CUIDADO COM O ABUSO E A VIOLÊNCIA "ESPIRITUAL"...
(A virulência masculina que se confunde com virilidade…)
Como ficam desesperados os homens por perderem o controlo das mulheres ao nível da "espiritualidade". Eles têm que ter sempre a última palavra, mas por mais que argumentem, falar sobre as mulheres ou saber as mulheres, sem útero não vão lá. Por isso se dá esta cada vez maior violência no ataque à identidade feminina... em todos os campos da associação humana.
A mente masculina intelectual e objectiva, associada ao hemisfério esquerdo, logico e racional, tende a especular a sua força (inegável) de raciocínio logico e concreto contra a inteligência emocional da mulher que é mais subjectiva e intuitiva, mais abrangente portanto, e por isso o homem demasiado mental não consegue abarcar a inteligência feminina. E quando o faz normalmente é com alguma agressividade e violência que facilmente leva ao abuso discursivo para intimidar e submeter a mulher (sempre insegura ao nível do pensamento) .
Os homens ficam na superfície dos factos ou fenómenos (políticos, sociais ou económicos) enquanto as mulheres abrangem em profundidade e o que sentem e são, está muito para além do intelecto que separa tudo e analisa sem visão do todo… essa é a diferença entre homens e mulheres.
E cuidado porque o abuso e a violência masculina está também implícita nos homens "femininos" que defendem o "masculino sagrado" e que afronta a mulher na sua "supremacia" através das palavras e argumentos…
Eu nunca discuto com cavalheiros, nem imberbes… só com os Cavaleiros do Graal… quando eles se redem à Deusa...
rosa leonor pedro
AS RAZÕES DA SUBMISSÃO DS MULHERES
Muitas mulheres partem para uma “espiritualidade” à procura da sua “outra metade” num Mestre ou em Deus, como procuram no amor do homem, mas se elas não se encontrarem primeiro com elas mesmas e continuarem a fugir da sua Sombra (Lilith) que consideram “pecaminosa”, culpada ou inferior, de acordo com o que o sistema religioso, económico e cultural lhes inculcou desde a mais tenra infância, ela vai padecer sempre dos mesmos sintomas de carência e mal-estar e sentir-se rejeitada.
“Encarnando o feminino negativo, Lilith transfigura-se, posteriormente, em inúmeras deusas lunares (Ihstar, Astarte, Isis, Cibele, Hécate), arquétipos das forças incontroláveis do submundo A Lua Negra. Até ser personificada pela bruxa, na Idade Média, contra a qual o homem moveu uma das mais sangrentas perseguições de toda a sua história.”
As Evas que não compreendem a sua outra face, que não integram Aquela que afinal lhes deu a comer do fruto da Árvore do conhecimento e viu que era bom, (mas os padres disseram que era mau…) continuarão a fugir de si mesmas, a trair as outras mulheres, a repudiar as mães e as filhas, a matar os filhos para servir o homem – ou no mínimo a deixar que os homens matem os seus filhos na Guerra ou os violem em casa e na igreja – porque essas mulheres foram e são o alicerce de uma igreja que sempre as condenou e viveu à custa do seu sangue e do seu sofrimento. Serão inimigas da outra mulher que afinal é só a sua outra face…
Elas seguem os mestres mais variados e as religiões que sempre as condenaram com inferiores e culpadas da “queda” do homem, porque, desconhecendo a sua origem e história, desconhecendo uma parte integrante de si mesmas, não integraram nem compreendem a verdadeira natureza do seu feminino, o feminino sagrado que vivido como profano, condenado ao pecado pelas tradições patriarcais negam a sua essência ao negarem a Natureza Mãe os seus ciclos lunares, a sua natureza selvagem porque as tradições judaica ou cristã as ataram de pés e mãos e as excluem da sociedade tanto como desprezam a Terra Mãe e a Deusa.
“Enquanto mulher for desdenhada ou abandonada por causa de outra, Lillith representará os ódios contra a família o ódio aos casais e aos filhos; evoca a imagem trágica das Lamias na mitologia grega, assim não pode integrar-se nos quadros da existência humana, das relações interpessoais e comunitárias, foi assim lançada novamente ao abismo. “
Também as feministas cometeram o erro de julgar o Sagrado como culpado da degradação da mulher ao associarem O Sagrado à Igreja católica, e às religiões em geral, quando justamente nos rituais das religiões deixa de haver a evocação e a experiencia do Sagrado, para haver apenas “o profano”, o ritual morto – pois só a mulher permite entrar nos Mistérios do verdadeiro Sagrado.
Os Mistérios da Deusa Mãe e da Terra, os Mistérios Eleusianos foram fonte de conhecimento e iniciação na Grécia durante mais de 3 mil anos e foi o cristianismo que apagou da face da Terra o culto da Deusa e da Natureza Mãe assim como varreu dos lugares sagrados as legítimas detentoras dos ofícios sagrados e imitou os seus ritos e as vestimentas das sacerdotisas…
E assim, depois de vários séculos, o usurpador da iniciação feminina e da Deusa é “o padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu, descobrir o famoso véu de Ísis.”*
*Jean Markale (historiador francês)
Rosa Leonor Pedro
REPUBLICANDO