos que derivam do petróleo e deixar de andar de carro? Já não falo deixar de comer carne...mas vão deixar de tomar duche de água quente, deixar de andar de avião? Sim vão deixar de fazer turismo e andar de um lado para o outro como baratas tontas?...e deixar computadores e telemóveis!?
Alguém vai fazer isso, sinceramente? E quem vai plantar batatas cenouras e alfaces para comer e viver no campo, criar galinhas dos ovos d' ouro ou guardar porcos, andar a cavalo e por os  burros a andar à nora???
Não esqueçamos que fomos  nós humanos que contribuímos e participamos activamente na destruição do planeta há muitas décadas e todos e todas estamos sentad@s nos nossos carrinhos a gasolina a usufruir de tudo o que é civilização e progresso e que nós nunca pensamos que nos iria destruir a curto ou longo prazo? 
Ora a questão é essa, ninguém vai mudar nada a não ser a partir do seu interior - porque é em nós onde começa a mudança… não na televisão nem na rua aos gritos nem com slogans… manifestações em massa nem em revoluções...
Infelizmente sei que tudo isto vai passar e que nada vai mudar porque a destruição é global e cabal e  que já de nada adianta andar a papaguear…agora só mesmo mudando cada um a sua  forma de vida e começando as mudanças que quer ver fora, criá-las tanto quanto possível na sua vida de todos os dias...ser o exemplo de uma vez por todas! Começarmos a ser mais humanos e solidários uns com os outros em vez de nos odiarmos por religiões e causas e  ideologias e partidos e diferenças de classes e raciais e com guerras por tudo e por nada!

  rlp

terça-feira, setembro 24, 2019

EM 2050


O significado da vida em um mundo sem trabalho

Por: Yuval Noah Harari

A maioria dos empregos que existem hoje pode desaparecer dentro de décadas. À medida que a inteligência artificial supera os seres humanos em tarefas cada vez mais, ela substituirá humanos em mais e mais trabalhos. Muitas novas profissões provavelmente aparecerão: designers do mundo virtual, por exemplo. Mas essas profissões provavelmente exigirão mais criatividade e flexibilidade, e não está claro se os motoristas de táxi ou agentes de seguros desempregados de 40 anos poderão se reinventar como designers do mundo virtual (tente imaginar um mundo virtual criado por um agente de seguros!?). E mesmo que o ex-agente de seguros de alguma forma faça a transição para um designer de mundo virtual, o ritmo do progresso é tal que, dentro de mais uma década, ele pode ter que se reinventar novamente.

O problema crucial não é criar novos empregos. O problema crucial é a criação de novos empregos que os humanos apresentam melhor desempenho do que os algoritmos. Consequentemente, até 2050, uma nova classe de pessoas poderá surgir – a classe desocupada. Pessoas que não estão apenas desempregadas, mas desempregáveis.A mesma tecnologia que torna os seres humanos inúteis também pode tornar viável alimentar e apoiar as massas desempregadas através de algum esquema de renda básica universal. O problema real será, então, manter as massas ocupadas e o conteúdo. As pessoas devem se envolver em atividades propositadas, ou ficam loucas. Então, o que a classe desocupada irá fazer o dia todo?

Uma resposta pode ser jogos de computador. Pessoas economicamente redundantes podem gastar quantidades crescentes de tempo dentro dos mundos da realidade virtual 3D, o que lhes proporcionaria muito mais emoção e engajamento emocional do que o “mundo real” externo. Isso, de fato, é uma solução muito antiga. Por milhares de anos, bilhões de pessoas encontraram significado em jogar jogos de realidade virtual. No passado, chamamos essas “religiões” de jogos de realidade virtual.

O que é uma religião, se não um grande jogo de realidade virtual desempenhado por milhões de pessoas juntas? Religiões como o Islã e o Cristianismo inventam leis imaginárias, como “não comem carne de porco”, “repita as mesmas preces um número determinado de vezes por dia”, “não faça sexo com alguém do seu próprio gênero” e assim por diante. Essas leis existem apenas na imaginação humana. Nenhuma lei natural exige a repetição de fórmulas mágicas, e nenhuma lei natural proíbe a homossexualidade ou a ingestão de porco. Muçulmanos e cristãos atravessam a vida tentando ganhar pontos em seu jogo de realidade virtual favorito. Se você reza todos os dias, você obtém pontos. Se você esqueceu de orar, você perde pontos. Se, no final da sua vida, você ganhar pontos suficientes, depois de morrer, você vai ao próximo nível do jogo (também conhecido como o paraíso).

Como as religiões nos mostram, a realidade virtual não precisa ser encerrada dentro de uma caixa isolada. Em vez disso, ele pode se sobrepor à realidade física. No passado, isso foi feito com a imaginação humana e com livros sagrados, e no século 21 pode ser feito com smartphones.

Algum tempo atrás, fui com o meu sobrinho de seis anos, Matan, para caçar Pokémon. Enquanto caminhávamos pela rua, Matan continuava a olhar para o seu telefone inteligente, o que lhe permitia detectar Pokémon à nossa volta. Eu não vi nenhum Pokémon, porque não carregava um smartphone. Então vimos outras duas crianças na rua que estavam caçando o mesmo Pokémon, e quase começamos a lutar com eles. Parecia-me como a situação era semelhante ao conflito entre judeus e muçulmanos sobre a cidade sagrada de Jerusalém. Quando você olha a realidade objetiva de Jerusalém, tudo que você vê são pedras e edifícios. Não há santidade em qualquer lugar. Mas quando você olha através de smartbooks (como a Bíblia e o Alcorão), você vê lugares sagrados e anjos em todos os lugares.

A ideia de encontrar um significado na vida ao jogar jogos de realidade virtual é, evidentemente, comum não apenas às religiões, mas também às ideologias seculares e estilos de vida. O consumo também é um jogo de realidade virtual. Você ganha pontos adquirindo carros novos, comprando marcas caras e tendo férias no exterior, e se você tiver mais pontos do que todos os outros, dizendo a si próprio que ganhou o jogo.

Você pode contrariar dizendo que as pessoas realmente gostam de seus carros e férias. Isso certamente é verdade. Mas os religiosos realmente gostam de orar e realizar cerimônias, e meu sobrinho realmente gosta de caçar Pokémon. No final, a ação real sempre ocorre dentro do cérebro humano. Não importa se os neurônios são estimulados observando pixels em uma tela de computador, olhando para fora das janelas de um resort do Caribe ou vendo o céu nos olhos da mente? Em todos os casos, o significado que atribuímos ao que vemos é gerado pelas nossas próprias mentes. Não é realmente “lá fora”. Para o melhor de nosso conhecimento científico, a vida humana não tem significado. O significado da vida é sempre uma história de ficção criada por nós humanos.
Em seu ensaio inovador, Deep Play: Notas sobre a Briga de Galos em Bali (1973), o antropólogo Clifford Geertz descreve como na ilha de Bali, as pessoas passaram muito tempo e dinheiro apostando em brigas de galos. As apostas e as lutas envolveram rituais elaborados, e os resultados tiveram um impacto substancial na posição social, econômica e política de jogadores e espectadores.

As brigas de galos eram tão importantes para os balineses que, quando o governo indonésio declarou a prática ilegal, as pessoas ignoraram a lei e se arriscavam a prisão e multas pesadas. Para os balineses, as brigas eram “jogo profundo” – um jogo confeccionado que é investido com tanto significado que se torna realidade. Um antropólogo balines poderia, sem dúvida, ter escrito ensaios semelhantes sobre futebol na Argentina, Brasil ou no judaísmo em Israel.

De fato, uma seção particularmente interessante da sociedade israelense fornece um laboratório exclusivo de como viver uma vida satisfeita em um mundo pós-trabalho. Em Israel, um percentual significativa de homens judeus ultra-ortodoxos nunca trabalhou. Eles passam toda a vida estudando escrituras sagradas e realizando rituais de religião. Eles e suas famílias não morrem de fome, em parte porque as esposas muitas vezes trabalham, e em parte porque o governo lhes fornece generosos subsídios. Embora geralmente vivam na pobreza, o apoio do governo significa que eles nunca faltam para as necessidades básicas da vida.

Isso é uma renda básica universal em ação. Embora sejam pobres e nunca trabalhem, em pesquisa após pesquisa, esses homens judeus ultra-ortodoxos relatam níveis mais elevados de satisfação com a vida do que qualquer outra parte da sociedade israelense. Nos levantamentos globais sobre a satisfação da vida, Israel está quase sempre no topo, graças em parte ao contributo destes pensadores profundos e desempregados.

Você não precisa ir a Israel para ver o mundo do pós-trabalho. Se você tem em casa um filho adolescente que gosta de jogos de computador, você pode realizar sua própria experiência. Fornecer-lhe um subsídio mínimo de Coca-cola e pizza e, em seguida, remover todas as demandas de trabalho e toda a supervisão dos pais. O resultado provável é que ele permanecerá em seu quarto por dias, colado na tela. Ele não vai fazer qualquer lição de casa ou tarefas domésticas, vai ignorar a escola, ignorar as refeições e até mesmo ignorar os chuveiros e dormir. No entanto, é improvável que ele sofra de tédio ou uma sensação de sem propósito. Pelo menos não no curto prazo.

Portanto, as realidades virtuais provavelmente serão fundamentais para fornecer significado à classe desocupada do mundo pós-trabalho. Talvez essas realidades virtuais sejam geradas dentro dos computadores. Talvez sejam gerados fora dos computadores, sob a forma de novas religiões e ideologias. Talvez seja uma combinação dos dois. As possibilidades são infinitas, e ninguém sabe com certeza que tipos de peças profundas nos envolverão em 2050.

Em qualquer caso, o fim do trabalho não significará necessariamente o fim do significado, porque o significado é gerado pela imaginação em vez de pelo trabalho. O trabalho é essencial apenas para o significado de acordo com algumas ideologias e estilos de vida. Os escravos ingleses do século XVIII, os judeus ultra-ortodoxos atuais e as crianças em todas as culturas e eras encontraram muito interesse e significado na vida, mesmo sem trabalhar. As pessoas em 2050 provavelmente poderão jogar jogos mais profundos e construir mundos virtuais mais complexos do que em qualquer momento anterior da história.

E quanto à verdade? E a realidade? Realmente queremos viver em um mundo no qual bilhões de pessoas estão imersas em fantasias, buscando objetivos criativos e obedecendo leis imaginárias? Bem, goste ou não, esse é o mundo em que vivemos há milhares de anos.

Yuval Noah Harari é professor na Universidade Hebraica de Jerusalém e é autor de ‘Sapiens: Uma Breve História da Humanidade’ e ‘Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã’

in Pensar Contemporâneo 

sábado, setembro 21, 2019

A MULHER É UMA DEGENERADA"



UM BOM LUGAR PARA TODOS OS MISÓGINOS:
MIGUEL BOMBARDA!


"Miguel Bombarda, o conhecido psiquiatra, em um livro "A epilepsia as pseudo epilepsias", lançou sobre a mulher este anátema: "A mulher é uma degenerada. E considera "ridículo" qualquer esforço em prol da independência da mulher e da sua elevação até ao homem."



Miguel Augusto Bombarda (Rio de Janeiro, 6 de Março de 1851 — Lisboa, 3 de Outubro de 1910) foi um médico, cientista, professor e político republicano português, figura cimeira na sua época.

Temos assim um grande medico e cientista que no principio do sec. XX fez estas declarações e como na sequência delas milhares de mulheres foram internadas em Hospícios e maltratadas submetidas a lobotomias. Não só Miguel Bombarda iminente cientista como o prof. Egas Moniz foi responsável por essas atrocidades de que foram principalmente as mulheres as maiores vitimas da história. Acusadas de degeneradas e histéricas foram sucessivamente sujeitas as maiores crueldades.
rlp


"De uma forma ou de outra, você já deve ter ouvido falar sobre a Lobotomia. Hoje em dia essa técnica foi completamente desacreditada, mas antigamente não era bem assim.

Há apenas poucas décadas, milhares de pessoas foram lobotomizadas por causa de doenças que hoje são controladas com remédios, como a depressão e a ansiedade.
Afinal, o que é lobotomia?

A lobotomia significa a retirada de um pedaço do cérebro, geralmente o lobo pré-frontal, que é a área cerebral que mais se destaca no cérebro humano.

Há algumas décadas, era uma prática recomendada por muitos psiquiatras. Além de todo o procedimento ser realizado sem nenhum exame prévio e sem precisão cirúrgica, vários outros fatos bizarros eram muito comuns.


O uso do picador de gelo

Inicialmente, as lobotomias eram realizadas com o auxílio de picadores de gelo! Com o picador, o médico fazia uma perfuração atrás do olho do paciente. Assim que a ponta do objeto chegasse ao cérebro, o médico o girava e retirava um pedaço de tecido cerebral.

E o pior: geralmente o procedimento era feito sem anestesia.
O criador da lobotomia ganhou um Prêmio Nobel


Hoje, a lobotomia é vista como um fracasso da psiquiatria moderna, mas ela já foi um procedimento muito respeitado.

Foi desenvolvida por Egas Moniz, um médico português, que dizia que os pacientes esquizofrênicos ficavam mais controláveis após o procedimento. Algum tempo depois, Moniz ganhou um Prêmio Nobel por descobrir o valor terapêutico do procedimento em pacientes com distúrbios psiquiátricos.

Apesar de Egas Moniz defender o seu uso da operação apenas em casos graves, como em risco de suicídio, esse tipo de cirurgia foi praticada excessivamente em muitos países, como nos Estados Unidos e Japão."

in Hiper Cultura

quarta-feira, setembro 18, 2019

EM BUSCA DA MULHER VERDADEIRA


A MULHER MODERNA: UMA PÁLIDA IMAGEM DA MULHER REAL

É "Esta negação de si mesma (que) esta interiorizada em níveis tão profundos"...da sua psique...que impede a mulher de se realizar na sua plenitude como mulher adulta e realizada.
Não, à mulher de hoje não basta integrar o seu lado masculino, como dizem as mulheres masculinas dentro de uma certa espiritualidade, para realizar a dinâmica dos dois em Um e obter a suprema união do feminino e masculino, porque a mulher moderna está amputada de uma parte significante de si mesma e parte dentro destes moldes, e desde logo, inferiorizada na sua relação com o homem. A mulher moderna está muito longe de ser essa Mulher Yin complemento de Yang e vice-versa, porque a mulher foi afastada da sua natureza primordial e a mulher que vemos por ai e que se pensa emancipada é uma pálida imagem da Mulher ancestral, da mulher telúrica, quando ela representava as forças da Terra e da Natureza Mãe e estava unida ao Principio Feminino à Lua e as suas entranhas…
A mulher moderna é a negação de tudo o que é natural e verdadeiro… ela pensa como os homens e ela obedece a uma imagem estereotipa que o homem construiu de si...

E era aqui, a partir desta consciência que se deveria começar uma nova história para a mulher…mas para isso há que ter em conta este tremendo branqueamento feito à mulher verdadeira, o seu apagamento como ser autónomo e livre, a  negação da mulher inteira, assim como o da Deusa Mãe, ambas banidas da história dos homens e das suas religiões – que mantêm uma “deusa imaculada” e estéril no altar das suas Igrejas misóginas e condenam a mulher real a exploração mais abjecta. Eles dominam o Planeta há milénio submetendo e explorando metade desta humanidade: as mulheres e as Mães…dividindo-as e condenando-as ao descrédito eterno...

rosaleonorpedro

Por isso e para começar um Novo Paradigma,  “É necessário reconstruir a contradição homem-mulher a partir da negação do corpo da mulher, e portanto aquilo que na Psicanálise tradicional aparece como enfermidade, neurose, desadaptação, etc. converte-se numa contradição material.
A mulher encontra-se desde o princípio sem uma forma própria de existir, como se o existir da mulher já se encontrasse numa forma de existência (mulher, mãe, filha, etc.) que a negam enquanto mulher. Ser mãe significa existir e usar o corpo em função do homem, e por isso uma vez mais carecer de sentido e de valor do próprio corpo e da própria existência a todos os níveis.
Esta negação de si mesma esta interiorizada em níveis tão profundos que é como se as mulheres, ao longo de toda a sua história, não tivessem feito mais do que repetir esta história de autodestruição. Por consequência, o discurso sobre a violência masculina, sobre o vexame, a dominação, sobre os privilégios, etc. continuará sendo um discurso abstracto se não tivermos em conta o aspecto interiorizado desta mesma violência, a violência como auto-negação, negação duma existência própria. A negação de si mesma é posta em marcha a partir do nascimento, a partir da primeira relação com a mãe, onde esta já não se encontra presente como mulher com o seu corpo de mulher, estando ali como mulher do homem e para o homem. (…)

O facto da menina viver a relação com a pessoa do seu sexo apenas através do homem, com essa espécie de filtro que existe entre ela e a mãe, é a razão mais profunda da divisão que encontramos entre uma mulher e outra mulher; nós as mulheres estamos divididas na nossa história desde sempre, não apenas porque cada uma de nós está unida socialmente ao marido, às e aos filh@s – este é apenas o aspecto visível da separação – a divisão dá-se a um nível mais profundo, ao não conseguirmos olhar-nos uma à outra, ao não sermos capazes de contemplar o nosso corpo sem termos sempre presente o olhar do homem. (…)
Num artigo em “L’Erba Voglio”… insistia na relação interrompida com a mãe, ou no mínimo deformada desde o começo precisamente porque a mãe não é a mulher, apenas “a mãe”, ou seja, a mulher do homem. Do facto de que a mulher não encontra na relação com a mãe o reconhecimento da sua própria sexualidade, do seu próprio corpo, procede depois toda a história sucessiva da relação com o homem como relação onde a negação de tudo aquilo que tu és, da tua sexualidade, da tua forma de vida, já se produziu.”

Lea Melandri, La Infamia Originaria (excertos),
citada por Cacilda Rodrigañez Bustos em El Assalto al Hades

O HOMEM SÓ SE VÊ COMO AUTORIDADE



Marcio Gimenez


UM HOMEM LUCIDO 

"A autoridade é uma instituição masculina. Deus é masculino, o pai é masculino, o chefe é masculino, o patrão, o patriarca, o senhor... todas as formas fundantes, simbólicas e/ou absolutas de autoridade são masculinas.

A instituição do gênero masculino é forjada na autoridade.
Masculino e autoridade são uma mesma coisa. O homem só consegue pensar/existir na autoridade, porque ela é constitutiva do seu sujeito. O homem não existe fora da autoridade. O homem não se entende a si mesmo, enquanto homem, fora da autoridade. Nem a si, nem ao outro, nem ao mundo. O homem não entende nada fora da autoridade, porque ele é a autoridade. E disso se desdobra toda a instituição de hierarquia.

Existe um déficit cognitivo fundamental no homem, pois, que o impede de reconhecer verdadeiramente, sentir como possível, em vivência, qualquer relação que não seja fundada na autoridade e na hierarquia. Não existe homem revolucionário. Vindo de homem, só o que existe é discurso de apropriação de racionalidade alheia - racionalidade que se consegue, com algum esforço honesto de desconstrução, às vezes, apenas ficcionar sobre e se apegar com algum afeto a essa ficção, mas nunca experimentar legitimamente enquanto potência real e transformadora.

Os homens mais burros, mais ignorantes, os mais limitados, aqueles mais centrados em sua macheza, mais apegados ao seu próprio sujeito masculino e a sua lógica androcentrada, são justamente aqueles que não conseguem SEQUER IMAGINAR, ficcionar, uma sociedade livre de autoridade e hierarquia. E, geralmente, são os mesmos que são considerados, em alguma instância, inteligentes, geniais e bem sucedidos na lógica em que existem, se mantem, vivem e da qual se beneficiam."

"SOU INDEJÁVEL"


Maria Lacerda de Moura


UMA MULHER E ESCRITORA BRASILEIRA


Nascimento em 16 de Maio de 1887 Minas Gerais
Falecimento em Março de 1945 (57 anos) Rio de Janeiro



[…] “A palavra “feminismo”, de significação elástica, deturpada, corrompida, mal interpretada, já não diz nada das reivindicações feministas. Resvalou para o ridículo, numa concepção vaga, adaptada incondicionalmente a tudo quanto se refere à mulher.Em qualquer gazela, a cada passo, vemos a expressão “vitórias do feminismo” – referente, às vezes, a uma simples questão de modas! Ocupar uma posição de destaque em qualquer repartição pública, cortar os cabelos “à la garçonne”, viajar só, estudar em academias, publicar um livro de versos, ser “diseuse”, divorciar-se três ou quatro vezes, pelas colunas do “Para Todos”, atravessar a nado o Canal da Mancha, ser campeã de qualquer esporte. – tudo isso consiste “nas vitórias do feminismo”, vitórias que nada significam perante o problema da emancipação integral da mulher.

É a razão por que não posso aceitar nem o feminismo de votos e muito menos o feminismo de caridades. E enquanto isso a mulher se esquece de reivindicar o direito de ser dona de seu próprio corpo, o direito da posse de si mesma. Sou “indesejável”, estou com os individualistas livres, os que sonham mais alto, uma sociedade onde haja pão para todas as bocas, onde se aproveitem todas as energias humanas, onde se possa cantar um hino à alegria de viver na expansão de todas as forças interiores, num sentido mais alto – para uma limitação cada vez mais ampla da sociedade sobre o indivíduo. Que representa uma “creche”, um hospital ou o direito de voto ante a vastidão dos nossos sonhos de redenção humana pela própria humanidade? É subir mais alto o coração e o cérebro, ver horizontes mais dilatados -além do sectarismo religioso ou da superstição social governamental. Isso é feminismo? Dêem o nome que quiserem, pouco importa: o que esse feminismo (não me agrada a expressão tão estreita para ideal tão amplo) reivindica é o “Direito Humano”, o Direito Individual, acima de qualquer outro direito, além dos direitos limitados ao parlamentarismo, além dos direitos de classe.”

"Levará ainda tantos séculos a perceber que as religiões organizadas, política e economicamente, não são senão instrumentos de exploração dos ignorantes, dos desfibrados, dos ambiciosos, dos moluscos, dos que carecem de espinha dorsal… Ninguém cresce na sua individualidade através da consciência ou, talvez, da inconsciência de outrém. Não é demais repetir que a atual organização social baseia-se na ignorância de uns, no servilismo da maioria, na astúcia de outros, no comodismo de muitos, na exploração dos espertos, na felicidade dos “proxenetas” e “souteneur “, desse cafetismo, desse regime de concorrência, em que se compra e vende tudo, inclusive o Amor e a Consciência – as mais altas manifestações do que é nobre e belo e grande, do que tumultua na vibração interior da nossa vida profunda."
Maria Lacerda de Moura



NOTA 

Passados quase um século (1945-2019)... percebemos que a mulher e o voto e o feminismo - por falta de consciência individual e humana, por falta de uma consciência do feminino integrado e a divisão da mulher em duas, a humanidade pouco ou nada evoluiu a não ser exteriormente... tecnicamente. Do ponto de vista da liberdade e consciência individual os seres humanos continuam presos ao Sistema Capitalsita e consumista que nunca mudará a sua face sobretudo em relação as mulheres sem que haja um novo paradigma. As mulheres são a mais valia de mercada  dentro do Sistema Patriarcal. 
Digam o que disserem os politicos e as feministas as mulheres continuam a sofrer o mesmo peso da opressão e exploração só que de forma mais sofisticada e maquiavélica...a cultura transformou-se numa forma de domínio esclavagista da mulher e do seu corpo a nivel geral e  o homem continua no poder a dominar e a escravizar a mulher no mundo inteiro. Aliás aculturando a mulher  da sua historia e alienando-a da natureza profunda, já não confinada ao lar, mas confinada a uma profisão e à Arte e a Cultura moderna, sujeita aos modelos do  cinema e da musica e até da pornografia,  o que fazem agora é como que se prostituissem  gratuitamente… Pensam-se  livres e iguais ao homem e fazem do sexo o unico apanágio da sua vida tal como os eles. Assim, o homem moderno já não precisa casar nem ir ao Bordel ou ao Bar porque as mulheres expõem-se e vivem na pele a maior degradação do seu corpo e sexo. 

rlp

terça-feira, setembro 17, 2019

O MEDO QUE O HOMEM TEM DA MULHER...



UM TEXTO FUNDAMENTAL PARA A COMPREENSÃO DO FEMININO E MASCULINO - NÃO CONFUNDIR COM MACULINISTAS DE AMBOS OS SEXOS...

"Nas sociedades civilizadas actualmente ... a inveja do clitóris, ou inveja do útero, toma formas subtis. A necessidade constante do homem de depreciar a mulher, de humilhá-la, de negá-la direitos iguais, e de diminuir suas façanhas — todas são expressões da sua inveja e medo inatos.

O facto é que os homens necessitam das mulheres mais do que as mulheres necessitam dos homens; e então, ciente deste facto, o homem tem procurado manter a mulher dependente dele economicamente como o único método disponível para ele fazer-se necessário para ela. Como no início a mulher não se tornaria sua escrava voluntária, ele tem feito ao longo dos séculos uma sociedade na qual a mulher deve servi-lo para sobreviver."

Provas de que o pênis é um desenvolvimento muito posterior à vulva feminina são encontradas na evidência de que o próprio macho é uma mutação tardia da criatura feminina original. Pois o homem é uma fêmea imperfeita. Geneticistas e fisiologistas nos dizem que o cromossomo Y que produz machos é um deformado e quebrado cromossomo X — o cromossomo feminino. Todas as mulheres têm dois cromossomos X, enquanto o macho tem um X derivado de sua mãe e um Y de seu pai. Parece bastante lógico que este pequeno e torcido cromossomo Y é um erro genético — um acidente da natureza, e que originalmente havia somente um sexo — o feminino.

Para masculinistas de ambos os sexos, "feminilidade" significa tudo o que os homens têm embutido na imagem feminina nos últimos séculos: fraqueza, imbecilidade, dependência, masoquismo, insegurança, e uma certa sexualidade "bonequinha" que é na verdade apenas uma projeção dos sonhos masculinos. Para "feministas" de ambos os sexos, feminilidade é sinônimo do eterno princípio feminino, conotando força, integridade, sabedoria, justiça, confiança, e um poder psíquico estrangeiro e portanto perigoso para os laboriosos masculinistas de ambos os sexos.“

A erroneamente chamada mulher "feminina", tão admirada pelo seu criador, o homem — a mulher que é complacente com sua inferioridade e que tem engolido a imagem que o homem fez dela como sua "ajudante" ordenada e nada mais — é, na realidade, a mulher "masculina". A mulher verdadeiramente feminina não pode deixar de se inflamar com a raiva interior que vem de ter que se identificar com a imagem negativa dela feita por seu explorador, e ter que se conformar à ideia de seu perseguidor da feminilidade e suas limitações decretadas pelo homem. 

Na nova ciência do século XXI, não a força física, mas a força espiritual vai liderar o caminho. Dons mentais e espirituais serão mais necessários do que dons de natureza física. A percepção extra-sensorial terá prioridade sobre a percepção sensorial. E nessa esfera a mulher voltará a predominar. Ela, que foi venerada e adorada pelo homem primitivo por causa de seu poder de ver o invisível será mais uma vez o eixo — não como sexo, mas como mulher divina — sobre o qual a próxima civilização, como antigamente, girará.“ — 

Por Elizabeth Gould Davis


DA PSICOLOGIA...



A INVEJA INCONSCIENTE -  E OS ELOGIOS


"A desvalorização dos outros, assim como o desdém, são defesas contra a inveja inconsciente. Na sua origem, estão as experiências más ou pouco gratificantes que superaram as boas, vividas nas relações precoces. Consequentemente, por não se ter maturidade para lidar com essas emoções contraditórias de amor e ódio pelas pessoas de quem se dependeu, porque se foi troçado ou humilhado, ou não “levado a sério”, surge a culpa, também ela prematura. As pessoas próximas e as suas qualidades, e a admiração que se poderia ter por elas, não passaram a fazer parte do mundo interior dos indivíduos narcísicos, caracterizando a natureza das relações no presente. Se assim acontecesse teriam dado conforto e segurança.
Admirar e elogiar (com verdade e de modo desinteressado), são seguramente fontes de auto-estima!"



A BONDADE

“Talvez sejamos incapazes de tolerar o fato de não sermos os melhores. Por isso, embora a bondade seja alvo de um ataque, talvez este não decorra apenas de um brutal desejo de ferir, mas também de um outro motivo: destruir alguma coisa ou alguém cuja bondade experimentamos em termos que nos fazem sentir maus. A inveja comporta sempre uma comparação – invejamos aquilo que nos faz falta.” - Kate Barrows Inveja Almedina

A pessoa bondosa é um exemplo que é possível superar, com coragem, o combate diário que todos nós travamos contra o nosso lado mau, mas que nem sempre, ou nem todos nós, conseguimos.


In Incalculável Imperfeição - Publicada por cristina simões - psicologa

Estamos no mundo a ser punidas, por todos e por ninguém, por tudo e por todos.


É PRECISO E URGENTE PENSAR COMO MULHER - eu SINTO LOGO SOU...

Ao longo dos anos têm-se gerado vários equívocos acerca do que eu escrevo. Não é que eu ache que o que eu escrevo seja lei ou importante para a humanidade... apenas escrevo o que sinto e penso e penso como Mulher. A mulher tem de pensar diferente e erguer o seu pensamento à luz de uma verdade sua e que lhe pertence, evocando uma pertença e um Dom que é só seu na medida em que ela representa um polo da humanidade. Ela representa o feminino e portanto ela tem de ser fiel a esse principio,a essa herança materna, infelizmente completamente apagado da História patriarcal e confundido com este nos seus valores… A Mulher no matriarcado não dominava o homem nem usava a violência como o homem o faz e domina a mulher no patriarcado. Essa é uma diferença abismal entre o Principio Feminino materno e solidário, inclusivo e pacifico, e não dominador e controlador que separa e divide, como o homem faz de acordo com o Principio Masculino.
O que eu defendo e com isso NUNCA ATAQUEI NEM FALO MAL DOS HOMENS, apenas me refiro aos princípios separados pela Espada e que impede o Cálice - Mulher de ser e de dar-se, de mitigar a sede dos seres humanos, seus filhos e que foi suprimido da vida social e humana há milénios. Mas eu penso e eu falo de um pensamento feminino que é SINTESE, que é razão e intuição e não logica apenas e razão, como ela impera no mundo e é o discurso masculino que a mulher inclusivo usa e propaga. O homem pensa e diz logo existe...a mulher SENTE e logo existe. É preciso que a mulher pense por si e com a razão do lado do coração. É essa a linguagem precisa para o mundo de hoje. Uma linguagem que una e não separe.
Não estou nem nunca estive contra o Homem filho, estou contra o homem pai que se outorgou todos os direitos sobre a filha e a mulher e a impediu de ser um ENTE livre e expressar a sua verdadeira natureza, a feminina e a transformou num ser hibrido e sem alma… uma ser objecto e abjecto na maior parte das vezes e a explorou e usou em seu benefício e em prol do seu prazer. É contra esta realidade de ainda hoje que me rebelo e não contra o homem de per se…só assim pensarão os ignorantes e os mal intencionados que não querem perder esse poder de dominar e usar e as pobres mulheres convertidas ao seus ministérios e tutela...
Por tudo isto, as mulheres precisam de ouvir as outras mulheres, de ler livros de mulheres, antropólogas, psicólogas e escritoras que estejam na área do feminino, precisam de falar com as mulheres do fundo do coração e confiar nelas. Isto não as coloca contra os homens. Apenas as põe em sintomia com elas mesmas… e contra a corrente intelectual e mental que as domina e impede de serem realmente MULHERES.
rlp

SE ALGUÉM DUVIDA DO QUE ESCREVO QUE LEIA ESTE ROL DE PROVAS DO QUE FEZ DEUS PAI COM AS MULHERES...


O DEUS DOS HOMENS QUE EXPLORA AS MULHERES...

"O patriarcado é como Deus, só pode ser visto através de suas obras. E para isso existem seus filhos saudáveis ​​e doentes, responsáveis ​​por marcar, em nossos corpos e em nossos direitos, a marcha do todo-poderoso pai e impor suas leis. Mesmo antes de Moisés ter baixado informações da nuvem em seu famoso tablet.
O deus patriarcal é um pai cruel para as mulheres, pois ele foi forçado a punir toda a humanidade por nossos pecados. Fomos punidas por dar à luz nossos próprios filhos e aquilo que fazemos pelos outros, morrer no parto ou se fosse uma escolha entre mãe e filho ... e no sexo, ele nos projetou socialmente para proporcionar prazer e ratificar o poder de homens, reprimindo nossa sexualidade, com a desculpa de que era tão prejudicial e fugitivo que causou guerras e destruição.
Platão não nos concedeu uma alma racional e Aristóteles se perguntou se, no momento da criação de todas as coisas, era uma boa idéia criar mulheres:
“O filósofo diz no livro De Generat. Animal.: "A mulher é um homem frustrado. Mas, na primeira criação das coisas, não era conveniente que não houvesse nada frustrado ou imperfeito. Portanto, na primeira instituição das coisas, a mulher não deveria ter sido feita. ”

Posteriormente, os filhos sagrados das monodias patriarcais o ratificaram em seus estudos brandos:
... “... Em relação à natureza particular, a mulher é algo imperfeito e ocasional. Porque o poder ativo que reside no sêmen do homem tende a produzir algo semelhante a ele no gênero masculino. O fato de uma mulher nascer se deve à fraqueza da potência ativa, ou à má disposição do assunto, ou também a algumas mudanças produzidas por um agente extrínseco, por exemplo, os ventos do sul, que são úmidos ... ”,
São Tomás instruiu a basear, recorrendo aos clássicos, sua sagrada misoginia, mantida ao longo dos séculos até os dias atuais.
Se estava recorrendo a fenômenos meteorológicos ou à suposta passividade do esperma, os geneticistas religiosos e esclarecidos, não eram muito menos, os pioneiros do patriarca ou os primeiros misóginos da história.
Embora o capitalismo não tenha sido dado à luz por nenhuma mulher, quando nasceu, o mundo não estava, portanto, muito menos livre da opressão patriarcal. O sistema de produção capitalista já tinha a terra paga para continuar o domínio ancestral de um sexo sobre o outro.
Deve ser por essa razão que, como eles não vêem o patriarcado, diante ou além da opressão de classe, muitos camaradas da esquerda anticapitalista autoproclamada não são feministas.
Muitas mulheres, também da esquerda, esperam que elas comecem a errar, ajudando-as e contribuindo decisivamente na luta de classes, embora geralmente estejam em conformidade com posições subordinadas. Dos parceiros masculinos, podemos esperar, no entanto, que eles reivindiquem, por exemplo, a organização das mulheres que estão na instituição ancestral da prostituição porque ... o que é melhor do que pedir direitos trabalhistas pós-modernos e de classe para os escravos sexuais comuns?
Deve-se notar que, para manter o status letárgico e de submissão das mulheres, Deus e seus filhos não apenas usam a violência. Eles nos dedicam seus rostos mais amorosos, oferecem e alimentam-nos com muitos mitos sociais que supostamente nos dignificam em nossa situação de subjugação e que muitas mulheres seguem e aceitam sem questionar e enfeitiçam. Para nós, permanece: amor romântico, real, amor incondicional, maternidade e filhos que Deus nos envia, capacidade de abnegação diante do sofrimento, resto do guerreiro, rendição a outros, aspiração à beleza física e de perfeição, a doçura do lar, para nos manter nele, se alguma vez pensarmos em fugir, o que mais você quer para uma mulher do que um bom casamento, sua casa, seu marido e seus filhos, mantendo a linha ...?
Desde os tempos dos cristo-jesús, somos construídos à imagem da mãe virgem e, muito antes, da costela do homem. Não somos seres humanos completos, mas podemos aspirar ser meio, meio laranja, meio racional ou semiprincesas, esperando sair da passividade para continuar nela. Nessa espera, sim, adornado com lindos vestidos de noiva, branco virgem, o que nos torna ainda mais bonitos aos olhos do pai, de todos os deuses e do filho.
Sendo contra o mandato patriarcal ou mesmo favorecendo, temos muitos riscos vitais a serem superados, antes e depois do nascimento, fazendo-o sem pênis.
Desde o nascimento, já um castigo divino ou um erro genético ou ambiental, nunca seremos descriminalizadas, sempre em liberdade condicional, continuaremos sendo culpadas das tragédias da humanidade. Deve ser por esse motivo que algumas não são deixados nascer. E se o fizerem, não importa o lugar ou o contexto, a cor da pele ou o país, sem dúvida seremos igualmente oprimidas por Deus e pelos homens. Alguns deles cortam o nosso clitóris para que fique mais claro qual é o nosso papel e nossa culpa, nos cobrem com véus ou nos envenenam com ansiolíticos, antidepressivos ou elevações faciais ou corporais, devido à nossa baixa capacidade de ser igual ao macho da espécie.
Contrariar as leis patriarcais é hoje e é da noite dos tempos, objeto de punição, que vai da mutilação ao feminicídio, passando por anos de agressão, violações, compra e venda e maus-tratos sociais. A violação do mandato sempre nos marcará como culpados, também se o aceitarmos. E nos sentiremos culpados, quer aceitemos ou não.
Estamos no mundo a ser punidas, por todos e por ninguém, por todos e por todos. A misoginia é tão estrutural quanto a história humana, escrita por Deus e pelos homens. E mantido por todos aqueles que não vêem ou não querem ver o deus patriarcado, antes ou depois da opressão moderna e pós-moderna."
Elva Tenorio - Bacharel em Medicina e Psicologia. Feminista Barcelona Group

sexta-feira, setembro 13, 2019

O SER HUMANO ENQUANTO HOMEM E MULHER


NOTA A MARGEM - Achei este artigos bastante interessante para o publicar, mesmo não estando de acordo com boa parte das premissas de que parte o autor. Contudo no geral achei interessante a sua abordagem, mas sem que se considere como é evidente a questão da mulher no mundo patriarcal e a sua sujeição social e económica ao homem ao longo dos séculos o que invalida toda a tentativa de igualar as condições de que usufruem um e outro sexo.



"Ser homem e ser mulher não são acidentes do ser humano, senão que pertence inseparavelmente a sua essência".  - (E. Metzke)


UMA PEQUENA INTRODUÇÃO


RASCUNHO DO SER HOMEM E MULHER

"Estamos vivendo uma época na qual está questão do ser humano enquanto homem e mulher são bastante discutidos principalmente no campo dos direitos e deveres. "O fato da natureza que determina a existência da mulher era interpretado, na antiguidade e na idade média, como inferioridade da mulher no campo cultural". Em algumas culturas os homens são verdadeiros agentes, ao contrário da mulher que não são mais que uns sacos em que se criam as crianças. "O homem projeta e transforma o mundo; a mulher guarda a vida". Simone de Beauvoir "reivindica para as mulheres as mesmas profissões e funções que exercem os homens na sociedade, sem nenhuma forma de discriminação entre os sexos". Por sua vez, a filósofa alemã Edith Stein dizia que não há profissão ou função que a mulher não possa exercer. A mulher pode exercer qualquer atividade com toda sua capacidade e de igual valor e direito ao homem. "Antes de ser sexo diverso, a mulher é pessoa livre que se projeta a si mesma no mundo. E nisto é radicalmente igual ao homem". (R. Simom. Citado do livro "El problema del hombre". Gevaert. p.110).

Nos paises islâmicos, de orientação xiita as mulheres mal podem mostrar o rosto em público. Nesses paises islâmicos "o adultério é uma contravenção grave que pode ser punida com morte ou longos anos de prisão". O amor sem dúvida deve ser o eixo central na relação dos cônjuges, tornando assim uma relação mais sólida e madura. "O encontro dos sexos em um nível de igualdade plena será unicamente o encontro dos libertados". Homem e mulher são intrinsecamente iguais em direitos e deveres, portanto deve existir o respeito e a consideração mútua entre si. "O fato é que só as pessoas que, alguma vez, foram livres, dão valor à liberdade. Também só as pessoas livres respeitam a liberdade dos outros: quando e onde a mulher soube o que é ser livre? Terá havido mesmo uma antropologia matriarcal?" (Mulher: Objeto de cama e mesa. Heloneida Studuart, p.20) ou a complementação do homem e da mulher fica restringida somente a procriação?


O SER HOMEM E MULHER

Para estabelecer a polaridade primária como atividade da base fisiológica do sexo considere o homem como: Abstrato, Projeta e transforma o mundo, racional, razão e a mulher como: Passiva, concreta, conserva a vida, sentimental. Todavia, "O homem está orientado para as coisas a mulher para as pessoas". O autor Roque de B. Laraia descreve que "a espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente. A antropologia tem demonstrado que muitas das atividades atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outra" (Cultura: um conceito antropológico, p.19.)
Um foi feito para o outro, o homem completa a mulher e vice-versa. "De todas as formas o homem e a mulher se encontram em um projeto existencial diverso, isto é, em um diverso modo de estar no mundo". O comunismo prega a igualdade social e econômica entre homem e mulher. "Os direitos e as prestações dos homens e das mulheres têm que ser iguais". Contudo, o homem é vítima da violência na esfera pública, e a violência contra a mulher é perpetuada no campo doméstico, onde o agressor é mais freqüentemente, o próprio parceiro. A referência fundamental da construção social do gênero masculino é sua atividade na esfera pública. Enquanto nestas mesmas sociedades, atualmente, as mulheres estão maciçamente presentes na força de trabalho e no mundo público, a distribuição social da violência reflete a tradicional divisão do espaço; homens e mulheres como seres radicalmente diferentes.

O ser homem ou mulher caracteriza também necessariamente o aspecto do corpo. R. Simom, o.c., 396 observa: "O ser da mulher, condicionado por seu corpo como o do homem, não é jamais um ser semelhante feito, senão um ser que se faz continuamente a maneira de assumir a mulher às condições de sua existência e de contribuir para evolução das condições inumanas que são impostas quanto muito mais que a fisiologia e a psicologia". Em um nível psicológico há indiscutivelmente ressonâncias e caracterizações diversas entre o homem e a mulher. "Também as características psicológicas são consideradas amplamente como um dado de natureza". O homem se forma como homem frente à mulher e a mulher se forma como mulher frente ao homem; há aqui uma dupla relação. Portanto, "ser homem e ser mulher não são acidentes do ser humano, senão que pertence inseparavelmente a sua essência". (E. Metzke, a.c, 38-39). O ser humano é sexuado por inteiro e não somente por órgãos genitais.


O ENCONTRO ENTRE HOMEM E MULHER

Entende-se que esse encontro entre homem e mulher se dá no relacionamento de ambos; um é necessário para a complementação do outro. "Não é a sexualidade que nos faz inventar o amor, senão o amor que nos revela a natureza da sexualidade" (A. Jeannière. Citado do livro: "El problema del hombre". Gevaert. p.114). É importante e necessário procurar as possíveis qualidades humanas continuadas na organização homem-mulher. "Quando o homem, pasmado e admirado nos confrontos da realidade que vive e que é, a assumir com profundidade, exercitando ali uma reflexão sistemática, então nos encontramos diante da antropologia filosófica" (Dizer homem hoje: novos caminhos da antropologia filosófica. p. 36).
As diferenças entre os seres humanos são igualmente importantes. Um exemplo é que o homem em geral é mais abstrato e por outro lado à mulher já é mais concreta. O homem é mais racional e a mulher é mais sentimental. Porém, a mesma característica que se atribui ao homem pode atribuir-se à mulher. Mas isso pode sofrer uma mudança de acordo com a carga cultural de cada povo. Pois como diz o autor Roque de B. Laraia: "o homem e a mulher é o resultado do meio cultural em que foi socializado", pois, "cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra". Portanto, o homem e a mulher são formados pela cultura e pela sociedade em que vivem, ou seja, "homem e mulher são produtos do meio em que vivem".
Vivemos em uma sociedade pós-moderna em que o marido muitas das vezes não quer viver 'o tempo todo' ao lado de sua mulher. "Freqüentemente, os dois nada têm em comum, salvo a sua rotinizada vida sexual". Portanto, Mais uma vez sem dúvida o amor deve ser o eixo central na relação dos cônjuges. Mesmo com todos esses maus tratamentos da mulher por parte de seu parceiro Heloneida Studuart descreve: "Hitler teve total e unânime apoio das mulheres, na edificação do III Reich. E ele achava que a mulher não devia passar de procriadora, de mães de soldados. Esse ainda é o ideal secreto de muitas sociedades reacionárias. E a cumplicidade que muitas mulheres revelam diante desse programa demonstra o medo que elas têm da liberdade. Pois toda liberdade traz o risco da responsabilidade e da atuação" (Mulher: objeto de cama e mesa. p. 20). No relacionamento a mulher não espera só existência vegetativa, procriadora, e ainda muitas vezes de mera empregada de seu parceiro, mas deseja integrar-se a vida do homem, "ser com ele uma única pessoa". No casamento não é cada um ter sua vida, mas ambos devem está essencialmente unidos, como diz a bíblia "um só corpo e uma só carne".
O significado entre homem e mulher está essencialmente na relação entre pessoas. Ou seja, no encontro pessoal entre seres encarnados. "Um homem é verdadeiramente homem (no sentido humano) quando está frente a uma mulher, e a mulher é verdadeiramente mulher (no sentido humano) quando está frente ao homem" (A. Jeannière. Citado do livro: "El problema del hombre". Gevaert, p. 113). Na reciprocidade, ou seja, cara a cara corporalmente e psicologicamente. Entende-se que esse encontro entre homem e mulher se dá no relacionamento recíproco de ambos, um é necessário na complementação do outro. Nesta forma de ser para o outro o homem e a mulher criam uma relação interpessoal. O homem frente à mulher cara a cara ou vice-versa; um se reconhece no outro como pessoa, sendo que, ambos é reconhecido como tal pelo outro.


SEXUALIDADE E RELAÇÃO INTERPESSOAL

"A sexualidade pertence de modo específico à fecundidade". A fecundidade reveste a nível humano uma dimensão interpessoal entre o homem e a mulher. Estabelece uma vivência de diálogo com um novo ser, um relacionamento recíproco como homem e mulher. Neste encontro interpessoal é onde se manifesta a possibilidade humana. A estrutura homem e mulher são a que mais "expressa e manifesta o ser humano em sua natureza interpessoal". Homem e mulher: um não é mais que o outro. "Isso é o que traduz fundamentalmente a sexualidade". Na relação de fazer-se para o outro, a pessoa revela-se a si "mesma como homem ou mulher". Pois a sexualidade em sua particularidade humana se da unicamente nas relações entre pessoas que se reconhecem uns aos outros como tal, como seres humanos formados para o diálogo e para os contatos sociais.
A mulher é mais preocupada com os valores do mundo e sua conservação, é mais gratuita e é mais ética e amorosa em suas relações. Por outro lado, o homem vive preocupado com seus projetos e suas metas a alcançar, com suas relações públicas; sua ética é o dever. Entretanto, o homem transforma o mundo e domina-o, a mulher por sua vez tem seu "projeto existencial". A sexualidade não deve ser somente de uma dimensão corporal, mas deve ser também social. "A mulher não é em primeiro lugar uma pessoa humana, senão seu sexo". O amor na relação conjugal ajuda e contribui para uma relação mais segura e duradoura, não tornando a mulher num objeto de cama e mesa. "O amor é a norma suprema que determina a duração do matrimônio e das relações sociais" (J. Gevaert, El probrema del hombre, pp. 108-109). A educação dos filhos está relacionada diretamente em boa parte com a sociedade, com os meio onde estes indivíduos habitam. "Não se nasce mulher; faz-se". É a sociedade que define a pessoa humana, o homem torna-se produto da sociedade em que vive. Somente através dos outros indivíduos o homem pode reconhecer-se como tal. Como fala o princípio sartriano: "Cada homem é tal como vê o outro" (citado por: J. Gevaert, El probrema del hombre, p. 113).
Com a dimensão interpessoal e corpórea e a expressão de afeto e amor; o homem e a mulher podem descobrir a própria sexualidade. Está descoberta se dá através da história, das diversas formas de cultura, de forma inerente à mesma sexualidade e com o compromisso humano. "... é preciso buscar as possibilidades humanas contidas na estrutura homem-mulher". Para haver uma relação recíproca e duradoura no matrimônio, acredito que, é necessário uma autêntica convivência de amor, respeito, carinho e doação. Haja vista que, o amor é essencial para viver bem. Quero concluir este parágrafo da sexualidade fazendo uma referência de Juvenal Anduini em que ele descreve: "Ao defender-se da acusação de "pansexualismo", Freud explica que o amor não é apenas sexual, porque Eros se espalha pela personalidade toda. O amor entranha-se na existência humana. Arrancá-lo, seria arrancar a vida das pessoas". E como diz Saint-Exupéri o amor é essencial para a vida.


Nilton Gonçalves Menezes
Graduado em Filosofia pelo IFAMA - Paraná e Locutor



A DICOTOMIA DA MULHER


O ETERNO FEMININO OU A ANULAÇÃO DA MULHER REAL


"Woman are sublimated into something symbolic without presence"

(Susana Sidhe Aguilar, Ancient Roots of Goddess Culture)



Referência ao conceito de Eterno Feminino introduzido por Goethe:

“Empurra para o alto poetas e filósofos, ideal de pureza contemplativa, de mulher passiva e vazia de poder, compêndio de nobre feminilidade e canonização do “anjo do lar”, dedicada integralmente a ser a intercessora do homem entre ele e o seu bem-estar, encarnada numa santa ou numa obra de arte, condenada à abnegação, carente de história ou morta em vida. e como se não bastasse, enfrentando eternamente a dicotomia anjo ou monstro, pomba ou serpente, Branca de Neve ou madrasta, em definitivo, “a principal criatura gerada pelo homem, “a mulher criada por, a partir de e para o homem, as filhas dos cérebros, costelas e engenhos masculinos*.”



UNIR AS DUAS MULHERES EM CADA MULHER...



A divisão secular  da mulher na imagem  de Maria, a Virgem Mãe que representa a casta esposa e a Maria Madalena, como a amante e pecadora, são os dois modelos iniciais que o cristianismo pregou, separando assim a natureza instintiva e sexual da mulher da sua função maternal. Foi deste modo que o patriarcado criou uma cisão na mulher,  criando essa divisão  dentro de cada mulher: para atingir esses fins, e colocar a mulher ao serviço da espécie,  apresentou de um lado a mulher pecaminosa como se ela fosse apenas um objecto de prazer, enquanto que do outro, elogiava  a santa e casta esposa. É assim que encontramos as duas mulheres opostas cada uma de um lado da vida, sempre ao serviço do homem, uma como reprodutora a outra como mero objecto do prazer aleatório. Temos assim duas espécies de mulheres na nossa sociedade: uma como sendo a puta no bordel  ou na rua de um lado e  do outro, em casa,  a esposa santificada, a mulher frigida e sem desejo, fiel ao senhor e dono.



A polarização extrema destas duas mulheres na psique de cada mulher  gerou ao longo dos séculos uma fragmentação do seu ser Mulher como individuo e tornou a mulher comum que vive essa dicotomia permanente dentro de si a vítima dos maiores distúrbios, quer a nível psíquico, quer a nível físico e fisiológico...  foi essa mulher descompensada e histérica que os psicanalistas viram e tentaram tratar no início do séculos XX. A grande maioria dessas mulheres foram internadas e cosniderads loucas...

Mas mais grave ainda é a forma como nos nossos dias essa divisão da mulher atingiu proporções de calamidade social e humana  ao vermos como hoje ainda a mulher é prostituída, continuadamente explorada e violentada pelos homens em geral como mero objecto sexual, violada ou abusada e explorada por Mafias que fazem tráfico de meninas e mulheres  em todo o mundo. 


A mulher viveu assim seculos dentro dessa dicotomia e foi sempre julgada de acordo com a sua "escolha" de vida ou circunstâncias. Sempre privada da sua liberdade individual, como ente, ou julgada como prostituta caso não casasse ou não obedecesse portanto a um marido ou ao pai. Toda a violência doméstica, abusos e violações e o feminicídio são provenientes desta linha de pensamento judaico-cristão que impera no mundo católico e patriarcal e em que a mulher é ainda tida como pertença do homem e lhe deve obediência, caso contrário  é excluída e condenada a ser "a puta"...

ALGUMA COISA MUDOU DESDE ENTÃO?
Nas ultimas décadas e através dos Movimentos feministas as mulheres modernas tentaram mudar o rumo dos acontecimentos e alterar assim  o panorama das suas vidas  para poderem ter alguma liberdade, apelaram a direitos e igualdades, porém,  nunca se preocuparam com "a mais velha profissão do mundo" como se isso não fosse parte de si,  aceitando tacitamente essa divisão do seu Ser Mulher como uma coisa inevitável e eis que nos nossos dias AGORA, depois de tantas supostas conquistas e liberdades...toda essa realidade cai em cima delas.... afinal a emancipação da mulher não só foi uma batalha perdida como arrisca a perder tudo do pouco que se consolidou nestas décadas...Podemos constatar isso na forma como as mulheres estão a ser de novo perseguidas e caluniadas, julgadas como adulteras por tribunais e juízes fundamentalistas... assediadas no trabalho e na rua, abusadas e violadas por migrantes nos países de acolhimento, em risco de vida permanente nas grandes cidades e a terem de voltar a vestirem-se moderadamente ou mesmo a usar Burkas, quem sabe, daqui a uns dez anos...

Hoje não há só essas Máfias organizadas, que as exploram mesmo na nossa cara, mas o toda a industria do cinema, agora denunciados os tubarões da cena que abusavam e assediavam ou violavam  usando o seu poder as atrizes assim com actores assediavam jovens etc. como também vemos a ”arte” e a própria publicidade que usam a imagem da mulher de forma abusiva e degradante e ninguém faz nada...

rosa leonor pedro