Há dois dias que não escrevo nem posto nada de novo aqui...deixei a vastíssima Hecate com que me identifico hoje mais do que com Perséfone...Nunca me identifiquei com Deméter, talvez por não ter sido mãe...Sei contudo que isto parece mito...ou história do passado, uma história que explicava os meandros da psique humana que ficou nos tempos modernos por conta de Freud e vejam no que deu...só sexo...a seguir à época vitoriana...
Depois Carl G.Yung zangou-se com ele e fez a diferença. Ele mesmo foi pegar os velhos mitos e arquétipos para lá do complexo de Édipo e assim chegou bem mais longe... Mas continuamos no impasse...continuamos entre dois mundos ou duas realidades...da psique continuamos a saber muito pouco e as crenças são o que predominam: de um lado cremos em deuses e do outro sabemos uma série de coisas, mas afinal acaba por nos dominar a mais pura ignorância e os limites para atingir outros planos de consciência.
Andamos agora quase todos à volta das energias e do cosmos, de canalizações, de terapias, meditações e mantras...
Mas a verdade é que continuamos a viver entre dois mundos...um real e outro...imaginário... seja lá o que for o imaginário, porque nada me prova que não são fantasias minhas todas as ideias que tenho de outros estados de consciência e de dimensões e mundos e das maravilhas ou desastres que se anunciam....
Pedem-me para acreditar na minha intuição, na minha alma ou no meu coração...mas por vezes é esta realidade a única coisa que me condiciona e oprime...os meus sonhos e crenças debatem-se com este lado de cá...Não sou alienada nem alieningena, nem quero fugir a esta realidade prática e tangível. Não quero ser boa nem má, antes pelo contrário...
E se há uns dias em que tudo parece possível a curto prazo ou ver um ovni coisa verosímel, e em que a transcendência, amor e a fraternidade são um facto, no outro...vejo a tremenda falsidade dos homens...vejo a ilusão de tudo ou só vejo a tremenda hiprocrisia humana e a mentira à minha volta.
Como é que querem que faça?
Que invente o que não sinto e que afirme o que não acredito?
Esta é a minha realidade nesta dualidade em que todos vivemos e o meu ser está entre os mundos... entre o céu e o inferno, os bons e os maus, os crentes e os não crentes, até que um dia esta realidade seja alterada e me mostre em factos e presenças que não estamos sós e a inteligência é vasta como o universo igualmente habitado por entes amorosos, mais do que nós senão estamos igualmente perdidos...
A Verdade verdadinha é que eu não sou santa, nem ascença e se há dias santos, admito, há também dias que são um inferno...e isto é a realidade de toda a gente.
Bem que gostaria sair deste patamar mediocre do quotidiano, mas nem realizada sou nem estou ainda acima da dualidade...sou só um ser humano vulgar, com uma grande dose de senso comum...
Queria ser original e única e inspirada mas afinal sou só mais uma banalíssima criatura ao cimo da Terra...
Eu sei que me aconselham a Meditar e ficar acima da dualidade...
Mas o que me dói e assusta são os oceanos cheios de plástico que usamos quando vamos ao supermercado e nada fazemos...são as garrafas de plástico nas praias, são as espécies morrer, e a indiferenças das gentes, a poluição nas estradas, os fogos por raios e as inundações, as guerras por petrólio...são os milhões de seres ignorantes deste caos e perigo iminente de destruição global do planeta, enquanto milhares de crianças morrem de fome e de sede no mundo por causa da nossa qualidade de vida e consumo...por causa dos nossos carros de que não abdicamos e do nosso egoísmo à prova de bala...
Ah! como é delicioso lavar os nossos carros ao domingo com água abundante a correr para o charco vicioso dos nossos dias inúteis e mesquinhos...
Hoje acordei asssim...virada do avesso, mas pode ser que amanhã um anjo me segure nas suas asas e me mostre os céus de um amanhã glorioso de amor e de paz... rlp