O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 31, 2019

MULHERES E HOMENS



CUIDADO COM O ABUSO E A VIOLÊNCIA "ESPIRITUAL"...
(A virulência masculina que se confunde com virilidade…)

Como ficam desesperados os homens por perderem o controlo das mulheres ao nível da "espiritualidade". Eles têm que ter sempre a última palavra, mas por mais que argumentem, falar sobre as mulheres ou saber as mulheres, sem útero não vão lá. Por isso se dá esta cada vez maior violência no ataque à identidade feminina... em todos os campos da associação humana.
A mente masculina intelectual e objectiva, associada ao hemisfério esquerdo, logico e racional, tende a especular a sua força (inegável) de raciocínio logico e concreto contra a inteligência emocional da mulher que é mais subjectiva e intuitiva, mais abrangente portanto, e por isso o homem demasiado mental não consegue abarcar a inteligência feminina. E quando o faz normalmente é com alguma agressividade e violência que facilmente leva ao abuso discursivo para intimidar e submeter a mulher (sempre insegura ao nível do pensamento) .
Os homens ficam na superfície dos factos ou fenómenos (políticos, sociais ou económicos) enquanto as mulheres abrangem em profundidade e o que sentem e são, está muito para além do intelecto que separa tudo e analisa sem visão do todo… essa é a diferença entre homens e mulheres.
E cuidado porque o abuso e a violência masculina está também implícita nos homens "femininos" que defendem o "masculino sagrado" e que afronta a mulher na sua "supremacia" através das palavras e argumentos…
Eu nunca discuto com cavalheiros, nem imberbes… só com os Cavaleiros do Graal… quando eles se redem à Deusa...

rosa leonor pedro 
AS RAZÕES DA SUBMISSÃO DS MULHERES 

Muitas mulheres partem para uma “espiritualidade” à procura da sua “outra metade” num Mestre ou em Deus, como procuram no amor do homem, mas se elas não se encontrarem primeiro com elas mesmas e continuarem a fugir da sua Sombra (Lilith) que consideram “pecaminosa”, culpada ou inferior, de acordo com o que o sistema religioso, económico e cultural lhes inculcou desde a mais tenra infância, ela vai padecer sempre dos mesmos sintomas de carência e mal-estar e sentir-se rejeitada.

“Encarnando o feminino negativo, Lilith transfigura-se, posteriormente, em inúmeras deusas lunares (Ihstar, Astarte, Isis, Cibele, Hécate), arquétipos das forças incontroláveis do submundo ­ A Lua Negra. Até ser personificada pela bruxa, na Idade Média, contra a qual o homem moveu uma das mais sangrentas perseguições de toda a sua história.”


As Evas que não compreendem a sua outra face, que não integram Aquela que afinal lhes deu a comer do fruto da Árvore do conhecimento e viu que era bom, (mas os padres disseram que era mau…) continuarão a fugir de si mesmas, a trair as outras mulheres, a repudiar as mães e as filhas, a matar os filhos para servir o homem – ou no mínimo a deixar que os homens matem os seus filhos na Guerra ou os violem em casa e na igreja – porque essas mulheres foram e são o alicerce de uma igreja que sempre as condenou e viveu à custa do seu sangue e do seu sofrimento. Serão inimigas da outra mulher que afinal é só a sua outra face…

Elas seguem os mestres mais variados e as religiões que sempre as condenaram com inferiores e culpadas da “queda” do homem, porque, desconhecendo a sua origem e história, desconhecendo uma parte integrante de si mesmas, não integraram nem compreendem a verdadeira natureza do seu feminino, o feminino sagrado que vivido como profano, condenado ao pecado pelas tradições patriarcais negam a sua essência ao negarem a Natureza Mãe os seus ciclos lunares, a sua natureza selvagem porque as tradições judaica ou cristã as ataram de pés e mãos e as excluem da sociedade tanto como desprezam a Terra Mãe e a Deusa.

“Enquanto mulher for desdenhada ou abandonada por causa de outra, Lillith representará os ódios contra a família o ódio aos casais e aos filhos; evoca a imagem trágica das Lamias na mitologia grega, assim não pode integrar-se nos quadros da existência humana, das relações interpessoais e comunitárias, foi assim lançada novamente ao abismo. “


Também as feministas cometeram o erro de julgar o Sagrado como culpado da degradação da mulher ao associarem O Sagrado à Igreja católica, e às religiões em geral, quando justamente nos rituais das religiões deixa de haver a evocação e a experiencia do Sagrado, para haver apenas “o profano”, o ritual morto – pois só a mulher permite entrar nos Mistérios do verdadeiro Sagrado.

Os Mistérios da Deusa Mãe e da Terra, os Mistérios Eleusianos foram fonte de conhecimento e iniciação na Grécia durante mais de 3 mil anos e foi o cristianismo que apagou da face da Terra o culto da Deusa e da Natureza Mãe assim como varreu dos lugares sagrados as legítimas detentoras dos ofícios sagrados e imitou os seus ritos e as vestimentas das sacerdotisas…

E assim, depois de vários séculos, o usurpador da iniciação feminina e da Deusa é “o padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu, descobrir o famoso véu de Ísis.”*

*Jean Markale (historiador francês)

Rosa Leonor Pedro

REPUBLICANDO

VERDADES INALTERADAS QUE SE MASCARARAM



DE "IGUALDADE E EMANCIPAÇÃO"... 

Uma Visão de há quase 50 anos, mas o que mudou realmente?

(in EXPRESSO de 2 de junho de 1969 - França)



"Num estudo da revista de Gerontologia, a Dr. Anne Denard-Toulet diz quase isso : " as mulheres  dividem-se muito claramente em dois grupos: num, as que se encontram num estado de esgotamento físico e nervoso dando um verdadeiro quadro de envelhecimento precoce. Encontram-se entre as Categorias das mulheres Desfavorecidas, trabalhadoras, camponesas, etc. A partir de 45-50 anos, elas têm uma reivindicação quase obsessiva: ter o direito e a possibilidade de parar e descansar.

Ora, tratando-se quase sempre de mulheres que sofreram "o esgotamento materno" que tiveram de levar para a frente as maternidades e o trabalho em más condições financeiras.
Mães de crianças jovens, elas fizeram uma corrida de morte Contra Relógio, contra o esgotamento das tarefas nunca concluídas e sempre por acabar; vivem com um sentimento permanente de "mau" Trabalho. E, muitas vezes, não foram tratadas como convinha, durante a sua gravidez e depois. Elas não souberam, elas não puderam.

No outro grupo, encontram-se, pelo contrário, as mulheres (favorecidas) professoras, ou pertencendo a quadros técnicos qualificados, comerciais, empresárias, exercendo profissões liberais, que reivindicam fortemente, após os 40 anos, o direito ao trabalho, a possibilidade de trabalhar, mulheres que Não se esgotaram na sua juventude  porque conheceram condições materiais melhores e que estão na melhor fase das suas forças. Estas, privadas dos seus filhos que se tornaram grandes, sentindo diminuir a sua capacidade de sedução, não suportam ser também excluídas do mundo do trabalho na idade do seu melhor rendimento e da sua maior disponibilidade, física, psicológica, e material."

quarta-feira, maio 29, 2019

NÃO EXISTE LIBERDADE SEXUAL...


OS DIREITOS DAS MULHERES 
ESTÃO A RECUAR EM TODA A EUROPA…

"Acho que temos que ter uma conversa meio dura aqui. Eu sei que nos últimos anos você tem aprendido e entendido que é uma mulher livre sexualmente. Que é dona do seu corpo. Que pode fazer o que quiser com ele. Que não é mais reprimida. Que tem DIREITOS que foram conquistados inclusive a duras penas por outras mulheres, feministas, que denunciaram e lutaram para que você pudesse ter alguma autonomia
Estas maravilhosas mulheres que nos antecederam denunciaram sobre como nosso corpo sempre foi objetificado e usado como mercadoria e sobre como nossa capacidade de gerar, em nossos úteros, uma nova vida, nos manteve subordinadas e exploradas. E lutaram portanto por direito a métodos contraceptivos e a interrupção de gestações se assim mulheres desejassem. Essas mulheres denunciaram que nosso corpo sempre foi passivo no ato sexual e que o prazer deveria ser algo compartilhado e desejado por todas as mulheres. "(…)

Excerto de um texto muito lucido e bastante longo que mostra como de facto a verdadeira liberdade da mulher não existe senão na sua cabeça… e que isso equivale a um erro grave. Pensar assim expõe a mulher a uma sociedade que nunca foi senão uma sociedade machista e dominadora e os padrões base que a alimentaram séculos continua a ser o mesmo fora das idealizações que se fizeram através de teorias várias que apenas branqueiam a realidade.
As feministas insistem nessas ideias pretendendo que as mulheres ajam em conformidade com as suas teorias e as mulheres acabam por se expor a violência crescente que é a violação e o abuso das mulheres em todo o lado. Parece inocente que uma rapariga vá vestida como "gosta e quer" - muitas vezes quase despida - afirmativamente, ou se quisermos provocantemente (ai o que isto parece conservador!)  sem ter em conta o olhar do predador sexual que é quase todo o homem que não conhece… e que vê a mulher como mero objecto de prazer. Por mais que digam, por mais que hajam discursos sobre a emancipação e a liberdade das mulheres essa não é a REALIDADE. Essa liberdade está como dizia há dias uma amiga, só na cabeça das pessoas… Porque a realidade continua a ser a da  "violência dos homens sobre a mulher as crianças e os animais, (e isso) deve-se ao facto de a Humanidade estar sob a  “dominação exclusiva dos homens”...há séculos!


"Porque esta obsessão da negação das mulheres pelas religiões patriarcais?

Esta impureza das mulheres mas mais do que isso, esta profunda misoginia, esta negação da humanidade no sexo feminino, encontramo-la nas três religiões monoteístas de forma exacerbada.
Também a encontramos noutros lugares. Esse caminho também foi percorrido pela Índia. Mas aquilo que espanta e também nos atrai é que ainda persiste a imagem do Grande Feminino.
Nos templos, podemos encontrar a divindade feminina. Enquanto no ocidente, tem-se a impressão de se tratar apenas de folclore bárbaro, pura imaginação. Mesmo com as universitárias, falar do divino feminino parece lhes algo de carnavalesco. Para elas o divino feminino é unicamente mítico. Elas não vêm que o mito foi história. É nesse ponto que se fixa o meu trabalho. Contrariamente ao que dizia Jung, a mitologia não é um arquétipo fixo, é também história. Ora se ficarmos no mito apenas, por exemplo, o das amazonas, das mulheres fortes, portanto no inconsciente colectivo, isso não fará mal a ninguém porque o castramos da sua historicidade para deixar isso numa terra de ninguém, fora do tempo e do espaço. Então é aí que se torna curativo sublinhar que existiu um outro feminino para além da visão patriarcal, que não foi nem sujo nem demonizado. O casamento sujo é o casamento patriarcal, que é o casamento de um dominado e de um dominador."  Françoise Gange - Février 2001

“A racionalização do sistema andocrático (dominação exclusiva dos homens) é serem os homens como “chefes de família”, quem toma conta das mulheres e crianças. Esta racionalização baseia-se porém num modelo de realidade que, mais uma vez, ignora quantidades maciças de dados, pois estes demonstram sobejamente que uma das principais razões porque tantas mulheres e crianças em todo o nosso globo vivem na miséria mais abjecta é o facto de, tanto em famílias “unidas” como “destroçadas”, os homens NÃO sustentarem adequadamente as mulheres e os filhos.”– Riane Eisler *

A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES está em todo o lado...ela é branqueada e disfarçada, mas quando não é obvia e descarada ela passa subliminarmente em tudo que se diz e faz num sociedade patriarcal. A violência contra as mulheres começa e está na Génese...está nos livros "sagrados", no Alcorão e na Bíblia...Está nas histórias que vendem milhões, na pornografia, nas telenovelas, nas canções, na pregação dos padres, dos políticos, dos militares, dos futebolistas, está na prostituição, está na cultura, na Arte...está no Cinema, está nos anúncios...está na mente de todos homens em geral!

A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES É INERENTE AO PRÓPRIO SISTEMA...e o Sistema baseia-se nela...porque se baseia na guerra e na competição e no consumismo, na alienação do ser humano de todos os valores, na mentira global e na exploração da mulher pelo homem, desde sempre dentro do casamento e no Bordel e agora pelas Mafias e pelas industrias da musica e da moda e da cosmética assim como do homem pelo homem.

Tudo isto se passa dentro do Sistema patriarcal, sujeitas ao culto do pai e do deus, a que tod@s estamos jujeit@s de uma maneira ou outra, o que muda dentro do movimento do Sagrado Feminino, por suposto evocando e resgatando uma herança matriarcal? Fazem as mulheres do sagrado feminino a diferença? Que mulheres são essas ? Mulheres comuns com profissões comuns, mães de família, trabalhadoras, cultas ou incultas? Como vivem elas essa realidade em que a Deusa é evocada como principio? FALANDO COM AS MULHERES, Mesmo com as universitárias, falar do divino feminino parece lhes algo de carnavalesco. Para elas o divino feminino é unicamente mítico. Elas não vêm que o mito foi história. É nesse ponto que se fixa o meu trabalho.

No entanto "O encontro com a Mãe Divina é uma etapa essencial para a nossa consciência, totalmente incompreensível para o intelecto. Porque a Grande Mãe é o Todo. Ela é o próprio Corpo da criação, Ela sustem o universo, a sua Essência está em todo lado. E a sua Essência é Amor puro. Ela é a Matriz última, da qual somos tod@s filh@s." (Marie Elia)

rlp

*in “O CÁLICE E A ESPADA” 




Se as Mulheres fossem Seres Humanos …



"EM CADA PROSTITUTA 
HÁ UMA MENINA ASSASSINADA"



SE AS MULHERES FOSSEM SERES HUMANOS

“Se as Mulheres fossem Seres Humanos …
Seríamos uma mercadoria expedida da Tailândia
Para os bordéis de Nova Iorque?
Seríamos escravas sexuais, ou para reprodução?
Seríamos criadas para trabalhar toda a vida sem salário,
Queimadas quando o nosso dote não fosse suficiente
Ou quando um homem estivesse cansado de nós,
Morreríamos à fome quando viúvas (se sobrevivéssemos à sua pira funerária),
Ou seríamos vendidas para sexo, porque não servíamos para mais nada?

Seríamos vendidas para casar com sacerdotes para expiar os pecados da nossa família
Ou para melhorar as perspectivas terrenas da nossa família?
E, quando fossemos pagas pelo nosso trabalho, seria para realizar as tarefas mais servis e sermos exploradas até morrermos à fome?
E seria o nosso sexo cortado para nos “limpar” (o nosso sexo é sujo?),
Para nos controlar, para diferenciar e definir a nossa cultura?
Seríamos traficadas como coisas para uso e entretenimento sexual por todo o mundo
e por todas as formas que a tecnologia torna possível?
Seríamos impedidas de aprender a ler e a escrever?
Se as Mulheres fossem Seres Humanos …

Teríamos tão pouco peso na tomada de decisões
E no governo dos países onde vivemos?
Seríamos escondidas• sob véus, feitas prisioneiras em casa,
E apedrejadas e baleadas por nos recusarmos a viver assim?
Seriamos espancadas quase até à morte, ou até à morte
Pelos homens que nos são próximos?
Seríamos molestadas sexualmente pelas nossas famílias?
Seríamos violadas e alvo de genocídio para aterrorizar,
Expulsar e destruir as nossas etnias,
E violadas ainda nessa guerra não declarada que acontece todos os dias
Em todos os países do mundo no chamado tempo de paz?

Se as Mulheres fossem Seres Humanos…
Seria a nossa violação apreciada pelos nossos violadores?

E se fossemos seres humanos, estas coisas poderiam acontecer sem que virtualmente nada fosse feito a esse respeito?”

C. Mackinnon – “Are Women Human” – tradução de Maria Teresa Féria de Almeida In Revista Julgar n.º 22 – 2014 (pág 97 e 98)

terça-feira, maio 28, 2019

Não, não venham com histórias.


QUANDO SE VIVE E SE MORRE, por amor... 

"Quando nada se tem a Perder, porque já se Perdeu Tudo, pode-se falar o que se quiser. Entendem? Cada um sabe do Amor que carrega, seja ele de natureza instintiva, emocional, mental ou espiritual. É tudo a mesma fonte, o Amor provem de uma só fonte, só que vivido de diversas formas por cada um. Só quem nada tem dentro, é que escarnece daqueles que ainda amam!! Para esses, tudo é indiferente, e têm toda uma bagagem de mensagens intelectuais para discorrerem, para criarem juízos! Porquê? Porque vivem na Cabeça...! Não tiveram a coragem de Viver o Amor a Sério!! Não tiveram a ousadia do Compromisso Amoroso!!

Não sei se conseguirei aguentar tanto Desgosto. Quero chorar até secar tudo e não restar nada do que sinto falta. Quero esquecer-vos!! Não me venham dizer que chorar é para os fracos. Quem nada sente, para esses, tudo parece não doer nada. Covardes são os que não Amam!!

Meu coração dói tanto. Tanto. Ai, o Coração. Creio que não há um aparelho que possa medir a dor que me atravessa o Corpo, a Alma e o Coração. Com certeza que, Vós contribuíste para esta Dor, e Eu de tão ingénua e de acreditar tanto que é possível, mesmo no meio de tanta loucura, insanidade neste mundo, da maldade, da ganância, deixei-me conduzir para o abismo das vossas ciladas... tal como uma criança perdida. Busquei só o Amor, o despertar ele!! Mas Vós, deixaste-vos seduzir pelo Poder deste Mundo... das Glórias, das Famas, da Auto-Importância, dos Aplausos, do Sexo, do Dinheiro...

Eu mais do que ninguém aspiro a um Novo Mundo. Um Mundo em que estas coisas estejam bem distantes. Está tudo contaminado.
Queria acreditar, mas desconfio dos Falsos Profetas, Falsos Salvadores, que começam a surgir de todos os lados, numa ávida necessidade de Poder sobre as Mentes Humanas... que mais uma vez, terá resultados tão idênticos como sempre ocorreram na História da Humanidade!!

Sempre venderam Pós Mágicos, que aparentemente não Iludem, mas que enterram cada vez mais, e as Dores serão vomitadas, tarde ou cedo, de tal forma tão dolorosas, que ficará quase impossível de Respirar... tornar-se-á um Sufoco Humano...
Eu sei, as dores assustam... e vocês apenas não querem ouvir falar sobre isso!! Muitos acham que tudo isto é Fraqueza!! Por acaso, dar à Luz não é um Festim de dores? Sabem porque o parto é atenuado? Porque no fim, a criança está nos braços da Mãe, e isso fá - la perdoar a dor. Mas quando as nossas dores, não levam a nada... não nos trazem acréscimo de Vida, de Absolvição... torna-se Insuportável a Existência!! Ninguém Merece ver uma Porta Fechada, sem que uma Janela se abra, não para um Novo Abismo ou de regresso ao Passado. É quase uma Injustiça!!! É quase uma Injustiça.

Digo-vos, e porque estou profundamente cansada:
Por Favor, Saem da Frente de Meu Sol!!
Estou arrasada em Ser Sombra.



Ana Maria Fernandes - (1969 -2018)  

PERGUNTA



- Como se define a feminilidade essencial?

“Agora, pela primeira vez, pensa no que é a mulher, NO QUE É A ESSÊNCIA DO FEMINIO. Tem a revelação de que o encanto da mulher, quando esta não é rebaixada por todo o tipo de condições exteriores, advém do facto de ela ser a mágica transformadora, virtualmente capaz de tudo converter em graça etérea, e nenhuma tentativa de a aviltar produz efeito. É certo que ela é carne, mas não é menos certo que essa mesma carne se transmuda constantemente em murmúrios, em perfumes, em vibração, em ondas infinitas cuja música importa não abafar. Pensando bem, o corpo da mulher encarna o mais ardente milagre da natureza. Ou mais precisamente, é a natureza que nela se resume em milagre.
Não é verdade que nela se encontra toda a beleza da natureza: suave colina, secreto vale, nascente e prado, flor e fruto? Assim sendo, não se deve ver-lhe o corpo como uma paisagem? Ora, como ensina o mestre tauista, numa paisagem, mais do que as entidades substanciais, importa aprender a entrar em comunhão sobretudo com aquilo que delas emana, a irradiação que vem dos musgos, as ondas sonoras que vêm dos pinheiros, os aromas que vêm dos sucos propagados pela bruma e pelo vento.”

In “A ETERNIDADE NÃO É DEMAIS”
De François CHENG

sábado, maio 25, 2019

AS MÃES TÓXICAS...


MÁS MÃES …?

Minha amiga, espero que não se importe de eu publicar o seu comentário, primeiro porque o apaguei sem querer...e depois queria muito RESPONDER-LHE e sobretudo salientar um testemunho (o seu)importantíssimo porque muitas mulheres fogem desta realidade. 
Tenho escrito bastante sobre isso. É evidente que a má mãe prefere o filho à filha como digo tantas vezes, mas a sua mãe odeia-a a si como reflexo dela mesma. Como mulher mal tratada que se odeia, ela odeia em si tudo o que a lembra dela, tudo o que evoca a sua lembrança de sofrimento por ser menina e mulher e de que você é a exposição do mesmo drama: veja o que veio a acontecer consigo, dado que repetiu o padrão ao escolher um parceiro violento; pense e sinta que  na verdade a sua mãe  não a odeia a si, como pessoa, ela odeia-se a si mesma como mulher. É essa a essência do drama da mulher Mãe e filha. As mulheres que se odeiam normativamente odeiam as filhas e preferem de longe os filhos...elas queriam ser homens ademais. Para se sentirem a salvo da violência. Possuir o filho é uma vingança da mãe reprimida que o castra - por isso os homens odeiam as mães. 
Mas tudo isto vem da ignorância e do obscurecimento social em que vivemos dentro de um Sistema opressor da mulher  e de uma cultura que a desprestigia e inferioriza, que a transforma num objecto de consumo e prazer e faz dos homens heróis e violentos. Essa preferência pelos homens faz com que as mulheres se odeiem  e sejam  inimigas umas as outras em luta pelo homem e isso começa desde logo em casa com a mãe…
Também lhe queria dizer que a medida que for compreendendo a sua mulher em si e percebendo esta questão da divisão da mulher em duas, este conflito psicológico das mulheres confrontadas com a negação do seu ser instintivo e sensual, assim como de todas as mulheres forçadas a serem mães por obrigação ou se casarem forçadas pelas famílias ou por não terem vida própria, futuro  ou dinheiro, que acabam invariavelmente por serem desprezadas ou espancadas -, mulheres sem direito a expressar-se e a viver segundo o que verdadeiramente sentem, porque foram  reprimidas e educadas para servir o homem e que não conheceram senão desprezo elas não podem ser "boas mães". 
Se calhar nada pode fazer pela sua mãe já, mas pode fazer tudo por si. Talvez devesse seguir mais um processo de resgate de si e autoestima e deixar de pensar na sua mãe sendo a vitima, mas elevando-se acima disso e perceber como é que a sua mãe é ou foi vitima também. Uma pessoa que é maltratada não pode amar… mas você está a tempo de se amar se se escolher a si ..se se libertar dessas amarras… se iniciar um novo caminho de resgate do seu ser acreditando em si e valorizando-se...
Nós vivemos numa sociedade toxica que destreza as mães e maltrata as mulheres...portanto alargando a sua visão da questão poderá perceber melhor a dimensão do problema que é mundial. Não é focando no problema em si estritamente analisado sem a compreensão do que está por detrás desse drama global no mundo. A violência domestica vem do Sistema e o feminicídio também…
Como vê, as mulheres que amam mais os filhos - esse "amor" não os ajudou a melhorar o mundo bem pelo contrário… eles acabam odiando  as mães que os feminizam fragilizando… e para mostrar a sua força e independência desprezam e maltratam as mulheres...
Há muita coisa implicada nisto. Vou ver o site de que me fala, mas creio que é demasiado acusatório e não vê o drama da Mulher em si, na sua globalidade e acaba por gerar mais ódio da filha a mãe em vez de a ajudar ou curar...depois lhe direi. A psicanálise e a psicologia pouco entendem do drama fulcral da mulher…

rosa leonor pedro

Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "MÃES MÁS":

Minha querida amiga Rosa Leonor. Posso entender que minha mãe foi forçada a ser mãe, que ela era uma mulher espancada e que teve filhos com um homem que não queria. Com muita dor e sofrimento reconheço sua história. Mas ela não tem a menor compaixão pela minha história. Eu também fui uma mulher espancada e, embora não tenha tido filhos, quase morri nas mãos do meu parceiro. Ela me trata pior do que meu pai, ela prefere seu filho. Ele me odeia profundamente, ele me odeia e recebi apoio e aceitação de qualquer pessoa menos ela. Fiquei muito animada quando descobri a Deusa Mãe e achei que era a solução para curar nosso relacionamento, para nos tornarmos amigos, mas tem sido impossível ... Neste blog você encontrará algumas idéias interessantes. Porque eu realmente quero ENTENDER, para parar de sofrer. https://hijademadretoxica.com/wp/madre-toxica/

sexta-feira, maio 24, 2019

AS MULHERES E A SUA SOMBRA...


E A MULHER COMO RIVAL DA MULHER… 

- "Sabe, a Rosa está sempre a sublinhar "as guerras" entre mulheres, para que lentamente cessem. Mas alguém que viva dessa desunião vai detestar isso! "

É verdade que eu escrevo muitas vezes, com diz o a minha amiga, a sublinhar as guerras entre mulheres e isto a propósito de uma certa inimizade e hipocrisia que existe no fundo de todas elas, e que eu denuncio amiúde, tal como fazerem-se de muito amigas ou colocarem-se ao lado de mulheres de poder ou de renome, ou adularem as mulheres importantes de um Grupo porque ocupam uma posição hierárquica superior, e isso nem sempre ser a verdade. E tal como ela diz, acho que é o que acontece sobre o que se passa em relação a toda esta questão de que eu falo sobre a rivalidade e antagonismos das mulheres. No fundo trata-se apenas de chamar a atenção para o inconsciente e mostrar o quanto ainda estamos longe de uma irmandade...

E ela tem razão, tanto mulheres como homens tem-se aproveitado desta minha exposição para me apontar o dedo ou criticar como se eu fosse "inimiga das mulheres" ou das feministas ou contrária à sua "evolução", como se eu me opusesse a sua dita liberdade ou emancipação, tão em causa dentro do Sistema Vigente, em nome do matriarcado e de uma feminilidade. Isto porque opto por apontar os dois lados de tudo sem medo porque Luz e Sombra são concomitantes e porque para mim as qualidades ou defeitos das mulheres são iguais" digamos, fazem parte de um processo de integração e consciencialização e porque eu NÃO AS JULGO. É ai que está o erro...a pessoa sentir-se julgada ou avaliada ...e isso reflecte sempre o medo e a falta de autoconfiança das mulheres. Eu apenas identifico o que me parece favorável ou desfavorável para a sua tomada de consciência a um nível psíquico e emocional. Mas essa reacção acontece sobretudo da parte das mulheres que simulam uma "realização" qualquer seja a nível espiritual ou de uma irmandade que não sentem ou não vivem na prática essa consciência de si como um todo.

É claro que eu poderia salientar apenas os lados favoráveis e dizer que há mulheres que são magicas, que são incríveis e fiáveis, mulheres que são verdadeiras  e capazes  de se darem desinteressadamente, capazes de serem amigas e que estão conscientes das suas contradições e que fazem a diferença porque se respeitam, e respeitam as outras mulheres e porque se amam, amam as outras mulheres, e eu sei porque vibram em ressonância com o que dizem.

Era mais simpático sem duvida, mais abrangente de acordo com o "politicamente correcto", menos controverso, mas isso é o fácil…e não ajuda ninguém a crescer. Dificil é atrever-me a dizer que as mulheres na sua grande maioria são pérfidas e traiçoeiras e más e muitas nem se apercebem disso, mas está lá o veneno a minar tudo...só que de forma sub-reptícia... - sendo essa uma forma mais antiga de defesa que as mulheres encontraram para sobreviver ao patriarcado - simplesmente mostrando uma realidade que elas se negam a ver a fim de sanar essa mesma rivalidade tem-me valido alguns dissabores e muitas inimizades da parte de algumas mulheres, sobretudo as mais imaturas que não conseguem esconder a sua raiva ou irritação.
Não, não é fácil dizer certas verdades quando vivemos num mundo de mentira em que tudo e todos se enganam e fazem questão de enganar os outr@s. Nesta sociedade poucas pessoas se atrevem a ser sinceras ou a dizer o lado "negativo" das coisas. Impera o idealismo e o positivismo. Nega-se a Sombra e toda a gente cai no engodo do belo e bonito… como se a máscara um dia não caísse…


rosa leonor pedro

quinta-feira, maio 23, 2019

A PINTURA DE LENA GAL



E como pinta a Lena as suas mulheres?

Pinta-as de terra e chão e folhas e árvores e galhos e ervas e alecrim e rosmaninho… Pelo menos a mim cheira-me a flores selvagens que curam a alma e limpam o astral e a aura…
As mulheres de Lena Gal…estão vivas e embora algumas pareçam inacabadas, elas já são inteiras na procura de juntar todos os pedaços que lhe roubaram os antepassados pela sua servidão; elas são o espelho fiel da mulher genuína na procura da sua integralidade, a que busca a liberdade de ser ela mesma!
Sim, a Lena molda-as do barro com as suas mãos e dá-lhes alma; chama-as assim ao seu caminho ancestral, chama-as ao Caminho da Lua e com elas traz a sua sombra e os seus símbolos, traz as serpentes, os lobos e os gatos, eternos companheiros das sacerdotisas e videntes… As mulheres da Lena Gal são grandes como ela, porque são do tamanho do seu coração sem mácula, são do tamanho da sua liberdade porque a Lena não tem medo das facetas da mulher que ela descobre em si mesma e assim ousa e assim as interpreta e as canta; assim as celebra num hino à Natureza Mãe, e à Deusa.
Ela quer também acordar a Mulher que falta cumprir, a mulher que falta ser descoberta em cada mulher…A Lena traz-nos esse precioso contributo, ao desvelar as mulheres nos seus trejeitos, nos seus esgares, nos seus anseios e até dos seus medos, mas liberta-as dos espartilhos, dos conceitos de beleza, das operações plásticas…Ela pinta as mulheres de terra e sangue, de azul lua e à sombra dos Ciprestes…
A Lena recorda as mulheres de outrora, a beleza natural que é pertença de todas as mulheres e que a sociedade consumista e plástica quer elegantes ou estilizadas e de coleira na garganta…
As mulheres da Lena Gal são uma homenagem à liberdade interior das mulheres, são um esboço da Nova Mulher que volta para abençoar a Terra e os seus elementos. As mulheres da Lena Gal são a Ressurreição da Mulher sacrificada ao homem e que se liberta da canga social.


Rosa Leonor Pedro- escrito em 2009

UMA PUTA NUNCA É MENINA



FAZER A APOLOGIA E A DEFESA DA PROSTITUIÇÃO,
já é ser doente, é de um Sistema podre!


"AS PUTAS SÃO SINCERAS…"

- Só a Vida é Verdadeira, ou só a Vida é sincera, para o caso serve.
Dizer que as putas são sinceras é apenas um cliché, é estar a abismos de distância da historia real de cada puta, que é sempre uma historia de dor, mas duma dor que nenhum homem conhece ou pode conhecer, mesmo os que se prostituem, porque a natureza deles é outra.
Dizer que as putas são sinceras é não saber, nem QUERER SABER, nada do que se passa com cada uma delas, apenas querer usá-las.
Nem que seja com os olhos.
Quando os homens se deitam com uma mulher e lhe chamam puta ou derivados, eles não estão com aquela mulher, não estão unindo-se com aquela mulher, estão a obrigá-la a identificar-se com uma imagem, uma personagem, que a sua histeria (dos homens) fabricou.
Nunca uma mulher consagrada ao eros divino, que as há, por aí, levaria a que um homem lhe chamasse isso.
Para se poder deitar com ela, e banhar-se noutro nível de prazer, ele teria largado há muito, essas toscas imagens, mecanicamente herdadas.
É que têm uma historia , ou muitas historias, tão tristes, por detrás.
UMA PUTA NUNCA É MENINA:
Ela perdeu para sempre o contacto com essa menina que em si existiu, mesmo que às vezes tenha de fingir esse disfarce.
Para ser puta, a menina morreu.
Ela carrega uma criança morta dentro de si.
A "menina puta" ou as "putas que são sinceras" são imagens-recurso de um estado doente.
De quem, da mulher, nada toca e por nada , da mulher, verdadeiramente é tocado.
AS PUTAS SÃO SINCERAS?!
São escravas de um sistema.
Um terrível desrespeito a uma essência divina.
Um sacrilégio produzido por uma sociedade doente.
C. S.

republicando
in, Mulheres e Deusas

O DIABO



 PO DIABO, UMA INVENÇÃO DA IGREJA


"O diabo é uma criação do homem. Datável a primeira referência ao diabo (no século XII), Robert Muchembled analisa as diferentes representações do diabo ao longo dos séculos. Da necessidade da Igreja em criar um ideia de inferno à obsessão pelo combate às bruxas e feiticeiras, passando pela ligação ao corpo e pelo emergir do conceito de demónio interior no século XIX, «Uma História do Diabo» afirma-se, essencialmente, como uma história das ideias."


TAM A PERSEGUIÇÃO DAS MULHERES A VER COM  A CAÇA AS BRUXAS?

"Porquê atacar as mulheres? Porque foram elas, durante séculos, acusadas de bruxaria, de pactuarem com o diabo entregando-se à cópula com a besta que lhes daria poderes sobre-humanos? Nessa desconfiança do feminino afastou-se na verdade a mulher do espaço político e da possibilidade de se expressar, de exercer poder, de destabilizar a hierarquia masculina vigente."
*

Durante mais de 3 séculos a Igreja de Roma perseguiu as mulheres e matou-as como bruxas, queimando-as vivas às centenas nas fogueiras da Inquisição... Um holocausto bem superior ao dos judeus...lamento mas é assim que foi...
Qualquer mulher independente, qualquer mulher diferente, qualquer mulher que tivesse um dom ou fosse atractiva, que cultivasse umas ervas de cura, que ajudasse uma mãe a parir, era para os doutores da Igreja, bruxas perigosas, torturadas e queimadas nas fogueiras da Inquisição. Esta foi outra forma de crime que os homens cometeram contra as mulheres livres, sobretudo as mulheres de poder ou mulheres viúvas com posses...todas as que estivessem à mercê do seu ódio e da sua paranóia!
Eles próprios inventaram e deram corpo ao Demónio, eles os muitos doutos e santos da Igreja católica, fizeram a maior perseguição às mulheres em nome de crimes que estas nunca cometeram, acusando-as de copular com O Diabo - um ente que nunca existiu - e que a acontecer só podia ser com eles e cada um o próprio Satanás em pessoa...

Se hoje em dia isso ainda não se refletisse e de forma gritante como é o caso, na continua agressão ao ser feminino, não faria sentido escrevê-lo nem lembrá-lo, mas o facto é que esta mesma Igreja e o mesmo o Estado "Moderno" continua a cultuar os seus heróis machos - santos ou pecadores - e a deixar matar as suas mulheres.

Devo este pequeno texto à leitura de um livro saído há tempos em França, um estudo fantástico sobre a bruxaria e a caça às bruxas, o que significou e significa ainda como se vê nos crimes contra as mulheres. Não é só o Inconsciente colectivo, mas a forma do próprios Governos e a Igreja reflectem essas práticas sem as condenar abertamente...

Desde os padres da igreja que escreveram a demonologia - tratados inventados a provar os crimes das mulheres - até Freud que inventou ou repetiu a ideia da inveja do pénis, nada ou pouco mudou...só nõa vê quem é cego.

rosaleonorpedro

* citação do livro

No começo era a Grande Deusa



"No começo era a Grande Deusa e a Grande Deusa era a Terra e a Terra era a Grande Deusa. Lilith" – (ESCRITO num relevo sumério).


"As origens do culto à Grande Deusa jazem obscurecidas na indistinta penumbra dos tempos pré-históricos. A Deusa imperou durante centenas de milhares de anos. Com o passar dos tempos, a Deusa-mãe foi sobrepujada e superada pelo mais patriarcal dos arquétipos – Javé (Yaweeh), Deus-Pai, Alá. Este arquétipo patriarcal aperfeiçoou-se nos mundos judaico, cristão e muçulmano. Alguns aspectos da Deusa-mãe foram permitidos, porém de forma controlada, na imagem de Maria, mãe de Deus. São algumas Madonas Negras, de antigos santuários, que ainda nos dão testemunho da Deusa-mãe.

A figura de Lilith representa um aspecto da Grande Deusa. Na antiga Babilônia, ela era venerada sob os nomes de Lilitu, Ishtar e Lamaschtu. A mitologia judaica coloca-a em domínios mais obscuros, como um demónio (feminino) do mal, a adequada companheira de Satã, que tenta os homens e assassina as criancinhas."

Joëlle de Gravelaine in “Lilith und das Loslassen”

domingo, maio 19, 2019

A DEUSA MÃE E A TERRA

Ontem na Conferência da Deusa em Sintra, momento da minha intervenção.
Falando da cisão da mulher e de Lilith, a Mulher itnegral 








Com Luiza Frazão, um momento privilegiado(para mim) - o da minha apresentação na Conferência, juntas sob a égide da Grande Mãe...

O CORPO SACRIFICADO DA MULHER



O ABUSO DA MULHER COMEÇA NA PORNOGRAFIA...

"A indústria pornográfica é uma aberração, que faz uma verdadeira lavagem cerebral em prol da demolição do ser humano. A mulher é duplamente violentada no corpo a serviço da 'atuação' no filme pornô e em seu inconsciente. Não é e nunca foi entretenimento, mas uma ação grotesca de destruição da mulher ... O Patriarcado odeia as mulheres, pode tolerar que as santas vivam, para procriar seus herdeiros e escravos , mas a "puta" precisa ser abusada e usada ao máximo e descartada depois do "prazer". - Carla Beatriz


O CORPO SACRIFICADO DA MULHER


Durante mais de 2 mil anos a Humanidade retratou-se em nome do Homem…Durante 2 mil anos a Humanidade Mulher foi ocultada da face da Terra e da Arte, suprimida da linguagem erudita e oral, reprimida na sua liberdade individual, controlada pela metade Homem em nome do qual a mulher foi submetida ao macho, primeiro como escrava, depois concubina, totalmente sujeita às leis do Pater, ao rei, ao pai, ao marido e ao Clã… e aprendeu as leis dos homens e falava e agia, como um ser sem autonomia, nem voz activa e assim continuou até há aproximadamente um século, em que pela primeira vez na história dos homens, a mulher ousou erguer a voz para defender os seus direitos, mas no fundo, e em toda a parte do mundo, as condições de vida das mulheres é e continua a ser igualmente precária e aviltante sob todos os pontos de vista até hoje…
Durante centenas e centenas de anos a Mulher foi desautorizada de se exprimir, ser ela mesma e de expressar a sua natureza intrínseca, reprimida na sua força interior instintiva, deixando de ser a representante do pólo feminino da humanidade, deixando de ser a legítima representante da Deusa Mãe, criadora de todas as coisas, impedida de se afirmar e de ter prazer, de ter direito sobre o seu próprio corpo. Ela foi condenada ao descrédito por Apolo, impedida de manifestar o seu dom inato de oráculo, sacerdotisa e vidente, de ser senhora da sua vida em qualquer circunstância.
O corpo da mulher, com o advento da religião patriarcal e o seu domínio social e religioso, tornou-se num corpo objecto, um corpo ao serviço da sociedade e do patriarcado. A mulher foi paulatinamente despojada do seu corpo de sabedoria, do seu ser instintivo e anímico.
E toda a gente hoje pensa que esta mulher sem identidade, esta mulher vazia de interioridade profunda, esvaziada das suas entranhas, do seu sangue e do seu útero, sempre foi assim e que nunca houve a outra Mulher e a Deusa…

A mulher tornou-se no seu próprio inimigo. PORQUE A mulher verdadeira, a mulher inteira deixou de existir.
Há muitos, muitos anos que a verdadeira mulher não existe e em lugar dela temos um sucedâneo de mulher, risível e frágil, doente e histérica…
(...)
rosaleonorpedro
republicado em Mulheres & Deusas Blog

quinta-feira, maio 16, 2019

UM ECO DA NATUREZA MULHER



UM GRITO DE ALMA, A MULHER A ACORDAR…


Passaram mais de dez anos depois deste grito da alma desta mulher, certamente ainda jovem e que passada uma década não sei o que terá sido feito dela… 
Será que ainda lê este Blog… se assim for gostaria tanto de saber de si...

"Sei da luta feminista, mas ainda acho que não é mais uma questão meramente sexista... homens e mulheres temos de nos tornar seres humanos melhores... eu, por cá, decidi fazer algumas coisas... voltar para o campo assim que possivel... criar um partido da Terra e da Mulher... lutar pelo exodo das grandes cidades e incentivar as pessoas a deixar as cidades e viver no campo... todo o trabalho politico deve ser por puro altruismo e voluntariado, nenhum trabalho politico partidario sera remunerado, lugar de aldrabões é na enxada, trabalho forçado, de sol a sol... decretar o fim da era industrial, das pseudo-necessidades fabricadas pela publicidade, do consumismo mais idiota e mais idiotizante do mundo... abolir o uso do dinheiro, das ações, do capital... o unico capital é o trabalho e a generosidade... viver em comunidades, sem nada que não seja util, roupas, moveis... voltar pra tribo indigena de onde a minha bisavo nunca devia ter sido caçada... viver em orgasmo com a natureza... fazer sinal de fumaça para comunicar…

É Rosa, minha querida... eu sou uma eterna sonhadora, uma criança sonhadora nesse corpo de mãe e de mulher... eternamente inconformada com o conformismo... que nos cala, que nos aquece sozinhos em casa... no nosso medinho tacanho, na nossa mediocridadezinha de cada dia... queria ser uma libertária, alguém que pudesse gritar para a rua e escandalizar as sociedades... queria ser uma artista revolucionária, libertina, insubordinada... ser presa, tomar lsd, morrer jovem de overdose ou suicidio... queria vomitar a minha angustia sobre as cabeças baixas que passam em fila por todos os lugares do mundo ao inves de a ter de engolir silenciosamente, sufocando o meu soluço, abortando o meu choro... mas pelo menos aqui eu posso gritar, posso tirar a minha roupa e fazer o meu protesto, posso deixar as minhas lágrimas escorrerem lavando o que resta da minha dignidade de ser vivo, de mulher, e de mãe... pelo menos aqui eu posso dar vazão a essa voz firme de mulher, que só ecoa dentro de mim... quando venho aqui fico assim... "

J. 08-05-2007
(Uma leitora do blog mulheres e deusas)


Minha amiga, quem me dera que cada mulher que aqui viesse ficasse nesse estado de alerta e com vontade de tudo o que você diz... mas sei que depende da consciência de cada uma e neste caso é você particularmente que está tão perto da Natureza Mãe e dessa essência da MULHER TOTAL. Grata pela sua força e coragem em se deixa embalar pelo sonho e estar munida dessa vontade, porque já é o gérmen dessa consciência de mulher inteira que grita em si, e faz eco com essa essência que há-de acordar ainda em cada mulher e nos dará esperança num mundo novo, onde toda a Mulher será respeitada e a sua voz ouvida!

Obrigada pelas suas palavras de sonho de uma humanidade livre e feliz...
rlp

quarta-feira, maio 15, 2019

Quando "o corpo está separado da noção"...


AMIZADES E AMIGOS…
Quando "o corpo está separado da noção"...

(…)
Nós não temos uma capacidade infinita de criar amigos. No nosso conceito, ainda hoje, um amigo é uma coisa. Neste momento, a noção de amigo amplificou-se infinitamente e transforma-se em nada, esvazia-se. Portanto, esvazia-se, e o vazio há-de dar lugar a uma outra coisa, mas essa outra coisa é fictícia, não existe. Nós não temos capacidade de ter o número de relações que nos são dadas hoje.

- Estamos a falar da tecnologia.

Eu costumo dizer às pessoas do Facebook: "isso não são amigos, isso são terminais. Não são amigos, digam lá os nomes dos vossos amigos? Não podem ser vossos amigos, Quando é que foram lanchar com os vossos amigos? Não foram lanchar com os vossos amigos. Quando é que deram um abraço aos amigos? Não deram um abraço aos amigos." Portanto, o corpo está separado da noção. E isso cria rupturas que não são aceites como ruturas. A pessoa vai a cavalgar essa onda, mas a onda está vazia, a onda não tem apoio.

- E cavalga a onda como se fosse uma coisa boa, se calhar.

Como se fosse uma coisa boa, um progresso, mas o nosso corpo não está feito para isso. Como a distância. Nós não temos o corpo programado para omitirmos a percepção da distância. Nós olhamos para determinadas coisas, alcançamos só com o extremo do nosso braço, mas o nosso braço estendido já não alcança nada porque tudo o que alcançámos é com teclas ou com o dedo, e são distâncias infinitas.

- Que parecem próximas.

Que parecem próximas, que são avassaladoras e que não são geríveis. Que não são geríveis pela nossa formação mental, intelectual. Eu acho que as pessoas estão todas num estado de vertigem provocado por essa, eu diria disrupção, mas é mais do que isso, é um desmembramento e é uma alucinação coletiva que se está a viver. O que não significa que não seja esse o caminho, mas o nosso corpo não tem esse caminho. Um dia provavelmente o nosso corpo estará transformado, teremos grandes dedos pelo desenvolvimento do trabalho de mãos que estamos sistematicamente a fazer, teremos com certeza uma cabeça muito maior porque a atividade cerebral neurológica é muito maior, e um corpinho mais pequenino. Portanto, seremos semelhantes à imagem dos extraterrestes. Provavelmente isto vai acontecer porque as pessoas cada vez usam menos o corpo. Neste momento estamos naquele absurdo que é não usar o corpo para as coisas elementares, para a locomoção. A pessoa não caminha, mas depois ainda se apercebe que tem que muscular e então vai para o ginásio fechado, para as máquinas, em vez de pura e simplesmente caminhar. Estamos ainda nesse diálogo. Provavelmente esse diálogo vai acabar, esse tipo de preocupação, e vamos deixar que as pernas se atrofiem porque as pernas não vão mais ser usadas. Mas essa transformação levará anos, provavelmente séculos, e estamos divididos, estamos puxados por coisas que não sabemos gerir.


- E como é que a Hélia pessoalmente lida com este momento que estamos a viver?

Eu digo sempre aos meus amiguinhos: "ainda estamos no poder, ainda temos botões para desligar." E um dos meus pesadelos recorrentes é justamente o botão não funcionar. Pesadelo real, pesadelo de sonho.

- Estar sempre ligada.


É querer desligar o botão e não conseguir. O elevador, o televisor, seja o que for, ganha autonomia e deixa de ser possível desligar. Eu não uso redes sociais justamente por isso, porque não quero ser invadida por informação, por pessoas, por multidões, por textos, por imagens que não fui eu que escolhi ter, não sou eu que procuro. Adoro a tecnologia, resolvo os problemas informáticos de toda a gente à minha volta. É verdade, sou uma técnica informática com provas dadas. (risos) Portanto, não é aquela coisa de recusar a tecnologia. Gosto muito de máquinas, de dialogar e discutir com as máquinas, mas ainda sou eu que tenho o controlo. Portanto, ninguém entra na minha mente sem o meu consentimento.

- Mas se estivesse nas redes sociais, para dar o seu exemplo, a Hélia é que escolheria quem estaria na sua rede social, logo a informação seria limitada a essas pessoas, 10 ou 20 pessoas, as que entendesse.


Mas eu não quero essa gente toda...
(…)

Excerto de entrevista a Helia Correia 

Mãe - Luíza Boê (Clipe oficial)




Muito belo, muito amoroso… o que falta as mulheres compreender … amar a mãe, seja ela qual for...

terça-feira, maio 14, 2019

MÃES MÁS


É PRECISO CORAGEM PARA SE SER MULHER E MÃE neste mundo de homens…

Sim, há mães toxicas e más mães. Há mulheres narcísicas e histéricas que não deviam ter tido filhos e foram obrigadas pela sociedade e a família.

Por isso as mães não são todas Mães… As mães são só partes de mães na divisão e fragmentação do seu ser. As mães que se viram só mães e que tiveram de se virar para fazer face às suas múltiplas dificuldades, não podem ser boas mães. PORQUE AS MÃES NÃO SÃO MULHERES...Ela foram e são ainda  um verbo de encher...


As mulheres que dentro do sistema patriarcal e que estão sujeitas a uma educação secular que as reduz às funções de mães e esposas normalmente não amam as filhas. Sim, principalmente as filhas que lhes reflectem o seu próprio sofrimento, pela repressão que sofreram, pelos traumas que as tolhem...Elas cultuam então e amam descaradamente mais os filhos, o filho homem que a salva, embora  não tendo filhos é natural que sejam mais próximas de alguma das filhas, mas sendo uma que a não confronte com o seu outro lado pois há sempre um outro lado da mulher que ela teme...Seja na filha seja na mãe seja na irmã, a outra pode ser sempre a "rival"...o espelho que devolve o que não gosta…
As mulheres refletectem nas suas relações com outras mulheres a relação que tiveram com as mães, com a mãe boa ou má. Comportam-se e reagem a essas informações subliminares, sem perceber como elas estão registadas no seu inconsciente e as fazem reagir instantaneamente ao que outras mulheres lhes sugerem… e amam ou odeiam as outras mulheres conforme a sua relação com a mãe. Noto isso muito claramente nas mulheres que reagem ao que escrevo ou ao que eu digo...

Por todas essas razões as mulheres tem dificuldade em lidar com as filhas, e consequentemente tem dificuldade em se darem com outras mulheres, tem dificuldade em se reverem nelas e aos seus problemas mal resolvidos. Tem dificuldade em se reverem nos seus medos e ódios, nas suas frustrações e revoltas caladas, preferindo sempre os homens e os filhos homens menos problemáticos e menos sujeitos aos conflitos e dramas e aflições que as mulheres enfrentam como mães ou amantes e até como filhas preteridas…
As mulheres na sua divisão interior entre a mulher séria e a mulher perdida...dominadas pelo arquétipo ou a ideia da santa e da prostituta, torna-se  um pesadelo de vida mesmo que inconscientemente, mesmo que já nem se pense ou ligue a isso, a verdade é que se vive  os seus reflexos...e está lá sempre o estigma a espreitar...na vizinha do lado, nos amigos do Bairro, na família....o medo de ser...Mulher! (...)

Assim, para as mães foi e é mais fácil ter filhos, cuidá-los e superprotege-los… adulá-los: os homens não engravidam, nem são violados...os homens não são acusados de serem putas se não se portarem bem ou não forem virgens para casar...e a não ser que sejam gays não lhes dão grandes problemas. Estas são coisas do passado, dirão algumas pessoas, muitas teorias e muita idealização branqueiam realidades, mas está tudo lá ainda...oculto ou disfarçado, seja  na violência no namoro e em casais muitos jovens que aumenta cada dia mais e não é senão por insegurança dos homens e a luta da mulher que se desenha entre dois mundos sem pertencer a nenhum. A mulher que quer ser livre e igual aos homens...quer dar uma queca ou uma rapidinha, não se querendo prender nem voltar a casar e pensa que não tem consequências mas tem, a curto ou longo prazo… o drama da mulher moderna é que não tem lugar nesta sociedade porque ela não sabe qual é o seu legitimo lugar, não sabe qual é a sua verdadeira identidade...

Ela é uma sobrevivente e sendo-o vive de esquemas, vive insegura, vive contra tudo e contra todos e talvez sonhe ainda com o príncipe encantado embora farta de comer sapos...
Mulheres livres de fazerem tudo o que os homens fazem, mas sem substância, sem essência sem tranquilidade, sem paz interior...sem amor, só em busca de prazer...fugaz...passageiro, sem compromisso, sem nada... e até já pagam se for preciso... depois a angústia, o vazio, o desespero e o mesmo ciclo vicioso, sempre até cair doente...sem saber para onde vai...
Sim, para onde vão essas mulheres sem centro, sem nexo só à procura de um sexo...de um prazer que ás vezes nem têm...

rosaleonor pedro

republicando


A MINHA INTERVENÇÃO NA CONFERÊNCIA DA DEUSA EM SINTRA



Rosa Leonor Pedro


Parecerá estranho que evoque a cisão das mulheres quando queremos celebrar a união e a harmonia entre mulheres em prol da Grande Deusa. A verdade é que me apetecia apagar desde logo toda a desunião vinda de ideias e ideologias que criaram a divisão e a desunião das mulheres no mundo. Fingir que ela não existe e ignorar o que está a acontecer contra as mulheres não é a melhor forma de construir um mundo diferente. E se o digo é porque o meu maior anseio é chegar a esse momento em que as mulheres se darão as mãos de forma verdadeira e inequívoca. Para isso temos de ser inteiras, apelando à nossa força anímica e à Deusa Mãe, para que através da restauração do Princípio Feminino, essa Consciência de si possa acordar em todas as mulheres.

Não há canto, nem união, sem que as mulheres se consciencializem daquilo que as divide antagonizou entre si durante séculos. Por isso o meu trabalho dirige-se exclusivamente para uma tomada de consciência dessa cisão interior da mulher e a sua superação, o que seria impossível sem o amor da Mãe e o meu amor pela Mulher. É sobre isso que escrevo e falo há mais de 30 anos…

Bilhetes

* Valor a partir de 16 Janeiro 2019
    Bilhete Iría-Brígida: 150€

* Valor Bilhete à Porta: 180€

O bilhete inclui todas as actividades da conferência

ESPECIAL:

* Bilhetes diários: 60€
* Bilhetes para eventos pontuais - workshops, palestras e espectáculos: 20€

segunda-feira, maio 13, 2019

A DEUSA E A BRUXAS...



“Na Witch craft, Caminho da Deusa”* nós não cremos na deusa, nós nos religamos a ela através da Lua, das estrelas, do oceano, da terra, através das árvores, dos animais, dos outros seres humanos, através de nós mesmas. Ela está aqui, ela está no coração de todos e de tudo. A deusa existe antes de toda a Terra, ela é o obscuro, a mãe que nutre e que produz toda a vida. Ela é o poder fecundante da vida, o útero, mas também a tumba que nos recebe, o poder da morte. Tudo dela provem, tudo a ela retorna…Ela é o corpo, e o corpo é sagrado. Útero, seios ventre, boca, vagina, pénis, ossos, sangue; nenhuma parte do corpo é impura, nenhum aspecto do processo de vida é manchado pelo pecado. O nascimento, a morte e a dissolução são três partes sagradas do ciclo. Quer comamos, façamos amor ou eliminemos os dejectos de nosso corpo, sempre manifestamos a deusa.
*
Seu culto pode assumir qualquer forma, em qualquer lugar; ele não requer liturgia, nem catedral nem confissão. (…) O desejo é a cimento do universo, ele vincula o electrão e o núcleo, o planeta ao sol, ele cria as formas, ele cria o mundo. Sigam o desejo até ao seu termo, unam-se ao objecto desejado até se tornarem esse objecto, até se tornarem a deusa.”

“Para a mulher, a deusa simboliza o seu ser mais profundo, o poder libertador, nutritivo e benéfico. O cosmo é modelado como um corpo de mulher, que é sagrado. Todas as fases da vida são sagradas. A idade é uma bênção, não uma maldição. A deusa não limita a mulher a ser um mero corpo, ela desperta o espírito, a mente e as emoções. Através dela a mulher pode conhecer o poder da sua cólera, assim como a força do seu amor.”

Star Hawk
*
Citações tiradas de:
Tantra – O Culto da Feminilidade - Outra visão da vida e do sexo
André Van Lysebeth

*


 
* O CAMINHO DA BRUXA 

Witch craft – O autor do livro cita a escritora e ao citá-la optou por não traduzir a palavra “bruxa” certamente pelo sentido pejorativo que a palavra tem, penso eu, mas  tomei a liberdade de traduzir esta expressão por “caminho da deusa”, ou poderia ser de facto o caminho da bruxa, mas vamos optar ainda pelo “trabalho das feiticeiras”, este termo parece-me mais atenuado, mas sinto que entre o caminho da “bruxa” e da feiticeira,  é fundamentalmente o encontro com a Deusa, o caminho da vida e o caminho da Natureza Mãe, o caminho de toda a mulher!

A Bruxa para mim não é mais do que a mulher em pleno poder da sua intuição e consciência do seu poder interior ligada às forças da natureza e do cosmos.

Aquilo que a igreja, os padres e toda a cultura patriarcal difundiram, nomeadamente nos contos de fadas e outros mitos e lendas, que eles deturparam, retratam a bruxa e a feiticeira como uma mulher feia e má que comia criancinhas; era a figura com que se assustava os meninos que não queriam comer e para os mais adultos a mulher que copulava com o diabo, que cometia pecados tremendos e atrocidades tais que os inquisidores não tiveram outro remédio senão as mandar para as fogueiras…esta é a história católica e quanto às bruxas e às videntes do nosso tempo, de que as vizinhas e as comadres ainda há pouco anos falavam, nas aldeias e mesmo nas cidades, eram pobres mulheres ignorantes, sempre ridicularizadas, que faziam mezinhas para os maridos das consulentes abandonarem as amantes ou voltarem para casa e prediziam outras tantas separações e desgostos de amor e liam o futuro nas cartas e a ideia generalizada era de que tudo isso não passava de mentiras e superstições…praticadas por mulheres pobres para gente ignorante…e de quem os intelectuais, os burgueses ou as pessoas sérias se riam, mas que acabavam muitas vezes por consultar às escondidas…
Por isso volto a dizer que precisamos de resgatar a palavra “bruxa” das cinzas das fogueiras e dar-lhe a dignidade que perdeu ao longo dos séculos denegrida pela igreja católica e os seus padres e também resgatá-la da falsa imagem de horror que lhe é atribuída por conceitos estapafúrdios difundidos pelas beatas que tinham medo de pecar, mas sobretudo, mais recentemente, pelos cultos satânicos e outros rituais pretensamente sagrados, que usam o nome da feitiçaria e das bruxas para o crime e a violência. Ou então, no seu oposto, temos na América o Halloween, dia em que toda a gente brinca com abóboras, e se veste de bruxa, até crianças, como se fosse uma espécie de Carnaval…
Precisamos restituir à Mulher Bruxa, ou á Mulher Feiticeira a ideia da sua grandeza e da sua beleza: fazê-la sentir o orgulho de ser representante da deusa cujo poder, magia e sortilégio, assustou tanto os homens e os padres da religião católica e a cultura patriarcal, que tudo fizeram para dizimar esse poder e matar e reduzir essa força da mulher que é a mesma força da natureza.
rlp