O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 31, 2008

OH! ANA, que pena...

Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem

Tenho pena que ainda haja Mulheres com uma mentalidade retrogada e que haja ainda o mesmo tabu ou nao estarei eu enganada...atenciosamente Ana

Oh! Ana que pena você pensar assim... e pensa assim porque nem sonha o que eu quero de facto dizer...Nem lhe passa pela cabeça o que eu penso ou sonho para a mulher, a verdadeira mulher...que não precisa nada de sucedâneos quer para ter prazer quer para desfrutar de si mesma ou do seu parceiro.

O Amor é uma intensidade eléctrica, uma vibração intensa, um sentir cósmico que descarga centelhas de luz no enlance amoroso e prescinde inteiramente de objectos estranhos, a não ser quando não há amor nenhum, quando não há desejo e se tem de recorrer a corpos estranhos que é o que acontece quando não há energia de vida nem ALMA a animar os corpos de desejo...

Ana, se você sonhasse o que a Mulher e o Homem verdadeiros e amantes podem sentir quando se encontram e se amam de corpo alma e espírito não me julgaria pelas minhas palavras retrógada...

A evolução não vai no sentido da farsa dos valores nem de uma pretensa liberdade que substitui a verdadeira paixão pelo simulacro do amor no uso de utensílios de plástico na busca de "prazer sexual"...Por isso não me sinto retrógada, mas ambiciosa e mais ousada do que nenhuma dessas mulheres porque sei do fogo que anima a mulher amante e do prazer de se sentir com a alma e o desejo sexual que sobe e explode no coração e é por isso sublime e não meramente mecânico e orgânico...e dependente do tamanho...
Que pena Ana, estarmos a anos luz de distância!
rlp

o olhar que dá vida

O OLHAR DE VIDA, A SEDE DA ALMA

“NA poesia dos sumérios, a expressão “olhar de vida” é usada às vezes para sugerir alguém que, cheio de amor, fita outra pessoa e transmite vitalidade com o olhar.

O empenho em descrever a força dos olhos lembra imagens primitivas da Deusa Olho, e a Deusa sob a forma de Olho (Udjad) no Egipto, bem como a importância vital dos olhos da mãe para o bebé de colo. A primeira coisa que as crianças colocam no rosto, quando começam a desenhar a figura humana são os olhos. Na escultura suméria e babilónica, os olhos dos deuses e dos fiéis são aumentados e transformados praticamente em discos hipnóticos que nos fixam, para transmitir a sua potência hierática* de sede da alma.”

Que longe estamos do poder do verdadeiro amor, do poder fabuloso do olhar da alma...

a "mulher" da mala vermelha...


Em Portugal, as reuniões passam única e exclusivamente por Gisele. Com uma gigantesca mala vermelha, ela viaja por todo o país para responder aos pedidos de mulheres "de todas as idades e camadas sociais". A brasileira garante que, em sua mala, "tirando os produtos cosméticos, tudo vibra", até um aparentemente inofensivo patinho amarelo de plástico "para brincar na banheira".
As reuniões são marcadas por telefone e, quando chega ao local combinado, Gisele tem invariavelmente à sua espera um "tímido grupo de amigas".
"Quando chego, noto que não se sentem à vontade, mas ficam curiosas assim que vêem a mala, porque querem saber o que está lá dentro", contou à Agência Lusa. Mas não demora para que o decoro inicial se transforme rapidamente em brincadeira, chegando até a dificultar o trabalho da profissional.
terra magazine, Quinta, 13 de julho de 2006

A SIC TV CADA VEZ MAIS REPUGNANTE…

A MALA VERMELHA

- Ontem vi uma reportagem na Sic (de vómito…) sobre mulheres domésticas
Com grande destaque e em horário nobre (este termo é quase abjecto – porque é o horário do terror), a seguir ao telejornal, uma entrevista a várias mulheres e homens sobre as lojas do sexo…os utensílio de prazer vendidos e usados por mulheres…domésticas…JÁ NÃO SÃO AS PROSTITUTAS QUE AÍ VÃO MAS AS MULHERES CASADAS…à procura de estimular os maridos, quiçá para competir com as amantes imigrantes que as máfias trazem para Portugal…

Duas ou três vendedoras promotoras dos artefactos de plástico e óleos comestíveis, com sabor e cheiro a chocolate, que ia pondo nas mãos das clientes sem rosto e dizia com ar lascívia, para usar e colocar no corpo do homem e no sexo… fazendo insinuações brejeiras sobre o tamanho do falo…
Mulheres rendidas ao sexo de plástico, radiantes da sua emancipação e manipulação…numa partilha e cumplicidade de pénis…é para acreditar que afinal as mulheres têm mesmo inveja do dito, como Freud ditou, e que esse é o universo das mulheres e nada mais…Era assim pelo menos que pensava o namorado de uma delas entrevistado também. Sim as mulheres sem o falo não são nada…Ele já sabia que quando as mulheres se reuniam era para falar daquilo… e disse-o com ar bem desprezível!

Assim fiquei a saber que as mulheres domésticas em Portugal já não vendem nem se reúnem para comprar caixinhas de plástico – os famosos “taparueres” - para por a comida do marido ou dos filhos, mas para vender e comprar os sofisticados artefactos de prazer fictício… vibradores de vários tamanhos e estilos e até os há do tamanho de um baton para usar na carteirinha, discretamente quando viajam…
Muito moralista, portuguesa, filha de uma família conservadora ela conta que teve muita dificuldade em afirmar-se na sua profissão, a vendedora com ar de corista muito rasca, defendia a tese do erotismo e não da pornografia…e que a sua profissão de animadora das reuniões da “mala vermelha” era muito digna e válida…
Coitadas das mulheres domésticas que sem sexo morrem definhadas...e com cancro da mama!

Mas o que mais me enojou não foram os artefactos…nem a estupidez e superficialidade das mulherezinhas asquerosas que os vendiam, e se riam na sua estampada ignorância e primarismo, mas a publicidade e o destaque dado ao assunto por um Canal televisivo com audiência de peso, responsável pela deformação de milhares de pessoas, inclusive crianças e adolescentes que vêm aquilo e pensam que o prazer ou o amor tem alguma coisa a ver com semelhantes objectos…
Como se o Amor e o prazer tivessem alguma coisa a ver com toda aquela miséria e ignorância…

Ah, podem chamar-me conservadora sim, com todo o gosto...
rlp

domingo, março 30, 2008

ZELAR POR NOSSA MÃE TERRA

A Terra é a nossa mãe. Dela recebemos a vida e a capacidade para viver. Zelar por nossa mãe é nossa responsabilidade e zelando por ela, estamos zelando por nós próprias. Nós, mulheres indígenas, somos manifestações da Mãe -Terra em forma humana. Molestar, destruir, minimizar as manifestações da Mãe-Terra é ir contra a sua natureza, pois na natureza tudo deve fluir, assim como os rios que correm, os mares que enchem e esvaziam, como as cachoeiras que caem, como as pedras que rolam, como os filhotes que nascem e crescem, como a chuva que cai, como as luas que se enchem e vão, como o sol que esquenta e esfria, como a vida humana e animal que brota e transforma-se em húmus para a terra. Ir contra todos esses segmentos é violar o sagrado. A base filosófica de nossas vidas, como mulheres e povos indígenas, (…) é o respeito pelo sagrado, pelo que foi criado pela natureza e a mulher faz parte deste sagrado, por isso sua palavra é sagrada, tanto quanto a Terra. E toda a sua cultura e espiritualidade relacionadas ao sagrado humano, deve ser respeitada.”

ELIANE POTIGUARA
(Escritora e activista brasileira candidata ao Prémio Nobel da Paz…)
FOTO: AÇORES

A MÃE COMO CENTRO

"Nascer consiste a sair da mãe e morrer será com efeito voltar à mãe. Então que Mãe é esta? Não é ela o centro, o ônfalo enquanto que mãe cósmica-telúrica: conjunção subtil da qual toda a materia viva emerge?"
In O Homem e o Seu duplo
de Etiènne Guillé

sábado, março 29, 2008

A TRANSFIGURAÇÃO



Eu afianço-vos que acordei hoje com um espírito poético e cheia de inspiração, mas a pequena notícia do linchamento, ontem, de uma mulher na Índia mudou o rumo da minha escrita...
Eu queria deixar-vos flores...um poema maravilhoso, mas tenho sempre esta luta interior...
Não há meio de aprender o sorriso e o Segredo tão apregoada pelas mais inspiradas damas da corte da Nova Era...
Não consigo esse sorriso beatífico e transcendente...esse ar enlevado e diáfano com que tanto sonho...

Pensamento positivo, poder co-criador...ter tudo o que se deseja, e eu que nada mais desejo do que o paraíso e olhar tudo cor de rosa...

Mas porque será que não consigo tal proeza? Eu queria tanto a transfiguração a ascenção, a elevação da minha alma aos píncaros, como vejo nos filmes new age...
Porque será que não há uma dessas excelsas Deusas que me convença à sua causa?....

"Porque brota de mim, quando o corpo repousa e a alma fica a sós, esta insensata rosa?"

(Jorge Luís Borges)

Ode de repudio à violência













...e domínio dos homens sobre as mulheres. Domínio exercido pelas leis e pelo dogma católico.
Ontem como  Hoje:
O Governo e a Igreja discutem (ou disputam?) as leis do divórcio, contrato que obriga a mulher a ser objecto reprodutor e viver em função de uma prestação de serviços do seu corpo e do seu sexo...

Eu não quero esquecer a ignomínia de séculos, senão milénios, de uso e exploração das mulheres por parte dos homens em todo o mundo. O esmagamento de metade da humanidade reduzida à escravidão ainda em vigor numa parte enorme do globo e abusada e violada noutros sem excepção. Não, não me quero esquecer, de todas as afrontas, sofrimento e violência sobre as mulheres ao longo de séculos, em cada canto do mundo e em cada casa. E os mais recentes e pungentes casos das mulheres nigerianas condenadas à morte por lapidação, no Darfur ou no Congo, das violações sistemáticas e os assassínios brutais das mulheres em toda a parte por guerrilheiros, pelos maridos, sempre actuais...
Não quero esquecer a guerra nem a miséria em que foram as mulheres as primeiras vítimas sempre violadas e usadas para defender o interesse das famílias e do reino...as casadas à força ou tornadas freiras, as prostitutas e as mártires, as santas, as criadas e as amas, as rainhas e as servas...as mães e as filhas, a mais arrogante das rainhas e mais humilde das concubinas na China e na Índia, todas elas sujeitas ao domínio dos patriarcas, padres e bispos e senhores e maridos e reis ou governantes deste mundo construído pelo poder da espada e da guerra contra o cálice sagrado da grande Deusa.
Eu não quero esquecer nem me deixar enganar por uma falsa liberdade ou igualdade de direitos num mundo em que o mais grave de tudo é as mulheres não se “emanciparem” como mulheres e defendendo os valores inerentes do feminino, mas para serem como os homens e usarem as mesmas armas de domínio e poder ou sendo meros objectos de ostentação da vaidade do macho, não sendo essa a essência da mulher. Mais grave do que a escravidão e abuso das mulheres é transformarem-nas no seu contrário e estas se traírem assim na sua essência. E nesta pretensa simulação de uma igualdade e liberdade nunca a mulher esteve tão longe do que Ela é na verdade e longe da razão do seu ser e portanto destituídas do seu Dom que prevalece na diferença e não na luta por um lugar neste mundo onde os valores femininos de paz e amor, respeito pela natureza e poder de cura são ou deveriam ser o seu apanágio. Mas que isto não signifique a mulher ser apenas um ser passivo e amorfo, que aceite tudo e se conforme com esta realidade.

Por tudo isto deploro as “Faces de Eva” passiva e submissa, como deploro a caricatura da mulher seja como objecto sexual seja como o seu contrário assumindo atitudes e comportamentos masculinos. Não me revejo na mulher intelectual nem na empresária e muito menos na mulher política, como não me revejo apesar de tudo nas feministas.
A mulher tem em si a mulher selvagem e a guerreira, mas tem sobretudo uma deusa e a sua luta deve ser pela justiça e pela verdade e não por chefias, propriedades e bens, terras e nomes...armas e petróleo! A mulher tem de lutar sobretudo pela sua integridade pessoal, pela união das mulheres e das mães, pela salvação do Planeta Terra; deve diferenciar-se do homem e se for preciso lutar mas apenas para se afirmar como indivíduo e como ser independente, pela sua soberania...mas nunca pela força nem na guerra a seu lado...

A Mulher pelo exercício do seu dom natural de amor e de cura de que foi alienada pelos padres e pelas leis, pode salvar o Planeta, se antes acordar para si mesma e para o seu poder inato!
No dia em que a mulher se tornar na verdadeira Mulher e tomar as rédeas da sua vida no Mundo inteiro a Vida e a Terra será dignificada.
Podem chamar-me visionária...rlp

as mulheres ainda são linchadas....

Ásia, Sexta, 28 de março de 2008
Índia: "bruxa" é amarrada em árvore e linchada
A televisão indiana veiculou hoje imagens de um linchamento no nordeste do país, informa a rede CNN. Segundo a emissora uma mulher acusada de bruxaria foi amarrada a uma árvore, linchada, teve seu cabelo cortado e queimado e depois foi obrigada a desfilar pela cidade com as mãos amarradas.
De acordo com a emissora local IBN, que obteve imagens do linchamento, a mulher acusada de bruxaria teria retornado à pequena vila de Patna, (...)

Ram Ayodhya, um dos líderes do linchamento admitiu que contratou os serviços da mulher para curar sua mulher. Como não obteve bons resultados ele a acusou de praticar magia negra e incitou os moradores a região a espancarem a mulher. (...)R.Terra

sexta-feira, março 28, 2008

A DOMINAÇÃO DO MAIS FRACO...

O ecofeminismo vê a dominação ao qual a mulher foi sujeitada assim como outras raças (índios e negros) e seres mais fracos, paralelamente a dominação e usurpação da natureza e de suas riquezas. Uma vez que entre os povos primitivos, segundo alguns historiadores, sempre houve uma forte conexão entre a mulher e a natureza, através do culto ao feminino e a Terra em si como símbolo maior deste princípio.

Esta visão sacralizada da natureza percebia o homem como parte dela e este em troca lhe tratava com respeito e cordialidade, com o carinho de um filho para com a sua mãe. Na medida em que a natureza foi perdendo este seu carácter sagrado paralelamente iniciou sua exploração.

Os valores patriarcais de dominação e centralização de poderes logo começaram a ser sentidos também pelas mulheres dando prosseguimento a mesma associação anterior, só que de forma diferente onde a mulher, assim como a natureza, tornou-se mera propriedade masculina. O actual resgate fruto da mudança de paradigma possibilita a homens e mulheres repensarem essa relação histórica entre si e com a Terra.

A recuperação do princípio feminino se baseia na amplitude. Consiste em recuperar na Natureza, a mulher, o homem e as formas criativas de ser e perceber. No que se refere à Natureza, supõe vê-la como um organismo vivo. Com relação à mulher, supõe considerá-la produtiva e ativa. E no que diz respeito ao homem, a recuperação do princípio feminino implica situar de novo a ação e a atividade em função de criar sociedades que promovam a vida e não a reduzam ou a ameacem. (Shiva, 1991, p.77 apud Siliprandi, 2000, p.65).

O QUE TRANSFORMA A TERRA

Por:
Edna Cardozo Dias*
Doutora em Direito pela UFMG
(José Geraldo Lopes)
As religiões ancestrais visualizavam o universo como uma grande mãe. As grandes deusas representavam a Terra Mãe ou o princípio gerador da vida. A capacidade de conceber uma nova vida humana, dar à luz, produzir leite e sangrar com as fases da lua, inspirava temor e reverência. Só ela tinha poder de produzir e nutrir a vida. Sem ela a nova vida extinguir-se-ia." (BRIL, 1984:74) Para o Taoísmo se chamava Tao, para os egípcios Nuit, para os gregos Gaia.

O culto à Grande Mãe era a religião mais difundida nas sociedades primitivas.
A passagem do matriarcado para o patriarcado se deu em várias esferas. De um lado o aumento da população levou o ser humano a " domesticar" a terra, de outro o nomadismo trouxe vantagem ao homem. Com a descoberta da ligação entre o ato sexual e a fecundação, inciou-se um verdadeiro culto ao falo e acelerou-se a transição para o patriarcado. Com o advento do monoteísmo o patriarcado se estabeleceu definitivamente. Do ponto de vista religioso, o Velho Testamento e depois a Igreja cristã forneceram um arsenal de justificativas metafísicas para a tese da inferioridade da mulher.

Segundo o mito judaico-cristão Lilith, a primeira mulher de Adão, experimentava igualdade com ele, mas ao recusar-se a se submeter a ele, foi expulsa do Paraíso e fundou uma dinastia de demônios. Como Adão se sentia sozinho Jeová tirou uma costela de Adão e criou Eva, condenando-a à eterna inferioridade. As mulheres passaram a ser identificadas com o pecado e consideradas instrumentos do diabo. Dessa paranóia masculina nasceu a imagem feia das bruxas, herdeiras da antiga tradição libertária dos tempos matriarcais. Uma onda terrível de perseguição às bruxas se seguiu e , os Tribunais da Inquisição queimaram cerca de 60 mil mulheres.

A opressão da mulher pelo homem é a primeira, historicamente, de todas as opressões, antecedendo mesmo a opressão de classes, nascida com a escravidão, e a opressão das raças, oriunda dos imperialismos. Engels, em " A origem da família, da propriedade privada e do Estado" observou, por volta de 1881, como Marx já o fizera em " A ideologia alemã", de 1846, que " a primeira divisão do trabalho ocorre entre o homem e a mulher".

O mundo masculino da propriedade é, em verdade, o mundo da autoridade e da hierarquia. A institucionalização da concorrência e da rivalidade são sinónimos de violência, que tem como expressão o racismo e o especicismo. Uma visão feminina do universo significa a liberação do ser humano em geral, uma mutação de qualquer tipo de isolacionismo, e a transmutação da competição em cooperação. Onde há cooperação não há dominação. Cada um, coloca suas habilidades e talentos a serviço de um objetivo comum. Tudo é uma questão de alteridade e complementação. O neo- feminismo, é pois, um movimento de homens e mulheres.

O escritor Roger Geraudy , autor de " Liberação da mulher, liberação humana" , sempre se surpreendeu ao ler o Evangelho que Jesus de Nazaré não tivesse sido mulher, já que os valores revelados por ele concediam ao homem sua plenitude, uma vez que desenvolviam suas dimensões femininas , defendendo o amor ao próximo e o despojamento do eu.

Carolyn Merchant, ao analisar o papel de Francis Bacon na mudança do objetivo da ciência, em "The death of nature", afirma que ele personificou uma importantíssima ligação entre as duas principais correntes do velho paradigma: a concepção mecanicista da realidade e a obsessão masculina com a dominação , assim como o controle da cultura patriarcal. Merchant compara , ao estudar Bacon, a filosofia da exploração da natureza à tortura generalizada que sofreram as mulheres durante a caça às bruxas. O propósito de controlar a natureza levou , tanto a ciência como a tecnologia a serem usadas para fins nocivos e profundamente antiecológicos.
Mas, quem mostra o papel feminino como uma das grandes forças de transformação cultural e movimento das mulheres como um catalisador na coalescência de vários movimentos sociais é Charlene Spretnak, em "The politic of women's spirituality”. A espiritualidade das mulheres, conforme descrita por Spretnak, está solidamente fundamentada na experiência de sua ligação com os processos essenciais da vida. É portanto, profundamente ecológica, pois é a percepção intuitiva da unicidade de toda vida.

No mundo místico a energia feminina do universo é representada pelos Andes, , enquanto a energia masculina é representada pelos Himalaias. , pólos negativo e positivo do planeta e regiões de grandes forças magnéticas. Esta energia feminina tocou tão profundamente os habitantes dos Andes, que este povo ( os Incas) identificou nossa Terra, como Pachamama, a mãe de toda vida, a divindade excelsa do mundo, aquela que nos ensina a amar tudo incondicionalmente, e nos mostra o trabalho como uma altíssima virtude, porque amando tudo e construindo com o trabalho nos tornamos sábios.

Para os xamãs andinos deste fim de século, desde 1992 se iniciou uma nova era para o mundo, com a chegada do décimo Pachakuti. Pachakuti significa “ o que transforma a Terra” . Ele anuncia o início de uma nova era de transição e mudança. E se caracteriza, sobretudo, pela presença da Mãe. E, ainda segundo os Incas, isto não quer dizer que a mulher dominará o mundo, mas que o homem tomará cada vez mais consciência da necessidade de fazer brotar o sentimento de mãe em seu coração. Pois, na verdade, o homem não precisaria de outra lei que não seja o amor, já que ele nos dá a consciência da reciprocidade e do serviço, que devem ser o vício do ser.

* Presidente da LPCA

quinta-feira, março 27, 2008

às vezes é preciso respirar poesia...

(...)

Amo-te porque não me amo
inteiramente. O que me falta
é infinito
mas tu és do bem que me falta
o enigma onde se condensam
a terra e o sol o ar as águas
invioladas
e tenho a boca cheia
de música ondulação
do teu silêncio.
Entraste na casa do meu corpo,
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cego
que nunca se perde no seu voo.


(...)

(excerto de poema de casimiro de brito)

A MULHER MASCULINIZADA Á FORÇA...DO MITO!


A DOMINAÇÃO PATRIARCAL E O SEU EXERCÍCIO DEMOLIDOR DA TRADIÇÃO ANTIGA E DO CULTO DA DEUSA MÃE, NA SUA LUTA CONTRA A MULHER E O SEU PODER INATO, FEZ NA GRÉCIA NASCER ATENA COMO UMA DEUSA MASCULINA SAÍDA DA CABEÇA DO PAI, NEGANDO ASSIM A MÃE E O ÚTERO, COMO CÁLICE SAGRADO…
NA IMAGEM VEMOS ATENA A PISAR A SERPENTE SÍMBOLO DA DEUSA MÃE E PEGAR NA ESPADA, ERGUENDO O SÍMBOLO DO PODER PATRIARCAL DA VIOLÊNCIA E DA GUERRA…
ESSE ÓDIO SECULAR À MULHER E À SERPENTE, SÍMBOLO DA GRANDE DEUSA, CONTINUA ACTUAL NA PREGAÇÃO DE TODO O CLERO, ATRAVÉS DA REPRESSÃO DA SUA LIBERDADE E CAPACIDADE DE DECISÃO EM TODO O MUNDO.


"A Deusa é, já no período histórico, personificada com o mal que é preciso destruir. O episódio do pecado original no Génesis pode, como sabemos, revestir-se de vários significados. A serpente do Génesis é a representação da tentação, do mal. Eva cometeu a falta sob a influência da serpente. Mas a serpente é um símbolo da Deusa assim como a arvore se identifica com a deusa. André Smet [7] diz-nos que Eva transgride a proibição patriarcal que é representada por Javé:

“ O pecado original da Bíblia pode ser considerado como o primeiro acto desta longa luta de Deus Pai contra a Deusa-Mãe. Esta primeira queda, que será seguida de muitas outras, será como todas as outras severamente punida pelo Deus Pai. A inimizade é lançada entre a serpente e a mulher o que significa que a mulher não terá mais o direito de honrar a deusa e de lhe obedecer mas antes deverá lutar contra ela".

Javé pune também a mulher precisamente naquilo que fazia a sua glória: a gravidez e a maternidade, quando lhe diz

“ Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, os teus filhos hão-de nascer entre dores”. E em seguida “ procurarás com paixão a quem serás sujeita, o teu marido “. Em vez de suscitar o desejo dos homens, símbolo do culto sexual rendido à Deusa, a mulher é a eles subjugada. E por fim Javé ordena “ maldita seja a terra por tua causa “ [8].
Ana Maria Mendes Moreira
A MULHER, O DIVINO E A CRIAÇÃO

saber ousar

(…) “no momento em que há um compromisso decisivo a Providência também se movimenta. Seja o que for que você possa fazer ou sonhar que pode, comece. A ousadia contém em si genialidade, poder e magia. Comece agora.” W.H. Murray

quarta-feira, março 26, 2008

OS COMENTÁRIOS

anfibia disse...
olá querida rosa.
a chama do coração está acesa em cada uma de nós, e abençoa nosso trabalho... obrigada pela presença, concordo com a lena, vc também mudou minha vida e é assim nessa proporção mesmo, tocamos um e outro ao longo do caminho... agradeço. beijo, celia

- Fico feliz por contar com a vossa presença e o vosso testemunho. Tantas vezes ele me deu o incentivo que me faltava. Agora sinto-me a colher os frutos e eles são saborosos quando vejo o seu trabalho e de outras mulheres que me lêem há já algum tempo...

Tenho recebido muitas provas de carinho e amizade...
Muito obrigada a si a todas as que me acolhem neste espaço às vezes silencioso...

Agradeço à Lena e as que se mantêm silenciosas também mas que de vez em quando aparecem...
Igaci, que é feito de si?

Quase todas as estas manifestações de apreço e interesse genuino vêm do Brasil...
Que pena em Portugal as mulheres continuarem a ser apenas Atenas saídas da cabeça do Pai...e tão poucas fiéis da Deusa...

ATENAS: mulheres saídas da cabeça do pai...


AS DEUSAS, ENGOLIDAS PELOS DEUSES...

“Na verdade, muito do que Inana simbolizava para os sumérios foi exilado desde aquela época: muitas das qualidades ostentadas pelas deusas do mundo superior foram dessacralizadas no Ocidente, assumidas por divindades masculinas,
(...) idealizadas pelo código moral e estático do Patriarcado. É por isso que a maioria das deusas gregas foram engolidas pelos pais e a deusa hebraica foi despotenciada. Restam-nas apenas deusas minimizadas ou restritas apenas a determinados aspectos. E muitos dos poderes antes apresentados pela Deusa perderam a conexão com a vida da mulher: o feminino apaixonadamente erótico e lúdico; o feminino multifacetado dotado de vontade própria, ambicioso, real.

Na verdade, as mulheres têm vivido apenas no domínio pessoal, na periferia da cultura do Ocidente, em funções fortemente circunscritas, frequentemente subordinadas a homens, posição social, filhos etc., ocultando sua necessidade de poder e paixão, vivendo em segurança e secundariamente na relação com nomes sobrecarregados, nos quais se projectou todo o poder que a cultura legitima para eles. O que se tornou assim comportamento colectivamente aceitável para as mulheres, perdeu a conexão com o sagrado, ao mesmo tempo em que a estatura da Deusa era reduzida. Tornou-se cada vez mais hiperbólico o superego patriarcal, originalmente necessário para inculcar a sensibilidade ética; a seguir, esse superego foi fortalecido pela Igreja cristã institucional, com o fim de disciplinar as emoções tribais e selvagens do mundo medieval. A partir da mudança do Utilitarismo e da época Vitoriana, o superego que comprimiu e reprimiu durante tanto tempo essas energias vitais, que agora elas têm de irromper, forçando entre outras coisas, o retorno da Deusa à cultura ocidental.”

in CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA

Sylvia B. Perera

O RISO DAS MULHERES É PERIGOSO...



Dedico este artigo à minha amiga Rosa Leonor
e ao seu corajoso site MULHERES & DEUSAS.

…quem tem a coragem de rir é senhor dos outros…

G. LEOPARDI(1798-1837)

BAUBO A DEUSA DO RISO

Sou por natureza muito séria, atenta ao lado mais profundo das coisas. Em consequência e por compensação, tocam-me sempre de forma especial as pessoas que me fazem rir pelo efeito refrescante e regenerador que o riso espontâneo exerce sobre quem o experimenta. Guardo assim um carinho muito especial pelo mito de Baubo, essa deusa menor da Antiguidade Clássica, hoje praticamente desaparecida. Não será alheio a isso o facto de os patriarcas desconfiaram sistematicamente de quem se ri, principalmente se for mulher. É aliás conhecido o efeito inquietante que, em geral, um grupo de mulheres à conversa e em risota entre si, tem sobre os homens. Estudiosos do rir têm vindo a sugerir a relação entre o mesmo, a sexualidade feminina e a recuperação do equilíbrio, pois o rir entre mulheres representaria o lado oculto da sua sexualidade. O mito de Baubo tem paralelo com o de Uzume, a deusa japonesa da alegria e da dança, presente em primeiro plano no mito mais antigo do Japão. Essencialmente, o elo entre ambas as divindades resulta de as duas causarem, através do riso, um efeito balsâmico sobre situações desesperadas. Na sequência do rapto de sua filha Perséfone por Hades com a conivência de Zeus, seu pai, Demeter abandonou desesperada o Olimpo. Disfarçada de anciã, percorreu a Terra em busca da filha desaparecida e, nesse processo, apresentou-se a Metamira como candidata a ama do filho que esta acabara de dar à luz. A deusa estava possuída, porém, de uma dor sem fim e nem a visão do bebé conseguiu retirá-la do seu mundo de tristeza e silêncio. Limitou-se a aceitar a cadeira que a criada Baubo lhe ofereceu mas recusou-se a aceitar qualquer alimento. Foi justamente Baubo quem, com as suas brincadeiras e graças aparentemente obscenas, conseguiu arrancar Demeter do pesar profundo em que se afundara. Ao dançar comicamente diante da deusa, Baubo levantou a certo ponto as saias e mostrou-lhe a vulva num gesto brincalhão. A enlutada Demeter quebrou o silêncio e começou a rir. Riram muito, riram juntas e assim começou o processo curativo da frustrada mãe.
O gesto de Baubo, indecente na aparência, reporta-nos a uma era matriarcal remota em que a zona púbica da deusa simbolizava a porta sagrada e a origem da vida, sendo o triângulo invertido um símbolo sagrado, como se sabe. Ao recordar a Demeter de forma brincalhona o seu poder como mulher, Baubo estimulou-a à recuperação de forças para prosseguir em busca da filha que eventualmente recuperou. Este comportamento ancestral e perdido na memória dos tempos foi incluído em muitas representações artísticas desde tempos imemoriais até à Idade Média e e era parte integrante dos Mistérios que se celebravam em Eleusis, durante dois mil anos e até à destruição do santuário, no século IV da era Cristã. Num tempo decadente e automatizado como o nosso e em face do uso e abuso obsceno da imagem feminina, torna-se especialmente importante resgatar e difundir este mito que, nas palavras de Jean Shinoda Bolen, representa
“a recordação vaga e subvalorizada de que as imagens da sexualidade e da fertilidade da mulher são sagradas e não lascivas.”

de MARIANA INVERNO - Fundadora do Projecto Art For all

Livros recomendados: Jean Shinoda Bolen, Goddesses in Older Women, Quill, 2002 Winifred Lubell, The Metamorphosis of Baubo: Myths of Woman’s Sexual Energy, Vanderbilt University Press, 1994

terça-feira, março 25, 2008

a internet...

Lena disse...

Nem sei bem o que dizer Rosa Leonor, porque se não fosse a internet, eu jamais a teria conhecido e lido seus "pensamentos", e aprendido a refletir sobre palavras que você junta pelo teclado; seus "toques". Mudar um mundo, uma região pode mesmo ser difícil ou lento, mas uma pessoa, é possível sim; você faz isso comigo...

(comentário de Março 22, 2008 )

o poder da vida


O TEU CORPO OBSTRUI A PORTA
MAS O TEU OLHAR VIRA-SE PARA AQUELA
QUE TE ENGENDRA
A GRANDE MÃE QUE ANIMA TODO O PODER DE VIDA
AQUELA A QUEM TE CONFIAS
E QUE SE CONFIA A TI
NO MISTÉRIO DO TEU SUPREMO REPOUSO
(...)
EU SOU UM CORAÇÃO QUE BATE
E O MEU PENSAMENTO MANTEM-SE FIRME N' ELA
NESSA MÃE PODEROSA QUE ME ENGENDROU
E QUE NUNCA ME DIZ
SE ISSO FOI UMA NECESSIDADE SUA...


in o envangelho da pomba

Oria

PARA LÁ DO APARENTE E RELATIVO


OS ANTÍDOTOS SECRETOS

"Encontrada a sanidade básica que emerge de uma incondicional aceitação das circunstâncias, de uma aceitação do incompleto, do gradual e mesmo do anti-divino, é possível, na Câmara Oculta do Coração, pelo poder de nosso Atman, gerar os antídotos secretos.
Que antídotos secretos? As chaves ocultas do coração ardente:
******
Perante o erro – nosso ou alheio - a Compaixão.
Perante o ruído da mente o Silêncio.
Perante a hesitação a Abertura Axial.
Perante a incompreensão o Avanço Decidido.
Perante a desorientação a afirmação da Filiação Eterna.
Perante a ingratidão a oferta de si ao Supremo.
Perante a competição a consciência da Unidade.
Perante o medo a invocação da Luz Maior no Centro do Ser.
Perante o ódio o poder do Sol Central.
Perante a ambição a consciência do Infinito.
Perante a solidão a alegria do Encontro Maior.
Perante o orgulho a consciência da Transitoriedade das formas.
Perante as sombras o riso da Criança Divina.
Perante o elogio a entrega dos actos ao Divino.
Perante as promessas de glória a perfeita simplicidade de cada momento.
*******
Na verdade, amar é também irradiar os antídotos secretos, destilados pela alma em contínua vigília. Estes antídotos são potentes vórtices de dissolução das forças ambientais e psíquicas que subjazem a todos os cenários de incomunicação humanos. Actuando em silêncio e de forma invisível produzem um impacto invisível mas exacto sobre a aura de nossos irmãos.
Assim, de carga em carga, de choque em choque, de incomunicação em incomunicação, à medida que vamos superando a superfície das coisas e a aparência - ou mesmo a realidade – das reacções humanas, a Chama do Amor pode crescer em nós: porque AMAMOS não importa o grau de perfeição ou imperfeição do objecto de nosso amor, porque amamos em silêncio, sem que o mundo possa contaminar a nossa vida interna.
Tornando-se incondicional o Amor desagua na PAZ PROFUNDA.

andré louro de almeida

segunda-feira, março 24, 2008

TERRA-MÃE E MULHER

" Embora as mulheres tenham conquistado um certo nível de emancipação e ingressado no mundo do trabalho assalariado, elas continuam sendo exploradas e menosprezadas através de salários menores que os dos homens e tendo que assumir, na maioria das vezes, jornadas duplas de trabalho."

"Percebe-se, no decorrer da história, que as mulheres são mais fortemente comovidas por catástrofes naturais que os homens e, ao mesmo tempo, são as primeiras a protestar contra a destruição ambiental (MIES/SHIVA, 1995: 9). "

" A ecologia profunda possui uma visão holística do mundo, concebendo-o como um todo e não como um conjunto de partes dissociadas, sendo os seres humanos considerados como parte integrante do meio ambiente. Esta concepção está baseada no questionamento profundo dos paradigmas existentes na sociedade, numa perspectiva ecológica" (CAPRA, 1996).

ecofeminismo

Gênero e meio ambiente:
a atualidade do ecofeminismo


A relação das mulheres com a natureza

Uma das primeiras representações divinas criadas pelos seres humanos foi a figura da “Deusa”, que representava a “mãe terra”. Conforme a mitologia grega, a Grande Mãe criou o universo sozinha, sendo Gaia a criadora primária, a “Mãe Terra”. Também as religiões pagãs antigas, como dos Vikings e Celtas, mantinham uma relação próxima com a natureza e cultuavam deusas, concedendo um destaque especial para as mulheres, pois estas tinham uma proximidade muito grande com a “Mãe Terra”, possuindo ambas o poder da fertilidade. Na mitologia celta, as mulheres eram invulneráveis, inteligentes, poderosas, guerreiras e líderes de nações. As mulheres também foram os primeiros seres humanos a descobrir os ciclos da natureza, pois era possível compará-los com o ciclo do próprio corpo. Com o cristianismo, a sociedade ocidental afastou-se destas origens pagãs de contato com a natureza e a mulher perdeu seu destaque, já que o Deus cultuado passou a ser masculino. A única figura feminina sagrada preservada foi a de Maria, mas não como uma divindade, e sim como uma intermediária de Deus, uma coadjuvante.
Diante da crise ambiental mundial e da consciência de que a Terra precisa ser preservada para garantir a sobrevivência das espécies, inclusive a humana, houve um despertar de valores ecológicos, ou seja, valores ligados à “Deusa” cultuada pelos povos pagãos, como o respeito a todas as formas de vida no planeta, a convivência na diversidade, etc.
(...)
Ecofeminismo
O ecofeminismo originou-se de diversos movimentos sociais – de mulheres, pacifista e ambiental – no final da década de 1970, os quais, em princípio, atuaram unidos contra a construção de usinas nucleares. O movimento ecofeminista traz à tona a relação estreita existente entre a exploração e a submissão da natureza, das mulheres e dos povos estrangeiros pelo poder patriarcal (MIES/SHIVA, 1995: 23). Assim, a dominação das mulheres está baseada nos mesmos fundamentos e impulsos que levaram à exploração da natureza e de povos. Tanto o meio ambiente como as mulheres são vistos pelo capitalismo patriarcal como “coisa útil”, que devem ser submetidos às supostas necessidades humanas, seja como objeto de consumo, como meio de produção ou exploração. Além disso, o capitalismo patriarcal apresenta uma intolerância diante de outras espécies, seres humanos ou culturas que julga subalternas ao seu poder, buscando, assim, dominá-las. Neste contexto estão inseridos tanto o meio ambiente quanto as mulheres.
(...)
As mulheres pobres do Terceiro Mundo, que vivem em uma economia de subsistência, são as maiores vítimas da crise ambiental em seus países, pois são as primeiras a sentirem o reflexo da diminuição da qualidade de vida causadas pela poluição ou escassez dos recursos naturais, os quais são explorados indiscriminadamente para satisfazer as “necessidades” do Primeiro Mundo. A lógica do capitalismo tem se demonstrado incompatível com as exigências ecológicas para a sustentabilidade da vida no planeta. Portanto, ao contrário do que muitos ecologistas pensam, não é possível ecologizar o capitalismo, assim como também não é possível acabar com a dominação e exploração do gênero feminino sem superar as estruturas capitalistas patriarcais que a mantém. Deste modo, tanto a solução da crise ambiental quanto a da opressão das mulheres não devem ser tratados como problemas isolados. A salvação da vida no planeta, assim como a emancipação não só das mulheres como de todos os seres humanos, dependem de uma mudança estrutural e organizacional da sociedade. E para isto, é imprescindível a ação conjunta dos movimentos sociais contra seu opressor comum: o capitalismo patriarcal.

(excerto de um artigo de) ROSÂNGELA ANGELIN

LIGAR A TERRA AO CÉU


"Foi o homem, e não Deus, quem criou o conceito de pecado original"




"O Graal é, literariamente, o símbolo antigo do feminino, e o Santo Graal representa a divindade feminina e a Deusa, que por suposto se tinha perdido, suprimida de raíz pela Igreja. O poder da mulher e a sua capacidade para engendrar vida foram noutro tempo algo de muito sagrado, mas representava uma ameaça para a ascenção da Igreja predominantemente masculina e por essa razão a divindade feminina começou a ser diabolizada pela Igreja que considerava a mulher impura. Foi o homem, e não Deus, quem criou o conceito de pecado original, pelo qual dizia a Eva comeu a maçã e provocara a queda da humanidade. A mulher antes sagrada e a que engendrava a vida converteu-se na inimiga. (...)”

O CÓDIGO DE DA VINCE

de Dan Brown

sábado, março 22, 2008

A RESSURREIÇÃO COMO INICIAÇÃO FEMININA

"Na Babilônia, Ishtar é a antiga divindade que representava a fertilidade. (...)
Nas antigas religiões do oriente médio, e posteriormente na Grécia, Roma, e no oeste da Ásia, Ishtar é a deusa mãe, o grande símbolo da fertilidade da terra.

Ela é adorada sob vários nomes:
Astarte, Ceres, Cybele, Deméter, Ishtar, Isis, etc...

Com o passar do tempo, as divindades masculinas influenciam a história de Ishtar, e as divindades masculinas passam a ser adoradas em histórias de morte e ressurreição que simbolizam os poderes regenerativos da terra. Da mesma forma como Inana, Ishtar desce ao submundo, e deixa para trás todos os seus pertences na terra. Posteriormente retorna, simbolicamente ressurgindo para mais um ciclo de morte e renascimento. Ela desce ao submundo procurando o elixir sagrado para restaurar a vida de Tammuz. Ao passar pelos sete portões, ela vai deixando todos os seus pertences, todas as jóias e roupas, assim como todos que entram nos domínios dos mortos. Segundo alguns estudiosos, o mito da descida ao submundo representa a época do ano quando os suprimentos de comida estão em seu ponto mais crítico, no final do inverno. A sua morte representa o término da comida que havia sido guardada, e a sua ressurreição representa a nova colheita que enche de novo os depósitos. " (ANÓNIMO)

AS DEUSAS FORAM APAGADAS DA HISTÓRIA


OSTERA

SÓ "Posteriormente, a igreja católica acabou por associar sua Páscoa às festividades pagãs de Ostara e absorveu muitos de seus costumes, inclusive os ovos e coelhinho da Páscoa. Podemos perceber isso pelo próprio nome da Páscoa em inglês, Easter, muito semelhante a Eostre.
"
Eostre ou Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. A primavera, lebres e ovos coloridos eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados.
De seus cultos pagãos originou-se a
Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações judaico-cristãs. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora”.

É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.Eostre era relacionada à aurora e posteriormente associada à luz crescente da Primavera, momento em que trazia alegria e bênçãos a Terra.
Por ser uma Deusa um tanto obscura, muito do que se sabia sobre ela acabou-se perdendo através dos tempos, e descrições, mitos e informaçõe sobre ela são escassos.(...)

A MULHER COMO VIA PARA O SER


"...Primeiro: o homem deve passar por ela para passar a Ser. A Mulher, toda a mulher, é a verdadeira iniciadora do homem, sua via para o Ser. Segundo: o sistema patriarcal privou o homem das mulheres verdadeiras, perigosas pela sua supremacia. Em resposta, a mulher deve tornar-se consciente da Mulher que nela dorme: já é tempo que ELA saia do casulo."


André Van Lysebeth

Se a Mulher não se tornar consciente dela mesma, se não acordar para o seu grande potencial ESQUECIDO como fonte de paz e equilíbrio, mediadora que é das forças cósmico-telúricas, a humanidade não será senão uma metade e não tem saída...

Se as mulheres não começarem a sentir por elas próprias, se não acordarem para a sua essência verdadeira, e não escutarem o seu coração inteligente dando apenas ouvidos aos seus desejos insatisfeitos e descontrolados, às suas emoções truncadas, às suas frustrações acumuladas, às suas lutas infrutíferas, sem ver a causa das suas feridas...nada será mudado. Se as mulheres não se aperceberem das verdadeiras causas da sua divisão interior e conflito pessoal, e lutarem apenas por uma afirmação sexual, social e económica, nada se pode resolver.

Sim, enquanto as mulheres não resolverem a grande ferida que é a sua cisão em duas, divididas nos vários estereótipos que a sociedade masculina lhes impôs como modelos a seguir e não juntarem todos esses fragmentos de si próprias, onde quer que se encontrem estarão sempre fracturadas, lutarão entre si e serão as eternas rivais umas das outras a começar pela própria filha ou mãe…
rlp

sexta-feira, março 21, 2008

A RENOVAÇÃO DA NATUREZA...


ARAUTO DA PRIMAVERA,
AMADA VOZ, ROUXINOL...

SAFO - Fragmentos
ELA
Contigo aqui em Mertu
É como se já estivesse em Heliopolis.
Regressamos juntos ao jardim das muitas
árvores,
Onde colhi e enchi o meu colo de flores.
Olhando o meu reflexo no quieto lago
- com os braços cheios de flores - vejo-te
a aproximar pé ante pé para me beijares,
Inebriando-te nos meus cabelos intensamente perfumados.
E quando os teus braços me prendem assim,
sinto-me como se pertencesse ao Faraó
.
««««««««««««
in "Poemas do Antigo Egipto"

E os homens, hein?!!!


ABSOLUTAMENTE DE ACORDO...


Muita gente nos pergunta porque a opção preferencial pelas mulheres. Em primeiro lugar, não é exatamente pelas mulheres enquanto gênero, como se fossem uma metade do planeta. Precisamos deixar de ver a mulher como uma mera cópia em negativo do original masculino, ou como a costela de um ser superior e mais antigo. Mulheres são, a rigor, uma overdose da energia Yin do planeta, que habita todos os Seres, inclusive machos. Da mesma forma que as fêmeas também dispõem da vibe Yang.

Nem mesmo as polaridades Yin e Yang são separadas, elas se interpenetram, se fundem, e ainda assim são avaliações reduzidas de algo muito maior, quase intraduzível - a soma sagrada desses eixos inversos e complementares, que a cultura oriental chama de Tao. O princípio feminino, presente em diferentes proporções no homem e na mulher, gera disponibilidade para o cuidado, para a espera, para a receptividade, assim como o princípio masculino, existente também em diferentes doses no homem e na mulher, cria abertura para a iniciativa, a exteriorização, a estruturação da razão.
Ambos são absolutamente legítimos e necessários em seus contextos específicos. Mas a História terráquea tem privilegiado o princípio masculino, entortando a raça humana para um lado, bombando o racionalismo e a lógica cartesiana – inclusive nas próprias fêmeas.
Não se trata de queixas panfletárias, mas de compreender primeiramente que o mundo adoeceu quando fez esta escolha por uma das polaridades, erguendo instituições e ideologias a favor dos valores masculinos como se fossem naturais e “normais”.
Precisamos empatar esse jogo.
Pelo bem de todos.

RICARDO MARTINS

A MULHER E O SEU MÍSTÉRIO...

Minhas senhoras e meus senhores....
... "o ser que chamamos de mulher não é A mulher. É uma degenerescência, uma cópia. A essência não está aí, nossa alegria e nossa salvação não estão aí"...

"Chamamos mulheres a seres que dela não têm senão a aparência, tomamos em nossos braços imitações de uma espécie inteiramente ou quase destruída."


in TANTRA - O CULTO DA FEMINILIDADE
de André Van Lysebeth

Há um Mistério na Mulher, um mistério que é a sua natureza profunda acordada, como mediadora das forças cósmicas ou telúricas, um mistério que une o céu e a terra, um poder inato de receptividade, amor e concepção, e que dá Luz ao homem…

Esse mistério ANTIGO E OCULTO está por re-descobrir, pois ainda falta resgatar esse Ser Essencial, a mulher integrada, essa Mulher Absoluta que dá origem à Manifestação do Princípio Feminino…mas este mistério nada tem a ver com o “mistério” da mulher que hoje em dia vive fragmentada e atormentada pela sua falta de identidade, faltando-lhe parte do seu ser, a sua alma, que lhe foi roubada pela sociedade patriarcal. A Mulher de hoje e o seu “mistério” não é afinal mais do que a "dupla" natureza da mulher, e que não corresponderá em essência à dicotomia existente hoje em dia a qual reside em dividir e separar a mulher justamente nos aspectos que a tornam integra: sensualidade e erotismo, por um lado e maternidade e doçura, por outro, numa alteridade desses mesmos aspectos, opondo-os. Por sua vez estes mesmos aspectos correspondem à cisão da sua natureza em duas mulheres opostas: a de mulher-mãe, e a de mulher-amante numa oposição sexual-moral difundida pelas religiões patriarcais que as dividiram ao longo dos séculos. Estas duas mulheres confrontam-se e digladiam-se há séculos…sem saber que elas não são inimigas uma da outra, mas delas próprias …Essas mulheres agem como os homens e pensam como os homens, essas mulheres acusam as mulheres de educar mal os homens e sentem-se responsáveis e protectoras dos seus algozes, sentem-se culpadas quando são violentadas ou violadas como as “pecadoras” Eva e Maria Madalena o foram…porque foi assim que nos contaram a sua história.
....
rlp

quinta-feira, março 20, 2008

O PRINCÍPIO FEMININO - YIN

O PRINCÍPIO FEMININO


NADA TEM À PARTIDA A VER COM O FEMINISMO NA SUA CONCEPÇÃO POLÍTICA E SOCIAL, MAS TEM TUDO A VER COM A ESSENCIA DO FEMININO DO QUAL A MULHER MODERNA ESTÁ ALIENADA...

"Uma discussão sobre a natureza do princípio feminino e as leis que o governam é de vital importância tanto para os homens como para as mulheres de hoje em dia.

Como vimos, na nossa cultura ocidental do séc. XX, esse princípio tem sido negligenciado e suas exigências têm sido satisfeitas somente através da observação mecânica e esteriotipada dos costumes convencionais, enquanto que o cuidado e a busca das fontes da vida ficam escondidos nas profundezas da natureza. Essas fontes de energia espiritual ou psicológica só podem ser alcançadas, como dizem os mitos e as religiões antigas, através de uma aproximação certa da essência feminina da natureza, seja ela sob forma inanimada, seja nas próprias mulheres. É portanto da maior importância que procuremos estabelecer uma vez mais uma relação melhor com o princípio feminino.

Ao encarar esse assunto devemos nos desprender de todas as ideias pré-concebidas de como a mulher é ou do que é o “verdadeiro feminino”, e tentarmos uma aproximaçãocom mente aberta.

A nossa civilização tem sido patriarcal por tanto tempo, com o elemento masculino predominante, que a nossa concepção sobre o é feminino talvez se tenha tornado preconceituosa.

Por exemplo, tornou-se um “facto” estabelecido entre nós que o masculino é forte e superior e o feminino fraco e inferior. Só recentemente é que esse dogma foi ameaçado pelas mulheres que, em sua revolta, têm não só questionado a teoria, como também demonstrado na prática que esta não é firma. Porém ainda persiste o preconceito de que os homens são, de alguma maneira, independentes na realização pessoal, do carátcer ou força, superiores às mulheres - que o homem em si é superior à mulher. Em sociedades matriarcais o reverso dessa conjectura é verdadeiro.”(...)

In OS MISTÉRIOS DA MULHER
M. ESTHER HARDING

Se eu fosse apenas...

Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa
e não te sei dizer mais nada!
Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento
vais desfazendo a minha vida!
Perdoa-me causar-te a mágoa
desta humana, amarga demora!
- de ser menos breve do que a água,
mais durável que o vento e a rosa...
Cecília Meireles


"A doutrina dos olhos é para a multidão; o doutrina do coração para os eleitos."

A VOZ DO SILÊNCIO
Mme. Blavatsky

quarta-feira, março 19, 2008

NO BRASIL: TRABALHO SÉRIO...

Feminino Essencial em Rede


Por iniciativa dos editores dos sites Fadas e Poesias e Absoluta, abrimos este espaço editorial para estimular a visibilidade em conjunto dos principais trabalhos de sintonização do Feminino Essencial atuantes hoje no Brasil.
Neste blog temático, você encontrará notícias, conteúdo de sensibilização e agenda nacional de eventos. A seguir, confira quem somos: nossas propostas de trabalho, nossos ideais, nossas atuações...
(...)


Carolina Salcides
"Escrevo muito sobre deusas, fadas, bruxas, ciganas... Todos os arquétipos femininos. Gosto do universo da magia, da beleza e encantamento... Do sutil, do místico, do verdadeiro. Fadas e borboletas: criaturinhas leves, livres e belas que estão sempre presentes na minha vida, alegrando, inspirando e trazendo muitas coisas boas.Inspiração? Minha felicidade me inspira. Meu amor, minha fé, minha vida.
Obrigada pelo carinho, "

http://www.carolinasalcides.com.br/
http://www.carolinasalcides.blogspot.com/

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ABSOLUTA/Ricardo Martins

Sistema editorial, com base em Porto Alegre, com foco no Feminino Essencial. Inclui jornal impresso, site, blog, comunidade no Orkut e circuito de eventos. Atua desde a exata entrada da Primavera de 2006.

Mulher é mistério. Mistério de alma... Mãe, amante, gueixa, guerreira, Eva, Lilith, matilha, andarilha... Mistério de corpo... Oscilando em sua natureza cíclica, ondulando pelo oceano de seus hormônios regidos pela lua... Mulheres têm na carne o berço da Vida. Mulheres têm na alma a Alma de todos nós. Mulheres são tudo. A face feminina da Totalidade.Você merece o seu próprio céu.

Ouse ser quem você é.
Mais do que alcançar o seu melhor, ouse ser absolutamente tudo.
Tenha a audácia de ser absoluta.

http://www.absoluta-online.com.br/
http://absolutablog.blogspot.com/

terça-feira, março 18, 2008

" EU QUERIA POISAR COMO UMA ROSA SOBRE O MAR O MEU AMOR NESTE SILÊNCIO"

SOPHIA de Mello Breyner

A SEPARAÇÃO DAS "DUAS MULHERES"


(...) “Mais do que nunca, a Virgem Maria ia tomar o lugar de todas as deusas da antiguidade, suavizando os seus traços, abandonando a sexualidade, mas permanecendo sempre aquela que dá a vida e o alimento”.(...)Substituindo assim, “uma divindade feminina cuja função materna se desdobrava necessariamente numa função erótica.
Sabemos muito bem que essa função erótica iria ser escondida desde o início de um cristianismo inteiramente orientado para uma masculinidade triunfante e uma castidade exemplar, resultante a maior parte do tempo de um terror instintivo relativamente aos mistérios da mulher”

(Jean Markale)

BEM A PROPÓSITO...

(...)
"O instinto que nós apelidamos de sexual, sensual e erótico, ler “baixos instintos”, não é senão a procura de um estado de beatitude interna a que alguns chamam felicidade.

Esta felicidade é a finalidade em que nos fixamos. Como a não conseguimos atingir a acção acaba num efeito no resultado que é o prazer e não um fim em si nem um meio mas o acabar num acto incompleto ou num acto pelo qual todas as causas para o seu sucesso não estavam à partida reunidas. O prazer é de algum modo a forma imperfeita do que nós julgamos ser a felicidade, mas no mundo relativo que é o nosso será possível atingir essa felicidade?

Somos obrigados com isto a chegar a um outra constatação: o prazer é o que resta ao homem (ser humano) de mais desejável quando ele quer satisfazer o seu instinto.


É este instinto que a “civilização” nos fez esquecer e que os diferentes sistemas de educação colocam deliberadamente sob repressão em detrimento da natureza humana e evidentemente simbolizado nas sociedades paternalistas pela Mulher. Se o instinto é oposto à produção, a Mulher que é Instinto, que é Sensibilidade, que é Intuição, opõe-se fatalmente ao Homem que é Razão, que é Lógica, que é o Construtor, que é o Produtor, que é Organizador.

E depois, os antigos terrores face à Mulher ficam bem presentes: a Mulher é também o Amor, e o amor culpado."(...)
Jean Markale
(in JEAN MARKALE – LA FEMME CELTE)

segunda-feira, março 17, 2008

SE DEUS FOSSE MULHER

Pecadora

Tinha no olhar cetíneo, aveludado,
A chama cruel que arrasta os corações,
Os seios rijos eram dois brasões
Onde fulgia o simb’lo do Pecado.
Bela, divina, o porte emoldurado
No mármore sublime dos contornos,
Os seios brancos, palpitantes, mornos,
Dançavam-lhe no colo perfumado.
No entanto, esta mulher de grã beleza,
Moldada pela mão da Natureza,
Tornou-se a pecadora vil.
Do fado,
Do destino fatal, presa, morria
Uma noite entre as vascas da agonia
Tendo no corpo o verme do pecado!


Augusto dos Anjos


Não estou a fazer apologia da ideia da mulher pecadora, nem do nu em si, mas a querer ilustrar bem o pré-conceito do homem sobre o lado sensual da mulher e a atracção que lhe suscita, mas na associação do seu corpo a um verme do pecado...e da mulher a uma pecadora vil...

O poeta aqui além de ser "dos anjos" é sem dúvida católico apostólico romano...
Mas temos um segundo que sonha sem pecado... mas com uma prodigiosa blasfémia. Eles não sabem que a Mulher é mesmo DEUSA. E não um mito explorado pelo cinema ou qualquer esteriótipo banalizado pelos Midea...
E se Deus fosse uma mulher?
Indaga Juan sem pestanejar
Ora, ora se Deus fosse mulher
É possível que agnósticos e ateus
Não disséssemos não com a cabeça
E disséssemos sim com as entranhas
Talvez nos aproximássemos de sua divina nudez
Para beijar seus pés não de bronze,
Seu púbis não de pedra,
Seus peitos não de mármore,
Seus lábios não de gesso.
Se Deus fosse mulher a abraçaríamos
Para arrancá-la de sua distância
E não haveria que jurar
Até que a morte nos separe
Já que seria imortal por antonomásia
E em vez de transmitir-nos Aids ou pânico
Nos contaminaria de sua imortalidade
Se Deus fosse mulher não se instalaria
Solitária no reino dos céus
Mas nos aguardaria no saguão do inferno
Com seus braços não cerrados,
Sua rosa não de plástico,
E seu amor não de anjo
Ai meu Deus, meu Deus
Se até sempre e desde sempre
Fosses uma mulher
Que belo escândalo seria
Que afortunada, esplêndida, impossível,
Prodigiosa blasfêmia!
Poesia de Mario Benedetti,
poeta uruguaio

Terrorismo urbano

MISOGINIA?
É POUCO, EU PREFIRO CHAMAR-LHE "TERRORISMO" URBANO...
Ele expressa-se na publicidade e na poesia, na literatura e na Igreja...ele instala-se e propaga-se sem nenhum respeito pelo corpo nem pela pessoa da mulher.
Façam uma biciclete assim com um homem na mesma posição e veriam em nome d' Os direitos humanos e a Impresa toda revoltada com a imagem de um homem assim exposto, neste caso, sendo uma mulher já se está habituado, é normal, não tem importância...é cultural e religioso...


Bicicleta vendida por US $2,339.00, na Alemanha.

Percebam o "Sex Machine" na perna da mulher.

Tem coisas que chega dá ânsia de vômito na gente. Mas é bom ver que essa misoginia não existe só aqui nos EUA e no Brasil, não. A Europa chique pode odiar as mulheres tanto quanto. *

*IN sindrome de estocolmo http://www.sindromedeestocolmo.com/

SOBRE PROSTITUTAS E AMANTES


PARA QUE NÃO DIGAM QUE EU SOU RADICAL... LEIAM ESTE excerto de artigo de opinião do Diário de Notícias de ontem...
(…)
"McInerney comentou a presença de Scilda Sptizer no acto humilhante de dar a cara enquanto o seu marido declarava aos microfones que a havia traído. (…) O governador confessou um encontro com uma prostituta, Kristen, a já famosa "moreninha americana, 1,65m e 48 quilos", como se anunciava no site Emperors Club Vip, de Nova Iorque. Ele não confessou ter uma amante:


"A prostituta não é uma ameaça à estabilidade institucional e emotiva do matrimónio. Pelo contrário, historicamente sempre o reforçou", diz McInerney.

As diversas igrejas sempre toleraram as prostitutas (…)

O humorista americano H. L. Mencken declarou um dia: "A diferença entre o sexo pago e o sexo grátis é que o sexo pago costuma sair mais barato." E como Mencken era também filósofo não estava só a falar das situações brejeiras.
Como hoje ficamos a saber quase tudo, fomos informados que Kristen embarcou para aquele encontro que acabaria com a carreira de Sptizer, na Penn Station. Ao lado de Madison Square Garden, o pavilhão em que, além de grandes combates de boxe, se recorda uma cena lancinantes. No palco, uma belíssima e desesperada mulher foi anunciada pelo actor e cunhado do então presidente americano, Peter Lawford:
"Eis Marilyn Monroe..." E ela veio, coleante, tirou o agasalho de peles, mostrou o seu corpo magnífico e cantou com a voz partida: "Parabéns, Mr. President...
John Kennedy fazia anos, ainda era muito novo, julgava-se que tinha uma vida inteira à frente dele, mas essa vida, aquela voz partida sabia, não seria com ela. As mulheres dos ministros e dos generais - as fotos mostram isso - desprezaram a cantora. Mas a mais interessada, Jacqueline, a Sr.ª John Kennedy, essa, homenageou Marilyn: não foi ao Madison Square Garden. Isto é, reconheceu-lhe o papel de amante. De perigosa.”
Ferreira Fernandes

Sobre as esposas e não esposas…

"O que será que nossos homens esperam de nós e que nós nem sabemos ou sabemos e fingimos que não vemos????” (Cláudia)

- O que é isso que a mulher ignora e desconhece dela mesma ou finge não saber???

...Falta à Mulher uma parte importante de si…como tantas vezes aqui digo, falta à Mulher unir as “duas” mulheres cindidas pelas religiões, a santa e a perversa, a Virgem e a pecadora, falta à mulher integrar esses dois lados do seu ser que a o patriarcado dividiu e continua a dividir acintosamente entre a esposa no lar respeitada, as primeiras damas e as prostitutas na rua ou no bordel malditas e desprezadas pela sociedade e os Media e isso ainda o vemos todos os dia a ser implementado nos jornais noticiários e nas telenovelas…

...e passaram os anos e os séculos e ninguém quer ver nem consciencializar que essas duas mulheres fragmentadas, separadas à nascença pela educação cristã, são irmãs e mais do que irmãs são uma só e que em vez de alimentar a rivalidade entre as mulheres em todo o lado porque uma feia e outra é bonita, uma é rica e a outra é pobre, porque uma é séria e a outra curte o sexo…deve acabar e é a Consciência dessa cisão no âmago da mulher que a faz sofrer e adoecer, deve ser olhada e encarada como única forma de superar o antagonismo entre as mulheres…
Falta à mulher gostar e acreditar em si mesma!!!
Porque é que em todas as histórias há sempre “duas” mulheres em luta e competição pelo macho? Que se odeiam e puxam os cabelos? Porque é que a amiga íntima, a vedeta e a "cantora" a mulher pública é uma afronta para a primeira dama ou para a esposa? - quando se torna uma adversária fatal quando lhe quer roubar ou ameaça com a sua beleza o namorado ou o marido?

Não é esta a nossa cultura tradicional tão bem patente
no artigo de opinião do jornalista acima citado?

E mesmo que muitas mulheres pensem que tenham evoluído de muitas maneiras e se achem emancipadas (de quê pergunto?) não resolveram esta questão essencial que está ligada à essência mesmo do feminino sagrado…a união da mãe e da filha a união das três deusas…as três idades da mulher…e por aí infinitamente no Coração da Terra onde a memória ecoa ou se preferirem o DNA da Mãe que é transmitido geneticamente desde o princípio dos tempos…e não o do pai…
PS Eu sei que se um deputado ou jornalista lesse este artigo de blogue se riria da minha cara assim como em geral todos os homens se riem na cara das mulheres e elas continuam a ser apenas...
...PROSTITUTAS, AMANTES...E ESPOSAS...
(umas são mortas pela polícia secreta, outras pelas mafias, outras espancadas e mortas pelos maridos) rlp

sábado, março 15, 2008

andar na lua - sem chapéu...

Lá me esqueci eu outra vez do pensamento positivo e de olhar para A face crescente da Lua...isto deve acontecer quando eu ando na Lua...
Sim, deve haver neste mundo pelo menos 22 mil mulheres bem tratadas, respeitadas e felizes...
- Eh, você aí...é das felizes ou anda na Lua como eu?