O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, novembro 23, 2011

O QUE OS HOMENS NUNCA DESCOBRIRÃO...



“A grande questão…para a qual ainda não consegui resposta, apesar dos meus 30 anos de investigação sobre a mente feminina, é: O que quer uma mulher?" 

Freud

O SENHOR FAZ-ME RIR...

Senhor Freud...

Então trinta anos de investigação sobre a mente feminina - qual mente? a sua mente masculina? – e nunca lá chegou...claro que nunca podia lá chegar...à mulher não se chega lá pelo intelecto, pelo pensamento, pela mente...nem pela razão nem pela lógica meu caro e defunto senhor...primeiro que tudo, para se saber o que a mulher quer é preciso ser-se Mulher...e o senhor além de ser homem, só conheceu metades mulheres...só conheceu as suas pacientes com distúrbios de personalidade, histéricas e neuróticas, esquizofrénicas, senhoras deprimidas, senhoras sérias bem casadas e filhas do papa...mulheres à beira de um ataque de nervos...mulheres sufocadas pela rigidez da vossa nobre e virtuosa sociedade. E as mulheres da rua, essas, não contavam para nada...eram nada...e o senhor não viu essas duas metades? Não viu como a mulher foi cindida em duas espécies de mulheres, a senhora muito séria, a sua, e a mulher da rua, para quem olhava com desprezo ou nem via? e que essa cisão lhes acarretaria tantas disfunções, tantas depressões e histerismos…que o  senhor não viu nem nunca poderia imaginar…e muito menos imaginariam o os homens da ciência e da cultura…como essa cisão iria abalar o mundo ou já o tinha transformado nessa pia de água benta…

Como é que o senhor alguma vez ia entender as mulheres sem incluir essas mulheres que o vosso mundo erudito e tão crente, tão ciente, tão moralista e cheio de tabus, ia considerar as mulheres da rua, as “outras” mulheres, as mulheres pobres, as mulheres desprezadas pela vossa sociedade? Claro o senhor lidou com as mulheres saídas de casas de famílias para casar com senhores como o senhor…e a sua mãe senhor Freud, como era a sua estimada ou odiada mãe? Creio que amada a sua mãe…sim é o senhor que diz que a amava e tinha ciúmes do seu pai…e vai daí inventou o complexo de Édipo e fez o mesmo com as mulheres que nem sequer admitiu que fosse um complexozinho de Electra….

Nós sabemos, que “Como clínico, tratava essencialmente de mulheres da burguesia vienense, qualificadas como “doentes dos nervos” e sofrendo de distúrbios histéricos. Abandonando o niilismo terapêutico, tão comum nos meios médicos vienenses da época, procurou, ante de tudo, curar e tratar de suas pacientes, aliviando os seus sofrimentos psíquicos. Durante um ano, utilizou os métodos terapêuticos aceitos na época: massagens, hidroterapia, eletroterpia. Mas logo constatou que esses tratamentos não tinham nenhum efeito.”
Sabemos que fez “Estudos sobre a histeria”, no qual são relatadas várias histórias de mulheres (Bertha Pappenheim, Fanny Moser, Aurélia Öhm, Anna von Lieben, Lucy, Elisabeth von R., Mathilde H., Rosalie H.), e enfim o abandono da teoria da sedução segundo a qual toda neurose se explicaria por um trauma real. Essa renúncia, fundamental para a história da psicanálise, ocorreu em 21 de Setembro de 1897. Freud comunicou-a a “ e sabemos que comunicou a “Fliesse em tom enfático, em uma carta que se tornaria célebre: “Não acredito mais na minha Neurótica.”
E vamos então ver o que senhor relatava de si na sua auto-análise:
“Acorreu-me ao espírito uma única ideia, de valor geral. Encontrei em mim, como em todo lugar, sentimentos de amor para com minha mãe e de ciúme para com meu pai, sentimentos que são, acho eu, comuns a todas as crianças pequenas, mesmo quando seu aparecimento não é tão precoce como nas crianças que se tornaram histéricas (de uma forma análoga à da romantização original nos paranóicos, heróis e fundadores de religiões). Se isso for assim, pode-se compreender, apesar de todas as objecções racionais que se opõem à hipótese de uma fatalidade inexorável, o efeito percebido em ‘Édipo rei’. Também se pode compreender por que todos os dramas mais recentes do destino deveriam acabar miseravelmente...mas a lenda grega percebeu uma compulsão que todos reconhecem, pois todos a”sentiram. Cada ouvinte foi, um dia, em germe, em imaginação, um Édipo, e espanta-se diante da realização de seu sonho, transportado para a realidade, estremecendo conforme o tamanho do recalcamento que separa seu estado infantil de seu estado actual”.
Depois sabemos que “Começou então a elaborar sua doutrina da fantasia, concebendo em seguida uma nova teoria do sonho e do inconsciente, centrada no recalcamento e no complexo de Édipo. (…) in Wikp.
Nessa altura o senhor não sabia….que “De acordo com o modelo psicanalítico,
 “separar todas as pessoas e todas as coisas em categorias de comportamento completamente antitéticas”*, corresponde a uma fase de desenvolvimento, primitiva.” (Cristina Simões) (*Otto Fenichel, Teoria Psicanalítica das Neuroses)

Em suma senhor Freud…o senhor tocou na ferida social da época…através da sua psique analisou a sexualidade e claro aí surgiram as mulheres…as mães e as filhas…até aí quase ignoradas. Abalou certas estruturas do pensamento dogmático e religioso…e ainda hoje há quem o siga fielmente à letra…
Mas apesar de todo o seu contributo para uma visão diferente da sexualidade, o mais dramático foi aquilo que o senhor não viu…a divisão das mulheres…achou natural que houvesse duas espécies de mulheres…umas santas e outras putas…

O senhor nunca pensou em como essa cisão da mulher humana e social em duas espécies afectava a psique de todas as  mulheres fosse em que situação fosse…em como cada mulher podia ter em si essa luta interior consciente ou inconscientemente, luta entre o seu lado instintivo e sexual emocional e mediúnico, suprimidos e reprimidos para viver apenas o lado admitido pelos valores dessa sociedade cínica e puritana,  o seu lado maternal como “boa mãe e boa esposa”…Para o senhor e para os seus amigos…tratava-se apenas de disfunções…de histerismo…de esquizofrenia…problemas mentais…

Mas o pior caro senhor…é que nem ainda hoje, passado mais de um século, nenhum seu seguidor ou opositor viu essa cisão na mulher nem como ela afecta todas as mulheres e os homens também, e como ela se repercutiu em dramas inomináveis e violências inacreditáveis, em dor e morte… sobretudo de mulheres…e guerras…atrevo-me a dizer…Porque sabe…a pior espécie que habita o planeta advém dessa cisão…advém dessa separação das duas mulheres…porque se há grandes homens que tem atrás de si grandes mulheres e grandes mães…também há os “Filhos da Puta” que destroem o mundo em que vocês os condenaram…a eles e as suas mães…

E como hoje ainda, Sec. XXI, há imensas prostitutas a dizer que se prostituem para poder dar de comer aos filhos ou pô-los a estudar …vocês esqueceram que esses filhos vos iriam tramar…e é por isso mesmo que o mundo hoje está na suas mãos…porque eles continuam a matar-se e a violar mulhere,s eles continuam a fazer as guerras, eles continuam a destruir a natureza…porque eles não perdoam o mal que lhes fizeram as mães…as mães divididas há séculos entre santas e pecadoras entre senhoras e prostitutas…
rlp

 ...E já agora embora não venha muito a propósito…?

 “E Einstein? Qual foi, afinal, o erro de Einstein? Einstein achava que as mulheres não tinham aptidão para a ciência por não serem criativas. Apesar disso, nutria sincera admiração por Madame Curie, considerando-a uma excepção à regra. Tal não o impediu de comentar a um amigo que ela "não era suficientemente atraente para ser perigosa para quem quer que seja". Einstein cometeu erros. Mas a depreciação que fez das mulheres foi, decerto, o seu maior erro.”*
(Carlos Fiolhais, Físico, Professor universitário, Jornal Publico, 2011)

(*In iNCALCULÁVEL IMPERFEIÇÃO) publicado por Cristina Simões)

2 comentários:

guiomar disse...

Pelo jeito os homens ainda não conhecem as mulheres a não ser elas mesmas. Eles estão totalmente enganados em relação à elas, ou melhor nós. Tudo que precisamos é o respeito de todos, isso s´[o basta para nós. O mais importante já temos em nosso coração, e [é o bastante para nós mulheres.

rosaleonor disse...

Obrigada Guiomar por comentar...beijinhos!

rosa leonor