O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, novembro 30, 2011

CLARICE LISPECTOR RESPONDE A FREUD...


A GRANDE QUESTÃO


"A grande questão…para a qual ainda não consegui resposta, apesar dos meus 30 anos de investigação sobre a mente feminina, é: O que quer uma mulher?" Freud

- Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.  CLARICE LISPECTOR (Perto do Coração Selvagem)

A resposta certa a Freud...é que a Mulher quer SER MULHER, quer ser ela própria...e é tamanha a cisão do seu ser interior, psiquico e animico que a mulher ainda há muito pouco tempo começou a libertar-se da canga da sua servidão, mas ainda não sei se começou a pensar por si prórpia...uma vez que os livros que a mulher lê sobre a mulher...foram todos escritos por homens (como dizia com  humor Virgínia Woolf quando visitou uma biblioteca em Londres) e é na perspectiva dos homens ainda, escritores, psicólogos, filósofos e cientistas que ela pensa e escreve...As universidades são o expoente máximo do pensamento cartesiano, ("penso logo existo") e as mulheres "formadas" aprenderam a pensar como os homens...a se expressarem como os homens a comportarem-se como os homens. Domina o mundo o Princípio Masculino...

Ora, em princípio, e por força do Princípio Feminino (ausente das sociedades falocráticas, as nossas) as mulheres são a encarnação do Sentir...da Emoção...da Intuição...e são esses os factores que o intelecto e portanto a ciência e a psicologia não podem explicar nem abranger na sua totalidade. Daí Freud ter recorrido mas sobretudo Jung aos mitos e aos arquétipos para ir para além da mente racional.
A mulher, quando senhora de si e na sua inteireza, é um ser inapreensível e ilógico. Ela vive na Flor da Pele e simultaneamente nas suas entranhas..ela é o desejo de VIDA plena...a Natureza em acção, germinando, crescendo brotando e morrendo...assim, ela escapa a quem a quer compreender e meter em definições...ou compartimentos estanques. A Mulher como a Natureza não é moldável...ela tem de ser livre...para ser o Todo que é...a Mulher é o Absoluto em si...
Clarice Lispector foi uma das poucas mulheres escritoras ainda, tirando Virgínia Woolf,  e alguma outra que agora não tenho presente, que expressou a parte mais íntima, por ventura contraditória, paradoxal mesmo, do seu ser intuitivo,  a parte selvagem do seu ser e como o título do seu livro indica, ela andou muito perto do seu Coração Selvagem...

Houve algumas mulheres que escreveram e que se salientaram ao longo dos séculos, mas sobretudo algumas escritoras ditas feministas, como Simone de Beauvoir, que na verdade se manteve fiel mais ao racionalismo materialista positivista e ao pensamento existencialista, presa a Sartre e dependente dele em todos os aspectos...Esta afirmação não é depreciativa nem lhe retira o valor, como mulher e escritora, mas ela não foi a mulher em si e que por si viveu...ela não foi fiel à sua essência e sede de absoluto  mas ao Homem...ela andou sempre na aura e nas peugadas de Sartre... ela viveu e escreveu em função dessa relação e do seu pensamento. Não amiude ele ripostava-lhe à tendência ocasional para a mística...entre o vinho e as lágrimas como ela dizia:

"...às vezes caia do meu Olimpo. Se uma noite bebie um copo a mais, acontecia-me verter torrentes de lágrimas; a minha velha nostalgia de absoluto despertava: descobria novamente a vaidade dos fins humanos e a iminência da morte; censurava sarte por me deixar prender a essa odiosa mistificação: a vida. No dia seguinte continuava ainda sobre a influência dessa iluminação" - Simone de Beauvoir in a Força da Idade

Essa é a iluminação de que a mulher precisa para se focar no seu verdadeiro ser e encontrar-se a si mesma sem as limitações do pensamento cartesiano...e sem a tutela do homem...aí sim a mulher pode reencontrar-se com ela própria e a Mulher que jaz esquecida dela mesma...não a seus pés...mas dentro dela. No seu Ventre, no seu Útero, no seu Coração, na sua Alma...e nessa união interior, nessa amalgama de vida está a força e a identidade da mulher.

rlp

terça-feira, novembro 29, 2011

MAIS UM TESTEMUNHHO LÚCIDO


"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."Clarice Lispector (Perto do Coração Selvagem)

QUAL É A LIBERDADE DA MULHER?
EM QUE CONSISTE ESSA LIBERDADE?

Carla Lindolfo também respondeu (via facebook) ao meu desafio, pela parte do Brasil.

Rosa: vou te falar um pouco do que ocorre aqui no Brasil: a mulher brasileira que não casa até 30/35 anos é considerada no mínimo "esquisita", uma estranha que deve ter algum problema. As mulheres homossexuais são tratadas com desdém e preconceito. Se a mulher casou e não teve filhos é porque tem problemas e deve logo recorrer a inseminação/FIV artificial. Se fizer sexo antes do casamento, só se for com o noivo/namorado e mesmo assim discretamente, já os homens são ensinados a experimentar muito o sexo antes do casamento. A mulher deve trabalhar fora e dentro de casa e dividir todas as contas do lar, mas o trabalho doméstico fica com uma "empregada" ou com ela mesma. Sexo por prazer significa que você é vagabunda, não presta, é fácil e vulgar. Os homens brasileiros ainda separam as mulheres em 2 grupos: para casar e para copular. As mulheres não podem ter os corpos com que nasceram, tem que ser magras, seios e bumbum grandes. Se não for católica ou protestante é "esquisita, estranha, amalucada"...nova era! rsrs...Se ganhar mais que o marido (no serviço) ele se sente menosprezado, por isso também os salários das mulheres são mais baixos que os dos homens em torno de 15 a 20%, para desempenho da mesma função. Há muita violência doméstica em todas as classes sociais, tema inclusive de 2 novelas na Globo em horário nobre. A mulher que trai o marido não é apedrejada com pedras reais mas com toda sorte de descaso moral que se possa imaginar.

A mulher brasileira sente MUITA DEPRESSÃO pois ela envelhece, engorda, é traída e ela não aceita nenhum desses fatos...ela quer ser a eterna garota de ipanema, só que com muito dinheiro no bolso e consumindo toda a programação da TV americana...bons tempos o da "garota de Ipanema".

Trabalho com mulheres há muitos anos e sei do que estou falando. Tenho 40 anos de idade e atendo mulheres em sua maioria entre 25/30 anos. Sei do caminho difícil que é para elas a sua busca interior e serem mulheres neste mundo.

Para concluir: A cada 2 minutos, 5 mulheres são espancadas no Brasil.
Fonte: www.agenciapatriciagalvao.com.br. Sendo assim a liberdade da mulher brasileira é de dançar conforme a música que sociedade patriarcal e a mídia tirana tocam.

 É isso, espero ter colaborado com vc! Beijo grande!
Carla Lindolfo

***

Muito obrigada Carla pelo seu testemunho e pela sua preciosa coloboração.
rlp

A MULHER NO MUNDO - UMA REALIDADE ESCAMOTEADA


UM TESTEMUNHO LUCIDO...

- Rosa, como esse meu comentário não coube na janela de comentários do teu blog, resolvi publicá-lo aqui, fiz tal comentário para teu belo post "O êxtase e o sexo"? Ei-lo:

Olha, respeito com toda a certeza a opinião de sua amiga brasileira minha cara Eleonor, contudo também sou brasileiro, e pelo que acontece ainda com as novas gerações de mulheres brasileiras a coisa não mudou muito para melhor como ela apregoa. O Brasil pode ser um país onde há mulheres sensuais em maior numero e com “uma certa liberdade sexual” a mais se formos comparar com Portugal, se bem que acho as mulheres portuguesas maravilhosas também, afinal cada mulher tem o seu tipo de beleza e sensualidade diferente, no entanto apreciáveis. Agora, porque coloquei uma certa liberdade sexual entre parênteses, e isso é simples de explicar. O motivo é que tal liberdade é muitas vezes apoiada na velha hipocrisia dessa nossa judaica- cristã- sociedade- católica e protestante brasileira em que vivemos. Aqui as novas mulheres da nova geração de brasileiras não tem a divisão em suas almas, onde coisas ou regras determinam se elas são santas ou pecadoras, Evas ou Liliths? Não tem? Isso aqui hoje em dia não existe? Por favor, poupem-me, não me façam rir para não chorar. Aqui no Brasil isso esta bem marcado na alma, mente e corpo da mulher tupiniquim. Aqui se a mulher não obedecer às regras impostas pela Igreja cristã seja ela católica ou evangélica, se ela não pensar ou se comportar como toda essa sociedade masculinizada e patriarcal brasileira espera dela, essa mesma mulher é taxada de puta, vadia, imprestável e outros adjetivos nada elogiáveis. É aquilo, se reza pela nossa cartilha é santa, agora se não reza é puta mesmo. Aqui todos os dias não é uma só, mas um numero exorbitante de mulheres é morta por maridos, noivos e namorados que inconformados pelo término do relacionamento amoroso por parte da mulher, as matam violentamente com requintes da mais pura crueldade, perversidade e maldade humanas. Os jornais impressos e televisivos diários do meu país não me deixam mentir. Nas regiões mais miseráveis do norte-nordeste do Brasil pais e mães ainda vendem suas filhas a desconhecidos como puro objeto sexual. Haja vista que a cidade de Fortaleza foi escolhida como a capital mundial da prostituição infantil, onde as meninas menores de idade são as que mais sofrem com isso. Temos mulheres que são empresárias, presidentes, chefes de departamento em grandes empresas em nosso país? Sim, lógico que temos. Agora, não podemos ignorar que em alguns estados e cidades do Brasil, mesmo a mulher desempenhando os mesmos cargos importantes que nós homens desempenhamos, elas ainda recebem uma remuneração salarial inferior a nossa. Voltando a falar de violência doméstica, temos vigorando em nosso país a lei ‘Maria da Penha”, esse nome foi dado a essa lei de proteção a mulher em casos de violência sofrida por parte do homem, porque Maria da Penha, uma brasileira, apanhou tanto do seu marido que ficou paraplégica, isto é, precisou acontecer isso para que esta sociedade de porcos chauvinistas a qual tenho a infeliz sorte de pertencer, tomasse consciência que a mulher que habita na nossa terra precisava de alguma proteção contra a estupidez e maldade masculina. No entanto, a cultura de que ela sempre esta errada e que ela é muitas vezes a culpada pelo homem agir deste modo, e ainda porque o homem que a agrediu é o pai dos seus filhos, faze com que a mulher brasileira não denuncie o seu agressor gerando com isso a famosa impunidade de quem bate, espanca e tortura física e psicologicamente assim como emocionalmente a sua companheira do dia a dia. Isso é uma cultura maléfica que esta arraigada na alma feminina ainda em nossos dias, isto é, temos uma lei que diz proteger a mulher, mas por causa desta cultura de que a mulher mesmo agredida violentamente deve sempre compreender e proteger o seu agressor, a saber, o seu homem, faz com que tal lei se torne inútil, pois sem denuncia como pode haver punição para tais agressores? Não ignoro em absoluto que a mulher do século.

Elton Anjos das Letras

segunda-feira, novembro 28, 2011

As mulheres possuem um órgão mágico por excelência...

SEM UM TRABALHO INTERIOR  E DE CONSCIÊNCIA
NÃO HÁ CAMINHO ESPIRITUAL DO SER, NÃO HÁ LIBERTAÇÃO...

"As mulheres possuem um órgão mágico por excelência, o útero. Nós homens temos outro caminho para a magia, temos um caminho que se desenvolve em nós por um trabalho diferente do da mulher, diferente não quer dizer antagônico como tantos quiseram fazer crer. E este caminho foi um pouco perdido na nossa civilização...


O caminho do masculino.

É muito importante, no meu entender, que percebamos que o caminho de um homem e uma mulher seja na Wicca, bruxaria tradicional ou outro caminho similar é marcado pelo despertar, pelo trabalhar e pelo fortalecer da Deusa e do Deus no interior e no exterior, isto é, ao mesmo tempo em que fortalecemos o Deus e a Deusa em nós, fortalecemos também suas manifestações efetivas na realidade circundante.

Quando ritualizamos, quando cuidamos da Terra, quando nos tornamos seres conscientes que recebem e transmitem as energias que nos chegam da Eternidade para a Terra e da Terra para a Eternidade, vamos ampliando a manifestação de aspectos mais plenos e sutis da própria ETERNIDADE.

A Wicca, assim como vários caminhos pagãos, tem uma proposta de resgatar o feminino, a Deusa e isto pode confundir algumas pessoas levando a crer que "dá-se menos importância ao masculino", "prega-se uma superioridade do feminino sobre o masculino".

Talvez algumas pessoas até pensem e ajam assim e isto apenas indica que elas, sejam homens ou mulheres, estão presas ainda ao mesmo paradigma que tentamos superar, o paradigma da luta pela superioridade, pela imposição de uma posição sobre outra. Como uma Margareth Thatcher prova não é ser mulher que torna alguém feminina, nem sensível. O poder exercido por muitas mulheres nas empresas que trabalho me mostra isso claramente, elas seguem os modelos de pais e irmãos e tentam muitas vezes esconder sua própria sensibilidade.

Assim temos que começar a entender que existem energias femininas e masculinas na realidade e nós as temos em nós, independente de nosso sexo. Agora quando somos homens somos canais e expressão da energia masculina. Existem homens que canalizam e expressam a energia feminina, podem ser ou não homossexuais, existem mulheres que canalizam e expressam a energia masculina e podem ou não ser homossexuais. Creio que este é o primeiro ponto importante pra gente compreender a questão, existe no interior de cada um de nós um aspecto do Deus e da Deusa. Não foi o Deus que tentou dominar a Deusa, não foi o Deus em nós que gerou esta civilização que estamos. Foi termos sido isolados desses aspectos da eternidade, foi termos deixado de fluir com o Yang e o Yin, de sentir os ciclos da vida, que nos colocou neste estado que estamos.
(...)
Assim temos que entender o contexto onde vivemos estamos numa sociedade muito tacanha, que só se preocupa com consumir e produzir futilidades. Passem por uma banca de revista e vejam quais são as revistas e temas apresentados, dêem uma olhada nos programas que a TV apresenta, o conteúdo de tais programas. Este é o mundo que estamos, este é o "estado de consciência coletiva" no qual estamos imersos. Aqui nos desenvolvemos, homens e mulheres, aqui nascemos, aqui recebemos nossa educação. A qualidade dessa educação recebida nos leva a formarmos nossa visão de mundo e esta visão de mundo determinará nossa percepção da realidade.
(...)

NUVEM QUE PASSA

LEIA NA ÍNTEGRA EM PISTAS DO CAMINHO:   http://pistasdocaminho.blogspot.com/

domingo, novembro 27, 2011

LIBERDADE DA ALMA...

O ÊXTASE E O SEXO...?

- GOSTARIA QUE SE POSSÍVEL O MAIOR NÚMERO DE AMIGAS PORTUGUESAS E BRASILEIRAS DESSEM A SUA OPINIÃO SOBRE O SEGUINTE TEXTO:

QUAL É A LIBERDADE DA MULHER?
EM QUE CONSISTE ESSA LIBERDADE?

Estava a ler um longo texto de uma amiga brasileira com quem de vez em quando discordo...ela viveu uns anos em Portugal. Ela é duas  gerações mais nova do que eu...Muitas vezes gosto do que ela escreve, muito, reconheço a sua fúria uterina, a sua força de mulher, gosto da sua ousadia, da sua rebeldia, de como ela não tem medo das palavras...mas não gosto quando ela extrapola e discordo muito da sua maneira de ver as coisas, quando lhe falta coesão, sobretudo na análise dos factos e da história... E aí começa a nossa discórdia...umas vezes salutar outras não tanto...outras, cria-se o “distanciamento”…mas encontramo-nos sempre ao longo dos anos.

Ela afirma que as mulheres das novas gerações do Brasil já são livres e completamente diferentes da minha geração e da de sua mãe...que já não há essa divisão interior, da “santa e da prostituta”, que já nada as atemoriza e que as mulheres chegaram aos mais altos cargos no mundo...presidentas e ministras etc. Eu não vou debruçar-me sobre o seu texto em particular, muito longo e muito controverso, mas apenas sobre dois aspectos para mim são fundamentais.

- Aqui quereria desta forma aproveitar e destacar antes do mais duas coisas... primeiro que tudo, que as gerações mais novas de Portugal, as mulheres de 20 e de 30 anos não são idênticas às gerações de mulheres brasileiras das mesmas idades...O Brasil, como país tropical, para além de todas as diferenças e semelhanças com Portugal, falo da língua e de alguma tradição, sempre foi muito mais aberto e mais livre com o corpo e mais sensual do que nunca foram ou são hoje as novas gerações de mulheres portuguesas…As classes sociais em Portugal são muito demarcadas e no Brasil, apesar de haver também diferenças sociais e económicas elas são de algum modo mais atenuadas por ser uma cultura mais diversificada que a nossa; penso efectivamente que não são tão conservadoras como aqui e isso cria algumas diferenças que têm muito peso ainda aqui nesta velha e caduca Europa...

A outra coisa importante, e isto vem a propósito de uma conversa com outra amiga, é que nunca podemos generalizar a partir da nossa experiência pessoal, da nossa maneira de ver as coisas ou como nós as sentimos, como as interpretamos ou idealizamos (por conta própria (e risco), mas sim olhando com objectividade e imparcialidade para uma realidade preponderante no mundo que é  a das mulheres em geral e não apenas no nosso bairro, no nosso meio, através de todas as suas componentes, e olhar para as maiorias, para os comportamentos padronizados e os seus universos circundantes. Para além das excepções à regra que cada uma de nós pode ser e do que adquiriu (grau de consciência e de  liberdade ou não?) nós sabemos que social e “culturalmente” na perspectiva da globalização, as coisas parecem ser uma coisa, pois diz-se e fala-se, discute-se, mas no fundo da psique humana, ou no inconsciente colectivo, ao nível dos sentimentos primários, os comportamentos são ainda básico, diz-se uma coisa, apregoa-se outra e faz-se ainda diferente e acaba-se por reagir como o pai ou mãe ou a avó…Ódio ciúme posse raiva…ego, vaidade, inveja etc.…tudo está lá…Porque não há um trabalho feito ao nível da psique.

Estamos todas ou muitas de nós persuadidas mas sobretudo mentalizadas para a ideia de que já somos livres, que houve uma emancipação da mulher no mundo, que então tudo está sob controlo…mas as estatísticas dizem que, por exemplo, em Portugal ‎1 em cada três mulheres são vítimas de violência doméstica…e aí toda essa ideia de liberdade e emancipação cai por terra…algo de errado se passa então neste mundo pretensamente livre, de vasta e variada informação talvez até muito culto e de acesso à Internet, e onde a mulher faz tudo e pode tudo (no dizer dessa amiga) … Claro que no caso da primeira amiga ela fala do Brasil e do Brasil eu não sei…Mas sei que por detrás de toda essa liberdade que se apregoa ela mais não é do que a liberdade das ideias, dos conceitos, dos contra-preconceitos, é a linguagem á solta, sem fundamento muitas das vezes, sem essência, diria sem verdade ontológica...

Realmente com a Internet toda a gente diz o que quer, escreve o que quer, acredita no que quer…mas trabalho feito em profundidade, valores fundamentais, seriedade, respeito por si própria e consciência de si e da sua grandeza,  a mulher não tem (tenha-se em conta que o homem também não mas eu não falo aqui do homem) … E é claro pode meter-se tudo no mesmo saco ou numa grande panela e misturar bem os ingredientes "modernos" (telenovelas e filmes e moda) e negar o essencial que falta ainda à mulher consciencializar, ou podemos apregoar liberdades sexuais e laborais, profissionais, como prova de liberdade e afirmação do ser feminino, (que de feminino tem muito pouco) mas o que parece verdade à vista desarmada não é senão uma grande confusão de ideias e de valores, uma mixórdia enorme de conceitos e contra conceitos: o novo "mundo" contra o velho mundo etc., afinal um caos, um carnaval (sim um festival da carne…). É isso que  acontece quando não se tem em conta a evolução da consciência individual, negando-se os aspectos e valores de estrutura própria da manifestação da vida nos seus fundamentos, negando-se os estados alterados próprios da mística, do espírito da verdadeira “religião” (do religare) e da filosofia, (o amor a Sophia…) ou até da psicologia a mais elementar, e o mais que se faz é nivelar tudo por baixo ou tudo pela mediania, como na telê…é o ”Todos iguais todos diferentes” mas sem qualquer ética sem individualidade, em nome de uma libido desconexa e de uma sexualidade exacerbada, de um consumismo sexual…um mundo liberal e cheia de tesão, como se o sexo fosse o único motor da vida… Sem dúvida, que de certo modo até é e o ser humano é livre e diversificado e cada um, diz-se, “come do que gosta”, e isso é verdade, tanto quanto a pornografia existe, como existe o erotismo, o sadismo e o masoquismo, como existe a castidade ou o ascetismo…Defender algo ou negar algo e meter tudo no mesmo saco…ou estar contra umas coisas e a favor de outras, as que nos servem de pretexto à nossa anarquia, à nossa luxúria ou ao nosso desejo ou à nossa vontade egóica …isso não vale.

A Vida tem ordem, a Natureza tem ordem, o Universo tem Leis…e o ser humano tem de se relacionar tanto com que está em cima como com o que está em baixo…sem dúvida, mas não vamos misturar tudo por baixo e pôr dentro do caldeirão, misturar e vá de bradar aos céus…Eu sou livre e curto como quero…
A Ordem não é bem…“assim no céu como na Terra”, mas, sim,  “seja feito na Terra assim como nos Céus”…e credo, meu deus! Eu não sou católica, nem crente…nem sou puritana, mas a sacralidade da vida nada tem a ver com religião instituída e é possível o cesso às qualidades "divinas" (se não ofendo…), qualidades da alma tanto como sei que nem a mulher nem a Terra ainda estão ligadas ao Cosmos para a verdadeira libertação da alma porque é da alma que se trata, do ser integral da mulher total…e essa é a liberdade que eu quero como Mulher e como SER HUMANO.

 Rosa Leonor Pedro

sexta-feira, novembro 25, 2011

A descriminação na base do sexo...


ESTA TROCA SURGIU NO FACEBOOK A PROPÓSITO DESTE POSTE:

Ainda há homens que duvidam...ou preferem branquear a questão.

"Todos os dias há mais mortes de mulheres e raparigas vítimas de várias formas de descriminação com base no sexo, do que as causadas por qualquer outro tipo de abuso de Direitos humanos"
D.A.

Cláudia Mello:

- É impressionante que isso ainda aconteça em pleno século 21.

Rosa Leonor Pedro:

- Sabe, mas a mim impressiona-me mesmo como é que há homens "cultos" e outros "espirituais" que querem escamotear esses dados...em nome não sei de que evolução. É que tenho "amigos" que se incomodam com o meu discurso "feminista"...por focar estes dados, sem olhar o OBVIO...

Cláudia Mello:

- Rosa, compreendo perfeitamente o que vc diz e acrescento: existem homens que, efetivamente, trilham o caminho da espiritualidade e do desenvolvimento humano, mas na prática diária continuam sendo tão autoritários e machistas quanto qualquer... criatura sem cultura e sem vida espiritual. Talvez eles consigam ver a divindade da Virgem Maria e a sabedoria de Sofia, mas não consigam enxergar isso nas mulheres com as quais convivem.

Rosa Leonor Pedro:

- Tocou no ponto Cláudia...é exactamente isso e quando o assunto é trazido à baila eles não gostam porque se espelham na sua contradição. Claro é fácil admirar a Virgem no altar e a Sabedoria de Sofia desde que estejam nos céus...mas a Mulher... concreta...essa eles querem continuar a manipiular e a julgar. E estou a falar dos que conheço. Um deles sempre dominou as "meninas" que estavam debaixo da sua tutela "espiritual"...e era tudo por amor ao mestre...manipulou emocionalmente e talvez nem disso tivesse consciência, mas mais tarde seduziu e aproveitou-se dessa rendição incondicional das mulheres a autorifdade do pater que utilizou  a seu belo prazer e sempre muito querido  e santinho...

Cláudia Mello:

- Sim... Amar gente de carne é osso é bem diferente de amar deusas distantes. Outra questão que acho impressionante é que muitos homens querem liberdade e entendem que "dão" liberdade às mulheres através do desprezo/abandono (exemplo: "por mi...m vc pode fazer o que vc quiser que eu não me importo") Ora, se ele não se importa, então não é questão de liberdade, é questão de não dar a mínima mesmo! O mais triste disso, Rosa, é que muitas vezes nós mulheres acabamos por vivenciar esse tipo de coisa, pelo fato de enxergarmos aquelas tais qualidades já citadas (espiritualidade, cultura, inteligência). Venho refletindo muito sobre isso e creio, de verdade, que a solução está em uma mudança interior das mulheres. Amar a si mesma de uma forma inteira, plena, que não dê abertura para que este tipo de situação aconteça.

Rosa Leonor Pedro:

- Estamos a tocar num ponto essencial Cláudia...acho que é urgente as mulheres aperceberem-se disso, e de fazerem essa mudança interior...Sabe que em Portugal, onde quer que haja conferências, palestras, workshops, quaisquer seminários de astrologia ou espiritualidade a grande maioria são sempre mulheres, e raros homens aliás, tirando os palestrantes...e elas não dão por isso; muitas vezes nem se apercebem como são digamos desprezadas enquanto mulheres pela cultura-conceito-palavra..."O Homem...diz-se sempre "o homem" e nós homens (memso que não hajam homens!) e o homem é a regra etc."...E nem uma palavra sobre a mulher essência e o feminino sagrado...digamos; bastava a inclusão na lingua...porque em vez de se dizer "o homem" se pode dizer sempre o SER HUMANO e é tão simples. E a mudança começa na linguagem...começa nas mulheres se amarem a si mesmas, na sua atitute consciente, na sua auto-estima.
Aí está uma coisa que eu aprecio na forma de escrever do Nuvem que Passa...e também no Fernando Augusto...o feminino está sempre presente e a mulher é respeitada.

Fernando Augusto:

- É um esforço para superar o condicionamento sócio-cultural o escrever levando em conta o feminino, quando a própria linguagem nos leva a identificação com o masculino. Este condicionamento é tão poderoso que até hoje estranho a mim mesmo qu...ando escrevo queridas(os), e se isso se dá na esfera da linguagem imagina o esforço a ser empreendido no campo das atitudes... fomos muito bem adestrados em nossa visão de mundo, um adestramento que tornou-se uma forma de castração-cisão do masculino e do feminino...

Cláudia Mello :

- Sim, costumo brincar entre as amigas, dizendo que até mesmo os bons homens, como o meu sócio, ainda precisam ser lembrados de certos detalhes...rs Mas também é verdade que muitas mulheres precisam ser lembradas disso! Eu fiz questão de cria...r meu filho (tenho apenas um menino, aliás, um rapaz, prestes a completar 19 anos) o respeito à mulher, tanto através de conceitos quanto exemplos que iam acontecendo em sua vida prática. Isso sem falar a importância de ensiná-lo a cozinhar e a arrumar as suas coisas (apesar que nesta parte de arrumação ele deixa a desejar, mas cozinha bem) Enfim, hoje ele mora com o pai, mas sempre conversamos e vejo que o que ensinei está se refletindo em suas atitudes...

Rosa Leonor Pedro:

- Este diálogo devia ser relevado...vou ver se o consigo juntar por inteiro...e publicar aqui ou no Bolg...obrigada aos dois pela sensibilidade e empenho...abraço grande...deste Portugal...à espera da sua Hora.
***

E AQUI está o resultado excelente de uma troca entre mim e Cláudia Mello do http://viatarot.blogspot.com/   e Fernando Augusto de Pistas do Caminho http://pistasdocaminho.blogspot.com/

quinta-feira, novembro 24, 2011

“Os ciclos da natureza são os ciclos da mulher.


OS HOMENS, MALTRATARAM A NATUREZA MÃE
DA MESMA MANEIRA QUE MALTRATARAM A MULHER...

Os ciclos da natureza são os ciclos da mulher. A feminidade biológica é uma sequência de retornos circulares, que começa e acaba no mesmo ponto. A centralidade da mulher confere-lhe uma identidade estável. Ela não tem que tornar-se, basta-lhe ser. A sua centralidade é um grande obstáculo para o homem, cuja busca de identidade é bloqueada pela mulher. Ele tem que se transformar num ser independente, isto é, libertar-se da mulher. Se o não fizer acabará simplesmente por cair em direcção a ela. A união com a mãe é o canto da sereia que assombra constantemente a nossa imaginação. Onde existiu inicialmente felicidade agora existe uma luta. As recordações da vida anterior à traumática separação do nascimento podem estar na origem das fantasias arcádicas acerca de uma idade de ouro perdida. A ideia ocidental da história como movimento propulsor em direcção ao futuro, um desígnio progressivo ou providencial que atinge o seu apogeu na revelação de um Segundo Advento, é uma formulação masculina. Não creio que alguma mulher pudesse ter concebido tal ideia, já que a mesma é uma estratégia de evasão em relação à própria natureza cíclica da mulher, na qual o homem teme ser aprisionado. A história evolutiva ou apocalíptica é uma espécie de lista de desejos masculinos que desemboca num final feliz, num fálico cume”*

* PERSONAS SEXUAIS - CAMILLE PAGLIA

quarta-feira, novembro 23, 2011

O QUE OS HOMENS NUNCA DESCOBRIRÃO...



“A grande questão…para a qual ainda não consegui resposta, apesar dos meus 30 anos de investigação sobre a mente feminina, é: O que quer uma mulher?" 

Freud

O SENHOR FAZ-ME RIR...

Senhor Freud...

Então trinta anos de investigação sobre a mente feminina - qual mente? a sua mente masculina? – e nunca lá chegou...claro que nunca podia lá chegar...à mulher não se chega lá pelo intelecto, pelo pensamento, pela mente...nem pela razão nem pela lógica meu caro e defunto senhor...primeiro que tudo, para se saber o que a mulher quer é preciso ser-se Mulher...e o senhor além de ser homem, só conheceu metades mulheres...só conheceu as suas pacientes com distúrbios de personalidade, histéricas e neuróticas, esquizofrénicas, senhoras deprimidas, senhoras sérias bem casadas e filhas do papa...mulheres à beira de um ataque de nervos...mulheres sufocadas pela rigidez da vossa nobre e virtuosa sociedade. E as mulheres da rua, essas, não contavam para nada...eram nada...e o senhor não viu essas duas metades? Não viu como a mulher foi cindida em duas espécies de mulheres, a senhora muito séria, a sua, e a mulher da rua, para quem olhava com desprezo ou nem via? e que essa cisão lhes acarretaria tantas disfunções, tantas depressões e histerismos…que o  senhor não viu nem nunca poderia imaginar…e muito menos imaginariam o os homens da ciência e da cultura…como essa cisão iria abalar o mundo ou já o tinha transformado nessa pia de água benta…

Como é que o senhor alguma vez ia entender as mulheres sem incluir essas mulheres que o vosso mundo erudito e tão crente, tão ciente, tão moralista e cheio de tabus, ia considerar as mulheres da rua, as “outras” mulheres, as mulheres pobres, as mulheres desprezadas pela vossa sociedade? Claro o senhor lidou com as mulheres saídas de casas de famílias para casar com senhores como o senhor…e a sua mãe senhor Freud, como era a sua estimada ou odiada mãe? Creio que amada a sua mãe…sim é o senhor que diz que a amava e tinha ciúmes do seu pai…e vai daí inventou o complexo de Édipo e fez o mesmo com as mulheres que nem sequer admitiu que fosse um complexozinho de Electra….

Nós sabemos, que “Como clínico, tratava essencialmente de mulheres da burguesia vienense, qualificadas como “doentes dos nervos” e sofrendo de distúrbios histéricos. Abandonando o niilismo terapêutico, tão comum nos meios médicos vienenses da época, procurou, ante de tudo, curar e tratar de suas pacientes, aliviando os seus sofrimentos psíquicos. Durante um ano, utilizou os métodos terapêuticos aceitos na época: massagens, hidroterapia, eletroterpia. Mas logo constatou que esses tratamentos não tinham nenhum efeito.”
Sabemos que fez “Estudos sobre a histeria”, no qual são relatadas várias histórias de mulheres (Bertha Pappenheim, Fanny Moser, Aurélia Öhm, Anna von Lieben, Lucy, Elisabeth von R., Mathilde H., Rosalie H.), e enfim o abandono da teoria da sedução segundo a qual toda neurose se explicaria por um trauma real. Essa renúncia, fundamental para a história da psicanálise, ocorreu em 21 de Setembro de 1897. Freud comunicou-a a “ e sabemos que comunicou a “Fliesse em tom enfático, em uma carta que se tornaria célebre: “Não acredito mais na minha Neurótica.”
E vamos então ver o que senhor relatava de si na sua auto-análise:
“Acorreu-me ao espírito uma única ideia, de valor geral. Encontrei em mim, como em todo lugar, sentimentos de amor para com minha mãe e de ciúme para com meu pai, sentimentos que são, acho eu, comuns a todas as crianças pequenas, mesmo quando seu aparecimento não é tão precoce como nas crianças que se tornaram histéricas (de uma forma análoga à da romantização original nos paranóicos, heróis e fundadores de religiões). Se isso for assim, pode-se compreender, apesar de todas as objecções racionais que se opõem à hipótese de uma fatalidade inexorável, o efeito percebido em ‘Édipo rei’. Também se pode compreender por que todos os dramas mais recentes do destino deveriam acabar miseravelmente...mas a lenda grega percebeu uma compulsão que todos reconhecem, pois todos a”sentiram. Cada ouvinte foi, um dia, em germe, em imaginação, um Édipo, e espanta-se diante da realização de seu sonho, transportado para a realidade, estremecendo conforme o tamanho do recalcamento que separa seu estado infantil de seu estado actual”.
Depois sabemos que “Começou então a elaborar sua doutrina da fantasia, concebendo em seguida uma nova teoria do sonho e do inconsciente, centrada no recalcamento e no complexo de Édipo. (…) in Wikp.
Nessa altura o senhor não sabia….que “De acordo com o modelo psicanalítico,
 “separar todas as pessoas e todas as coisas em categorias de comportamento completamente antitéticas”*, corresponde a uma fase de desenvolvimento, primitiva.” (Cristina Simões) (*Otto Fenichel, Teoria Psicanalítica das Neuroses)

Em suma senhor Freud…o senhor tocou na ferida social da época…através da sua psique analisou a sexualidade e claro aí surgiram as mulheres…as mães e as filhas…até aí quase ignoradas. Abalou certas estruturas do pensamento dogmático e religioso…e ainda hoje há quem o siga fielmente à letra…
Mas apesar de todo o seu contributo para uma visão diferente da sexualidade, o mais dramático foi aquilo que o senhor não viu…a divisão das mulheres…achou natural que houvesse duas espécies de mulheres…umas santas e outras putas…

O senhor nunca pensou em como essa cisão da mulher humana e social em duas espécies afectava a psique de todas as  mulheres fosse em que situação fosse…em como cada mulher podia ter em si essa luta interior consciente ou inconscientemente, luta entre o seu lado instintivo e sexual emocional e mediúnico, suprimidos e reprimidos para viver apenas o lado admitido pelos valores dessa sociedade cínica e puritana,  o seu lado maternal como “boa mãe e boa esposa”…Para o senhor e para os seus amigos…tratava-se apenas de disfunções…de histerismo…de esquizofrenia…problemas mentais…

Mas o pior caro senhor…é que nem ainda hoje, passado mais de um século, nenhum seu seguidor ou opositor viu essa cisão na mulher nem como ela afecta todas as mulheres e os homens também, e como ela se repercutiu em dramas inomináveis e violências inacreditáveis, em dor e morte… sobretudo de mulheres…e guerras…atrevo-me a dizer…Porque sabe…a pior espécie que habita o planeta advém dessa cisão…advém dessa separação das duas mulheres…porque se há grandes homens que tem atrás de si grandes mulheres e grandes mães…também há os “Filhos da Puta” que destroem o mundo em que vocês os condenaram…a eles e as suas mães…

E como hoje ainda, Sec. XXI, há imensas prostitutas a dizer que se prostituem para poder dar de comer aos filhos ou pô-los a estudar …vocês esqueceram que esses filhos vos iriam tramar…e é por isso mesmo que o mundo hoje está na suas mãos…porque eles continuam a matar-se e a violar mulhere,s eles continuam a fazer as guerras, eles continuam a destruir a natureza…porque eles não perdoam o mal que lhes fizeram as mães…as mães divididas há séculos entre santas e pecadoras entre senhoras e prostitutas…
rlp

 ...E já agora embora não venha muito a propósito…?

 “E Einstein? Qual foi, afinal, o erro de Einstein? Einstein achava que as mulheres não tinham aptidão para a ciência por não serem criativas. Apesar disso, nutria sincera admiração por Madame Curie, considerando-a uma excepção à regra. Tal não o impediu de comentar a um amigo que ela "não era suficientemente atraente para ser perigosa para quem quer que seja". Einstein cometeu erros. Mas a depreciação que fez das mulheres foi, decerto, o seu maior erro.”*
(Carlos Fiolhais, Físico, Professor universitário, Jornal Publico, 2011)

(*In iNCALCULÁVEL IMPERFEIÇÃO) publicado por Cristina Simões)

segunda-feira, novembro 21, 2011

AS MULHERES DENTRO DA ESPIRITUALIDADE "NOVA ERA"


Queremos a Mulher, Senhora de si e não Dona de nada…


“Avatares, pregadores, profetas, gurus e budas são todos masculinos”...
(…)
Há quem pense que a "espiritualidade", só por si, pode trazer à mulher a libertação, mas quanto a mim isso não acontecerá se a mulher não se encontrar primeiro a ela mesma, e esse “ela mesma” não se refere ao mesmo propósito do homem quando procura ele também a sua essência, e isso confunde ambos. O que acontece é que a mulher viveu um apagão histórico, cultural e anímico e até físico, enquanto que o homem sempre conviveu naturalmente com o seu potencial embora afastado do seu lado feminino por não ter na mulher o seu espelho-reflexo. Obviamente saiu prejudicado, mas não foi amputado do seu masculino à partida como a mulher o foi do seu feminino.

Muita gente confunde esta questão e pretende partir de um pé de igualdade entre a mulher e homem quando assim não acontece. É como se numa corrida o homem corresse com as suas duas pernas e a mulher só uma…ela nunca ganharia a corrida nem a perna…É assim que eu vejo a mulher dentro da espiritualidade. Amputada da sua verdadeira identidade, a identificar-se com os processos do homem! Sim, porque os processos são diferentes e as funções também. Não se pode inverter os pólos neste caso. A mulher sendo iniciada por natureza, é ela que inicia o homem. Tal como o dá à Luz…duas vezes…o fará assim também no amor a dois. Foi este princípio que o patriarcalismo perverteu há séculos por medo da mulher ctónica. Um velho cisma ainda não resolvido e que só o será se a mulher o encarar como tal e então sim poderá tornar-se senhora de si! Senhora de si e não Dona de nada…

Para quem quer escamotear a questão alegue-se o óbvio: as mulheres foram de tal modo esvaziadas do seu ser profundo e em todos os sentidos durante milénios de história e religião que agora não conseguem olhar para o que foi a sua perda, a perda da sua identidade profunda da sua natureza intrínseca; elas não sabem como olhar para os confins dessa história  apagada dos registos, em que deixaram de existir como seres autónomos porque foi também  apagada a sua génese, ou simplesmente adulterada a sua missão de iniciadoras do amor; isso aconteceu quando elas deixaram de ser as sacerdotisa e livre e de amantes passaram a ser concubinas escravas ou esposas. O Sistema explora ainda essa condição em que escravizou a mulher ao seu belo prazer e interesses e a mulher real morreu, esqueceu-se de quem era… Mal nasce, a mulher é anulada na sua individualidade como menina para servir o homem e a sociedade…

Os filmes, os vídeos e a televisão, a publicidade em geral encarregaram-se de a continuar a alienar propagando o ódio e a violência contra as mulheres. Não é por acaso que elas são violadas e perseguidas ou afrontadas hoje até nas universidades, como o foram num país tão livre como o Brasil…ou continuam sendo queimadas na Índia e lapidadas no Iraque e no Irão.

Talvez nas últimas décadas essa mentalidade se tenha atenuado, mas o Sistema encontrou logo maneiras de a reprimir e impedir de adquirir uma verdadeira consciência de si mesma. Todos ou quase todos os métodos anticoncepcionais, pílulas, comprimidos anti-depressivos, as pílulas do dia seguinte, a negação da mensturação, as cesarianas e todas as formas de anular a vida instintiva e natural da mulher, servem para a sua anulação como pessoa actuando como  uma forma de desgaste e destruição do corpo e da psique da mulher.
Sim, podem dizer-me ser hoje  diferente quanto às novas gerações de mulheres, mas a mãe não tem referências dessa essência-mulher para dar à filha e ela amalga-se à cultura do homem e repete todos os erros das mães e é afinal mais uma espécie de "homem" pelos seus valores, mesmos os espirituais de onde ela foi igualmente excluída…
Por tudo isso há cada vez menos mulheres-mulheres, mas mais mulheres em tudo o que é "espiritual!

O DESPRESPEITO DA MULHER COMO SER ESTÁ INCLUSIVO NA LÍNGUA...

Isso acontece portanto na vida normal das sociedades a todos os níveis incluindo ou destacando-se no nível “espiritual” em que a mulher hoje em dia aparece em grande maioria no lugares e espaços de divulgação de alternativas, mas apenas de corpo presente, pois serve ainda e apenas para o homem  como na idade média, na alquimia servia de "soror mistica", para o adepto atingir a iluminação, ou nos nossos dias,  sem que ela seja verdadeiramente considerada de per se,  nem na linguagem sequer, em que o Pai e o Mestre e o masculino é sempre a referência. Raramente a Deusa a Mãe ou a Shakti é referida...embora no Oriente a mulher não seja  sexualmente minimizada, como a mulher é no ocidente, é-o socialmente ao contrária da mulher ocidental que socialmente tem algumas vantagens...

Os orientais não têm o sentido de pecado numa perspectiva de sexualidade pecaminosa, embora a mulher possa ser um obstáculo à castidade e à iluminação, nuns casos, porque noutros, o caso do tantrismo, é através da mulher e da deusa que o homem consegue a realização enquanto que no ocidente  deu-se pura e simplesmente a total rejeição da mulher pelos místicos, padres e monges cristãos, para por si mesmos e pelo ascetismo atingirem essa libertação do mundo do qual fogem fugindo do pecado-mulher…

A mim contudo o que mais  me choca são os  espiritualistas “nova era”, a nova vaga,  que respeitam muito as suas companheiras e discípulas e algumas mulheres que se destaquem no seu âmbito, no entanto, continuam a ver a mulher vulgar, as outras, como mulheres objecto e a divertir-se imenso com as anedotas sobre mulheres a  sua imagem degradada pelos media e pelos homens em geral…Claro...continuam a fazer a separação das duas mulheres...umas são respeitáveis....outras não tanto...

(…)
(excerto de artigo )
ROSALEONORPEDRO

quinta-feira, novembro 17, 2011

A MARIA EUGÉNIA...DO PRAZER VISUAL...

maria eugenia deixou um novo comentário na sua mensagem "AS DIFERENÇAS "CULTURAIS" E A EXPLORAÇÃO DA IMAGEM...":

"Simplesmente ridícula essa matéria, nos mulheres não temos culpa se você nunca foi um objeto de prazer visual e nos não andamos de salto para agradar os estilistas gays andamos simplesmente por gostar minha QUERIDA..."

- Oi Maria Eugénia querida...eu sei que há muitas mulheres como você  e que bom para si que gostam de ser objectos de prazer ou trabalhar para o visual, o que seja...mas de certeza que a querida se enganou na página...Quando a abriu devia estar a pensar que mulheres e deusas era um blog de moda de sapatos ou pornográfico, não? Porque esta "materia ridícula" não era para o tamanho do seu pézinho nem do seu cérebro...nem para mulheres que gostam de ser "objectos visuais de prazer", nem instrumentos de prazer: era para mulheres a sério que não se revêm a si mesmas só como objectos de prazer visual...e são muitas as mulheres, por dentro e por fora, que não usam  saltos nem gostam de ser objectos de prazer...mas dessas você não sabe nada. De qualquer modo os saltos a si subiram-lhe a cabeça, porque eu sei que há Mulheres que usam saltos enquanto novas sem ser para ser "objectos de prazer visual"... mas porque é usual e enfim...elegante...e essas têm inteligência também e para elas estou certa, não faz mal nenhum pensar nas consequências...

 E ASSIM VOCÊ COMETE UM ERRO CRASSO AO DIZER,  

"NÓS MULHERES"?

PORQUE você só está a falar de SI e de umas tantas mulherzinhas iguais a você, que vivem só para a imagem e não das Mulheres em geral, mas apenas de mulheres que gostam de ser objectos sexuais e visuais, certo?
Não, eu nunca fui objecto visual e menos ainda de prazer...a mim da-me prazer coisas mais requintadas que você nem sonha! Ou antes, quando era nova e ignorante se calhar também fui... e fui enquanto não percebi a estupidez e a futilidade de ser um mero objecto visual...e ser manipulada de todas as maneiras para ser só um corpo... uma imagem... e depois  fazer cirurgias estéticas para ficar sempre igual...

Sabe? Eu gosto mais de ser gostada e admirada por ter cabeça tronco e membros e sentimentos...e saber do que falo e não por ter uns centímetros a mais de "altura"....e afectar a minha coluna ou os meus pés para o resto da vida, como as chinezinhas que andavam com os pés apertados por ser estético - eram chamados os "pés de lotus" - e agradar aos senhores da época...Sabe? Era a moda, e muitas até gostavam, como você, de serem objectos de prazer visual!
rlp

NO MUNDO:

As mulheres, vazias delas próprias...com os seus sonhos de amor e de beleza, as suas doenças, dores e complexos, enriquecem os impérios da cosmética, da estética, das farmaceuticas, médicos, estilistas, cantores pimba, e artistas de cinema.
As mulheres no mundo, só com a sua frutração e expectativas guradas de "felicidade" (o mito de ser feliz e dar prazer...) alimentam um universo inutil e consumista, de vampiros, que vive exclusivamente a custa do seu sangue, do seu corpo, do seu sonho, enquanto milhares de crianças morrem a fome...
rlp

A CONFUSÃO sobre a MULHER é geral...

"As mulheres são mesmo um mistério "
(…)
“ E as mulheres? Não tenho a impressão de que é possível agrupá-las em 3 tipos – e seus subgrupos – como fiz com os homens. Parecem portadoras de uma multiplicidade que nem elas entendem. Os homens as invejam porque consideram que elas teriam uma enorme facilidade para o sexo casual, já que estão sempre sendo paqueradas por alguém (o que não acontece com eles, que têm que ir atrás). A grande maioria delas não se interessa por isso, apesar de adorarem se exibir e atrair olhares. Parece que o prazer exibicionista é suficiente para elas, o que não faz o menor sentido para os homens. Outras têm medo de sua exuberância sexual e tratam de se deformar: engordam demais justamente na mocidade, descuidam de outros elementos de sua aparência. Outras se queixam da falta de orgasmo e a grande maioria nem percebe que o orgasmo não lhes provoca a saciedade parecida com a que acontece com a ejaculação masculina. Buscam mesmo é o sexo associado ao amor e fazem, cada vez mais, o discurso pela igualdade que pede o sexo sem compromisso. Isso justamente quando os homens jovens estão se desinteressando disso. Mulheres homossexuais, diferentemente dos homens, preferem relações estáveis e duradouras. Mulheres heterossexuais sozinhas buscam parceiros na noite e sempre se decepcionam quando não há continuidade. Apesar disso, continuam dizendo que é legal este jogo de sedução e paquera. Muitas são sinceras e se declaram desinteressadas disso e claramente buscando um parceiro fixo. Outras mulheres se divertem de verdade com o sexo casual e as suas amigas as invejam e não sabem por que não são como elas. Umas gostam de tomar a iniciativa na paquera enquanto que outras acham isso terrível.”

Flávio Gikovate



PORQUE NÃO SABE A MULHER DE SI?

Todas estas considerações podem estar mais ou menos certas, mas apenas analisadas à superfície. Como sempre, quer psicólogos quer sexólogos, parecem esquecer ou nem sequer perceber que na realidade o drama das relações ou o drama da mulher não é tanto a questão das duas metades opostas e complementares, homem e mulher, mas a questão da integração dos dois lados opostos em cada ser. Claro isso para psicólogos que não seja na visão junguiana é um absurdo...O feminino e o masculino interior de cada ser não é tido em conta nem a questão anima/animus. Isso para começar, mas na realidade temos de ir mais longe e verificar - coisa que nunca nenhum psicólogo se aventurou - que a mulher antes do mais é vítima inconsciente de uma cisão profunda na sua natureza ontológica e psiquica, uma cisão milenar e histórica, que faz da mulher um ser ferido no cerne do seu próprio ser e põe em causa a sua própria identidade: Esse facto, ignorado pela grande maioria dos "especialisas" é o que a leva no fundo as mulheres a atitudes descompensadas e histéricas, numa “multiplicidade” de carácteres, sem nunca se encontrarem no seu cerne, acabando por ter uma aura de "mistério" (ou confusão?), em relação ao homem, e tudo isto sem sequer ter em conta a criança ferida (em todos/as nós) e a forma particular como ela viveu a sua infância face ao masculino.

Ora nós sabemos que em todas as sociedades patriarcais, antigas e modernas, seja na China ou no Japão, na Índia, no Ocidente e naturalmente na Europa, que a menina é desde que nasce mal amada, (às vezes abortada ou morta como na índia) destituída de valor próprio, educada para se neutralizar esvaziar de sentido enquanto indivíduo e preparada exclusivamente para o casamento ou para um outro qualquer papel subalterno, como objecto sexual ou mera reprodutora, desvalorizada enquanto ser humano e sujeita a todo tipo de exploração sexual-laboral muito mais do que o homem...

Fico bastante impressionada como é que na nossa sociedade moderna há “especialistas” que simplesmente ignoram estes aspectos e fazem considerações de ordem psicológica e científica sobre as relações entre homem e mulher sem ter em conta um aspecto tão fundamental como este…

No final do artigo este autor confessa a sua confusão e acrescenta:

“ Bem, basta de confusão por ora. Gostaria de deixar claro que isso é apenas o início da conversa, porque as mulheres parecem ser portadoras de uma multiplicidade que surpreende a elas mesmas. A pergunta de Freud - "Afinal, o que querem as mulheres?"* - parece que não será respondida facilmente; e talvez seja mais difícil para elas dar a resposta do que para um observador masculino.”

- Poderá parecer mais difícil para as mulheres responderem a esta questão porque a mulher está realmente cindida em duas e às vezes completamente fragmentada. As duas partes de si mesma de que ela ou ELEGE uma ou NEGA, tendo de optar por uma delas ao longo da sua vida sem que nada disso seja claro e óbvio para si, dá-lhe um carácter fútil ou complexo e a própria mulher acaba sentindo-se absurda, estranha ou doente. O seu vazio existencial, o seu esventramento, de que é bastante representativo, o facto de se lhe tirar o útero ou os seios quase aleatoriamente, depois de cumprida a função maternal, corresponde ao silenciamento da voz secular da mulher atávica, da mulher ancestral e da Deusa.  A mulher nas nossas sociedades é simplesmente esmagada nos múltiplos conceitos e preconceitos sociais e religiosos que limitam as suas escolhas e opções e na sua própria vida em geral em que toda essa negação-amputação do seu ser íntimo e profundo a leva a crer que o que lhe falta é realmente e apenas o homem que a complete ou um filho que  a realize, pois é assim que foi educada, como ser incompleto simples costela tirada  de Adão…o seu dono e senhor como manda a Lei...

Esta é a moral vigente-decadente e a que está latente e prevalece no inconsciente colectivo. A isso nem Freud, nem nenhum psicólogo ou sociólogo deu resposta nem dará, pois só a mulher integrada a mulher que se reencontrar em si mesma e unir essas suas duas partes cindidas pelas religiões, poderá partir para o encontro consigo em consciência e  em plenitude e só depois poderá   estabelecer uma relação equilibrada e amorosa, com o homem ou se for caso disso, com outra mulher…

RLP (ESCRITO EM 2007)
*Frase atribuida a FREUD

A CONSCIÊNCIA DA CONSCIÊNCIA...


A PSICOLOGIA OCIDENTAL,
não se interessa pelos processos da ConSciência em si e a sua elevação, mas com os efeitos perniciosos da falta de ConSciênica dos indivíduos, a que chamam doença...

(...)
"A psicologia ocidental em quase sua totalidade só se interessa pelos estados outros de consciência que não o usual quando estes são patológicos, isto é, não integrados no indivíduo. Esquizofrenia, psicoses, neuroses, este é o campo que tais escolas lidam. Escolas como a junguiana e a transpessoal são exceções importantes, que embora de forma tímida, dão os primeiros passos no estudo dos níveis alterados de consciência nos quais ela não se fragmenta ou descompensa, mas se amplia. De uma forma primária ainda chamam tais estados de transe, muitas vezes considerando-os ocorrência fugidias , como acessos que vem e vão.

Mas outras escolas de psicologia mais sofisticadas como a budhista , tanto o ramo Chan e Zen, como o Tibetano, a Taoista, compreendem que existem outros estados de consciência e podemos não apenas incidir neles mas ampliar a tal ponto nossa percepção que um novo mundo se descortina aos nossos olhos, ampliado por podermos perceber mais. Um desses estados é conhecido como o estado de Arhat. Após um trabalho disciplinado o ser passa a interagir de forma mais consciente com o meio e assim ao invés de estados ilusórios passa a perceber o mundo como ele de fato é, com seus fluxos e mutações. Costuma-se dizer que o Arhat vê a essência das coisas e não apenas a superfície. Todo trabalho é realizado em etapas."
(..)
Nuvem que Passa
Ler na íntegra em http://pistasdocaminho.blogspot.com/

O que é o CONHECIMENTO DE SI?

"PARA A MAIOR PARTE DOS HOMENS, aquilo que eles classificam de consciência é o registo de noções, de impressões e de convicções compostas pela reflexão cerebral e pela educação. EssaS formações são tão fugitivas como o reflexo das nuvens num espelho. Elas não nos pertencem de si, porque podem ser modificadas pelas mais diversas influências. Nada, neste conjunto de ideias e conceitos, sobrevive à dissolução do ser físico, emocional e mental. É uma consciência que não se inscreve no nosso ser imortal.
Quantos homens na Terra ecordaram em si a Consciência real, aquela que os tornará "conscientes e responsáveis"? É portanto necessário, para falar "conscientemente", entendermo-nos quanto às palavras, depois considerar os meios de acordar essa consciência".
(...)
In L' OUVERTURE DU CHEMIN
ISH SCWALLER DE LUBCZ

terça-feira, novembro 15, 2011

  

OVULARMENTE

"A sabedoria é mesmo feminina. Correndo o risco de me repetir ou citar a mim mesma, direi que a «sophia» é feminina. A sabedoria é feminina e a filosofa é masculina. O homem enamora-se da sabedoria, mas nunca chega lá. E o percurso para... A mulher, ela própria, é ovularmente o segredo do Universo. Ela contém em si a sabedoria. As vezes não tem é consciência disso."
Natália Correia em entrevista (1983)

segunda-feira, novembro 14, 2011

DESCULPEM A ORDINARICE...MAS...É ILUSTRATIVA...

Este significativo texto de escrita criativa...ilustra na perfeiçaõ a linguagem FALOCRÁTICA, o domínio da linguagem e do FALO não só na nossa sociedade como obviamente na linguagem falada e escrita. É a literatura que as mulheres lêem:

"Nesta perspectiva, a própria forma do modo de discurso dominante revela a marca do domínio da ideologia masculina. Assim, quando uma mulher escreve ou fala, é forçada a falar como que numa língua estrangeira, uma língua com a qual ela se pode não sentir pessoalmente à vontade."

Este é um autor digno da nossa "geração rasca", alguém que só escreve nesta linguagem, e como poderemos averiguar não varia muito. Fez dessa linguagem um sucesso garantido e tem uma vasta audiências de mulheres que o seguem. Não imagino o que sejam os seus livros, nunca li nenhum. Pelo pouco que li solto, como esta frase e outras que são divulgadas no facebook, às vezes diz umas coisas quase poeticas...de resto é só a asneirada em grande estilo! E tem seguidores/as em barda. Mas o mais constrangedor é de facto haver mulheres que ficam fascinadas com essa linguagem... eu até compreendo...mas na verdade isso nada tem a ver com AMOR e é caso de se perguntar se esta criatura desabrida alguma vez amou ou foi amada, ou se teve uma Mãe que respeitasse profundamente..
E mais uma vez, comprovamos uma linguagem sexista e falocrática; mais um exemplo disso como publicarei mais a frente, o que aconteceu a uma amiga numa reunião de trabalho há dois anos, conforme ela me contava ontem ainda estupefacta: a forma como 50 mulheres, nessa reunião com  o chefe, se submeteram a um tratamento de "cadelas" porque obedientes e fiéis ao dono no seu dizer, conforme ela narra:
 
"Há dois anos atrás, na reunião anual o meu "querido" patrão perguntou-nos a todas, éramos 50 mulheres na sala... se entre uma gata e uma cadela, com qual destes animais nos identificávamos.
50 mulheres, Rosa! Adivinhe quantas gatas puseram a mão no ar... o meu estomago até se embrulhou e ia vomitando nesse mesmo minuto. E no fim, ainda fez um discurso... que naquela empresa, precisam de cadelas... porque as cadelas são fiéis e persistentes, enquanto as gatas são preguiçosas e desligadas.
Rosa, eu fui a única que escolhi a gata. A única entre 50 mulheres.... e o desprezo e asco que senti no momento foi tal que lhe levantei a voz e disse que ele queria as cadelas porque gosta de mulheres submissas! Está a imaginar no novelo em que me meti???"

(S.D.)
Este episódio é bem ilustrativo de como as mulheres em geral aceitam esta ignominiosa forma de tratamento. Elas não só aderem como a promovem e a  mulher que seja diferente é logo esmagada por elas...Assim não é de estranhar que elas sigam e adorem ou adulem escritores como estes...quase todos falocráticos, mas este claramente só falocrático...O império do Falo, logo eu sou...
Como poderemos constatar também hoje em dia a linguagem dos rapazes é uma permanente repitação da palavra c...em cada frase que dizem...e até as raparigas também já o dizem...os adolescentes não falam de outra maneira na rua nos cafés nos transportes, ao telemóvel ...sem qualquer consideração por senhoras mais velhas nem por inguém...Daí agora terem um escritor a altura...
rlp

QUE LÍNGUA FALA A MULHER?



OS LIVROS QUE AS MULHERES (NÃO) LÊEM... A propósito dos chagas e outros escritores de talento...

... a linguagem que falas é feita de palavras que te estão a matar...



  "A questão central em muita da recente escrita de mulheres (...) é encontrar e usar uma linguagem feminina apropriada. A linguagem é o lugar por onde se deverá começar: uma tomada de consciência deverá ser seguida de uma tomada da palavra ... Nesta perspectiva, a própria forma do modo de discurso dominante revela a marca do domínio da ideologia masculina. Assim, quando uma mulher escreve ou fala, é forçada a falar como que numa língua estrangeira, uma língua com a qual ela se pode não sentir pessoalmente à vontade."
Burke,"Report from Paris"


"As mulheres dizem, a linguagem que falas envenena a tua glote lingual palato lábios. Dizem, a linguagem que falas é feita de palavras que te estão a matar. Dizem, a linguagem que falas é feita de signos que rigorosamente falados designam aquilo que os homens apropriaram."
Monique Wittig, Les Guérillères


A IMAGEM - é do blog de um escritor cuja cabeça está na mão do boneco...
Não sei a que livro ela faz referência (alusão?), nem o que quer dizer...mas as imagens são elucidativas do "ETERNO" conflito das mulheres (puxões de cabelos, injúrias) na luta pelo Homem...e que os os homens tanto gostam de evocar e ilustrar!

sexta-feira, novembro 11, 2011

A BELEZA É PUNGENTE


Ferir-me de beleza...

(...)
"Há em tudo um sentido para além da beleza: e que sinto ainda não consegui desvendar por fraqueza minha, falta de concentração. Parece que o mistério está ali, indefeso, prestes a rebentar, a dar-se, e que a culpa de sua negação é só minha.
Talvez que a beleza seja assim, transcendente. Contendo em si um sentido que não lhe pertence. Mistério que sinto para além do meu poder e que faz a dor da sua contemplação. A inatingível. Dura impossessão.
Talvez que ela seja aqui o único porto de abrigo. Mas aberto somente através do sofrimento. Porque a beleza é pungente.
E é esta a única marca da sua verdade."

in A cidade e o rio de Dalila Pereira da Costa

EM FORMA DE ORAÇÃO...

‎11/11/11
E se hoje é hoje e o dia se inscreve na biosfera…
Mãe, eu peço-te: realiza o meu sonho e faz renascer das cinzas Hipácia de Alexandria e a divina Safo…
Restaura a inteireza e a Grandeza do SER Mulher.
... E que sejam abençoadas a grande iniciada e a grande poetisa, elevadas a deusas na Terra…todas as mulheres.
RLP

quarta-feira, novembro 09, 2011

A ESSÊNCIA ÍNTIMA DO PRINCÍPIO FEMININO


O MEDO DAS MULHERES


“Haverá aberração mais perigosa do que o desprezo do corpo?” - F. Nietzsche


“O medo das mulheres, ou ginofobia, é um mal bem conhecido que remonta de muito longe na história da criação. Deus, diz-se, criou o homem à sua imagem. Mas seguramente não a mulher. Senão, ele não seria obrigado a renovar tantas vezes essa tentativa, criando tantos modelos de mulheres aberrantes, a acreditarmos nos múltiplos contos, lendas, mitos, midrashim e haggadah que, entre outros, nos transmitiram os Hebreus.”

 In LA DÉESSE SAUVAGE de Joelle de Gavelaine


“A atitude depreciativa que muitos homens têm em relação às mulheres é uma tentativa inconsciente de controlar uma situação em que ele se sente em desvantagem; muitas vezes ele procura eliminar o poder da mulher, induzindo-a a agir como mãe. Dessa maneira ele é liberto em grande escala do seu medo, pois na relação com a sua mãe quase todo o homem experimentou o aspecto positivo do amor da mulher. Mesmo assim não está totalmente livre de apreensão, porque ao fazer com a que a mulher seja mãe dele, ao mesmo tempo torna-se criança e está portanto, em perigo de cair na sua própria infantilidade. Se isso acontece ele pode ser dominado por sua própria fraqueza, e uma vez mais deixa a mulher o poder da situação. Consequentemente, a maioria dos homens aproxima-se de uma mulher com medo, não obstante seja um medo inconsciente, ou com a hostilidade nascida do medo ou, talvez, com uma atitude dominadora, para arrebata-la de um golpe. “ *

(…)

"Não raramente ouvimos a informação de que não há nenhuma diferença essencial entre homens e mulheres, excepto a diferença biológica. Muitas mulheres têm aceite esse ponto de vista e têm feito muito para alimentá-lo. Têm se sentido contentes em serem homens de sais e assim perderam o contacto com o princípio feminino dentro delas mesmas. Essa talvez seja a causa principal da infelicidade e instabilidade emocional hoje em dia. Ora, se a mulher está fora de contacto com o seu princípio feminino, que dita as leis da integração, não pode assumir o comando do que é, afinal de contas, o domínio de feminino, ou seja, o das relações humanas. E, até que o faça, não poderá haver muita esperança de ordem nesse aspecto da vida. Muitas mulheres sofrem seriamente na sua vida pessoal por esse abandono do princípio feminino.

São incapazes de relacionamentos satisfatórios, ou podem mesmo cair em neurose pela inadequação do seu desenvolvimento nessa área, que é das mais essenciais. Por essa razão, a relação de uma mulher com o princípio feminino dentro de si mesma não é um problema pessoal, mas também um problema geral, até universal para todas as mulheres. É um problema da humanidade.

(...)
É preciso considerar que a essência ou princípio feminino NÃO PODE SER ENTENDIDA ATRAVÉS DE UM ESTUDO INTELECTUAL OU ACADÉMICO. A ESSÊNCIA ÍNTIMA DO PRINCÍPIO FEMININO não se permite tal ataque, o sentido real da feminilidade sempre escapa ao interrogador directo. Essa é a razão pela qual as mulheres são misteriosas para os homens – isto é, para o homem que persiste em tentar compreender intelectualmente a mulher.

In OS MISTÉRIOS DA MULHER M. Esther Harding


OS MISTÉRIOS DA MULHER


“Uma discussão sobre a natureza do princípio feminino e as leis que o governam é de vital importância tanto para os homens como para as mulheres de hoje em dia. Como vimos, na nossa cultura ocidental do séc. XX, esse princípio tem sido negligenciado e suas exigências têm sido satisfeitas somente através da observação mecânica e esteriotipada dos costumes convencionais, enquanto que o cuidado e a busca das fontes da vida ficam escondidos nas profundezas da natureza. Essas fontes de energia espiritual ou psicológica só podem ser alcançadas, como dizem os mitos e as religiões antigas, através de uma aproximação certa da essência feminina da natureza, seja ela sob forma inanimada, seja nas próprias mulheres. É portanto da maior importância que procuremos estabelecer uma vez mais uma relação melhor com o princípio feminino.

Ao encarar esse assunto devemos nos desprender de todas as ideias pré-concebidas de como a mulher é ou do que é o “verdadeiro feminino”, e tentarmos uma aproximaçãocom mente aberta.

A nossa civilização tem sido patriarcal por tanto tempo, com o elemento masculino predominante, que a nossa concepção sobre o é feminino talvez se tenha tornado preconceituosa. Por exemplo, tornou-se um “facto” estabelecido entre nós que o masculino é forte e superior e o feminino fraco e inferior. Só recentemente é que esse dogma foi ameaçado pelas mulheres que, em sua revolta, têm não só questionado a teoria, como também demonstrado na prática que esta não é firma. Porém ainda persiste o preconceito de que os homens são, de alguma maneira, independentes na realização pessoal, do carátcer ou força, superiores às mulheres - que o homem em si é superior à mulher. Em sociedades matriarcais o reverso dessa conjectura é verdadeiro.”(...)
In OS MISTÉRIOS DA MULHER
M. ESTHER HARDING

Republicando..

terça-feira, novembro 08, 2011

A ANIMA - A MULHER ABISSAL, LILITH

Afrodite, Selene, Perséfone, Hecate, Atena, Kore, Pandora

“A consciência da Anima, é a do seu próprio inconsciente, o acesso lúcido ao inconsciente. “Ela traz a possibilidade de reflexão em termos do inconsciente.”

Qualquer coisa como o hiper-consciente de que fala Jouve ou da “consciência da consciência” de que fala Valéry.

Com efeito, a Anima mediadora do inconsciente não nos torna mais conscientes no sentido intelectual do termo, mas ela compromete-nos com as profundezas do inconsciente, da mesma maneira que Hecate acompanhando Deméter através do labirinto do inferno, clareando com o seu archote o caminho abissal.

Ela torna-nos cada vez mais inconscientes, quer dizer, mais próximos da nossa natureza secreta e profunda. “Ela abunda lá onde o inconsciente opera”, ela responde de maneira imaginativa e mágica “ pela imagem e não pelo discurso abstracto. Ela é “qualquer coisa” que nos faz pressentir do nosso destino, nos revela a nós próprios; daí a sua ligação com a Sibila, a Pitonisa, a Bruxa, a Fada. Os seus poderes, não esqueçamos, são os da noite. E também por isso que a Lua Negra nem sempre abdica e pode representar a resistência do inconsciente que se recusa a se desvelar.  


“As religiões dos mistérios das Deusas, é a vida pré-consciente da natureza, da mesma maneira que a morte. Nada entre elas pode ser conhecido” e é la o reino da Anima, de Lilith, da Lua Negra. Jung precisava já que a Anima era a “o fundamento de todas as figuras divinas e semi-divinas desde as deusas antigas até Maria”. Entre elas, ele cita Afrodite, Selene, Perséfone, Hecate, Atena, Kore, Pandora. Poderíamos acrescentar muitas outras, uma vez que o rosto da Grande Deusa é múltiplo e único ao mesmo tempo e absolutamente universal.”


LE RETOUR DE LILITH

Joelle de Gravelaine

EM BUSCA DA MULHER

É A MULHER NA MULHER QUE SE BUSCA E ENCONTRA EM SI,
NÃO O HOMEM QUE A CRIA E DEFINE ARTIFICIALMENTE...

Como os psicólogos e psicanalistas
andaram à deriva durante anos…




A CONFUSÃO DOS SEXOS...

Sem a Mulher das profundidades não pode haver compreensão do verdadeiro feminino, nem da essência, logo do papel da Anima, …e mais uma vez, não só nas velhas religiões como na psicanálise moderna, os homens do “conhecimento racional” inverteram o sentido das essências masculino e feminino atribuindo o animus à mulher e à anima ao homem…

A NATUREZA DESCONHECIDA DA ANIMA É A NATUREZA OCULTA DA MULHER, é a sua natureza escondida e negada nos séculos de religião e cultura e ideias masculinas, de filosofias e da arte apolíneas, que provocaram um branqueamento da mulher original, da mulher ctónica; séculos de desmembramento e desfragmentação do ser mulher em si, da mulher inteira - a partir do momento em que a mulher foi dividida em duas a do lar e a da rua, e se tornou uma função mais do que um ser individual, esse apagamento e essa aculturação causaram uma ausência total do sentido do que é ser mulher como ente, projectando uma metade mulher, “ideal”, “moral” religiosa, artística, romântica, a mulher fragmentada que sobrou das muitas divisões seculares entre Eva, cada vez mais asséptica e vazia de entranhas …e Lilith, completamente esquecida e relegada para os infernos, pelo único deus reinante dos patriarcas, suprimidas todas as deusas, assim como o poder vivificante e destruidor das forças ctónicas a elas associadas. É dessa mulher anima varrida do consciente humano, soterrada nas memórias mais arcaicas que os homens da psicanálise e da psicologia das profundidades buscaram sem compreender que a mulher que eles conheciam era uma pálida imagem dessa mulher anterior ao paleolítico, da Mulher sacerdotisa, da Mulher Musa, da Rainha, da Mulher da Origem…
Assim, os melhores autores, e os mais conceituados, abordaram o tema da Anima como o feminino do homem e o Animus como o masculino da mulher sem perceber que a verdadeira Anima, o seu feminino profundo, estava completamente desligado da mulher dos nossos dias…e que tanto homens como mulheres não poderiam sequer equacionar a questão do feminino/masculino sem que a mulher resgatasse o seu eu profundo das profundezas do seu ser, do mais abissal da sua memória…e esse é um trabalho da Mulher e não do homem! Penso que por isso mesmo estamos completamente e culturalmente confusos/as com a identidade do ser humano e a função de cada um dos sexos.
Os homens da psicologia e da psicanálise tentaram resolver o seu problema do feminino em si sem nunca entender a própria mulher, essa, dividida e fragmentada pelos imensos estereótipos que lhes eram atribuídos pela cultura secular, ou por persistirem em ver apenas a mulher que a sua cultura e a “ciência” em que foram beber o seu conhecimento, lhes permitia ver; não entenderiam nunca que sem essa percepção da divisão interna e secular da mulher em dois estereótipos fundamentais, os homens não entenderiam nunca uma METADE DA HUMANIDADE, relegada para um plano funcional, dado que a mulher assim abordada não é senão uma metade de uma metade…e por isso incompreensível a nível da psique e do intelecto.
Por outro lado, a mulher cindida não pode compreender a sua própria natureza a verdadeira dimensão do seu ser, sem se fundir à sua natureza instintiva e inicial, associada as deusas primordiais, a grande Deusa e as sacerdotisas de outrora. Ela não pode ser inteira sem se unir à "outra" mulher...que é ela mesma!
Esse desconhecimento da Mulher de si mesma e da sua essência, levava o homem e o psicólogo a encontrar um vazio na mulher (dividida) chamando-o de Animus não realizado, (a sua própria experiência de vazio de anima) quando afinal o que sucede nas nossas sociedades foi ter-se "fabricado" uma mulher gravemente "animus" pelas ideias dos homens, as mulheres por si idealizadas, as puras e as perversas as fatais e as inocentes etc., as duas mulheres que conviviam nas suas sociedades, uma esposa e outra a prostituta basicamente, ou a concubina, com um animus que hoje é ainda mais mais acentuado e um yang elevadíssimo. O que nos falta de facto é a mulher Anima, a mulher essência, uma mulher inteira que inclusive possa reflectir ao homem a sua própria Anima e então sim poder ela realizar o seu animus de forma equilibrada e vice-versa. 
O homem pensaria e continua a pensar a mulher através do seus óculos culturais e vê sempre uma ou outra em luta interior por ser ora uma ora outra, nunca conseguindo assimilar a sua natureza profunda sem se dividir e despedaçar (o sofrimento inaudito das mulheres através dessa cisão é incomensurável) no conceito de boa ou má, nunca unindo as duas...tendendo sempre a corresponder ou à mulher séria que se expressava de acordo com as expectivas dos homens e os seus costumes, ou de acordo com a educação patriarcal, senhora menina recatada ou mulher ordinária da rua...

A mulher foi um instrumento de prazer e ódio submetida ao domínio do Pai durante séculos, sempre acorrentada aos ideias e vontade do marido ou do amante. Os padres e os médicos e mais tarde os psicólogos continuaram a dominar a mulher com os seus conceitos mais ou menos iguais. Hoje pensamos que a mulher é livre...mas é-o ainda ao serviço dos prazeres e interesse dos homens e de uma sociedade de consumo.

Sempre o homem a pensar a mulher, a reflectir a mulher, a idealizar a mulher, a descrever a mulher; nunca a mulher a ser por si só uma vontade, uma consciência...sem sofrer as consequências e o castigo paterno ou do deus misógino e cruel, que a consideravam um ser vazio e sem nexo, cheio de pecado.
Como exemplo do que dizemos acima temos a autora do livro de quem apresentarei vários excertos, citando Hillman:
Nós não podemos explicar esse vazio em termos de sombra inconsciente ou de Animus não desenvolvido (…) esse vazio devia ser considerado como uma autêntica manifestação arquetípica da Anima.”
Quanto a mim e neste caso inexistente…Os homens não podem sentir a Anima se a mulher não encarnar o seu feminino primordial e consequentemente as mulheres não podem integrar o seu animus…pois desse modo não há casamento alquímico…nem Obra. A Soror mística dos alquimistas é a Mulher Iniciada por Natureza, a Mulher total, a Mulher que inicia o homem aos seus Mistérios, pois a Mulher é a meditadora das forças cósmico telúricas. Não a mulher cultural moderna e actual, criada pelos homens e que prevalece na nossa cultura de acordo com os seus (deles) conceitos…e escolas!

rlp

O VAZIO DA ANIMA NO HOMEM NÃO É O MESMO VAZIO DA MULHER ANIMA

“Deram-se da Anima definições diversificadas. Há as mais simples, digamos simplistas; e há as outras mais complexas, digamos obscuras. Nada mais natural uma vez que a Anima cobre uma realidade psíquica infinitamente subtil.

Da maneira mais simples diremos que a anima é a projecção da psique feminina do homem, rosto do seu inconsciente ou do seu duplo, enquanto que o Animus representaria a natureza masculina, racional, intelectual ou autoritária da psique feminina.

Em Jung, a Anima é a relação com “o misterioso, o passado arcaico, suporte que permitiria um aparecimento da boa fada” da qual nos lembraremos ela estar directamente ligada ao destino, à profecia, ao fatum, à bruxa, à prostituta, á santa, associada com os animais tais como os pássaros, o tigre, a serpente, o cisne. Nós estamos aí em terreno conhecido com a Grande Serpente Lilith, a grande prostituta de Ishtar, as feras da Grande Deusa e Cybele, a feiticeira detentora de uma intolerável liberdade aos olhos da Lei do Pai Lei essa rejeitada por Lilith e as suas semelhantes, mas também com ela vem a outra verdade, a da iniciação, redenção, do lado da Santa ou da Sophia.

SÃO ESSES DOIS LADOS DA MULHER DIVIDA EM SI QUE OS HOMENS NÃO CONSEGUIRAM PERCEBER AS RAZÕES NEM AS MULHER IDENTIFICARAM AS CAUSAS. E ASSIM CRIARAM ESTA GRANDE CONFUSÃO...

Precisamente, “James Hillman, traz uma pedra importante à nossa construção afirmando que a fenomenologia da anima não se restringe ao sexo masculino e que existem “mulheres anima” que encarnam para o outro e para elas mesmas esses valores. Ele diz: “ As mulheres também perdem contacto com elas e podem ser levadas a meditar no seu destino, na sua morte, na sua imortalidade. Elas também fazem a experiência da alma e sofrem do seu mistério e da sua confusão.”
E acrescenta um pouco mais adiante: “Porque é que o mesmo comportamento se chama “anima” num sexo e no outro e natureza feminina” ou “Sombra” no outro.?”
Para Hillman, as mulheres têm “a profundidade da alma ou elas são alma (…) e psique, mas o sentimento íntimo de alma, não é dado à mulher pelo simples facto de ela ser uma mulher.” (…)

Se Jung vê a Anima como um “vazio”, Hillman precisa: “Nós não podemos explicar esse vazio em termos de sombra inconsciente ou de Animus não desenvolvido (…) esse vazio devia ser considerado como uma autêntica manifestação arquetípica da Anima.
(…)
Mas ao mesmo tempo, nós veremos mais longe, ela (Anima) como sendo a única via possível para a hiper-consciência verticalizante.

O desconhecido é também aquilo que torna evidente a natureza enigmática, inalcançável, e inacessível de Lilith. Ela é, seja “à distância”, seja “velada” como Ísis ou se descobrindo pelo abandono dos numeroso véus – como Humbaba ou Salomé, sempre instigante de fantasmas e de projecções múltiplas.

Citemos ainda Hillman: “É a este inconsciente fundamental arquétipo, ausência de luz, de moralidade, de sentido de conflito, de intenção (…) que Jung faz alusão em certas passagens sobre a natureza desconhecida da “Anima”.*

In Le Retour de Lilith

Joellle de Gravellaine