O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, junho 30, 2011

A MULHER QUE SE NÃO REVÊ NELA PRÓPRIA...

"CABE ÀS MULHERES REDESCOBRIR O FEMININO, DAR À LUZ UMA ALMA NOVA, CAPAZ DE ASSUMIR A SUA DIMENSÃO CÓSMICA" Antónia de Sousa


SIM, MAS A  BUSCA DA ESPIRITUALIDADE ANTES DA CONSCIÊNCIA PSICOLÓGICA E DE UMA INTEGRAÇÃO DAS DUAS MULHERES EM SI, NÃO É FAVORÁVEL À MULHER...


Penso que a mulher deve resgatar, antes da sua dimensão cósmica, a sua dimensão humana, numa imagem corpo de mulher que a dignifique e devolva a sua integridade...Há muitas mulheres a fugir para uma dimensão espiritual sem resolver os seus conflitos entre a imagem da mulher que os mídea e a cultura em geral lhes oferece de si e as avilta e deforma, e a sua realidade física e psicológica...
Muitas mulheres buscam consolo e compensação para o que julgam ser os seus complexos e inibições ou frustrações em terapias ou caminhos espirituais sem primeiro terem consciência do que realmente as oprime e sem se aperceberem sequer do quanto precisam de consciencializar-se do seu ser essencial enquanto Mulher-mulher.

A mulher parte muitas vezes ou quase sempre para a sua busca espiritual sem primeiro entender a sua natureza intrínseca e isso leva-a a viver processos simulados porque a sua estrutura interior e a sua consciência enquanto mulher integral não está activa...Isso acontece sistematicamente porque a mulher estando dividida em esteriótipos e fragmentada na sua pessoa, (carregando sempre consigo a imagem da mulher séria e a da pecadora) luta antes de tudo consigo mesma e espelhando essa luta contra as outras mulheres através da competição, do ciúme e da inveja, tal como o faziam com filhos e maridos e pais...fazem-no agora com os mestres e guias...e mentores.
Desta forma o grande e maior perigo é que "A espiritualidade pode tornar-se uma nova forma de alienação para a mulher..."*
rlp


*Luiza Frazão acrescentou: "A espiritualidade pode tornar-se uma nova forma de alienação para a mulher..."

segunda-feira, junho 27, 2011

Doncella de Iberia...


2ª CONFERENCIA DE LA DIOSA
en Madrid a   7 - 10 julio 2011



IBERIA, LA DONCELLA

La Diosa de Iberia, renacida en la Conferencia de septiembre, nos ha ido creciendo. La bebita que arrullamos ya no está entre los brazos de la Gran Madre Cósmica. Nuestra Bendita Niña es una Doncella libre, alegre y expresiva que corre por los campos, sacudiendo con sus piececitos la Tierra todavía dormida..
Iberia la Doncella nos empuja con sus manitas blancas a crear y a creer, a tener esperanza, a encender la luz que ilumina el camino al futuro.
Sopla en nuestros oídos canciones y poemas nuevos, nos anima a dibujar y a esculpir todos sus rostros.
Porque muchos fueron los nombres con los que se conoció a la Doncella de Iberia. Como la Brigit de Inglaterra, muchas de ellas tienen dos rasgos comunes: sanar a través del fuego purificador y las aguas cristalinas.
Así, la gala Belisama (una prima de Brigit, ni más ni menos), la vasca Ekhi (la luz sanadora del sol suave del invierno), Carmenta (una de las Matres romanas, encargada de recibir a los bebés y pronunciadora de cantos y sortilegios), la griega Afrodita Phosphoros (Afrodita la que trae la luz), la íbera Cabar Sul (patrona de la sanación a través de las aguas)...
Todas Ellas son la Niña que un día habitó en cada una de nosotras. A todas Ellas, a nuestra niña interior y a las niñas y niños que están en nuestra vida las honraremos en la Segunda Conferencia de la Diosa Ibérica a principios de julio en Madrid.
Estáis invitad@s a compartir con nosotr@s la risa, la inocencia y la inspiración de la Doncella de Iberia.
Jana de Madrid, Sacerdotisa de la Diosa
(...)
INFORMACIÓN http://www.conferenciadeladiosa.es/
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E também no BRASIL:

ENCONTRO TERRA DEUSA

TERRA DEUSA - PROGRAMA 2011 COMPLETO - Ver mais - logo abaixo
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www.terradeusa.blogspot.com / terradeusa@vacom.com.br
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...JULHO 1, 2 e 3

EXPOSIÇÃO LABIRINTO

sexta-feira, junho 24, 2011

GILKA MACHADO:

 A POESIA DO DESEJO

"Gilka da Costa Melo Machado poeta fluminense(Rio de Janeiro 1893 – Idem 1980) foi uma mulher avançada em relação ao seu tempo. Como poeta, foi combatida veementemente por parte dos escritores modernistas, mormente pelo poeta, romancista e ensaísta paulista Mário de Andrade (São Paulo 1893 – Idem 1945) que a achava escandalosa. Os poemas audaciosos de Gilka desafiavam os preceitos e a conduta moral de seu tempo colocando pânico nos falsos moralistas do início do século (hoje existem muitos ainda). Seus versos falam da condição feminina, expondo de forma ousada para a época o desejo da mulher se libertar das amarras machistas daqueles tempos. Em 1933, Gilka foi eleita “A Maior Poetisa do Brasil”, por concurso da revista “O Malho”, da cidade do Rio de Janeiro. Em 1979, a escritora foi agraciada com o prêmio “Machado de Assis”, da Academia Brasileira de Letras. Nesse mesmo ano a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro prestou homenagem à mulher brasileira na pessoa de Gilka. No início da carreira Gilka se valeu do simbolismo para escrever seus poemas. Obras principais: Cristais Partidos, 1915; Estados de Alma, 1917; “Poesias 1915 / 1918”, 1918; Mulher Nua, 1922, O Grande Amor, 1928: Meu Glorioso Pecado, 1918; Carne e Alma, 1931; Sublimação, 1928; Meu Rosto, 1947; Velha Poesia, 1968; Poesias Completas, 1978. Gilka Machado está perene dentro de nosso contexto literário, pois sua poesia é inigualável. Fiquemos, portanto, com três raríssimas jóias produzidas pelo vasto universo da mente de Gilka."
Enzo Carlo Barrocco

Volúpia
Tenho-te, do meu sangue alongada nos veios,
à tua sensação me alheio a todo o ambiente;
os meus versos estão completamente cheios
do teu veneno forte, invencível e fluente.

Por te trazer em mim, adquiri-os, tomei-os,
o teu modo sutil, o teu gesto indolente.
Por te trazer em mim moldei-me aos teus coleios,
minha íntima, nervosa e rúbida serpente.

Teu veneno letal torna-me os olhos baços,
e a alma pura que trago e que te repudia,
inutilmente anseia esquivar-se aos teus laços.

Teu veneno letal torna-me o corpo langue,
numa circulação longa, lenta, macia,
a subir e a descer, no curso do meu sangue.
 

quinta-feira, junho 23, 2011

SER… OU NÃO SER... FEMINISTA…




A depreciação do termo usual de feminismo ou das feministas e as suas variantes foi feita pelos intelectuais homens evidentemente e homens de poder mediático ou político, ridicularizando-as a partir da queima pública dos sutiãs, nos EUA e depois cá, e daí associando sempre as mulheres feministas a todo o tipo de reivindicações semelhantes, como ridículas, excessivas e inúteis. Esses espíritos mantêm-se nos meios intelectuais e burgueses hoje de forma inconsciente…Ainda ontem uma antiga deputada, ao fazer o elogio da nova Presidenta da Assembleia da Republica portuguesa, eleita pela 1º vez uma mulher para esse cargo, disse logo de seguida, “eu não sou feminista”!  

Esta depreciação do termo, feita pelos homens de poder, resultou porque mesmo as mulheres que mais tarde se inseriam na política, tirando as militantes feministas, (as do partido comunista) se diziam não feministas porque não queriam ser ridicularizadas pelos homens e aceites nos seus pódios. Por outro lado, as mulheres que se sentiam femininas, fora dos padrões marxistas e que não optavam por um aspecto "masculino”...também não se identificavam com elas porque lhes negavam essa “feminilidade” que as feministas consideravam ser da “mulher objecto” (minissaias, saltos altos, maquilhagem etc.) ao serviço do homem, e portanto também não queriam ser feministas, para não falar na grande maioria das mulheres que eram domésticas e nem sabiam o que queriam ser ou não ser… Portanto há aqui todas estas mulheres que não se associavam às lutas de conquistas de direitos e igualdade das mulheres. Mas há ainda um outro grupo, digamos, as religiosas ou as místicas que também não se identificavam com as feministas...

 Assim muitas mulheres ficaram de fora dessa luta…


Resta saber qual é a sua porcentagem e a sua validade quanto às restantes mulheres no mundo...
Para além de tudo isto há ainda muita confusão acerca do que foram ou são as feministas hoje, como há muita confusão acerca de tudo o que defenderam como benefício ou “igualdade” para as mulheres. Isso trouxe tanta ou mais confusão do que a que já havia em relação ao que é para mais importante: o QUE É SER MULHER EM SI e qual o sentido do Sagrado da Vida…

O problema justamente começa no facto de que as mulheres sempre se viram e reflectiram em relação aos homens, viveram sempre em função dos homens, ora a favor ora contra, mas sempre viveram em função do masculino e tendo o masculino como referência única e o que eles homens escreveram sobre as mulheres e não foram elas mesmas às origens do cisma da divisão da mulher em si e do porquê haver dois tipos de mulher...o porquê da inferiorização do feminino, partindo da ideia marxista de que a igualdade material e económica lhes daria dignidade e direitos e não de uma verdade ontológica para lá do material e aí foi o seu grande erro. Não foram ao princípio nem à origem do seu ser e não se questionaram sobre a sua verdadeira Natureza, mas sim e apenas ao nível das ideias e filosofias e das religiões masculinas e opondo-se e confrontando-se com os homens. Nunca partindo de si mesmas uma vez que a Mulher só existia como metade EVA…e foi assim que ela caiu no logro! Depois de ter sido  culpada do pecado pela religião que negou...e ser a grande pecadora, caiu de novo no logro dos homens e das suas filosofias...

Eu fui feminista no sentido estrito da palavra quando tinha 20 e poucos anos...fui marxista, e activista...nos anos 60...e 8 e 9…lutei e expus-me para que a mulher em Portugal pudesse votar pela primeira vez…porque não podia votar! E em consequência disso tive de fugir à PIDE (polícia do Estado, tipo Gestapo) para Paris (digo isto meio a brincar, mas foi sério). Acabei por regressar surrealista é verdade e só depois de entrar numa via espiritual (e começar a olhar para dentro) é que a mulher essencial acordou em mim e ai começou a sua busca e a busca do Feminino Sagrado. Não foi um processo intelectual o meu...Não. Foi uma evolução interior...e um caminho e continua a ser um Caminho de Consciência de dentro para fora...não são ideias acumuladas de aqui ou ali, baseado em livros escritos. São a minha experiência.

As feministas aparecem em meados do século dezanove…e a sua luta começa nas fábricas com a industrialização. Apareceram algumas escritoras a defender e a escrever a sua causa. Houve grandes militantes da causa. E sem dúvida que isso foi extraordinário…e que significou uma conquista…o que eu não sei é até que ponto isso ajudou os homens e o Sistema a aproveitar-se disso para converteram as mulheres em homens, polícias, soldados, deputadas… e travestis…E é aqui que bate o ponto minhas caras…Difícil para mim dizer à luz da consciência do feminino sagrado se essas lutas por direitos e igualdades ajudou as mulheres a caminharem para o seu verdadeiro feminino ou se ainda as afastou mais do seu centro e do seu ser intrínseco… “espiritual e anímico”…


E onde desaguámos todas e todos com tantos direitos e igualdades? A nenhum lado, há maior alienação do humano, menos direitos humanos e mais fome e miséria no mundo, do que nunca houve, pois a nossa evolução fez-se a custa dos mais pobres do mundo…e há mais egoísmos do que nunca porque há menos fé, e porque o consumismo se transformou no deus e os centros comerciais e os bancos catedrais e essa ideologia invadiu tudo e todos. Construímos sociedades aparentemente justas e democráticas e vemos hoje que tudo não passa de uma farsa e de uma mentira sustentada pela exploração de milhões de seres humanos, mulheres e crianças em particular e na morte de milhares de pessoas por guerras movidas pelo capitalismo (ou pelo comunismo) pela invasão de países por causa do petróleo…

Hoje com a globalização em todos os países civilizados vive-se o excesso de consumismo e a sua ideologia que substitui tudo o que lhe era anterior,  não havendo já  verdadeiramente ninguém a lutar por direitos e igualdade porque na verdade todos querem ter é mais dinheiro…e é por isso que lutam.


E não podemos chamar feministas as guerreiras de outras eras se as houve e não podemos chamar feministas às amazonas como não podemos chamar feministas às feiticeiras ou às bruxas perseguidas na idade média …Porque não o eram…eram só MULHERES PERSEGUIDAS A LUTAR PELA VIDA.


Por isso quando digo hoje que: “NÃO SOU FEMINSTA, SOU ANTROPOLOGICAMENTE LÚCIDA” (a.h.) isso quer dizer muito mais do que se possa ler a partida… Porque fala de uma condição antropológica, de uma história global, de uma acção cultural, de uma guerra “santa” contra o Ser feminino promovida pelo ser Homem que perseguiu e desnaturou a mulher essência, que a anulou no seu potencial e essência, que a vitimou nas suas guerras, que a reduziu a um verbo-de-encher em casa e a prostituiu na rua. E é a causa disso, a origem desse cisma na Humanidade que importa apurar e ter consciência e não as lutas das mulheres por isto ou por aquilo, por mais nobres ou válidas que sejam não deixam de ser transitórias pois só quando soubermos as causas verdadeiras que estão por detrás deste cisma tão antigo como o mundo, dizem, saberemos interpretar quais foram os seus desígnios e quais são agora os nossos poderes para nos libertarmos da canga e devolver ao mundo uma mulher inteira e indivisível…A Mulher plena, a mulher sangue, a mulher útero que dá vida e a mulher oráculo que detém a Palavra sábia e a verte do coração e move montanhas…

RLP

quarta-feira, junho 22, 2011

MULHERES CONTRA A CORRENTE...

A BATALHA CONTINUA....
O FEMININO TAMBÉM ESTÁ NA LÍNGUA!



ASSUNÇÃO ESTEVES: É A PRIMEIRA MULHER PRESIDENTA DA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA; para se ser coerente com a evolução dos tempos e não cotinuarmos a aceitar a hipocrisia política e as sua demagogia...

DEVEMOS DE ACORDO COM A GRAMÁTICA PORTUGUESA CHAMÁ-LA DE PRESIDENTA E NÃO PRESIDENTE...SENHORA PRESIDENTA E NÃO SENHORA PRESIDENTE

...e se não mudam de acordo com o género é porque soa ridiculo ainda aos ouvidos dizer "senhora presidenta"...e a elevação do cargo da mulher enquanto mulher a presidente é ser considerada presidentE e não presidentA?
Não o fazem no fundo da língua que o exige, porque o conceito e o preconceito contra as mulheres continua lá...porque os homens se sentiriam ridiculos a dizer a senhora presidenta? Porque continuam a negar o feminino?


Presidente era o termo para o exercício do homem, porque as mulheres não tinham acesso a esses lugares, mas se hoje foi eleita uma Mulher presidenta na Assembleia da República é tempo de mudar a língua ou simplesmente fazê-la acordar consoante as regras da gramátca, porque se nem quando existe a necessidade da concordância gramatical ela não se faz para manter intacta a função no masculino então continuamos a negar o feminino...não, nisso não há nada digno de nota...porque a mudança começa na linguagem...

VAMOS TRAZER ESTA QUESTÃO PARA A DISCUSSÃO E EXIGIR ESSA CONCORDÂNCIA JÁ!
- que seja um exemplo e não mais uma omissão do ser feminino nas suas funções...eleger uma mulher e depois tratá-la de senhora presidente....é obsurdo!!!

SEJA A SENHORA PRESIDENTA POIS...

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PORQUE O FEMININO E PORQUÊ A IMPORTÂNCIA DO VERBO...

As mulheres no mundo têm um trabalho particular a fazer com elas e não é contra ninguém...É CONTRA A CORRENTE...e ao lutar contra os obtáculos que as impeçam de se afirmar na sua individualidade e identidade vão se confrontar com os sistemas que as oprime, ofende e explora, diminuindo a sua dignidade e a sua capacidade como seres humanos. Que impedem a sua expressão própria e a própria concordância das palavras...pelo menos neste caso é óbvio!
Para mim este é o ponto.
Por mim, no meu fundo, "NÃO SOU FEMINISTA, SOU ANTROPOLOGICAMENTE LÚCIDA" (Ana Hatherly) e apenas quero manter a minha lucidez e ser coerente comigo mesma no plano da manifestação. O aspecto da minha espiritualidade-evolução e o caminho que escolhi implica essa coerência e um viver com os pés na terra...também. Não contesto qualquer posição, apenas esclareço o que é a minha posição neste mundo. Sim, numa mão a espada e na outra...o coração...é a senda do Graal...a minha busca (não do si, mas da expressão do si...) ou a minha memória...ou a minha poesia...tanto faz.
rlp

“A mulher é inimiga da própria mulher”



"Seguindo uma trilha de amor e ódio percorrida pela maioria das mulheres nos últimos dois mil anos, constatamos caminhos de violências em todas as formas: cultural, religiosa, filosófica, enfim, desde a integridade física até a transformação total dos seus valores éticos, da essência do moral feminino até o respeito a si mesma, com seu... corpo e sua função divina de procriar, de perpetuar a raça humana.

Conceber a alma da mulher hoje é deparar-se com um desafio obscuro. Na realidade, a mulher da atualidade está vivendo uma escravidão de alma. É escrava da sua própria densidade física. Do ego, das coisas da matéria, o que as nossas antepassadas chamariam de Mergulhadoras de Pântanos.

Alheia à habilidade natural dos sentidos de preservação sutil, do poder da premonição, da capacidade de transformar-se e gerir energias multiplicadoras de renovação, da força natural da Deusa interior que conduz, protege, e estabelece rumos naturais, que cria metas de paz e felicidade. Ela, a mulher atual, segue pela vida, amarga, ansiosa, dependente de um companheiro quase sempre nem tão companheiro assim. Mergulhada na sua própria incompetência, pobre de metas transformadoras, busca nas sensações meramente físicas, quase sempre sem entusiasmo o que encontraria na plenitude da sua própria essência, no seu poder do feminino.

Urge a necessidade do autoconhecimento, da busca de si mesma para que o crescimento aconteça naturalmente, assim a felicidade e a paz se estabelecerá na alma.

É comum ouvirmos a frase: “ Ninguém ama a quem não se ama,” pura verdade. Ninguém se sente bem ao lado de uma mulher amarga, neurótica e desequilibrada, bem como do homem também. A dor, o sofrimento, as necessidades materiais, as traições são um fato real na vida de qualquer um, mas não são justificativas para o desequilíbrio. Quando estamos centradas na nossa essência, a Mãe Dor se manifesta de forma serena e com a luz da mudança. Entretanto, quando estamos mergulhadas no pântano das emoções, a nossa alma está fechada para a luz , não nos permitindo ver além da dor.

Mas a mulher despertada para sua Deusa interior, caminha serenamente entre a dor e as verdades da alma, consciente da meta estabelecida e da plenitude a ser alcançada. Entretanto, é importante se ter conhecimento dos combates do caminho, sem perder a alegria das descobertas que estas promovem, o que torna o caminho mais alegre e envolvente de várias energias regeneradoras.

A descoberta da nossa bruxa interior não é apenas descobrir uma religião sedutora e alegre. Ou seja, o religar com as coisas da Deusa Mãe, a natureza, mas é principalmente nos conhecermos, nos encontrarmos como MULHER, obtermos a devida consciência da nossa missão na terra. Tomarmos a real medida da nossa função de mantenedora da vida e da preparação da sociedade futura.

Lembrando sempre que é a mulher que pari o homem, que cria e o educa para a vida. O homem será sempre o resultado da formação e informação que recebe da mulher que lhe concebeu, ou a que lhe criou, que lhe amamentou e lhe enviou para a vida.

A mulher da atualidade deve buscar interiorizar o sentimento primário de que ela é a própria expressão da natureza. Desenvolvendo, assim, uma aura luminosa em torno de si, de auto - respeito e se fazendo respeitar em todos os níveis; sexual, profissional, religioso e principalmente na sua mais divina missão, a maternidade.

Está na hora da mulher moderna desmistificar o velho e protetor Príncipe Encantado, aquele que a salva de um destino cruel e assim vivem felizes para sempre. É bom lembrar que nestes novos tempos, o Príncipe Encantado é o velho e bom diploma profissional e a Universidade é o casamento que garantirá um futuro, se não feliz para sempre, mas pelo menos será a chave do castelo, que facilitará o abrigo físico e o provento necessário. Quanto ao cavalheiro montado em um cavalo branco, que dará beijos mágicos e sedutores, estará naturalmente no caminho, como parceiro na mesma meta. Porque ele também já perdeu a fantasia de encontrar a bela Princesa indefesa, que espera pela sua viril companhia. O Príncipe destes novos tempos também já se desencantou com sua bela e frágil Princesinha, e está procurando uma MULHER, que seja parceira, guerreira, companheira, cúmplice e principalmente um ser humano. Já não está mais esperando encontrar a sua futura patroa, a sua senhora, a rainha do lar ou a dona de casa simplesmente. Ele busca encontrar aquela com quem vai dividir a vida, no sentido real da palavra dividir: proventos, emoções, os prazeres do corpo e a função divina de perpetuar a raça humana.

Outro aspecto que a mulher não deve negligenciar é o sentimento de culpa que normalmente se desenvolve a partir de um relacionamento frustrado.

Por muitos motivos de condicionamento educacional nas últimas décadas, a mulher mergulhadora do pântano das emoções, desenvolve sentimentos de culpa ao término de uma relação, culpando-se por este ou aquele motivo. Assim, deve-se criar o hábito de analisar serenamente as questões de ambos os lados, sem deixar-se levar pelo vitimismo, mal que acomete a maioria das mulheres.

É necessário que a mulher, busque amar com transparência e com o coração. Só assim se tornará livre e plena para usufruir verdadeiramente de uma parceria de amor. Quando se ama com o fígado no lugar do coração, corre-se o risco de trazer o amargor do fel para a relação, transformando um convívio que poderia ser livre e gostoso em uma relação neurótica e sofrida. Cheia de cobranças, deveres e obrigações.

O amor traz antes de qualquer obrigação, a liberdade. A plenitude está na sabedoria de vivenciá-la.

Não cabem mais na nova sociedade rótulos tais como: “A mulher é inimiga da própria mulher”, ou “ se quiser ver seus ideais irem por água abaixo, conte a uma mulher seus objetivos,” essas e outras frases de efeito semelhante, são ainda resquícios de um tempo de opressão patriarcal, que subjuga a mulher a condição de um ser menor, sem personalidade, influenciável. Sem contar com a estratégia por trás de tudo isso que é exatamente de criar conflitos entre a massa feminina para enfraquecê-la na sua força de união.

Precisamos estar atentas também a todas essas e outras heranças culturais medievais do poder masculino, ainda muito enraizadas na nossa cultura formativa.

Não estamos nesta guerra silenciosa por poder ou mesmo por querer ocupar o lugar masculino, não, apenas lutamos pela nossa divindade de existir de forma plena, livre e verdadeira. Pelo nosso poder feminino que nos foi violentamente subtraído de formas tão cruéis. Negando até mesmo o nosso poder de parir, quando instituíram a origem da mulher, extraída da costela de um homem, negando assim a divindade da maternidade da nossa Mãe criadora. Negando o nosso útero. Transformando a nossa função sagrada de menstruar em algo sujo e pecaminoso. Somos fortes quando temos a real consciência da grandiosidade do rio de sangue que corre nas nossas entranhas que dá origem a vida, como o líquido sagrado dos rios e mares, a água que corre nas entranhas da grande Mãe.

Somos simplesmente mulheres e, como tais, queremos existir com todas as características que faz de nós esse ser singular."

- Graça Lúcia Azevedo / Senhora Telucama -
(Suma Sacerdotisa do Templo Casa Telucama)

O SILÊNCIO DAS MULHERES


Visceral. Incomoda-me este silêncio. Quanto mais silêncio, mais parece que a idade das trevas desce como um manto sobre as mulheres. Posso parecer/soar a ridícula ao escrever isto, mas porque será que esta mudez não se exprime? Terão as mulheres a vergonha de se expor? Porque não participam? Porque terão de sempre ficarem caladas? Têm medo do ridículo ou têm medo de se denunciar? Rios de escrita sobre tesão e paixão e nada de essência ou condição humana! Será tudo isto tão pesado e ofensivo que há uma tabuleta – não com os dez mandamentos – onde se pode ler: proíbo qualquer pensamento sobre ti mesma, apenas deves fugir para a frente!

Tanta mitologia, tantos manuais de sobrevivência e conquistas, mas nada serve de nada; gera apenas, a focalização num poder medíocre. A selvajaria da vulgaridade é uma ofensa às grandezas do espírito que habita em todos nós. Como podemos – usando expressão da bíblia – ter caído tão baixo na condição de nós mesmas e perpetuar este sofrimento continuo das almas, do corpo?! Vive-se num faz de conta que a morte não nos tocará! Remetemos isso para um lugar em que não possamos sequer permitir o desviar do olhar.

Todos os eruditos e eventuais espiritualistas, na aproximação da morte, se negaram a escrever sobre ela, preferindo poemar sobre regiões que permitem a fuga!! Eles, também, tiveram medo e não o expressaram com clareza. A verdade, é que, eu entendo, mas não consigo me conformar e, ainda que o assunto me pese extremamente!! Só que apesar de ser algo inevitável, há uma negação quase criada para ser natural, de que isso não acontecerá; no entanto é esta negação à morte que faz com que não haja mudança.

Na vida, tudo o que o ser humano precisa, é de mudança. Mudar internamente, numa direcção que liberte dos grilhões que preparamos para nós mesmos e consequentemente para os outros.

Desconfio dos positivistas – na medida em que renegam a sombra, remetendo-as para o fundo do inconsciente, criando naquelas profundezas monstros que nem suspeitam. Alguém os haverá de carregar como bode-expiatório e isso é, se é possível. –

Não somos todas iguais, e este não sermos, faz toda a diferença. Por isso, devia existir muita informação. Não a mesma de sempre e fundada sobre regras deste mundo tão orquestrado por homens, em que as mulheres para merecerem um lugar à mesma luz deles, tenham que se transformar em seres parecidos com ele, distanciando-se de toda a natureza. A globalização não tem trazido boas coisas, basta olharmos à volta. Cada vez mais doenças, água contaminada, alteração do tempo! A própria terra tem um sistema biológico que depende da harmonia para se prolongar em recursos para estes habitantes que somos nós. Quando tudo fica estranho, contaminado, a terra, apenas fica com cólicas e começa a diarreia planetária!

Sempre que uma mulher se perde de si, uma árvore morre, um rio seca…

MARUSKA

terça-feira, junho 21, 2011

AGORA OU NUNCA....

"AS MULHERES TÊM A OPORTUNIDADE DE MUDAR O MUNDO NESTAS PRÓXIMAS DÉCADAS. MAS SE O NÃO FIZEREM AGORA, PROVAVELMENTE JÁ NÃO O FARÃO."*


“Las mujeres tienen la oportunidad de cambiar el mundo en las próximas décadas. Pero que si no lo hacen ya, probablemente ya no lo harán”.

*Jean Shinoda Bolen


“TODAS AS MULHERES TÊM BASICAMENTE UMA ECOLHA:
“TRANSFORMA-TE OU MORRE”, DIZ-NOS A VELHA MÃE DA DISCÓRDIA.
“ERGUE-TE ATÉ ÀS ALTURAS DA GRANDEZA FEMININA OU JUNTA-TE À ESCÓRIA DA HUMANIDADE FEMININA. SE RESISTIRES À MINHA INFLUÊNCIA ESTAGNARÁS PARA SEMPRE.”

sábado, junho 18, 2011

TEXTO ENVIADO POR UMA LEITORA...

’’renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.’’ C.LISPECTOR


Tenho encontrado Clarice Lispector no meu caminho. Numa entrevista que ela concedeu antes de morrer, o apresentador do programa, diz que é preciso um certo preparo para ouvir ou ler Clarice. Embora sempre tivesse ouvido falar dela, e lido breves e minúsculos trechos, nunca me aproximei o suficiente. Quando vi aquela entrevista e posicionei os meus olhos naquele rosto, magnifico rosto; diferente, serpentino, felino… sei lá mais o quê, fiquei hipnotizada e tive que saber dela, dela no seu mundo de escritora amadora (como ela mesma afirmava ou se definia). É uma
Mulher falando e escrevendo como mulher e sobre mulher, também…. Logo, não é um homem falando ou escrevendo sobre mulher. Logo, poderei dizer, onde está uma verdade, se estivermos preparados ou algo em nós sabe, identifica-se ou projecta-se e sente, logo, busca saber para acordar ou limar pontos que possam existir e não tenham sido percebidos. Assim, direi timidamente boba, que persegue-me a certeza que o Amor não é da linhagem do Poder. Às vezes confundimos, embora não vejamos. O Amor não pede, e o Poder pede. O poder, agredi, é injusto, é egoísta, é pretensioso e, se não tomarmos conta, ficamos presos nele como a mosca na teia de aranha. Ele infunde medo, mergulha-nos no desespero, trai-nos, isola-nos. O poder não deixa o outro livre, teima em educar à nossa medida aquilo que esperamos dele. O poder esquece da capacidade de o outro suportar ou não; ele não mede consequências, apenas quer. (Um dia eu vou poder escrever tudo isto de uma forma límpida, porque terei a bagagem suficiente para o fazê-lo, e se o Amor me encontrar, então se fará claro as dimensões destas duas questões ou três questões (poder, amor pessoal, amor transpessoal e o sexo…). Perceberei então, o brutal erro na existência e aí, faça algo que humanize/ilumine e nos retorne à causa primeira ou, matriz de onde somos nascidas...)

Há dias afirmei, absurdamente é claro, a uma pessoa amiga, e sem entender muito bem, ainda, ao certo esta afirmação, mas disse-a com convicção, de que ‘’o homem pode saber falar da mulher tecnicamente’’. Há imensa psicologia que foi feita à custa de muito diálogo e revelações de segredos das mulheres. Foram elas que se deram a conhecer nas suas múltiplas facetas. Os estudos acabam por virar resumos técnicos, e parece que fica fácil falar (um homem) sobre mulher – como se eles soubessem de tudo por ‘’tim-tim’’; a verdade é que, foram elas mesmas que descreveram, porque só por si, um homem não teria acesso a determinados conteúdos. Por isso, eles a partir dos dados analíticos e experimentais, podem ser excelentes técnicos sobre partes da mulher, mas não estão preparados para a intensidade da mulher e seus estigmas. [ Nem as mulheres estão preparadas para se aguentarem umas às outras!] Ao afirmar isto não quer dizer que todos os homens sejam iguais, ou que não se ame um homem, ou que alguém não tenha a sensibilidade para as entender e até os há, que quem o sabe, abusa geralmente do poder que detêm e manipulam-nas para atingirem pontos mais altos (geralmente há aquela máxima, atrás de um grande homem está uma grande mulher… nunca se ouve, ‘’ao lado!’’). Lembrei-me de um exemplo menor e até ridículo para vincular ainda mais o que quero dizer, uma mulher jamais saberá o que é carregar uns testículos, muito menos sentir dentro si o que é tê-los ali a moverem-se entre duas pernas com um sujeito comprido deitado ou pendurado sobre eles, no entanto, e apesar de toda a distancia, ela pode ter a capacidade de exprimir tudo acerca deles, seja de forma técnica ou literária o sentimento de ter testículos a partir de uma série de relatos deixados pelos homens sobre esse tema. Mas isso, não a faz uma real conhecedora do homem; tal como o homem em relação à mulher.
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Mas quando uma mulher fala (de si mesma, na sua própria linguagem) das suas dores, da sua natureza, supostamente algo muda. Ela revela a outras mulheres coisas que às vezes passam despercebidas. O silêncio é algo que mata deste ponto de vista, e há muito pouca literatura escrita por mulheres. Da antiguidade, sai sempre nomes como Platão, Aristóteles… parece que só os homens sabiam, do passado, presente e futuro… e de todos os estados de alma e dessas coisas do amor e do espírito. Inclusive a escandalosa bíblia, segundo os sabidos e não os sábios, foi escrita apenas por homens. Portanto, este excesso denuncia algo profundamente errado. Seja a luta de poder por supremacia ou outra coisa qualquer, algo não funciona. Julgo que isso, acaba por se revelar na praticidade das coisas, até nas mais pequenas coisas da vida humana, tornando tudo mais difícil. Sem literatura feminina, não aquelas de alcova, ou, cor-de-rosa… que isso é tudo menos consciência do feminino, ficamos adormecidas, mergulhadas numa redoma. Aliás, todas as literaturas femininas de cordel, activam a triangularidade, ou seja, a mulher será sempre traída pelo homem, mas não explica a origem de tudo. A mulher (boi manso) aceita sempre de volta o homem, enquanto este nunca a aceita se o descobre. Porque terá ela, de sempre estar focalizada nele, e nunca poderá ter um amante, ou, porque um outro não surgiu no caminho e a dividiu e, com ele se deitou para provar que não era o homem certo? Esta literatura que é profundamente rudimentar, ainda que escrita por mulheres, é de uma boçalidade tremenda à natureza do ser mulher. Esses livros convidam à redução das mulheres e incentivam-nas a aceitar que é assim. A aceitar um destino destituído de si mesmas, a serem burros de carga de um mundo que para girar, precisa exactamente delas. Precisam das suas vaginas e não delas.
Lembrei-me de algo (embora esteja a afastar-me do assunto inicial e até de Clarice... e talvez irei afastar-me e acabar sei lá onde dentro deste assunto inicial, Amor!), normalmente, todos afirmam que a histeria é algo das mulheres. Na verdade, a medicina tradicional chinesa, diz-nos que a histeria é de natureza Yang. Ora, deste ponto, a histeria manifesta-se na mulher e não provém do elemento Yin interno. Tal como, um homem que bebe muito, ele tenta buscar o yin para combater o excesso de yang dentro do corpo. Portanto, afirmar que a histeria é inteiramente uma condição feminina é indigesto, tal como afirmar que a bebida é, por séculos, parte do universo do homem… (Hoje, é impossível, e é tão generalizada em ambos). Carregar esta culpa, é um fardo esgotante para a mulher. Tudo o que é feminino, e fala não é sublime. O mecanismo da culpa foi algo muito bem estruturado nestes milhares de anos, e acima de tudo bem plantado no seio interno da mulher. Por isso a mulher carrega essa tão famosa palavra, «perdão!».


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Voltando, a Clarice, e por ser mulher, desvenda mais os núcleos femininos de uma forma mais dentro da terra, e estou tentando ler e perceber mais um pouco. Quando ela escreve, ’’renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.’’ Isto atira-nos para o ar, sacode-nos. Render ao quê? A quem? Este pedir para não entender, é escandaloso. Isto remete para um entregar mesmo. Entregar, exactamente o quê de nós e a quem neste imenso Cosmos. Talvez seja aqui, onde o aspirar ao amor que ansiamos, fracassa. Pois pretendemos entender, porque dói, porque se sente o errado. Depois, aquela frase, ‘’ e perder-se também é caminho.’’ Mais uma pérola ‘’ e assim, como a primavera, deixei-me cortar para vir mais forte’’. Cortar o quê? O que em nós precisa ser cortado, para ser verdadeiramente Livre? Quantas primaveras são necessárias? Até onde devemos cortar? Cortar, é muito dispendioso para nós pensarmos/penarmos, quando não nos vemos. ‘’ Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. ‘’, esta frase, outra de Clarice, remete ao quê de dentro de nós deve ruir. Ora, se um defeito, é aquilo que sustenta todo um edifício, tal é o perigo de queremos destruir tamanha sombra!?

‘’ Porque há o direito ao grito, então eu grito.’’, infelizmente não gritamos. Sufocamos. Não admira, como a psiquiatria – farmacêutica se tornou uma autentica mestra – cura de gritos. Ninguém quer saber da causa primeira, é preciso, sim acorrentar as línguas e coser os lábios.
Clarice é cheia de pérolas. Algo de sublime atravessou aquela densidade humana/terrena e concedeu-lhe a acutilância, sob a forma de sensibilidade, e de a esfregar nos nossos rostos as fragilidades e, esse ser grandioso que é o amor, fazemos dele apenas trapos à medida dos nossos medos. É aqui que nos deparamos com a vergonha dos nossos limites. O nosso Amor, parece ser ou depender do reflexo que recebemos de fora, e nem mesmo às vezes o que ele esparrama por dentro é real, e é apenas um truque da mente. Pois ele foge, tal como a água escorre dos dedos; ou, a areia que é mais densa, e ainda assim não se consegue agarrar.

(fico por aqui... poderia continuar infinitamente... voltarei, e fica tanto para dizer!! )
M.

sexta-feira, junho 17, 2011

EVOCAR A BELEZA

Do Primeiro Olhar...

É aquele momento em que a Vida passa da sonolência para a alvorada. É a primeira chama que ilumina o íntimo mais profundo do coração. É a primeira nota mágica arrancada das cordas de prata do sentimento. É aquele momento instantâneo em que se abrem diante da alma as crônicas do Tempo, e se revelam aos olhos as proezas da noite, e as vozes da consciência. Ele é que abre os segredos da Eternidade para o futuro.



É a semente lançada por Ishtar, deusa do Amor, e espargida pelos olhos do ser amado na paisagem do Amor, depois regada e cuidada pela afeição, e finalmente colhida pela alma.

O primeiro olhar vindo dos olhos do ser amado é como o espírito que se movia sobre a face das águas e deu origem ao céu e à terra, quando o Senhor sentenciou: "E agora, vivei!"

Gibran Kalil Gibran

segunda-feira, junho 13, 2011

A MULHER DESNATURADA

A MULHER SEM NATUREZA PRÓPRIA, DESAPOSSADA DA SUA ESSÊNCIA PRIMORDIAL.

ESSA MULHER É A MULHER DOS NOSSOS DIAS. A MULHER QUE NÃO SE CONHECE AINDA. UMA MULHER ALIENADA DE SI MESMA E DO SEU POTENCIAL.


“Tu não raciocinas como um ser biologicamente feminino. A tua razão biológica está desnaturada pela mulher que os homens fizeram de ti. Um espelho da sua glória. Tudo isso está gasto. O homem percorreu-se em todas as direcções do seu génio e o máximo que conseguiu extrair dos miolos foi a fórmula de auto-destruição. Hoje sabe que caminha deliberadamente para cruz. Entretanto as mulheres, privadas do desvario do poder - o monstro que se devora a si mesmo - economizaram as energias que a natureza lhes confiou. E romperam poderosas como uma selva virgem. Ah, como é terrível pensar que esse ímpeto pode culminar numa explosão de raiva. Porque a frágil feminilidade de que tanto te orgulhas foi um lento espumar de vinganças. Eu aviso-te, Branca. O teu coração é um deserto sedento do sangue do homem. Tu dás-te para destruir.
  (...)

- Não és uma verdadeira mulher. Se o fosses saberias que és mais velha que o homem."

In A MADONA
NATÁLIA CORREIA

DESNATURADAMENTE,

em consequência de um longo processo de alienação do seu ser essencial, que a mulher, no desenrolar dos séculos, desde há milénios, expresso esse processo, inicialmente na Oristeia, após a morte da Grande Mãe e da Deusa, que a história, a religião e a literatura em geral, não só desnaturou A MULHER como a mutilou e deformou em todos os sentidos.
Quase todos os autores, desde há séculos, sucessivamente denegriram e dividiram a mulher em máscaras e subprodutos derivados da sua mente, da sua fantasia sexual, da sua própria indefinição sexual, inventando e reinventando uma mulher que nunca se pode definir a si mesma, que não pode nunca ser ela própria, justamente porque foi totalmente desnaturada e o termo desnaturada aqui aplica-se de forma soberba, porque desde que a mulher nasce ela é dividida em máscaras e muito particularmente cindida em dois estereótipos, típicos na literatura e na cultura ocidental. Trata-se como sabemos sobejamente os dois mais famosos estereótipos da nossa história contemporânea, a da mãe e da puta. Hoje em dias é  bastante mais alargado o seu sentido genérico, mas basicamente com a mesma carga pejorativa. Assim, não admira que hajam homens como Nietzsche que não encontravam alma na mulher…e ele lá teria a suas razões…pois Mulheres originais e autênticas sempre houve muito poucas.

rlp

MULHERES e

  “Máscaras”

"Há mulheres que, por mais que as pesquisemos, não têm interior, são puras máscaras. É digno de pena o homem que se envolve com estes seres quase espectrais, inevitavelmente insatisfatórios, mas precisamente elAs são capazes de despertar da maneira mais intensa o desejo do homem: ele procura a sua alma - e continua procurando para sempre".*

…COMO SE NUNCA a ENCONTRASSE…

Aqui o autor lamenta a falta de alma dessas mulheres e contudo são elas quem despertam de maneira mais intensa o desejo dos homens… Isto de algum modo quer significar que para o autor as mulheres não tinham alma…

Trata-se como é óbvio da mulher fatal, a mulher imagem…a mulher que eles, homens e escritores, inventaram nas suas personagens, nas imensas faces multifacetadas da mulher, uma das muitas e variadas máscaras que eles inventaram para as mulheres que desejam “ideal” (DOMINADA E SUBMISSA) nesta rejeição do eterno feminino em si, na busca da sua anima, na busca da sua própria alma…

É neste autor como em outros autores e poetas de renome, bastante notório o conflito interno em que eles se debatem. De um lado a necessidade sexual, o desejo, e do outro a rejeição da mulher externa, que lhes mete medo; porém, move-os não só a necessidade do seu feminino em si, a sua anima, como o da Mulher exterior que a espelha, mas que eles transformaram na mulher objecto por não suportarem a mulher autêntica. E assim dividida em partes, a mulher, eles não conseguem apreender a sua essência e negam-lha a alma. Ficando eles mesmo divididos neste eterno conflito, entre o seu desejo de um lado, e por outro, o desejo de castidade motivado pelas suas tendências apolíneas, virados para o céu, e o medo do ctónico, da mulher selvagem e das profundezas que os aglutina e de que têm medo. Eles temem a Natureza Mãe e os seus contornos imprevisíveis como temem a Natureza da mulher; eles temem a mãe que os concebe, como temem a terra que os acolhe quando morrem. Todos esses impulsos contraditórios levam o homem a negar, a repudiar e a rejeitar a mulher essência, a mulher instintiva, que a religião patriarcal e os seus dignitários afastaram da vida real, da vida da sociedade, contentando-se com os seus simulacros, perseguindo as mulheres integrais que lhes davam corpo e alma…fossem elas sacerdotisas da deusa, filósofos ou sábias, feiticeiras, curandeiras, ou as bruxas da Idade Média. Assim, transformaram-nas em esposas e amantes, concubinas cortesãs e prostitutas, comprando-as e pagando o preço da sua anulação ao longo dos séculos até hoje, em que convivem com mulheres de silicone e bonecas insufladas.
rlp



*Friedrich Nietzsche

PORQUE É GRATIFICANTE E ESTIMULA...


Filha da Lua deixou um novo comentário na sua mensagem ...

"POR AMOR DA DEUSA-MÃE"

...Olá querida e encantadora Leonor!
Suas palavras me tocam profundamente a alma... você é uma guia e instrutora para muitas mulheres! Inclusive para mim. Ainda sou jovem e estou em busca da Deusa, para me acalentar, me amamentar, para sentir toda a magia de viver, com toda a gratidão e amor. Vivia dizendo que sinto saudade não sei do quê, agora compreendi que é da Deusa!

Você é linda, amo tudo o que escreve.

Vejo minha mãe e muitas outras mulheres (grande maioria), que não se importam, aparentemente, em serem domesticadas e viver uma vida limitada... se anulam demais... precisamos nos unir e cantar à Deusa! Aos poucos essa consicência está brotando novamente... aqui em São Paulo aonde moro, estão surgindo cada vez mais grupos do Sagrado Feminino, isso é muito poderoso...

Estarei sempre aqui!
Gratidão por existir!

Beijo floridos
****

O QUE GOSTARIA DE VOS DIZER, OLHOS NOS OLHOS...

Acordei a meio da noite, acreditam? assustada por ter publicado mais este elogio que muito aprecio...mas a sentir urgência em vos dizer que gostaria que soubessem que eu não me sinto uma guia... uma "INSTRUTORA" TALVEZ, sabendo que esta palavra peca por defeito...mas nunca serei uma "mestra"e digo-o essencialemnte para mim,  porque não creio em mestras...essa é a GRANDE diferença entre as mulheres - NÃO HÁ MESTRAS - MAS SIM  AMIGAS,  IRMÃS e CUMPLICES.

O mais que sinto é a REVERÊNCIA pela Deusa e pela essência da Mulher...essa mulher que
sou -  uma mulher que busca a sua essência e recusa qualquer protagonismo por si...ou qualquer deferência pessoal, como é obvio, espero. Mas isso também tem um preço a pagar; se eu fosse mestra de qualquer  coisa já teria de certeza um destaque e uma importância que só se conquista pela superiorizaçãode de alguém, quando alguém se impõe...São essas as regras do jogo. Sempre me recusei a jogar esse jogo, ou a fazer publicidade dos meus livros e da minha pessoa.Também não sinto que isto que digo seja uma falsa humildade, mas apenas um desejo de repor a minha verdade...

É gratificante para mim o vosso reconhecimento do MEU TRABALHO, mas não da minha pessoa embora a minha pessoa se sinta gratificada com os vossos elogios sinceros, o vosso afecto se possível, mas nada mais. Se publico os vossos comentários é porque além de um estímulo SÃO UM TESTEMUNHO da vossa presença que muito agradeço, um reconhecimento do que em nos em comum!
Mas o que eu mais quero é partilhar esta CONSCIÊNCIA DO SER  MULHER e isso é afinal ESPERAR MUITO MAIS DE VÓS, MUITO MAIS,  e assim, desejo que sejam sempre vocês próprias e encontrem essa parte da mulher que nos foi extirpado ao longo dos séculos pelas culturas patriarcais...por isso, como vêm, têm muito mais que fazer de útil do que me admirar a mim ou a outra mulher qualquer, mesmo que seja uma sábia...
Tudo começa em nós e se esse trabalho nâo for feito EM NÓS E POR NÓS de nada serve alguém espectacular ou genial que se proponha ajudar-nos...
rlp

sexta-feira, junho 10, 2011

A MULHER INVISÍVEL...

 http://youtu.be/WBSAVK2xLgU


Podem ver este vídeo para confirmar e compreender o que no texto em baixo eu escrevi, pois me parece de facto uma mensagem reaccionária e contra todo o espírito que anuncio aqui neste blog. Independentemente de eu compreender os bons sentimentos da mulher que o colocou no Facebook, isso não quer dizer que eu aceite as suas premissas como válidas para as mulheres e muito menos divulgá-las com a intenção de contribuir para  a sua submissão...mesmo que seja com a melhor das intenções, que são como é óbvio intenções muito católicas...e pastorais...para as ovelhinhas do reino!

 rlp

POR AMOR DA DEUSA-MÃE....


NÃO FAÇAM A APOLOGIA DA MULHER INVISÍVEL


Eu vejo, através de muitos exemplos, como as mulheres ainda estão confusas nas suas ideias sobre elas mesmas, como se contentam ainda com os valores "sublimes" que o patriarcado lhes ofereceu...e a própria espiritualidade que a transforma num ser abnegado e submisso, sem palavra, sem identidade, ao serviço da espécie, a construir "catedrais" ... Mulheres que aceitam não ser nada! Que aceitam que os filhos e os maridos tal como há séculos as não ouçam, nem lhes dêem importância...e são estas Evas, bens instruídas pelos padres, que se opõem ao exemplo das suas metades devasses e provocantes que, com um ar angelical, beato, erguem os olhos ao altíssimo e se rendem emocionadas com a sua missão de mulher invisível...


Eu vejo como as mulheres continuam a fugir de si mesmas e a aceitar o papel milenar que lhes foi atribuido pelos patriarcas, e no meio destas novas espiritualidades, virem elas mesmas resgatar os valores mais decrépitos, agora disfarçados ou camuflados de uma nova religiosidade, mas com as mesmas ideias de fundo com que as condenaram ao descrédito e à subserviência.
Eu vejo e posso sentir a sua  raiva contra mim por as desmistificar...e ao seu sonho, porque elas não querem enfrentar a batalha e preferem continuar submissas e subalternas aos maridos e filhos, porque estão presas ao sistema e são muitas delas cobardes...e sinto como elas se sentem ofendidas e ultrajadas por eu as confrontar. E também compreendo a sua cólera...E o mais fácil é saírem do Grupo, odiarem o que eu escrevo...Elas querem ser tudo menos elas mesmas e reencontrar a sua outra metade em si mesmas! Eles querem o homem para elas...ser suas servas...elas preferem esconder-se nos velhos padrões... "renovados" que lhes pede para sacrificarem-se ao lar...e serem as novas santas domésticas...e domesticadas.
Porque aceitar a Deusa é aceitar ser Mulher Inteira e a tempo inteiro, é aceitar ser Selvagem e pede rebeldia constante, e uma nova pele...pede a união com a mais velha e escondida mulher de todos os tempos, a mais temida mulher e a  mais profanada por todos os mestres e profetas...
Elas temem Lilith...porque ela pede que as mulheres se unam entre si e se afirmem como almas individuais e já não concubinas ou mães exclusivamente ao serviço do homem e da espécie, como eles fizeram dela nos primórdios...
A mulher tem de voltar a estar ao serviço da Deusa Mãe, da Natureza e da Terra inteira, ao serviço do Planeta e de todas as mulheres que são exploradas e de todas as crianças que são escravizadas...

Sim, a Deusa é selvagem e a sua lei e única lei é do amor sem limites nem condições, que rompe barreiras e liberta os corações de amarras...não é um lar, um marido e filhos a missão da Mulher...nem uma família que ela elege, mas o Mundo inteiro...

Está bem…eu sei que nem todas as mulheres estão preparadas, que elas nem sabem como libertar-se…mas não se escondam nem se enganem acerca de si próprias…ao menos não defendam valores que as aprisionaram durante séculos e que fazem das mulheres metades, que fazem das mulheres inimigas umas das outras….Não apregoem esses valores caducos para as outras mulheres: ao menos tenham essa coragem…e não venham dizer que aceitam a sua invisibilidade em nome de deus pai…
RLP

terça-feira, junho 07, 2011

UMA VIDA QUE SEJA SUA…







“Em Um Quarto Só para Si, Virgínia Woolf descreve satiricamente a sua perplexidade perante os volumosos catálogos da biblioteca do Museu Britânico: porque é que há tantos livros escritos por homens acerca das mulheres, pergunta-se ela, e nenhum escrito por mulheres acerca dos homens? A resposta a essa pergunta é que desde o começo dos tempos os homens se têm debatido com a ameaça do domínio feminino. Essa torrente de livros foi instigada não pela fraqueza das mulheres, mas pela sua força, a sua complexidade e impenetrabilidade, a sua omnipresença aterradora. Ainda não nasceu o homem, nem sequer Jesus, que não tenha sido tecido, a partir de uma pobre partícula de plasma e até se converter num ser consciente, no tear secreto do corpo feminino. Esse corpo é o berço e a fofa almofada do amor feminino, mas é também o cavalete de tortura da natureza.”*


Desta maneira podemos pensar e ver como a mulher e a sua imagem foi denegrida ou exaltada, mas sempre fragmentada na literatura e como tão pouco exacta pode ser a sua ideia e como hoje ainda vivemos dessa imagem esquartejada que o homem mutilou e recriou da mulher, baseado no seu desconhecimento da verdadeira mulher e no seu medo e na resistência à Mãe e à Natureza.
Como é que ninguém pensa nesta tremenda atrocidade feita com as mulheres, no peso deste apagão cultural e histórico, nesta ausência do Ser Mulher em si e como a sociedade de hoje não se pode resolver sem restituir à Mulher a sua inteireza seja ela qual for?
Como é que se pode viver e conviver com esta tão grande lacuna humana que é metade da Humanidade ser explorada e sacrificada em Nome de Deus e do Homem?...
COMO É QUE OS "ESPIRITUALIDSTAS" E MESTRES CONVIVEM COM ESTA REALIDADE SEM QUALQUER DESCRIMINAÇÃO DE CAUSAS E PÕE O DEDO NA FERIDA E INTERVEM NO CASO?
Pensam na fome...pensam na pobreza, mas na violência que atinge a grande naioria de mulheres no  mundo, sobre isso eles não dizem nada?

Como é que até hoje nem as mulheres conseguem equacionar essa lacuna e pensar por si mesmas o que é que lhes aconteceu para serem assim tratadas no mundo? Como é que as mulheres permitem e consentem que milhares de mulheres no mundo sejam escravas sexuais, mutiladas e espancadas violadas ou mortas por preconceitos seculares?
COMO?
Pensar que ainda hoje a literatura e o cinema estão cheios dessas personagens femininas a que as mulheres procuram dar corpo na sua ausência de auto-estima ou consciência de si mesmas, sem saberem ao certo quem são elas mesmas como um todo em si, e por isso a querer ser fiel a essas personagens retratadas que os homens  criaram delas, sempre divididas entre a mulher fatal, a esposa consagrada e pura ainda ou  a virgem santa e do outro lado da barricada    a mulher frívola e sem escrúpulos, a prostituta, em suma a puta…

É claro que também temos o homem bom e o homem mau…o justo e o injusto, o homem honesto e o traidor etc, mas nenhuma dessas divisões concerne o aspecto da sua vivência sexual, enquanto na mulher a sua catalogação deriva quase que exclusivamente do seu comportamento sexual face ao homem…Um homem com muitas mulheres é um herói…é respeitado e enaltecido pelos outros homens…uma mulher com vários amantes é só uma grande puta…toda a sociedade a aponta. E não há pior calúnia para um homem do que ser chamado de (ou ser) "filho da puta"…


Hoje já há muitas mulheres que escrevem livros, romances, ensaios e até filosofias, mas todas falam do Homem como Mestre e sobre os homens em geral, negando-se ainda uma identidade própria e independente…Sim, são muito poucas as mulheres que realmente escrevem sobre si mesmas e se procuram encontrar na sua totalidade, poucas são as que resgataram a sua essência. Elas continuam presas não só a esses estereótipos criados pelos grandes escritores, como dependentes do apreço e do olhar do homem exclusivamente e diria mesmo escravas sexuais ao nível biológico, e apesar da sua aparente liberdade no mundo ocidental, elas ainda se mantêm presas ao seu domínio psicológico e emocional-sexual,  sem capacidade para se livrarem do jugo para poderem viver a partir de si mesmas e em plena igualdade de identidade com o Homem por quem continuam a ser inteiramente subjugadas…
É evidente como em todas as regras há as suas excepções...
Mas regra geral e até prova de contrário eu continuo a pensar assim…

rlp

 * in Personas Sexuais , Camille Paglia

sexta-feira, junho 03, 2011

QUANDO O VÉU DA MÃE SE LEVANTAR...

"No alto do ramo mais alto, uma tão rosa maçã. Mulher. Esqueceram-na os apanhadores de frutas? Não. Mãos não tiveram para a colher..."
(Safo)

Mulheres...vocês ainda não sabem nem sonham do vosso potencial, da vossa liberdade, da vossa generosidade e grandeza...Vocês ainda não imaginam sequer...o poder...do amor que em vós está oculto...
Mulheres....um dia, quando o Véu do oculto, o Veu da Mãe se levantar e Ela vos olhar de dentro de vós... e se erquer no vosso corpo e vos levantar à sua altura, vocês vão saber quem são e voltar a encontrar a plenitude do SER MULHER...e o mundo e a Terra vai mesmo mudar...
Muita gente hoje fala das crianças indigo, dos que hão-de vir, as novas almas...mas tal como a Terra e o Planeta está subestimado e reduzido à sua expressão mínima, também a Mulher como a Natureza foi vilimpendiada e destruida no seu potencial e vitalidade e um dia, quando a Terra se libertar desse jugo, ela vai voltar a dar os seus frutos, tal como também a Mulher voltará a ser vital e cheia de energia amor e força...E a regeneração do Planeta e da natureza está nas suas mãos...

E como as árvores que nos dão sombra e sorvem a luz a Mulher terá de novo as suas raízes bem fundas na Terra e o corpo erguido para o céu...

Não será mais a mulher subjugada à maternidade e ao sexo, vendida, escravizada, violada, abusada no mundo inteiro...a mulher reduzida a um verbo de encher...
Não, a Mulher voltará um dia a ser a  Senhora e Deusa na Terra e ela continuará a ser a Amante e a Mãe de todas as almas que virão transformar o Planeta, mas é delas e por elas que a Terra será livre do jugo da guerra e da mentira dos homens que as mantiveram prisioneiras durantes milhares de anos. E os seus filhos serão livres e iguais à Luz do Novo Mundo que há-de vir...sem mentiras nem ódio...
rlp

quinta-feira, junho 02, 2011

DEMÉTER A Deusa mãe da agricultura...

Demeter e os seus festivais são muito antigos. A Deusa mãe da agricultura era também a padroeira das mulheres e os seus festivais exclusivos para mulheres, que celebram o poder feminino mesmo em estados como Atenas, como as Tesmofórias, são muito antigos. Ela ascende provavelmente à idade do bronze e é possível que existisse uma Deméter na idade da pedra, visto que ela é venerada nos círculos de pedra não talhada que desta idade vêm.

Demeter significa simplesmente "A Mãe". Não somente a Mãe Terra, mas A Mãe. Ela é o cereal de ela é a aveia e a ela se reza na colheita e também na sementeira. A sua coroa é de espigas, o seu bastão um conjunto de espigas e nas mãos segura espigas. Mas ela é também a Mãe de todas as crianças e a Deusa responsável por cuidar destas e pelas pessoas que o fazem.

Os seus santuários localizam-se sobretudo por fora e até longe da cidade, mas o seu culto citadino é bastante forte e a Deusa não é apenas venerada pelos agricultores no campo.

Isto deriva em parte por Demeter estar também relacionada com o Hades através da sua filha Perséfone. Um dia, quando a rapariga, nessa altura chamada Kore, brincava nos campos floridos, um grande buraco no chão abriu-se e daí saiu Hades que a raptou.

Kore lançou um grito agonizada, grito esse que foi ouvido por três Deuses: Hélios, Hécate e, claro, a própria mãe, Deméter. Angustiada a Deusa procurou pela sua filha, que não encontrou. Até que com a própria Hécate foi a Hélios que lhe contou o que tinha acontecido.

Ela exigiu a Zeus que este mandasse Hades libertar Kore, mas este lembrou-lhe que Hades era seu irmão e que não podia exigir nada referente ao seu reino particular. Furiosa e triste Deméter fez lembrar a todos os Deuses que também ela é uma filha de Cronos e Reia: a terra deixou de produzir qualquer tipo de planta e os animais e os homens começaram a definhar, ao mesmo tempo que os sacrifícios aos Deuses pararam por completo.

Duranto este tempo a Deusa caminhou pela terra disfarçada de uma idosa, até que chegou a Elêusis, onde finalmente a fizeram rir. Aí ela cuidou do filho dos reis e ia torná-lo imortal, não fosse a mãe se afligir quando a viu mergulhar o pequeno no fogo. Então Deméter concedeu duas grandes dádivas: ensinou a agricultura e instaurou os mistérios de Elêusis.

Estes eram os Mistérios mais famosos da antiguidade e os de maior duração. Pouco ou nada se sabe sobre estes, uma vez que os participantes, que podiam ser de qualquer nacionalidade desde que falassem grego (para poderem perceber o que se dizia), estavam sob sigilo e este muito poucas vezes foi quebrado. Sabe-se que estes mistérios envolviam também Perséfone, Hades, Iaso e Dionisso, e pensa-se que estivessem relacionados com uma promessa de vida depois da morte, sendo referido que servem para nos livrar de uma culpa ancestral.

Voltando ao mito, Zeus depressa se apercebeu que sem Demeter todo o mundo colapsaria. Então enviou sucessivos mensageiros para tentar convencer a Deusa a voltar às suas actividades, mas esta recusava sempre. Até que o Senhor do Olimpo enviou Hermes que trouxe Kore de volta, em Elêusis.

O reencontro foi enternecedor, mas durou pouco. Rapidamente Hades emergiu e declarou que Kore teria que voltar para o submundo, pois tinha aí comido o grão de uma romã e quem quer que comesse algo no submundo aí tinha que permanecer para a eternidade segundo uma antiga lei. Demeter ficou furiosa e lembrou a Zeus dos seus poderes, enquanto que Hades o relembrou do juramento das antigas leis.

Por fim Zeus decretou que Perséfone passaria metade do ano com a mãe, a Primavera e o Verão, quando as flores e os cereais crescem, e a outra metade com Hades, o Outono e o Inverno. Desde então que Kore se chama Perséfone, a terrível Rainha do Hades.

O culto de Deméter era, contudo, predominantemente rural. Sacrifícios comuns eram os leitões, animais pecuários simbólicos, e as ofertas os cereais. Ele estava frequentemente enterlaçado com o de Perséfone (chamando-se as duas por vezes de Demeteres) que já foi interpretada como o cereal que nos meses do Inverno está debaixo da terra (no Hades) para depois se erguer em todo o seu esplendor. Por outro lado o seu culto embrenha-se como o de Hades por oposição: este dá a morte, Deméter a esperança.
~Miguel

Significado Moderno: Deméter ensinou-nos a agricultura e hoje praticamente toda a nossa alimentação depende desta actividade, pelo que mais do que nunca ela é a Deusa da alimentação e da substicência humana e animal. No entanto hoje a maioria de nós vive afastado do campo e não se sente próximo dos ciclos agrícolas desta Deusa, mas devemos lembrar-nos dela sempre que comemos. Para além disso ela é a Deusa da prosperidade em geral, o que inclui a prosperidade monetária, tão apreciada hoje em dia. Hoje em dia é vista menos como padroeira que as mulheres, mas esta papel na realidade pertence-lhe também. E, claro, é a protectora das crianças.

o dia da hora



- O Dia da espiga ou Quinta-feira da espiga é celebrado no dia da Quinta-feira da Ascensão com um passeio matinal, em que se colhe espigas de vários cereais, flores campestres... e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga. Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.

As várias plantas que compõem a espiga têm um valor simbólico profano e um valor religioso. Crê-se que esta celebração tenha origem nas antigas tradições pagãs e esteja ligada à tradição dos Maios e das Maias.

O dia da espiga era também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.

A simbologia por detrás das plantas que formam o ramo de espiga:
 


Espiga – pão;
Malmequer – ouro e prata;
Papoila – amor e vida;
Oliveira – azeite e paz; luz;
Videira – vinho e alegria e
Alecrim – saúde e força.