O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 10, 2008

A CHAVE DA NOSSA UNIÃO: O ECO-FEMINISMO


May East - A reconsagração do ventre, por exemplo, que é um dos trabalhos que faço aqui, é de profunda intimidade da mulher consigo mesmo, de resgate da sua conexão com o seu ventre, o seu cálice de luz, o seu centro de gravidade - mas ao mesmo tempo é um trabalho profundamente politizado. Historicamente há as feministas políticas, que representam o yang do yin dos anos 50 e 60, que queimavam os sutiãs na praça publica, Depois temos essas mulheres que vieram nutrindo a chama do que era ser mulher em sociedades secretas, muito preocupadas em serem interpretadas como mulheres que estão fazendo bruxaria. Essas duas vertentes da reemergência do feminino do século 20 muitas vezes fluíram em oposição. As feministas políticas olhando para as mulheres do retorno da deusa dizendo "essas mulheres estão num exercício narcisista, não estão conseguindo articular esse corpo de valores na sociedade e mudá-la", e as mulheres do retorno da deusa sem poder para realmente fazer essa articulação, essa tecedura, do mistério do feminino na realidade - nem mesmo de passar para os seus filhos homens e mulheres. Então aconteceu, foi o encontro de Beijing, na China, há quatro anos.

Foi um encontro histórico para a reemergência da mulher, porque lá estavam as feministas políticas e as mulheres do retorno da deusa, e elas perceberam que tinham que entrar em diálogo e começar a dialogar. Foi aí que o eco-feminismo assentou na consciência das mulheres.

As feministas perceberam que se continuassem com a sua ação política mas ao mesmo tempo estivessem ancoradas, enraizadas nos mistérios do que é ser mulher, elas seriam mais eficientes agentes da transformação. E as mulheres do retorno da deusa perceberam que não há mais tempo mesmo de ficar relembrando o passado, nós temos que mudar o hoje para garantir o futuro das próximas gerações. É fantástico, é um privilégio estar encarnada como mulher nesse momento e poder fazer esse resgate de si própria, passar para as filhas...


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2 comentários:

Lealdade Feminina disse...

No livro sobre Ecofeminismo que te falei, fica claro e evidente que o problema da mulher é um problema de diálogo com as outras mulheres... e tbm na vida em geral... tanto que um cap. do livro é inteiramente dedicado a destacar as diferenças entre todas as Ecofeministas mais ativas, e da sua luta umas contras as outras, ao invés de unificar a luta, que no fim é a mesma... Como já disse antes, enquanto a mulher não superar esse "defensismo", não vamos a lado nenhum... ainda é a mulher como rival, e esse é o primeiro ponto a ultrapassar...

Lealdade Feminina disse...

E por acaso hj eu aprendi que as mudanças demoram muito tempo a acontecer... E estou numa fase muito compassivazinha... tendo uma enoooooooooooooorme compreensão da vida e das pessoas... e de como foram muitos milênios como rivais, que não se vão embora de repente... vejo tudo isso e compreendo, mas em algum lugar dentro de mim, me rebelo comigo mesmo, por estar a ser tão compassiva, qdo queria ser selvagem, pintar a cara pra guerra... pegar o arco e flecha e matar alguma coisa... fico aqui... serena... pq sei que essa lua vazia vai passar e sei que tem que ser assim, e me dá uma paz inexplicavel essa compreensão do mundo, que a minha selvagem confunde com fraqueza... apatia... saudade do futuro, talvez...